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Fazenda Yrerê, na Rodovia Ilhéus-Itabuna, retoma turismo rural

Do Cacau e Chocolate

A Fazenda Yrerê definiu a reabertura para atividades de turismo rural, ensaios fotográficos e compras em sua loja de chocolates e derivados de cacau. Após sete meses com as atividades paralisadas por conta da pandemia da Covid-19. A reabertura será neste sábado (10).

A Yrerê é uma tradicional fazenda de cacau, localizada no quilômetro 11 da Rodovia Jorge Amado (BR-415), entre Ilhéus e Itabuna, em meio a áreas de Mata Atlântica e cabruca, que já trabalha com turismo rural há 12 anos, sendo visitada por milhares de turistas do Brasil e do exterior ao longo deste tempo.

Na Yrerê é possível fazer um tour de duas horas para caminhar em uma bela trilha, conhecer as plantações de cacau, chupar cacau tirado do pé, visitar as barcaças onde o cacau fermenta e seca, e concluir o passeio degustando os famosos chocolates da própria fazenda.

Fazenda Yrerê é um dos principais atrativos do turismo rural na região || Foto Maurício Maron

No passeio, o visitante ou turista ainda degusta suco de cacau e conhece outros derivados como geleia de cacau, nibs, amêndoas caramelizadas, dentre outras experiências que podem ser adquiridas na loja da fazenda. O chocolate de origem Yrerê é uma das atrações da visita, pela qualidade do produto, que é comercializado no Brasil e no exterior.

A fazenda tem a nota mais alta na avaliação dos turista referente as atrações de Ilhéus, tanto no site TripAdvisor, como no Google, o que contribui para atrair mais pessoas,  já que muitos turistas usam estas ferramentas para planejar suas viagens.

Gerson Marques, da Yrerê

“A Yrerê fez um esforço para antecipar sua abertura, para isso criou seu protocolo de segurança orientado por profissionais de saúde. As visitas serão limitadas as 16 pessoas em cada horário, sendo dois horários ao dia as 09:30 e as 11:00 por enquanto não abriremos pela tarde” revelou Gerson Marques, um dos proprietários da fazenda, destacando ainda que “será obrigatório o uso de máscaras, álcool gel e distanciamento entre os visitantes”.

De acordo com Gerson, “o passeio é muito seguro porque é realizado cem por cento ao ar livre ou na varanda da sede da fazenda, mesmo em nossa loja fizemos ajustes para atender as pessoas em ambiente aberto”. A visita custa R$30,00 por pessoa – crianças não pagam – e precisa ser agendada pelo (73) 99997-7175. O tour guiado tem duração de aproximadamente duas horas. Atualizada às 12h26min.

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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Entramos no ano 2000 com a energia da luta, buscamos diversificar a produção agrícola, implantar serviços de educação, melhorar a prestação dos serviços de saúde, começamos a investir em indústrias de pequeno porte e outras iniciativas.

 

Vivemos numa região que possui um dos biomas mais importantes do Brasil, a mata atlântica – muito rica em fauna e flora. Essa conservação só foi possível devido ao sistema de produção cabruca, que consiste em consorciar exploração econômica e conservação ambiental.

A produção do cacau permitiu reconhecimento social e poder político-econômico para os produtores do fruto. Se cacau era sinônimo de dinheiro, proprietário rural nessa região ganhava destaque social em qualquer lugar do país e até internacionalmente. As obras de Jorge Amado trazem esse retrato histórico.

A quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, afetou o comércio mundial e estabeleceu dificuldades na nossa economia até o final da década de 1950. Nesse período, após uma intensa luta junto aos poderes da República, a região viu nascer a Ceplac, em 1957, e recebeu uma atenção diferenciada a partir de 1961, quando foi implantada a taxa de retenção de exportação do cacau que formou o orçamento da Ceplac, o que permitiu que a instituição implantasse a extensão rural e investisse no escoamento da produção. A taxa era de 15% sobre a amêndoa e 5% sobre os derivados de cacau.

