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Marcelo Brandão | Agência Brasil

A ocupação indígena na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foi um protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e o Projeto de Lei Complementar (PLP) 227.

O ato desta quinta-feira (3), que durou cerca de uma hora, faz parte da Mobilização Nacional em Defesa da Constituição Federal, convocada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com o apoio de diversos movimentos sociais, com o objetivo de defender a Constituição, os direitos de povos indígenas e tradicionais e o meio ambiente.

A PEC 215, em tramitação desde 2000, propõe a retirada da atribuição exclusiva do Poder Executivo na homologação de terras indígenas. Já a PLP 227 prevê a exploração de terras indígenas em caso de relevante interesse público da União. “O Brasil está rasgando a Constituição [com os projetos], e nós viemos dar nosso recado de que isso não pode acontecer”, protestou o líder indígena Jurandir Xavante.

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Pelotão da PM tentou em vão liberar o tráfego na BR-101.
Pelotão da PM tentou em vão liberar o tráfego na BR-101.

A BR-101 está interditada há quase quatro horas, no trecho de Buerarema (reveja aqui), e os manifestantes, a maioria produtores rurais, cobra um retorno do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para liberar a rodovia. Os agricultores entendem que o Ministério da Justiça “lavou as mãos” quanto à disputa pelos 47 mil hectares com os índios tupinambás.

Nem mesmo o grande efetivo das polícias rodoviárias Estadual e Federal e da Polícia Militar fez dissuadir os manifestantes. Em agosto, quatro veículos oficiais foram incendiados durante os protestos. “Os produtores querem a garantia de que o ministro fará visita ao município”, disse o vereador Elio Almeida Júnior (PDT) ao PIMENTA.

Vereadores de Buerarema fizeram contato com o articulador de política do campo da secretaria-geral da Presidência da República, Nilton Godoy, para tentar retorno do ministro da Justiça. Godoy informou que faria os contatos, mas não sinalizou se haveria retorno. O PIMENTA buscou contato com o articulador, mas o telefone estava ocupado.

Barricadas com madeira e pneu foram incendiadas para interditar rodovia.
Barricadas com madeira e pneu foram incendiadas para interditar rodovia.

Atualizada às 22h21min – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, entrou em contato com a comissão federal que negocia com os manifestantes. Cardozo teria espaço na agenda para o dia 10, quando receberia, no máximo, 10 representantes dos produtores. A audiência seria em Brasília. A proposta foi rejeitada pelos agricultores.

Policiais observam barricada e movimentação dos manifestantes.
Policiais observam barricada e movimentação dos manifestantes.

Há pouco, a tropa de elite da PM iniciou movimentação para tentar liberar a pista. Do outro lado, cerca de 3 mil manifestantes reagiram. Os ânimos estão exaltados.

 

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Conflito deixou Buerarema em situação caótica
Conflito deixou Buerarema em situação caótica

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia confirmou, na manhã desta terça-feira, 10, o agendamento de uma sessão especial para o próximo dia 23, com o objetivo de discutir o conflito entre pequenos produtores e grupos que se autodeclaram como pertencentes à etnia tupinambá na região da Serra do Padeiro, em Buerarema.

A intenção de promover a discussão na Assembleia havia sido antecipada no dia 5, quando deputados estiveram em Itabuna e em Buerarema, a fim de colher informações e produzir um relatório sobre o conflito. Porém, na ocasião, os parlamentares ouviram apenas relatos de produtores rurais.

Uma proposta do deputado Yulo Oiticica (PT), também aprovada nesta terça, determinou a formação de uma subcomissão que deverá ir até a Serra do Padeiro para ouvir lideranças ligadas aos índios tupinambás, em data ainda a ser definida, mas antes do dia 23. Segundo Yulo, seria impossível construir um relatório sem ouvir as duas partes envolvidas.,

A subcomissão que ficou encarregada de escutar “o outro lado” é formada pelo próprio Yulo, além dos deputados Rosemberg Pinto (PT), Pedro Tavares (PMDB) e Augusto Castro (PSDB).

