O novo ministro da Defesa, Braga Netto, e o presidente da República: é bandeira demais
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Enquanto costura sustentação política com o Arenão, Bolsonaro estica as cordas em várias frentes, sobretudo na disputa das polícias, que aderiram ao presidente, presas aos governadores apenas pelas amarras frouxas da institucionalidade.

Thiago Dias

Os planos do golpe estão aí, só não vê quem não quer. O presidente da República e seu novo ministro da Defesa propagam descaradamente o ideário de 64 e usam a ameaça golpista como instrumento político.

Enquanto costura sustentação política com o Arenão – adoto a terminologia do Foro de Teresina para nomear o conjunto partidário herdeiro da Arena -, Bolsonaro estica as cordas em várias frentes, sobretudo na disputa das polícias, que aderiram ao presidente, presas aos governadores apenas pelas amarras frouxas da institucionalidade.

O governo, com o auxílio da bancada da bala, desfigurou projeto de lei de 2001 para subverter o pacto federativo usurpando o comando das polícias estaduais. Quer criar a figura do general PM, que responderia diretamente ao presidente. No mundo de Bolsonaro, os governadores só atrapalham.

O deputado federal Vitor Hugo (PSL-GO), bolsonarista até os ossos, propôs ampliação das hipóteses de uso do instituto da mobilização nacional, típico de guerra, para momentos como o atual, de calamidade pública em razão da pandemia.

A demissão dos três comandantes das Forças Armadas deixou ainda mais clara a ameaça civilizatória do projeto de Bolsonaro, que investe no Arenão e no autoritarismo ao mesmo tempo.

Para completar, Messias entrou na mente de boa parte da população. Pessoas andam por aí repetindo que Lula é uma ameaça comunista e que desconfiam da segurança das vacinas contra a Covid-19.

A ameaça comunista e o medo contemporâneo de vacina são produtos do glossário da extrema-direita, palavras de ordem que evidenciam a dimensão discursiva do embate político brasileiro.

Conforme tese do professor Idelber Avelar, da Universidade de Tulane, o bolsonarismo expressa os ressentimentos daqueles que ficaram (ou se sentiram) fora do grande pacto lulista – o oximoro do lulismo, que mete o pau na TV Globo no comício de manhã e janta com diretores da empresa à noite.

Esse é só um dos exemplos da complexidade do arranjo do governo do ex-presidente, segundo a análise acurada de Idelber no livro Eles e Nós – retórica e antagonismo político no Brasil do século XXI.

Idelber recorre ao que o filósofo Marcos Nobre chamou de emedebismo ao analisar as coalizões que governaram o país antes de Bolsonaro. Segundo Nobre, uma coalizão, por maior que seja, tem que deixar alguém do lado de fora. Isso interessa aos seus membros, porque os frutos dados a quem ajuda a governar são limitados.

Nesse embate, como se sabe, não é a revolução comunista que assusta o bolsonarismo. O que Lula ameaça são os planos do presidente para 2022.

Bolsonaro adorava ter o ex-presidente como adversário quando o petista não podia entrar no ringue. Agora, está muito claro quem mais sentiu o impacto do renascimento político de Lula, que tirou Jair da zona de conforto – aquela logo acima de 317 mil cadáveres.

Os gestos recentes de Bolsonaro, que passou a atirar para todos os lados, foram incitados pela volta do petista ao jogo, notadamente aqueles que levaram os ex-comandantes militares a impor limites a Jair na demissão conjunta e inédita desta terça-feira (30).

Lula, satisfeito com a estocada que deixou o oponente sangrando junto com o povo brasileiro, ficou em silêncio por duas semanas. Vai falar amanhã, em entrevista a Reinaldo Azevedo, o mais novo xodó do garantismo petista. A bibliografia do jornalista, o rottweiller amoroso, ficou no passado.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Wagner defende emenda que permita afastar Bolsonaro
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O senador Jaques Wagner (PT-BA) defendeu hoje (23) a adoção de emenda que permita remover presidentes da República do cargo em situações extremas como a da condução errática do governo federal na pandemia da Covid-19. A medida, uma cópia da 25ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, permite a substituição do presidente pelo seu vice, desde que este peça e tenha apoio interno.