Em 1970, o cacau representou 60% da arrecadação estadual. Financiou, inclusive, a folha de pagamento do estado da Bahia e fomentou a construção do Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico de Camaçari. A partir de 1972, a taxa de retenção foi unificada em 10% – tanto amêndoas como derivados. Em 1980, uma série de fatores influenciaram negativamente na cadeia produtiva do cacau: perdemos importância na pauta de arrecadação do estado frente aos produtos de alta tecnologia produzidos no Polo Petroquímico de Camaçari, o fortalecimento da concorrência dos países africanos e nosso peso na pauta de exportação brasileira foi reduzido.

Todos esses acontecimentos propiciaram ao governo brasileiro cortar a taxa de retenção. Além disso, tivemos uma superprodução de cacau na safra 1984/1985, forçando ainda mais a queda dos preços e empurrando os produtores de cacau para a crise. Como se não bastasse tudo isso, em 1989 surgia em Uruçuca um fungo capaz de dizimar a lavoura, a vassoura-de-bruxa. Diante daquelas circunstâncias, e após muitas cobranças e críticas por parte da comunidade da região sul, o governo estadual, em resposta, criou o Instituto Biofábrica de Cacau em 1997. O IBC nasceu com o objetivo de produzir mudas melhoradas geneticamente e servir de estrutura de apoio permanente à lavoura.

Chegamos a 1990, década em que a região cacaueira conheceu a sua maior queda econômica: mergulhamos num estado de penúria, o que gerou o quase abandono das propriedades por parte dos fazendeiros e demissão em massa dos trabalhadores rurais. Estima-se que mais de 250 mil trabalhadores trocaram o campo pelas cidades. Um grande contingente de homens, mulheres e crianças chegaram sem perspectivas às cidades, buscando sobreviver àquele estado de caos social. As cidades não estavam preparadas, principalmente Itabuna, Ilhéus e Porto Seguro: saúde, educação, segurança, mobilidade e urbanização foram afetados.

Não existia capacidade de atendimento do fluxo, nem capacidade financeira para prover ações de acolhimento para essas pessoas. Esse contingente humano ficou à margem e teve que se estabelecer nas periferias das cidades. Entramos no ano 2000 com a energia da luta, buscamos diversificar a produção agrícola, implantar serviços de educação, melhorar a prestação dos serviços de saúde, começamos a investir em indústrias de pequeno porte e outras iniciativas.

Nos últimos anos, uma articulação dos governos estadual e federal trouxe a esperança de entrarmos num novo ciclo econômico. A construção da barragem do Rio Colônia, um novo hospital regional, prestes a ser inaugurado, a Ferrovia Oeste-Leste, que está parada com quase 70% concluída, o Porto Sul – ainda travado por questões burocráticas, um novo aeroporto, que está para ter obras iniciadas, uma universidade federal já em funcionamento e a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna, cuja ordem de serviço será assinada na próxima segunda-feira pelo governador Rui Costa, um sonho que a região espera há quase 50 anos. O governo Rui vem se esforçando e realizando as obras que estavam na expectativa da região.

Como tudo na vida, a crise, apesar de negativa, também deixou legados importantes: uma região mais forte para enfrentar as turbulências, a estadualização da UESC – sem a crise econômica o estado não absorveria a instituição no seu orçamento, e o acesso à terra, algo antes difícil e que trouxe à tona o movimento da agricultura familiar nessa região. A produção de chocolate surge como um novo pensar, fruto da chegada de novos agricultores para a cadeia do cacau, o incremento de novos modos de produção e beneficiamento do cacau, e o uso de tecnologias através do melhoramento genético fazem parte dessa mudança.

Precisamos estruturar novas lutas: ampliar e melhorar a nossa representação política em nível estadual e federal, fortalecer a Ceplac, fazer o governo do estado dotar a Biofábrica de condições financeiras para a manutenção do seu quadro técnico e do cumprimento do seu papel de fortalecimento da agropecuária do Sul e Extremo Sul da Bahia. Um novo ciclo está por vir, dele, depende a nossa energia e luta. Nossa região irá se superar e os seus filhos vencerão o dilema identificado pelo saudoso professor Selem Rachid: “a pobre região rica”. Avante!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.