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À direita a professora e estudante com Cristina Araripe, coordenadora nacional da Olimpíada e pesquisa da Fiocruz

O dia 28 de novembro não será esquecido pelos estudantes, professores, pais de alunos e pessoal da equipe de apoio do Centro Integrado Oscar Marinho Falcão (Ciomf), no bairro Santo Antônio, em Itabuna. Foi nesta data que a professora Gracileide Guimarães Sousa e a estudante Jhuly Borges Oliveira, do 7º ano, subiram ao palco do auditório do Museu da Vida da Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, para a cerimônia de premiação da 9ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz (Obsma).
Professora e aluna receberam a premiação pelo projeto “Homem x Água… Atitudes Negativas e Corretivas: CIOMF cuidando das águas”, desenvolvido pelos integrantes do Clube de Ciências do colégio. Com registro fotográfico sobre a falta de cuidado do itabunense com água potável, mostrando a precaridade na rede de esgoto nos bairros periféricos e indicando soluções para falta de infraestrutura no município, o projeto ficou em primeiro lugar na “Regional Nordeste II” e foi vencedor nacional na categoria Ciências. Essa foi a maior conquista na história de uma escola pública de Itabuna.
Jhuly e a professora Gracileide Guimarães comemoram a grande conquista|| Foto Pimenta

O trabalho “Homem x Água… Atitudes Negativas e Corretivas” venceu a batalha na categoria  Projeto de Ciências, na modalidade ensino fundamental, que teve 433 trabalhos inscritos de escolas de todo o país. “Essa conquista é o resultado de um trabalho sério que professores e estudantes vêm desenvolvendo há anos. Essa não é a primeira premiação da nossa escola, mas certamente a maior”, acredita a professora Gracileide Guimarães, que leciona no Ciomf há 20 anos. Gracileide e Jhuly relataram a experiência ao PIMENTA nesta semana.
O DEBATE VAI CONTINUAR 
A professora explica que o projeto terá continuidade no próximo ano. “O nosso plano é sentar com representantes da prefeitura, organizações não governamentais, instituições de ensino, principalmente a Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade Federal do Sul da Bahia e Instituto Federal de Educação, para que possamos aprofundar o debate em torno das questões envolvendo o meio ambiente no nosso município e na nossa região”.
Vencedoras passaram uma semana no Rio de Janeiro

Com relação à pesquisa de campo, a estudante Jhuly Borges, de 12 anos, conta que os problemas mais graves foram detectados principalmente nos bairros periféricos de Itabuna.  “Detectamos desperdícios de água, como canos estourados e pessoas lavando carro com mangueira, por exemplo”, conta acrescentando que é “muito bom ter um projeto da nossa escola ajudando a conscientizar muitas pessoas sobre os graves problemas ambientais que estamos vivendo”.
A estudante ressalta que o projeto não aborda somente sobre o mau uso da água, mas também sobre o lixo produzido pelo homem. “Porque o lixo deixado em locais impróprios contamina a água potável. A pessoa deve lembrar-se que o papel de caramelo jogado na rua vai parar em um bueiro, passa pelo rio, que deságua no oceano. Temos que destacar ainda que, quando a prefeitura não faz o descarte correto, o lixo contamina os lençóis freáticos e água suja pode acabar em poços artesianos”, alerta.
Alguns pais acompanharam de perto o trabalho dos filhos. Entre eles, está dona Lilian da Silva Borges, mãe de Jhuly. Ela conta que, nos momentos que antecederam o anúncio dos vencedores da 9ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz, não conseguiu se desligar da internet, especificamente da página oficial do evento no facebook. ” Foi muito emocionante e gratificante para todos nós”, recorda-se. A Fiocruz transmitiu ao vivo.
COMO SURGIU?
A ideia do trabalho vencedor surgiu durante reunião de integrantes do Clube de Ciência do Ciomf, depois do município passar por uma das piores crises hídricas da história. Os estudantes receberam a tarefa de pesquisar a interferência humana sobre o meio ambiente, com observações sobre os aspectos negativos e corretivos.
Os alunos passaram a investigar (com flagra fotográfico) como ocorre o uso da água que chega a casa dos itabunenses e a ocorrência da poluição dos lençóis freáticos, ocasionado principalmente pela falta de tratamento de esgoto nos bairros periféricos de Itabuna.
A exposição fotográfica foi uma das fases do projeto vencedor

SEMANA CULTURAL NO RIO DE JANEIRO
O projeto foi inscrito na Obsma por sugestão da coordenadora do Clube de Ciências do Ciomf, a professora Thereza Angélica Matos. Além de placas, troféus, medalhas e certificados, a Fiocruz promoveu uma semana cultural no Rio de Janeiro para os mais de 70 estudantes e professores dos 36 projetos finalistas. Antes, o projeto havia sido inscrito na Conferência Infanto Juvenil do Meio Ambiente e vencido a etapa regional, mas não foi classificado na estadual.
A Obsma recebeu 1.228 trabalhos desenvolvidos pelos alunos do ensino e fundamental de escolas públicas e particulares de todos os estados brasileiros, sendo que 36 foram aprovados nas categorias Projeto de Ciências, Produção Audiovisual, Regional Nordeste I e II. A competição nacional contou com a participação de 4.270 professores e 67.1179 estudantes de todo o país.