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GONÇALVES DIAS E SEUS ÍNDIOS HEROICOS

1ÍndiosOusarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

Adianto à gentil leitora e ao atento leitor que venho de tempos em que falar bem de índio não me fazia candidato a Judas de Sábado de Aleluia. Por isso decorei vastos trechos de I-Juca Pirama, o longo poema de Gonçalves Dias (1823-1864), com aqueles indígenas heroicos, grandiosos, valentes, que tanto me emocionaram – e, acabo de ver, ainda me emocionam. Pois é que voltei àquela fonte da infância, de onde tirei estas expressões: “caiu prisioneiro nas mãos dos Timbiras”; “as almas dos vencidos Tapuias, ainda choram”; “vaguei pelas terras dos vis Aimorés”; “quero provar-te que um filho dos Tupis vive com honra” – creio ser suficiente.

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 Academia de vestido longo e salto alto

A universidade brasileira, ainda elitista, arrogante, de vestido longo e salto alto (ou de fraque e bengala), costuma valer-se de linguagem própria, altissonante e, muitas vezes, vazia e ociosa. É o jargão que a identifica e isola, pois, deliberadamente, não atinge os mortais comuns. É bem o caso desse “índios Tupinambá” que a academia emana em flagrante agressão à lógica da linguagem. Gonçalves Dias há de ser copidescado: “nas mãos dos Timbira”, “vencidos Tapuia”, “terras dos vis Aimoré”, “filho dos Tupi” – e por aí vai esse festival de esnobismo. E a mídia, com seu pendor para a repetição, copia e engole tais sandices sem mastigar.

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3BueraremaForma clássica, sem rasuras ou emendas

“Meninos, eu vi!”: agora mesmo, à luz do fogaréu em que Buerarema ardeu, grupos de estudiosos da questão indígena em Porto Seguro se pronunciaram, denunciando a reincidência de ações violentas na região. É ótimo que se manifestem, mas dispensável é esse festival de “apoio aos Tupinambá” e “conflitos entre índios Tupinambá e fazendeiros”. Penso que com “índios Tupinambá” se queira dizer “índios (da etnia) Tupinambá, obviamente uma complicação (elipse?) desnecessária. É como escolher a linha curva para ir de um ponto a outro. “Índios Tupinambás” é a forma clássica, nos bons autores, que dispensa qualquer tipo de rasura ou emenda.

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UM OFFICE BOY COM O DOM DA UBIQUIDADE

Leio (ah, a universalidade da internet!) que o office boy Eduardo Carlos de Santana Jr., na flor dos seus 27 anos, foi condenado a sete anos e meio de cadeia por participar de assalto a uma loja de material de construção no bairro Vale dos Reis, em Cariacica/ES. Descubro mais: o Eduardo em apreço está foragido, daí a intimação de sentença, publicada no Diário da Justiça, afirmar que o condenado “encontra-se em lugar incerto e não sabido”, por isso sendo intimado por via do Edital. A expressão “lugar incerto e não sabido” é jargão dos cartórios (juridiquês) que atenta contra a saúde da língua portuguesa.
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5ForagidoDesatenção com a gramática e a lógica

A prática, não raras vezes, consegue mudar a teoria (aliás, nada digo de novo, pois é no dia a dia do escrever e, mais ainda, do falar, que a língua se forma e se transforma). Neste caso, o princípio teórico, a lei, fala em citar pessoa em lugar incerto, não sabido ou indeterminado – atendendo à verdade de que o réu não é onipresente, não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Operadores que não leram a regra com atenção vulgarizaram o “incerto e não sabido”, em detrimento da gramática e da lógica: incerto é “indeterminado”; não sabido, “ignorado”. Diga-se, então, “incerto ou não sabido”, sem traumas à norma.

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LETRA DE MÚSICA PARA TESE DE MESTRADO

Dizer que Querelas do Brasil, de Aldir Blanc, é trocadilho com Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, é verdade, mas muito pouco. Trata-se de letra “grande” demais para ser analisada em coluna de amenidades, tema para ensaio, tese de mestrado, essas coisas da mais alta responsa: o termo, segundo o Priberam, tem significados principais de discussão, debate, contestação; em lugar da aquarela, a querela não é mais exaltação, é desconstrução do modelo ufanista, louvação de outros valores, para mim sendo o maior deles a língua brasileira inculta e bela. Aldir abusa da sonoridade, ressuscita palavras, colhe outras em matrizes índias e negras: “Jererê, sarará, cururu, olerê/ blablablá, bafafá, sururu, olará”.
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7Jobim-AçuDos sertões de Guimarães a Jobim-açu