Hoje, a emenda, no Brasil, permitiria ao Congresso afastar ou destituir Jair Bolsonaro, com o general Hamilton Mourão assumindo o cargo. Wagner justificou a proposta e disse que o seu gabinete já começou a recolher assinaturas.

– Precisamos salvar o Brasil do ponto de vista sanitário e deixar ele [Bolsonaro] pra lá. É um desgovernado. Negou a doença [covid-19], negou vacina, negou a máscara. É incompatível com a necessidade do cargo [de presidente] e tem instabilidade emocional – afirmou o senador pela Bahia em entrevista à A Tarde FM na manhã desta terça.

Para o senador baiano, a adoção deste mecanismo é caminho “para o país se ver livre” da instabilidade provocada pelos atos do presidente, principalmente nas medidas contra o avanço da covid-19.

Ainda durante a entrevista, Wagner afirmou que verá qual o nível de adesão à proposta no Parlamento. “Só quero esclarecer que sou presidencialista convicto. Portanto, na minha opinião, você precisa dar estabilidade. Essa ideia veio na minha cabeça pelo que estamos vivendo [na pandemia]“, afirmou, classificando Bolsonaro de “insano”. E justificou: “Tudo que [ele] faz é para estimular conflito na sociedade . É um homem sem projetos, sem ideias”.

Governadores lamentam decisão do presidente de recorrer ao STF contra medidas restritivas na Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal
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O governador baiano Rui Costa (PT) é um dos signatários da nota pública divulgada pelo Consórcio dos Governadores do Nordeste, nesta sexta-feira (19), criticando o pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para suspensão das medidas restritivas adotadas por três unidades da federação (Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal) para combater a disseminação do coronavírus. “Com muita surpresa, recebemos a notícia de que o presidente da República propôs ação judicial contra medidas preventivas decretadas por 3 governadores, entre os quais o da Bahia”, diz o texto.

Todos os nove governadores nordestinos que assinam a nota reforçam ainda que as medidas visam evitar colapso do sistema hospitalar e foram editadas com amparo no artigo 23 da Constituição Federal, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Mais uma vez convidamos o presidente da República a somar forças na luta contra o coronavírus, que tem trazido tantas mortes e sofrimentos. E reiteramos que só existe uma formar de proteger a economia e os empregos: enfrentar e vencer a pandemia”, acrescenta o texto.

Lembram também que já fizeram uma proposta de um Pacto Nacional pela Vida e pela Saúde e ainda aguardam a resposta da Presidência da República. “Manifestamos a nossa solidariedade aos governadores atingidos pela inusitada ação judicial. Somos a favor da vida, da saúde e dos empregos”.

Além de Rui Costa e do presidente do Consórcio dos Governadores, Wellington Dias (Piauí), assinam a nota Renan Calheiros Filho (Alagoas), Camilo Santana (Ceará), Flávio Dino (Maranhão), João Azevedo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Belivaldo Chagas (Sergipe).

Queiroga dará continuidade à política de governo para a saúde || Foto Linkedin
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O médico e novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse há pouco, em Brasília, que foi convocado para continuar o trabalho executado pelo general Eduardo Pazuello na pasta. Queiroga se reúne com o ainda ministro para tratar da transição, mas deixou claro que a política a ser implementada será a da continuidade da política de governo.

“O governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática. O ministro Pazuello anunciou todo o cronograma da vacinação. A política é do governo Bolsonaro, não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo. Ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho”, disse ele à imprensa na capital federal.

O nome do novo ministro da Saúde foi definido pelo presidente Jair Bolsonaro ao final da tarde de ontem (15), após sabatina com Queiroga e, antes, com a também cardiologista Ludhmila Hajjar, que recusou o convite ao perceber que, se assumisse, teria que manter a política até aqui implementada, a exemplo de tratamento precoce e não ao distanciamento social. A médica alegou “motivos técnicos” para recusar o convite. Queiroga será o quarto ministro da Saúde no atual governo.

Ludhmila Hajjar, que recusou convite para a Saúde || Foto Sérgio Lima/Poder360
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“Você não vai fazer lockdown no Nordeste para me foder e eu depois perder a eleição, né?”

Presidente Jair Bolsonaro ao sabatinar a médica Ludhmila Hajjar, então candidata a ministra da Saúde. A cardiologista e intensivista recusou o convite. A frase dita pelo presidente está em reportagem do site Poder360, especializado em bastidores da política em Brasília.

