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Um ‘mamão com mel’ para as empreiteiras Brasil afora, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida tem gerado muito trabalho sem carteira assinada, como mostramos aqui há uma semana (relembre). Os dramas contados por serventes e pedreiros explorados em um canteiro de obras do programa em Itabuna sensibilizaram leitores, mas pouca resposta foi ouvida de quem pode, de fato, fazer algo para aplacar a sanha destas empreiteiras.

Não são raros os protestos de trabalhadores em obras deste tipo. Na reportagem da semana passada, pais de família arregimentados em outros municípios passavam fome em Itabuna. Vieram para cá construir a casa dos sonhos de mil itabunenses cadastrados no programa.

Na semana passada, e após os protestos de trabalhadores da EMA, a obra no bairro São Roque ficou parada por dois dias e meio, entre a manhã de segunda-feira, 8, e o início da tarde de quarta, 10. Os contratados da FM Construtora protestavam contra a falta de cumprimento de acordos por parte da empresa. Será que o Ministério do Trabalho e Emprego tem passado por lá? E a procuradoria do Ministério Público Federal do Trabalho?

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Eles denunciam humilhação e fome

em obra do “Minha Casa, Minha Vida”

Nailton, desiludido, volta para casa(Foto Pimenta).

Trabalhadores arregimentados em pequenos vilarejos do sul da Bahia denunciam exploração, humilhação e fome em canteiro de obras do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida’, em Itabuna.

(Confira relatos no vídeo abaixo)

Atraídos para a obra com a promessa de salário compatível, hora extra, carteira assinada e despesas com hospedagem, alimentação, água e energia elétrica pagas pela empresa, os operários da construção civil conheceram o outro lado da moeda.

Cansados de não ver a cor do dinheiro ao final de mais de um mês de trabalho, cerca de 150 trabalhadores ocuparam o canteiro da prefeitura de Itabuna ao final da tarde da sexta-feira, 5, para protestar. Eles reclamavam da EMA Construtora, braço da FM Construtora no “Minha Casa, Minha Vida” em Itabuna.

O protesto gerou tumulto e a polícia foi acionada para controlar os trabalhadores. No outro dia, logo pela manhã, mais protestos, desta vez no canteiro da obra, entre o bairro São Roque e o semianel rodoviário, onde a FM Construtora ergue aproximadamente mil apartamentos. O contrato é de R$ 40 milhões.

Os operários receberam o dinheiro no outro dia, mas pago pela FM Construtora (alguns dos trabalhadores reclamavam que receberam apenas parte do devido). A polícia militar foi chamada para evitar maiores tumultos na hora do pagamento, feito em um refeitório.

De acordo com informações de funcionários da Caixa Econômica Federal, agente financeiro do programa, este não foi o primeiro protesto envolvendo trabalhadores da obra. Há cerca de 20 dias, a agência central do banco foi invadida por um grupo de operários da FM Construtora. Eles queriam receber salário. Houve quebra de objetos do banco, tumulto e agressões a funcionários da agência, mas tudo foi controlado.

Quase todos os trabalhadores que participaram da manifestação na última sexta-feira, 5, no canteiro da prefeitura (Adei), foram demitidos pela EMA Construtora. A empresa foi sublocada pela FM Construtora para erguer os apartamentos no São Roque.

O caso será levado à Procuradoria do Ministério Público Federal do Trabalho e à agência do Ministério do Trabalho e Emprego pela presidência da subseção itabunense da OAB. Todos os operários ouvidos pelo Pimenta, apesar de um mês de trabalho (e embora se trate de uma obra federal), não tinham a carteira assinada.

Confira vídeo em que operários reclamam das promessas não cumpridas pela EMA Construtora. Eles afirmam que passaram fome, foram humilhados pelo dono da empresa, Ernani Santana.

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Trecho da obra sob responsabilidade da EMA sofreu paralisação. Polícia foi acionada (Foto Pimenta).

Fome, humilhação, atraso de salário e operários sem carteira assinada. Esse foi o cenário encontrado pelo Pimenta em um canteiro de obras do programa federal Minha Casa, Minha Vida, no bairro São Roque, em Itabuna. Os trabalhadores foram demitidos entre ontem e hoje após realizar protesto no canteiro central da prefeitura de Itabuna, na Adei (fundos do estádio Luiz Viana Filho).

Pedreiros e serventes são contratados pela Construtora EMA em pequenas cidades do sul da Bahia com a promessa de salário, hora-extra, carteira assinada, hospedagem e alimentação. Em Itabuna, a realidade encontrada foi bem diferente, o que causou a revolta dos operários. Todos ouvidos pelo Pimenta diziam que o dono da EMA, Ernani Santana, prometia ainda emprego por “um ano ou até dois”.

“Ficamos três dias sem ter o que comer, com fome”, descreve o operário Joabson Santos, que reside em Una e foi atraído para Itabuna pelas facilidades prometidas pelo dono da construtora. Joabson denunciou que o salário recebido era inferior aos dias trabalhados e a empresa não teria pago a hora-extra. Dos trabalhadores ouvidos, ninguém tinha carteira assinada. 

Foto Pimenta na Muqueca 06.03.10
Polícia é chamada para controlar tumulto no pagamento a operários da EMA (Foto Pimenta).

Hoje pela manhã, a polícia foi chamada para evitar conflito no refeitório da obra, local utilizado para quitar os salários atrasados dos peões. De acordo com funcionários ouvidos pelo blog, os operários foram contratados pela EMA, que presta serviços à FM Construtora, a responsável pela obra.

A situação de humilhação imposta aos operários será investigada pela OAB-Itabuna. O presidente da Ordem, Andirlei Nascimento, disse que comunicará o caso, na segunda-feira, à procuradoria do Ministério Público Federal do Trabalho e à delegacia itabunense do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Desiludidos, humilhados, parte dos operários retorna para casa. “Ainda volto na segunda-feira para resolver minha situação”, diz Alex da Silva. Contratado em fevereiro, ele passou mais de um mês comendo farofa de ovo e pão, fornecido pela empresa. A reportagem completa você confere amanhã.