É notável a “louvação” que o poeta faz de grandes nomes das artes brasileiras, muitas vezes fundindo palavras. Lá estão “sertões, Guimarães” (lembrança de Guimarães Rosa e seu ambiente romanesco), “Caandrades” (sobre os Andrade: Drummond, Mário e Oswald), “Marionaíma” (fusão de Mário de Andrade e Macunaíma), “Bachianas” (referência direta às Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos), “Tinhorão” (homenagem ao crítico musical José Ramos Tinhorão). Porém, o mais louvado de todos é Tom Jobim, com acréscimos que sugerem “grandeza”: “Jobim-açu” (açu é “grande”, em tupi), Jobim akarore (akarores são índios gigantes) e Ujobim (alguma coisa como Jobim pai).É o Brasil que o Brazil não conhece, de que fala o refrão.

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O Brasil que pode socorrer o Brasil

É curiosa a oposição Brasil/Brazil (com grafia e pronúncia distintas), como a confrontar “brasis” diversos: “o Brazil não conhece o Brasil/ o Brasil nunca foi ao Brazil”. Esta dicotomia vai confluir para uma espécie de sub-refrão em que desaparece o Brazil, e o Brasil ressurge a pedir socorro… ao Brasil. O autor parece querer dizer que as soluções dependem de nós mesmos. (Parte da “erudição” mostrada neste texto foi apreendida de um estudo publicado por Jussara DalleLucca, que explica o significado dos estranhos termos empregados por Aldir Blanc). E quase não tive espaço para dizer que Elis Regina, como sempre, está à altura desta forte mensagem política, de 1979, do autor de O bêbado e o equilibrista (1978).

 O.C.

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Yulo Oiticica afirma ser necessário ouvir os dois lados do conflito
Yulo Oiticica afirma ser necessário ouvir os dois lados do conflito

Para não ser acusada de parcial, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia poderá ouvir também representantes do grupo de pessoas autodeclaradas tupinambás sobre o conflito na região da Serra do Padeiro.

Ontem, os deputados participaram de audiências em Itabuna e Buerarema. Nesta última, ouviram depoimentos de pequenos produtores da área conflagrada. A ausência dos tupinambás é compreensível, dado o grau de animosidade existente na região.

Yulo Oiticica, deputado estadual do PT, que tem uma atuação mais afinada com a questão dos direitos humanos, é quem mais defende a oitiva dos índios. Nesta quinta, 5, em Itabuna, Yulo enfrentou o presidente da Comissão, deputado Timóteo Brito (PSD), que negou a existência de tupinambás na região. Para o petista, a posição do presidente “não ajuda”.

A proposta do deputado do PT é, inclusive, de que o Cacique Babau, representante dos tupinambás, seja ouvido antes da sessão especial que deverá acontecer no dia 23. A sugestão será discutida na próxima terça-feira, 10, na Comissão de Direitos Humanos.

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Geraldo torna-se vice-líder do PT.

O deputado federal Geraldo Simões (PT-BA) ocupou a tribuna da Câmara nesta terça-feira, 27, para defender a revogação do decreto da Funai que definiu uma área de 47 mil hectares, no sul da Bahia, como pertencente à etnia tupinambá.  A área abrange parte dos territórios de Ilhéus, Una e Buerarema, onde tem se acirrado o conflito entre índios e produtores rurais.

No pronunciamento, Simões afirmou que o processo de demarcação tem sido mal conduzido pela Funai. Além da “revogação imediata” da demarcação de terras, o parlamentar defendeu a “reintegração de posse aos produtores que tiveram suas propriedades invadidas e instalação de um processo de negociação de soluções e busca do fim do conflito”.

O petista deixou clara sua discordância em relação ao decreto da Funai, que alega ter respaldo em estudos antropológicos para afirmar que as terras sul-baianas são historicamente ocupadas pelos tupinambás. “Se considerarmos terras indígenas todas as terras em que existiram comunidades indígenas em passado remoto, não só o Sul da Bahia deveria ser desalojado de sua população não indígena, como todo o País”, argumentou Simões.

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Valmir - CâmaraIdentificado com a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) acredita que o equilíbrio deve prevalecer no conflito entre índios e produtores rurais em Buerarema. A situação na área é tensa e, nos últimos dias, os agricultores reagiram a invasões de supostos tupinambás, interditando a BR-101 e incendiando veículos.

