Tempo de leitura: < 1 minuto

Mário Bittencourt | Uol
homofobiaCom uma população GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) em ascendência nos últimos anos, a cidade de Vitória da Conquista (a 509 km de Salvador), no sudoeste da Bahia, concentra metade das mortes de homossexuais em 2014 no Estado. Em todo o país, foram 90 mortes registradas.
Segundo a Assessoria de Políticas para Diversidade Sexual, ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, até o final de março quatro homossexuais foram mortos neste ano, metade do total de assassinatos ocorridos na Bahia.
Os dados de 2014 de Vitória da Conquista já são o dobro do ano passado, quando duas travestis foram assassinados. Pessoas ligadas ao público GLBT avaliam que as mortes, apesar de envolver também situações de brigas e uso de drogas, têm como causa maior a homofobia.
Leia a íntegra

Tempo de leitura: 3 minutos

Professor Aldineto MirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Vigiem senhores e senhoras! Vigiem seus pensamentos, palavras e ações, pois podem se tornar cruéis atitudes ou posturas belíssimas. A decisão é sempre nossa.

“A religião é o ópio do povo”. Com essa frase Karl Marx, pensador alemão, define com maestria uma das facetas que a religião pode adquirir. Certamente, estamos vivenciando uma epocalidade de crise: meio ambiente clamando por cuidados, relativização de valores, desenvolvimento tecnológico convivendo com a miséria e sofrimento de muitos seres humanos, adultos infantilizados, crianças e adolescentes tragados pelo tráfico, ou dependentes de drogas; alienados, depressivos, oprimidos.

Em meio a toda essa crise social, vemos o proliferar de igrejas – das mais variadas denominações – prometendo as benesses de um céu perfeito, e, para isso, fomentam o fanatismo e incitam o ódio contra qualquer outro tipo de postura diferenciada, fazendo com que muitos jovens e adultos utilizem uma forma de alienação que não é química (das drogas ilícitas), porém é uma forma de alienação ideológica ocasionada pelo entorpecimento das consciências. Ambas possuem o mesmo efeito: destróem o cérebro, a capacidade de escolha,  deixando as pessoas, que escolhem fazer uso delas, sem poderem mais escolher, abrem mão de ser indivíduos e se tornam fantoches.

O desespero é o terreno fértil para o fanatismo e a intolerância, e o discurso religioso que exclui, marginaliza, seleciona, é cruel, ainda que se realize em nome de Deus – na verdade, ser realizado em nome de um ser superior é o que o torna ainda mais nefasto.

Quem diz que A ou B vai está condenado à perdição eterna, inferno, ou algo parecido,  porque tem outro pensamento religioso, uma orientação sexual  diferente, uma opção de vida incomum, assume uma postura intolerante e intransigente, e se identifica com tudo que é mais diabólico. Lembrem que a palavra diabo, etimologicamente, provém do grego diabolo e significa separação, divisão. Ou seja, tudo o que exclui, separa, é diabólico. O contrário dessa categoria é o símbolo, tudo o que une, acrescenta, mistura, é simbólico. O sincretismo é simbólico, o amor provoca sinergia, por isso é um sentimento lindo que cria beleza, prazer e vida!  Cristo sabia disso, por isso ressaltou o amor como principal mandamento.

Dentre as religiões, ressalto a beleza da mística do candomblé, que resistiu ao racismo eurocêntrico sincretizando-se com o catolicismo e outras manifestações religiosas. Por ser uma religião que agrega, nele não há espaço para o diabo, pois não existe o diabólico. Tudo é simbólico!

Ouso não concordar totalmente com  o Marx. Eu não diria que a religião é o ópio, mas diria que algumas posturas, pseudo religiosas, são uma praga para o desenvolvimento da humanidade, tão grave quanto o crack. A religião é uma faca de dois gumes bem afiados,  podendo libertar ou aprisionar o indivíduo.

O problema não é a religião em si. Gandhi, líder religioso indiano, representativo de uma postura  respeitosa e amorosa, já afirmava que um homem sem religião é como um barco sem direção. O que critico, indignadamente, são as denominações religiosas e pessoas recheadas de intolerância e fanatismo, pois disto tenho medo, tenho muito medo! Medo que mais uma vez o horror de uma espécie de inquisição contemporânea volte a acontecer.

Ao mesmo tempo sinto um fio de esperança ao ver um líder religioso, como o papa Francisco, ao ser perguntado sobre a postura homossexual, responder: “Quem sou eu para julgar?”, afirmando posteriormente que não se deve marginalizar as pessoas. Postura humilde, de um líder carismático e sensato.

Leia Mais

Tempo de leitura: 3 minutos

Regina FlorêncioRegina Florêncio | reginaflorencio@hotmail.com

Ato falho ou não, ficou claro que nem ele acredita na cura gay. Mas a declaração de humanidade dele me tocou. De fato, somos humanos e complexos.

O Projeto de Decreto Legislativo nº 234/11, de autoria do deputado federal João Campos (PSDB-GO), que propõe mudanças na resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia, é de fazer corar qualquer cidadão brasileiro que tenha o mínimo de sensatez e respeito aos direitos humanos.
A tentativa de golpe é simples: trata-se da suspensão da aplicação do parágrafo único dos Artigos 3º e 4º da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. Destaco aqui o artigo 2º do referido projeto:
“Fica sustada a aplicação do Parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.”
De acordo com os defensores daquilo que ficou conhecido como “Cura Gay”, o objetivo da intentona é restabelecer o direito constitucional à liberdade de expressão dos psicólogos. Porém, foi exatamente na defesa dos direitos da pessoa que o CFP adotou a resolução que virou alvo de ataques dos deputados da bancada evangélica. É importante conhecer o pensamento do Conselho. Aqui você encontra a resolução na íntegra (http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf).
O que fazer quando aparentemente existem dois princípios constitucionais conflitantes? A resolução do Conselho Federal de Psicologia cerceia os direitos de expressão e liberdade de seus profissionais? Analisado com cautela, o princípio constitucional reivindicado pelo deputado João Campos não é aplicável.
A resolução do Conselho Federal de Psicologia é um reflexo do que já era consenso para importantes órgãos internacionais. Em 1990, a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) aboliu o termo “homossexualismo” e o retirou da lista de doenças mentais. Foi um grande avanço no sentido de resguardar a sociedade de práticas terapêuticas equivocadas, preconceituosas e discriminatórias.
O profissional de psicologia não pode contrariar determinações de órgãos oficiais e ferir princípios éticos ao oferecer tratamento ou “cura” para uma patologia que não existe. Como a sociedade brasileira poderá confiar neste profissional, caso o projeto em questão seja aprovado?
A proposta é um retrocesso jurídico, político e histórico. Está na contramão das lutas pelos direitos humanos. Desde 1991 a Anistia Internacional considera a discriminação contra homossexuais como violação de direitos humanos. A Constituição Brasileira, no seu Art. 3º, determina que é responsabilidade do Estado brasileiro promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. E o bom senso, que não é regulamentado por nenhum órgão oficial, aconselha que haja respeito aos direitos individuais.
A bancada evangélica considera a homossexualidade “pecado” a partir de valores morais definidos por suas convicções religiosas. A sociedade tolera e compreende esta postura como um direito à liberdade religiosa. Mas os “felicianos” do Congresso não querem apenas respeito!
Leia Mais