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Um viva à vida. Que deixemos que as amenidades nos invadam e nos ajudem a viver com maior humanidade.

 

Rosivaldo Pinheiro

Hoje, resolvi escrever sobre amenidades, às vezes, tão necessárias para a convivência com a intensidade que a vida moderna se impõe.

Estamos numa era em que as informações nos atropelam Sim! No mundo do algoritmo, somos literalmente induzidos e conduzidos. Não selecionamos mais o que queremos nas redes sociais. As notícias, por exemplo, chegam a partir dos nossos movimentos e comportamentos captados a cada vez que visitamos o ambiente virtual.

Por isso, precisamos fazer filtros permanentes e até desligarmo-nos um pouco desse mundo em ebulição para ouvirmos a voz que ecoa do silêncio das nossas consciências. Deixar, como diz a música de Jota Quest, “ouvir a voz do próprio coração”.

Nesse mundo de hostilidades e nessa nação de culto à barbárie, faz-se necessária uma permanente vigília para não repetir atos e produzir fatos que estabeleçam vínculos com tiranos corações.

A nossa nação precisa de justiça social e um sistema jurídico eficiente. A gente precisa se sentir gente, urgentemente!

Os lares precisam de pais, a consequência será um país de paz. Cada ser precisa de Deus, independentemente de religião. Busquemos, portanto, os nossos encontros, fortalecendo os pontos para construirmos uma nação, onde possamos ser indivíduos com paz no coração.

Um viva à vida. Que deixemos que as amenidades nos invadam e nos ajudem a viver com maior humanidade.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

O Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb || Foto Vatican Media
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No Dia Internacional da Fraternidade Humana, comemorado hoje (4), o papa Francisco diz que a fraternidade é o único caminho possível para a humanidade ferida por guerras. “Ou somos irmãos ou tudo desaba”.

Ele fez a afirmação em mensagem enviada a participantes de mesa-redonda realizada na Expo Dubai 2020, com a participação de representantes da Santa Sé e de religiosos da Universidade Al-Azhar, do Cairo.

Na mensagem, o pontífice saúda o Grão-Imame Ahmed Al-Tayyeb, com o qual assinou Documento sobre a Fraternidade Humana três anos atrás, o xeque Mohammed bin Zayed e duas instituições: o Alto Comitê para a Fraternidade Humana e a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Dia Internacional da Fraternidade Humana foi instituído pela ONU em dezembro de 2020, no início da crise global de saúde, gerada pela pandemia de covid-19.

Na mensagem, o papa diz ainda que a pandemia demonstrou que ninguém se salva sozinho. “Somos todos diferentes, mas iguais em dignidade e independentemente de onde e de como vivemos, da cor da pele, da religião, da classe social, do sexo, da idade, das condições de saúde e econômicas”. O tema da segunda edição dessa data é “Debaixo do mesmo céu”.

Francisco propôs à humanidade caminhar junta. “Ou somos irmãos ou tudo desaba. E esta não é uma expressão meramente literária de tragédia, não, é a verdade! Vemos nas pequenas guerras, nesta terceira guerra mundial em pedaços, os povos se destroem, as crianças não têm o que comer, diminui a educação. É uma destruição”. Com informações do Vatican News.

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Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

 

Juliana Soledade

Tem dores que somos legitimados a sentir, principalmente quando mais uma tragédia acontece. Quando pequenos aprendemos nos livros de biologia sobre o ciclo de uma vida e todos os seres constituem em nascer, crescer, frutificar e morrer. Mas para além, nesse inteirim, construímos, entre sonhos, vitórias e derrotas, a nossa história.

Esperamos o envelhecer para então morrer. E inocentes nessa espera, atropelamos sonhos, quereres, abraços, desculpas, palavras impensadas, somente por acreditar piamente que o amanhã estará a nossa espera. Mas nem sempre está. Não há garantias de vida. Aliás, a vida foi feita para acabar, só não se sabe quando, nem onde, nem por que e nem como. Viver é se agarrar a finitude.

Outubro foi um mês intenso, novembro acompanha a impetuosidade. E ontem, com a agenda lotada de afazeres com planos mirabolantes, ouvi a notícia. Elevei uma prece e pedi que fosse mentira. Não era. Sucessivamente, senti todas as dores em um milésimo de segundo. Esqueci da artista, lembrei-me da humana, com vertigens sobre esse mundo enlouquecido e sentei para acomodar meu coração em disparate. Por um segundo pensei em tirar a urgência do mundo dos meus planos e me permitir sentir. Vinte seis anos, poderia ser oitenta, sempre é cedo. Um filho. Família. Amigos. Uma multidão. E é nessa contradição de subir e decolar para voar, sempre mais alto, sempre mais longe, que somos vítimas, da nossa própria armadilha. E o show da vida se acaba sem despedida. Com a cortina aberta e pessoas boquiabertas.

Faltam certezas, sobram dúvidas.

É comum me calar sobre esses alvoroços ensandecidos quando alguém se desliga desse plano. Normalmente eu silencio, fico a sentir e imaginar a dimensão da perda, faço orações, sempre chove pelos meus olhos, porque inevitável pensar sobre os meus e sigo, porque precisamos seguir, com dor ou sem ela. Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

E a gente vive com a certeza do depois.
E guarda tudo para mais tarde.
E, talvez, não dê tempo, não tenha oportunidade.
Porque viver é finito.
E, do nada, acaba.