Para Assunção, o Governo Federal deve encontrar uma solução negociada. “A defesa da demarcação dos territórios indígenas é parte da nossa luta, mas faço a ressalva que os pequenos agricultores não podem ser expulsos. O uso da violência, nestes casos, não ajuda no processo que envolve as pautas indígenas e, muito menos, a relação com os camponeses da região”, afirma o parlamentar.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os conflitos envolvem 25 propriedades. Em algumas delas, os produtores rurais, alguns idosos, foram agredidos e expulsos. Desde segunda-feira, 19, a situação é monitorada por homens da Força Nacional de Segurança,  solicitada pelo Governo da Bahia.

 

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AUTOR PROVA QUE POESIA VENDE, E MUITO

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

1Paulo LeminskiAdquiri há poucos dias o ótimo Toda poesia, de Paulo Leminski (1944-1989), para dar de presente a uma poetisa amiga, sem saber no que estava me metendo. Leio agora em matéria d´A Tarde, com assinatura de Marcos Dias, que essa coletânea (cerca de 630 poemas do autor paranaense) é fenômeno editorial: ganhou tiragem inicial de 5 mil volumes, número surpreendente para um  livro de poesia (pois, em geral, vende ainda menos do que prosa) e teve logo quatro reimpressões de igual quantidade, isto é, atingiu os píncaros das 25 mil unidades em apenas dois meses. Leminski, mais de vinte anos depois de morto, desmente a máxima brasileira de que poesia não vende.

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Quis silêncio, tem barulho estrondoso
Há séculos tenho decorado este poemeto de Leminski (seus textos são, em geral, breves, lembrando o haicai, quando não são haicais propriamente): “Acordei bemol/ tudo estava sustenido/ sol fazia/ só não fazia sentido”. Parceiro de Caetano Veloso e Moraes Moreira, tradutor de Joyce, biógrafo de Bashô, Trotski e Jesus Cristo, além de faixa preta de judô, Paulo Leminski escreveu seu epitáfio: “Aqui jaz um grande poeta./ Nada deixou escrito./ Este silêncio, acredito,/ são suas obras completas”. Ao contrário do pedido, com cinco tiragens em tão curto tempo (fazendo-o concorrente de 50 tons de cinza) o poeta motivou em torno de si um barulho intenso.

(ENTRE PARÊNTESES)

3ArenaFalando do Estádio da Fonte Nova, o professor Gustavo Haun, em artigo neste Pimenta, condena uma nova mania nacional: “… é uma infelicidade tremenda chamar um estádio de futebol de arena. Parece um retorno à barbárie, quando nas arenas da antiguidade se esfolava, matava, queimava etc., para mera distração dos imperadores entediados, além de diversão e alienação das massas”. A mim também me assusta a facilidade com que a mídia em geral aceita (ou ela mesma cria) essas “novidades” linguísticas que a nada de bom nos conduzem. Seria fácil chamar aquele monte de dinheiro desperdiçado de Estádio (como tem sido), mas para que a simplicidade, se o melhor é ser moderninho.