Lula recebe primeira dose da Coronavac || Foto Reprodução
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O ex-presidente Lula recebeu a primeira dose da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. A dose foi aplicada em um drive thru em São Bernardo do Campo (SP). A aplicação ocorreu na manhã deste sábado (13). Lula estava acompanhado pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT), ex-ministro da Saúde.

“A vacina é imprescindível. Tudo que o povo quer é tomar uma vacina, para se ver livre desse monstro chamado coronavírus”. O ex-presidente da República também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela lentidão na aquisição de vacina contra a covid-19.

Dona Olinda na cerimônia de posse do filho
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Olinda Bunturi Bolsonaro, de 93 anos, recebeu hoje (8) a segunda dose da vacina contra a Covid-19, na sua própria casa, em Eldorado, município onde nasceu o filho mais ilustre da nonagenária, o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido).

A imunização de Dona Olinda e de outros milhões de brasileiros se deve em grande parte ao esforço do Governo de São Paulo que, por meio do Instituto Butantan, firmou parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, fabricante da CoronaVac.

Até o momento, num conjunto de aproximadamente 7,6 milhões de pessoas vacinadas no Brasil, quatro a cada cinco delas receberam o imunizante chinês. Com 3,6% da população vacinada – considerando a primeira dose-, o Brasil é o 40º colocado num ranking com 92 países. O país estaria no 62º lugar sem a CoronaVac, dependendo apenas da vacina AstraZeneca/Oxford. Os dados são do professor Thomas Conti, pesquisador e docente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa.

O predomínio da CoronaVac no Plano Nacional de Imunização (PNI) contraria o presidente Jair Bolsonaro, que desdenhou do imunizante por causa da origem chinesa.

Por causa da sua disputa política com o governador de São Paulo, o presidenciável João Dória Junior (PSDB), Bolsonaro disse que o Ministério da Saúde não compraria a “vacina chinesa do Dória”. Estávamos em outubro de 2020. A declaração do presidente desautorizava, de forma pública, o acordo anunciado horas antes pelo ministro Eduardo Pazuello.

Para a sorte e a saúde de Dona Olinda, a vacina chinesa chegou para pequena parte dos grupos mais vulneráveis ao coronavírus.

Presidente da República volta a criticar medidas de distanciamento social
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Ontem (3), o Brasil registrou 1.910 mortes por Covid-19. Um recorde tenebroso. Foram mais de mil óbitos confirmados por dia desde 20 de janeiro, o que nos transformou no país com o maior número de vítimas diárias nesse momento da pandemia.

Hoje (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar as medidas de distanciamento social que impactam a economia. Para o ocupante do Palácio do Planalto, chegou a hora de engolir o choro e parar de “frescura e mimimi”. Disse isso no dia em que o país ultrapassará a marca de 260 mil vidas comprovadamente ceifadas pelo novo coronavírus.

“Temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando? Respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou.

O presidente fez as declarações no município de São Simão, estado de Goiás, onde autorizou obra de trecho da ferrovia Norte-Sul. Confira o vídeo com imagens da TV Brasil.

Foto Pimenta/Arquivo
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O senador Jaques Wagner deverá disputar o sucessão estadual baiana em 2022. Hoje (4), o ex-governador concedeu entrevista a Mário Kertész, no programa Jornal da Bahia no Ar, da Rádio Metrópole, em Salvador.

– Sou [candidato]. Mas estou insistindo em dizer para as pessoas que, para chegar em 2022, temos que estar trabalhando na angústia do povo, trabalhando por auxílio. Não dá para conversar sobre eleição agora. Conversar de eleição é extraterrestre.

O senador e ex-governador da Bahia no período de 2007 a 2014 disse que pode entrar com notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação. “Estou só protegendo o que acredito, que é trabalhar 2021 para salvar vidas. O pessoal lá [no Congresso] queria CPI da Covid. Eu não assinei. Está faltando alguma informação para vocês? O que querem investigar? A irresponsabilidade dele é patente. A leniência do ministro da Saúde também. Não tem mais o que investigar. É melhor fazer uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal por genocídio, irresponsabilidade e prevaricação”, disse o petista.

