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Menino vivia em abrigo em Eunápolis|| Foto TJ-BA

São exatas 1.390 pessoas habilitadas para adoção na Bahia e 25 crianças e jovens das mais diversas idades esperando um novo lar, segundo levantamento da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). O principal motivo para a diferença nesses dados é o perfil pretendido por quem deseja adotar: crianças recém-nascidas ou até dois anos de idade, de etnia branca e sem nenhum problema de saúde.

Essa não foi a história de Lilya e João Carlos Lopes, moradores de Miguel Calmon, no interior do estado. Eles adotaram o Davy Luiz Lopes, um garotinho de 5 anos que nasceu com lábio leporino, uma má-formação congênita que causa uma abertura no lábio e/ou no céu da boca, que pode ser corrigido com uma cirurgia. O caso faz parte dos 38 processos de adoção concluídos pelo Poder Judiciário baiano em 2019. Desses, 11 foram de crianças de zero a três anos de idade, e 12 tinham de três a seis anos.

Lilya conta que sempre quis adotar, principalmente, por conta da mãe e dos sogros serem adotados. Depois de descobrir que não pode ter filhos de forma natural, decidiu entrar com processo de adoção, e desde 2017 aguardava na fila. “A partir dessa data, foi gerando uma ansiedade. Era uma oportunidade de realizar o desejo de ter o meu filho em meus braços. Foi muito difícil e dolorosa essa espera, por tentar realizar esse sonho”, relembra Lilya.

Após uma visita do desembargador Salomão Resendá ao fórum do município, ela teve conhecimento da história de Davy. “O desembargador me perguntou se eu tinha interesse em adotar uma criança mais velha. Eu disse que nunca tinha descartado essa possibilidade e ele me apresentou a Davy. A partir daí, começou o nosso encontro”, relata.

Depois de um ano e meio morando em uma instituição de acolhimento em Eunápolis, o garoto passou a conviver definitivamente com os pais desde janeiro deste ano. “Davy trouxe amor para a nossa família, trouxe felicidade. Eu sinto como se ele tivesse nascido de mim. É um amor muito grande, incondicional!”, conta Lylia.

CONSCIENTIZAÇÃO 

Sobre o caso, o desembargador Salomão Resendá defende a conscientização para adoção de crianças e adolescentes fora do perfil mais procurado. “Por ser uma criança com uma má-formação congênita, ela não deve ter sido adotada de imediato. Isso traz a lição que não é a perfeição que leva à felicidade. O amor é incondicional! Quem ama não escolhe cor, idade, não escolhe perfeição. A prova maior de alcançar a felicidade é você amar incondicionalmente”, disse o magistrado.

O processo de adoção aconteceu na Vara da Infância e Juventude da Comarca de Eunápolis, com o juiz Otaviano Andrade de Souza Sobrinho, que atualmente conta com a tramitação de mais seis processos de adoção em vias de conclusão na unidade.

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