VINÍCIUS E AS MELHORES COISAS DO MUNDO

Dia desses, falamos de vinho, hoje vamos de uísque – o que nos candidata a processo por incentivo a usos e abusos do álcool. “Ossos d´ofício”, diria meu lusitano vizinho. Vinícius achava que a melhor coisa do mundo era um uisquinho escocês “honesto” (ele preferia White Horse), a segunda melhor coisa do mundo, um uisquinho do Paraguai e a terceira, um uisquinho nacional mesmo. Frank Sinatra, falando sobre fé: “Sou a favor de qualquer coisa que faça você atravessar a noite, sejam orações, tranquilizantes ou uma garrafa de Jack Daniel´s”. O cinema e a literatura muito contribuíram para consolidar o uísque como “alavanca” do melhor viver. Mas eu ia dizer outra coisa – e não vou esgotar o tema hoje.
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Sinatra: a gabolice da garrafa diária
5FRank SinatraNa minha estante desarrumada não localizo um livro (pensei ser A ceia dos acusados ou outra coisa de Dashiell Hammett) que tem uma garrafa de Jack Daniel´s na capa. Logo, saio da literatura noir e entro em outra história: Frank Sinatra (na foto, servindo a Dean Martin e Sammy Davis Jr.) dizia consumir uma garrafa de JD por dia. É gabolice, pois ninguém resistiria a essa insensatez de álcool (espero que quando me processarem considerem esta frase como atenuante). Mas ele sempre bebia uma dose, no palco, num brinde à plateia. As más línguas dizem que era mais água, porém, no show histórico do Brasil (1980) ele desmentiu essa tese: quem estava próximo ao palco o ouviu reclamar que seu uísque tinha “muita água, muita soda, ou coisa parecida”.
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Churchill e seu copo no café da manhã
Churchill, primeiro-ministro britânico, um espongiário (bebia de manhã, à tarde e à noite), exigia no seu breakfast ovos, torradas, charuto e um copo de Johnnie Walker (aqui, a direita moralista jamais o perdoaria!). Os detetives noir são movidos a uísque, sobretudo Jack Daniel´s. Nenhum leitor sensato pensaria em Sam Spade (que Humphrey Bogart viveu na tela em O falcão maltês) ou investigador semelhante bebendo cerveja ou coquetel de frutas: o ambiente é uma espelunca esfumaçada, jazz dos anos quarenta, e a bebida é Jack Daniel´s, com certeza. Faltou dizer que Sinatra, enterrado em 1998, levou no caixão uma garrafa do nosso uísque preferido. Um desperdício, eu diria.

A RELIGIÃO E AS VERGONHAS ENCOBERTAS

Atoleimados, basbaques, beócios, labruscos, mentecaptos, paspalhões, estultos e, principalmente, reacionários insistem em que não há mais índios no Brasil (salvo uns poucos que ainda andam nus e usam botoques). É um discurso falso, menos por ignorância do que por comprometimento ideológico: apenas no Nordeste é possível identificar mais de vinte (!) nações indígenas, mesmo que seus integrantes usem tênis, calça jeans e notebook. Querer que essa gente fique estacionada no século XVI é a primeira pregação do discurso do não-índio – ainda que, já naquela época, lhes impusessem religião e cobertura das “vergonhas”.
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Mil línguas perdidas na cultura branca
Salvo engano, são indígenas nordestinos os povos pataxó, tupinambá, cariri-xocó, xucuru, xucuru-cariri, trucá, aconã, aticum, fulniô, carapotó e mais umas duas dezenas. Muitas dessas tribos falam suas línguas, outras já perderam tal referência cultural, absorvida e abafada pelo “homem branco”. Informa o IBGE que, além da portuguesa, há pouco mais de 270 línguas indígenas faladas no Brasil. E há línguas de tribos isoladas, que ainda não puderam ser conhecidas e estudadas. Na época do descobrimento do Brasil, havia 1.300 línguas indígenas diferentes. No vídeo, um show arrepiante de Baby Consuelo e Jorge Ben: Todo dia era dia de índio (Rede Globo1981).

(O.C.)

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Cacique Babau lidera as ocupações
Cacique Babau lidera as ocupações

Dez representantes dos índios da tribo Tupinambá da Serra do Padeiro ocuparam na manhã desta terça-feira, 18, a sede da Direc 7 em Itabuna, e outros 50 indígenas, tupinambás e pataxós, estão acampados na Secretaria da Educação em Salvador. Em Itabuna, é a segunda ocupação da Direc em menos de um mês.

Os índios fazem exigências como o fim da interferência do Estado na indicação dos diretores das escolas das aldeias, a continuidade das obras do Colégio Estadual da Serra do Padeiro, a regularização da situação de professores e funcionários das escolas indígenas, o respeito ao calendário escolar apresentado pelas comunidades e o repasse dos recursos para cobrir as despesas do VI Seminário Cultural da Juventude Indígena, realizado em outubro.

Quem lidera as ocupações é o Cacique Babau. Segundo ele, os índios continuarão nos prédios até que suas reivindicações sejam atendidas. O líder tupinambá afirma que há menos de trinta dias o Estado teria se comprometido em atender os pleitos, mas ficou na promessa.

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Pataxós e tupinambás participaram de audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado (foto Moreira Mariz / Ag. Senado)

Da Agência Senado

Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta terça-feira (27), representantes de etnias pataxó e tupinambá cobraram do governo federal agilidade na análise dos processos de demarcação de suas terras no sul da Bahia.