Falando para diversos tipos de públicos no rádio, Wagner tratou de ser didático ao explicar o que é prevaricar. “Prevaricação é crime conhecido, não tomar a atitude necessária perante um problema que se apresente. Sei que tem gente morrendo, sei que preciso comprar a vacina e finjo que não estou sabendo, ainda falo contra a vacina. Isso se chama prevaricação. Ele é criminoso. Pode ter os adeptos dele, óbvio que todo bandido tem gente que gosta. Ele, para mim, de doido virou bandido”, acrescentou Wagner. Redação com informações do Metro1.

ACM Neto afirma que nomeação de João Roma o surpreendeu
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou ontem (12) o deputado federal João Roma (Republicanos-BA) para o comando do Ministério da Cidadania, pasta responsável pelas políticas sociais do Governo Federal, a exemplo do programa Bolsa Família.

João foi chefe de gabinete do ex-prefeito ACM Neto (DEM) na Prefeitura de Salvador, entre 2013 e 2018, quando foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo Republicanos, partido ligado ao Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

ACM Neto disse que a nomeação o surpreendeu por causa dos seus laços políticos com o deputado, que licencia-se do cargo na Câmara para assumir o ministério. “A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida”, escreveu o presidente nacional do DEM, em nota oficial emitida nessa sexta-feira.

O democrata enfatizou que a presença de João Roma no primeiro escalão de Bolsonaro não vai impedi-lo de avaliar o governo federal com senso crítico. “Se a intenção do Palácio do Planalto é me intimidar, limitar a expressão das minhas opiniões ou reduzir as minhas críticas, serviu antes para reforçar a minha certeza de que me manter distante do governo federal é o caminho certo a ser trilhado, pelo bem do Brasil”, concluiu.

Levantamento de aplicativo mostra preço da gasolina em postos de Ilhéus
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O preço da gasolina na maioria dos postos de combustíveis de Ilhéus está cravado em R$ 5,17. Em alguns estabelecimentos, o valor desse combustível chega a R$ 5,19.

As informações são do aplicativo Preço da Hora, do Governo da Bahia, que reúne dados sobre os valores das mercadorias comercializadas em todo o estado.

Na tarde desta sexta-feira (5), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), concedeu entrevista coletiva sobre o impacto dos tributos nos preços dos combustíveis no Brasil. Ele voltou a afirmar que não vai interferir na política de preços da Petrobras.

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Com os rumores de impeachment e a queda da sua popularidade nas pesquisas de opinião, o presidente atenuou o discurso. Em mensagem publicada no Twitter, fez as vezes de estadista e informou que a China está prestes a enviar os insumos da CoronaVac ao Brasil. “Agradeço a sensibilidade do Governo chinês”, escreveu um Bolsonaro afável.

Thiago Dias || diasalvest@gmail.com

Em setembro de 2018, a jornalista Malu Gaspar, da revista Piauí, publicou reportagem sobre o economista Paulo Guedes, atual ministro da Economia. A menos de um mês das eleições, o “Posto Ipiranga” era o fiador de Jair Bolsonaro junto ao mercado financeiro.

Naquela altura, acenando para “a elite brasileira”, Guedes  enfatizou a viabilidade eleitoral de Bolsonaro. De quebra, xingou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), além dos ex-presidentes Michel Temer e José Sarney. “Quer dizer: todo mundo aí trabalhou para o Aécio, ladrão, maconheiro. Trabalhou para o Temer, ladrão. Trabalhou pro Sarney, ladrão e mau-caráter que aparelhou o Brasil inteiro. Aí chega um sujeito completamente tosco, bruto e consegue voto como o Lula conseguiu”.

Em seguida, tratou o estilo verborrágico do candidato como problema menor. Na opinião dele, ao invés de impor obstáculos contra Jair por causa da sua língua solta, a elite econômica deveria amansá-lo. Aproveitando a deixa, a repórter perguntou se isso era possível. “Acho que sim, já é outro animal”, respondeu o economista.

Diferente do que previa Guedes, no comando do país, Bolsonaro não amansou a retórica beligerante. Enquanto era possível, esticou as cordas contra o Judiciário e o Legislativo. Nas relações internacionais, em atitude de subserviência ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, zombou da China, principal destino das exportações brasileiras. Na pandemia, menosprezou a importância das vacinas contra a Covid-19, o que inviabiliza o acesso rápido do Brasil ao volume necessário de doses para imunizar sua população.

