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Hélio-Denni-150x150Hélio Denni Filho | helio.denni@yahoo.com.br

Aceitar e aprovar uma redação do ENEM com uma receita de preparo de um macarrão instantâneo, com vários erros de português, é dizer para todos os estudantes que viram essa publicação que tanto faz eles estudarem ou não, eles vão passar da mesma forma.

Em tempos remotos, estudar e se qualificar era enobrecedor. Houve um tempo em que saber datilografar era um grande diferencial. O profissional que detinha esse conhecimento tinha que ser ágil, preciso, saber escrever e se comunicar por meio da escrita. Os ofícios, comunicados internos, documentos e cartas (sim, cartas, naquela época não havia e-mail) tinham que ser datilografados sem erros de português, com coerência, clareza e formalidade.
Ser graduado ou possuir uma pós-graduação, mestrado ou doutorado elevavam essa pessoa a um alto grau na sociedade, não como um ser supremo, mas como um ser detentor de conhecimentos, capaz de difundi-lo para os que tinham interesse em ser grandes pessoas, tanto no campo profissional como no aspecto social. Essas pessoas, assim como os PROFESSORES eram formadores de opinião, detinham respeito e conhecimento suficientes para mudar uma sociedade, transformá-la em melhor, em mais competitiva, em menos preconceituosa.
Infelizmente, esses tempos acabaram. Os professores e intelectuais não são mais os escolhidos pela sociedade para serem formadores de opinião, muito menos os escolhidos para conduzi-los. Essa classe profissional perdeu espaço para celebridades. Os jogadores de futebol, os dançarinos de pagode (principalmente aqueles que têm apelo sexual), os artistas, os participantes de BBBs e os compositores de musicas ricas em “tchu tchu tchu tcha tcha tcha” viraram a elite intelectual do nosso país. É triste ver como os nossos governantes conduzem a nossa nação para o mais pobre nível intelectual possível.
Aceitar e aprovar uma redação do ENEM com uma receita de preparo de um macarrão instantâneo, com vários erros de português, concordância entre outros, é simplesmente rebaixar ao mais baixo nível (desculpem a redundância) o trabalho do professor e o futuro do nosso país. É dizer para todos os estudantes que viram essa publicação que tanto faz eles estudarem ou não, eles vão passar da mesma forma. É dizer para o professor, indiretamente, que o papel dele como educador não mais tem necessidade. Que ele não precisa se qualificar, que ele não precisa se atualizar, que ele simplesmente não precisa estudar mais. Basta somente que ele finja que ensina, porque o aluno já finge que estuda.
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