Durante a reunião, o cacique Aruã, da aldeia pataxó Coroa Vermelha pediu o apoio do presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), contra a aprovação pelo Congresso Nacional de várias propostas de emenda à Constituição (PECs) que, em sua avaliação, restringem direitos indígenas.

Entre elas a PEC 215/2000, que propõe a transferência para o Congresso Nacional da prerrogativa para demarcação e homologação de terras indígenas, quilombolas, e áreas de conservação do Executivo.

De acordo com o cacique Aruã, a lentidão do governo federal em demarcar as terras indígenas tem prejudicado seu povo, impedindo a construção nas aldeias de escolas e casas, bem como o acesso a programas básicos do governo como o Luz Para Todos.

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A situação tensa em Itaju do Colônia, onde os índios pataxó hã-hã-hãe expulsaram praticamente todos os fazendeiros e ocuparam as propriedades rurais, é vista com preocupação pelo governador Jaques Wagner.
No local, homens da Polícia Federal e da Polícia Militar tentam manter um mínimo controle. O governador também alertou o Ministério da Justiça e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Quer medidas urgentes para evitar que o conflito se torne ainda mais grave.
Outra frente está no Judiciário. Wagner afirmou que vai cobrar agilidade no julgamento das ações que envolvem a disputa por terras na região. Os processos tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Índios da tribo pataxó hã-hãe ocuparam ontem (21) mais três fazendas no município de Itaju do Colônia, a 95 quilômetros de Itabuna, informa o jornal A Tarde. A onda de ocupações começou na sexta-feira de Carnaval, quando pelo menos sete propriedades foram tomadas pelos indígenas.
Militares da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Cacaueira deslocaram-se ontem para a região de Itaju do Colônia e, de acordo com o jornal, o clima era tenso na noite desta terça-feira. A entrada da cidade chegou a ser fechada.
A informação é de que os índios estão armados com rifles e revólveres. Um agricultor revelou que o medo da violência levou uma grande quantidade de trabalhadores a fugir. Administradores das fazendas Pancadinha e Mandacaru registraram notícia-crime na Delegacia da Polícia Federal em Ilhéus, informando que cerca de 50 índios invadiram as propriedades e expulsaram os vaqueiros que nelas trabalhavam.
Até o último sábado, 18, os pataxós já haviam ocupado 15 fazendas nos municípios de Itaju do Colônia e Pau Brasil (leia aqui).

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Agentes da Polícia Federal cumprem neste momento um mandado de reintegração de posse na Fazenda Acuípe I, ao sul de Ilhéus. A área, que pertence ao grupo MV Logística e Mineração Ltda., é ocupada há três anos por índios tupinambás.
Segundo o líder indígena Cláudio Magalhães, há 32 famílias vivendo na fazenda e elas não estão dispostas a sair da área, “por não ter para onde ir”. Magalhães diz que o clima no local é tenso e aguarda-se a presença de representantes da Funai para mediar as negociações.
 

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Polícia Federal não conseguiu cumprir mandado

O mandado de reintegração de posse de uma fazenda situada no município de Una, ocupada há três anos por índios tupinambá, não foi cumprido nesta sexta-feira, 27, apesar da ordem judicial. A resistência dos indígenas evitou a ação dos oficiais de justiça e dos policiais destacados para cumprir o mandado.
A juíza que expediu a ordem preferiu optar por outra estratégia na execução da medida, procurando evitar um possível confronto.
Há um grande número de crianças na área, que os índios denominam Aldeia Tucumã. A Funai também foi acionada e participa das negociações.

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Índios de aldeias pataxós no extremo-sul da Bahia pediram ajuda ao senador Walter Pinheiro (PT/BA) na luta que travam pela reintegração de posse de terras. Em audiência no seu gabinete em Brasília, Pinheiro comprometeu-se a buscar respostas para as reivindicações dos pataxós junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os índios querem ainda melhorias em outras áreas, como no serviço público de saúde.

Pinheiro afirmou que buscará o apoio dos governos federal e estadual, com o objetivo de viabilizar “ações efetivas, promovendo o resgate de uma luta justa pela igualdade social, dando condições dignas de sobrevivência aos índios”.

O cacique da aldeia pataxó em Coroa Vermelha, Gerdion Santos do Nascimento (Aruã Pataxó), salientou que, além da regularização fundiária, as aldeias pleiteiam uma melhor qualidade de vida.