Nesta semana, com o crescimento dos rumores sobre a possibilidade de impeachment e a queda da sua popularidade nas pesquisas de opinião, o presidente atenuou o discurso.

Ontem, em mensagem publicada no Twitter, fez as vezes de estadista e informou que a China está prestes a enviar os insumos da CoronaVac ao Brasil. “Agradeço a sensibilidade do Governo chinês”, escreveu um Bolsonaro afável.

Até parece “outro animal”.

Thiago Dias é repórter do PIMENTA.

Este comentário não reflete, necessariamente, a opinião do blog.
Carga de oxigênio chega em unidade médica da capital amazonense
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O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) enviou ontem (15) denúncia à Organização Mundial de Saúde (OMS) contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Evocando o Regulamento Sanitário Internacional, os socialistas reivindicam que a entidade investigue a crise de abastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus. O sistema de saúde da capital do Amazonas entrou em colapso por causa do novo coronavírus.

O partido também pede que a OMS solicite explicação do Brasil a respeito das recomendações de Bolsonaro defendendo o tratamento de pessoas infectadas pelo vírus com cloroquina e ivermectina, medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19.

Nessa sexta-feira (15), o presidente da República disse que a situação em Manaus é “terrível”, mas isentou a presidência de qualquer responsabilidade. Segundo ele, “o governo fez a sua parte”.

Anvisa terá 48 horas para dá informações sobre suspensão de vacina
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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta terça-feira (10), que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preste, em 48 horas, informações sobre os critérios usados para proceder aos estudos e experimentos referentes à vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, e sobre o estágio de aprovação desta e das demais vacinas contra a Covid-19.

A determinação levou em conta a recente decisão da agência, responsável pela concessão de registro dos imunizantes disponibilizados ou comercializados no País, de suspender os testes da vacina, conhecida como CoronaVac.

O ministro, que também é relator de outras duas ações ajuizadas por partidos políticos sobre a vacinação da população contra a Covid-19, destacou o relevante interesse público e coletivo discutido nas ações e a disposição constitucional de que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco à doença e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

As ações foram ajuizadas depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou que a vacinação contra a Covid-19 não será obrigatória no Brasil e que o país não irá adquirir a CoronaVac. Entre os pedidos formulados estão o de que o STF fixe a orientação de que compete aos estados e aos municípios determinarem a realização compulsória de vacinação.

Outras medidas profiláticas no combate à pandemia da Covid-19 e de que o governo assine protocolo de intenção de compra da 46 milhões de doses da vacina, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde.

Movimento Negro protocolou pedido de impeachment de presidente da República
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O Movimento Negro do Brasil, por meio da ‘Coalizão Negra por Direitos’, protocolou na Câmara Federal o seu primeiro pedido de impeachment a um presidente da nação, durante ato político em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (12). A ação contou com o apoio do mandato do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que defendeu a autonomia das 600 organizações que assinam o pedido e cobrou a saída urgente de Jair Bolsonaro (sem partido).

De acordo com membros da ‘Coalizão Negra por Direitos’, Bolsonaro precisa ser julgado pelos crimes de responsabilidade praticados, que agravam e intensificam ações contra a população negra. Entre os argumentos, o coletivo destaca a não-atuação durante a pandemia do novo coronavírus. Os membros do movimento ainda apontam que essa é uma ação inédita para o movimento negro, que vai insistir no pedido de impedimento do presidente.

“Pela primeira vez na história, o movimento negro autônomo e independente, por suas próprias forças, apresentou ao Congresso Nacional um pedido de impedimento para o pior presidente da história do Brasil. Jair Bolsonaro tem promovido genocídio com radicalidade maior do que em toda a história. O nosso pedido de impedimento o acusa de genocídio, de crime de lesa-humanidade, especialmente no contexto do combate à pandemia”, apontam os membros em vídeo divulgado em redes sociais.

O coletivo também destaca que a covid-19 é uma doença letal a todos, e que no Brasil mata principalmente os negros e as negras. “É uma doença que mata os pobres, aqueles que não têm acesso à saúde pública, que não têm casa, que não têm educação. Por isso, hoje é um dia simbólico da luta negra brasileira, nós falamos em nosso próprio nome, fora Bolsonaro!”. Os representantes cobram que o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM), respeite os 56 pedidos de impeachment protocolados na Câmara.