Escrevo olhando para o horizonte, despejando palavras frenéticas em um programa de texto para evitar olhar e sentir ainda mais, porque a ficha não cai. A nossa humanidade é colocada em xeque. E faz-me sentir.

Com amor e sentimento,

Juliana Soledade é advogada, escritora, empresária e teóloga, pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito do Trabalho, além de autora dos livros Despedidas de MimDiário das Mil Faces e 40 surtos na quarentena: para quem nunca viveu uma pandemia.

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ricardo ribeiroRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

Em uma seca que materializa catastróficas previsões, noticia-se o primeiro caso de tentativa de homicídio por causa de água.

 

Situações extremas podem levar seres humanos a atitudes que seriam impensadas em condições normais. Muitos assistiram àquele antigo filme sobre um acidente aéreo nos Andes, em que os sobreviventes, no desespero da fome, usaram a carne das vítimas como alimento. Absurdo? Nada! É apenas humano, demasiadamente humano, como diria Nietzsche.

Livros como “Ensaio sobre a cegueira” e até séries como “The Walking Dead” demonstram como as circunstâncias mudam os comportamentos, revelando verdadeiras feras que habitam no interior de pacatos cidadãos. Pela sobrevivência, ou até por muito menos, cometem-se as mais abjetas atrocidades. Limites desaparecem e a lei da selva se impõe.

Nossa querida Itabuna vive dias assim. Em uma seca que materializa catastróficas previsões, noticia-se o primeiro caso de tentativa de homicídio por causa de água. E é sintomático que o fato não tenha como protagonistas pessoas sedentas pelo líquido ora tão escasso, mas dois comerciantes, sedentos pelos lucros auferidos nesses tempos em que uns sofrem e, como de praxe, outros gozam.

Assim como na história do boi que morre e do urubu que não vê a hora de lhe devorar os restos, em nossa releitura de “Vidas Secas” há também os que se valem e se fartam da miséria alheia. Para eles, quanto mais a seca perdurar, melhor. Enquanto puderem vender 1 mil litros de água por 300 reais, que sequem os rios e morra o gado.

Há relatos de disputas entre moradores, desesperados, por baldes da água escassa dos tanques comunitários, mas é extremamente revelador da natureza humana que o primeiro a empunhar uma faca tenha sido um beneficiário da tragédia. Ele feriu o outro não porque tinha sede do líquido, mas para defender sua fatia de um negócio espúrio, cruel e desumano. Um negócio que revela o quão terríveis nós podemos ser.

Ricardo Ribeiro é advogado.

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Manuela Berbert

Que amor é esse que não pensa no sofrimento do outro, nos filhos que ficam, na compaixão?

Acordamos no dia 11 de março com a triste notícia de que o mundo estava se acabando no Japão. Terremoto seguido de tsunami, muitas vítimas e caos. As imagens que os canais de notícias insistiam em reproduzir eram chocantes, com uma grande diferença das cenas do deslizamento no Rio de Janeiro: aqui, as histórias das pessoas eram mais exploradas, como o resgate àquela senhora que não desgrudava do seu cachorro em meio à correnteza. Por lá, era a suntuosidade japonesa que se esvaía com as águas.

Explodiram piadinhas na internet sobre o fim do mundo. Coincidência ou não, as pessoas sugeriram que há uma conspiração quanto ao número 11: foi no dia 11 em setembro que atentaram contra as torres gêmeas nos Estados Unidos, e exatamente no mesmo dia, em março, aconteceu um terremoto no Haiti. As pessoas estão com medo da data 11 de novembro (mês 11) do ano de 2011 ou, numa continha que eu já não me lembro mais como se faz, comentam que o mundo vai mesmo acabar em 2012.

Fim dos tempos, na minha humilde opinião, é assistir à degradação humana que vejo diariamente. São filhos matando os próprios pais por dinheiro, crianças sendo mutiladas nos hospitais públicos do nosso país, governantes saqueando prefeituras, homens e mulheres matando em nome do amor. Que amor é esse que mata, que humilha e causa danos irreversíveis? Que amor é esse que não pensa no sofrimento do outro, nos filhos que ficam, na compaixão? Acho que somos nós, seres humanos, que estamos nos destruindo.

Somos nós que vibramos com o avanço tecnológico mundial e depois choramos a morte de ente-queridos por doenças como o câncer. Somos nós que ficamos entusiasmados com a evolução dos veículos e depois enterramos amigos e parentes, vítimas da própria imprudência nas estradas. Somos nós que elegemos governantes por capricho ou interesses próprios e depois questionamos seus deveres. Infelizmente, somos todos culpados.

Incomoda-me ler e escutar por aí que Deus estaria se vingando das nossas ações, retribuindo em catástrofes os danos causados à natureza. Discordo. O meu Deus não é vingativo. O meu Deus não é aquele que nos manda desastres naturais como forma de punição, mas sim aquele que vai ajudar os japoneses na reconstrução do país. O meu Deus é aquele que vai fazer o mundo enxergar que é o espírito samurai, que tem como principais características a disciplina e a lealdade, que vai fazer a grande diferença na Terra do Sol Nascente.

Manuela Berbert é jornalista e colunista da Contudo.