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Primeiro pataxó do sul da Bahia a conquistar o título de mestre pela UFBA||Foto Arisson Marinho/CORREIO

De cocar, colar e de rosto pintado. Foi assim que Hemerson Pataxó, de 25 anos, se preparou para se tornar, nessa sexta-feira (3), o primeiro estudante indígena a conquistar o título de mestre pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) em um curso das Ciências Exatas.

Nas palavras da dedicatória, que, emocionado, o novo mestre em química orgânica não conseguiu ler para sua plateia, a referência ao seu povo: os Pataxó Hã Hã Hãe: “Agradeço à minha família pelo incentivo, apoio e por sempre acreditar no sucesso de minhas escolhas e ao meu povo por lutar e resistir para que possamos escrever histórias como essa”.

A aldeia onde vive a tribo de Hemerson fica há nove horas de ônibus da capital. Para chegar até os Pataxó Hã Hã Hãe, é preciso ir de Salvador a Itabuna, de lá até Pau Brasil, o município mais próximo do povoado, e ainda percorrer um terceiro trecho até chegar ao povo pataxó.

Quando solicitado por um dos professores que avaliavam seu trabalho, Hemerson não conseguiu terminar a leitura do curto agradecimento. Ao lembrar da origem que carregava não só no sangue, mas nos símbolos que usava, as lágrimas e a emoção tomaram conta do pesquisador. Depois de quase duas horas de perguntas dos avaliadores, e já com o título garantido, Hemerson esclareceu seus motivos.

Hemerson saiu de lá com apenas 18 anos, quando foi aprovado no vestibular de química na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Todo o estudo de ensino médio foi feito ainda na aldeia, e é este um dos motivos que levaram o estudante a escolher portar os símbolos da sua cultura ao defender sua tese de mestrado. LEIA MAIS.