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Gerson MarquesGerson Marques | gersonilheus@gmail.com

Quem planta ventos colhe tempestades. São ovos de serpente que estão colocando no centro do debate político. Não haverá vencedores.

O clima contaminado pelo ano eleitoral está transformando  em uma guerra de mentiras e ódio o que deveria ser um debate construtivo de um país em busca de si mesmo. Nossas elites e seus veículos de comunicação estão plantando uma safra que será terrivelmente difícil colher, todos saíram perdendo. No afã de ganhar uma eleição, estão transformando  massas difusas, sem lideranças e sem causas articuladas em bombas relógios que fatalmente explodirão em seus colos.
Qualquer observador mais atento, que consiga concatenar ideias simples de sociologia, história e cultura, concluirá que esse clima de ódio insuflado terá que ser desaguado em algum lugar. As eleições passarão, têm data para acontecer, mas o plantado não será colhido nela. Ficará para depois, não se dissipará fácil seja vencedor o projeto atual ou o de oposição. Pior  ainda para a oposição, que terá somado contra si os insuflados de agora, com os movimentos tradicionais que se sentiram órfãos das urnas.
Chegaremos a um momento, em futuro próximo, que veremos os mesmos que agora aplaudem a queima de ônibus, as greves sem lideranças, o caos no centro das grandes cidades,  implorarem por uma repressão violenta, como forma de retomar a ordem. É de uma irresponsabilidade inigualável o que estão fazendo com o Brasil para se ganhar uma eleição. Lembra a história de envenenar o  boi para matar os carrapatos…
É bobagem achar que isso terminará em golpe militar. Esqueça. Nem os militares querem, nem existe clima para isso no mundo. O que sustenta uma ditadura é o controle das comunicações. Isso se tornou impossível hoje em dia, com o advento da internet e outras mídias.
Quem planta ventos colhe tempestades. São ovos de serpente que estão colocando no centro do debate político. Não haverá vencedores. Já o caos, sim, esse interessa a muitos, aos grandes esquemas de corrupção, aos grandes bandidos do trafego de drogas, armas, contrabando, aos políticos inescrupulosos, a certo tipo de mídia que acha que vende mais quanto pior for a notícia.
Querem tocar fogo na lona do circo sem parar para pensar que é debaixo dessa lona que vivemos e ganhamos nosso pão, mas sempre tem aqueles que poderão ir morar em Miami…
Neste sentido, a história se repete. Sempre que o Brasil avança, cria-se este clima para inviabilizá-lo, foi assim com Getúlio, no segundo governo, com João Goulart e com JK. Seria tão bom se nos déssemos ao trabalho de conhecer nossa própria história. Quem sabe assim não seríamos vitimas de nossa própria ignorância.
Gerson Marques é empresário e consultor de turismo.

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professor júlio c gomesJulio Cezar de Oliveira Gomes | advjuliogomes@ig.com.br

Há um Brasil que chora, cotidianamente, por um dilúvio de sangue que jorra das capitais e do interior deste país.

Para uns, golpe. Para outros, revolução. O fato é que há cinquenta anos um movimento militar arrancou o presidente João Goulart do Palácio do Planalto e impôs àquele Brasil um governo composto por uma estranha junta militar.
O resto da história, já se sabe. O regime de exceção se impôs pela força das armas e da máquina governamental por vinte e cinco longos anos, até que sob a pressão da imensa maioria dos brasileiros pelo fim da Ditadura, foi eleito, de forma indireta, um presidente civil, em 1985; e depois promulgada a Constituição de 1988, pondo fim ao Período Militar.
Entretanto, o que há de novo neste aniversário de 31 de março de 1964 não é a comemoração dos militares, que sempre a fizeram, de forma mais ou menos ostensiva, mas um clamor pela volta dos militares ao poder, que ecoou fortemente por todos os meios de comunicação.
Causa estranheza que em um Brasil muito mais desenvolvido economicamente, muito mais escolarizado e com chances de ascensão social infinitamente maior do que as que existiam na década de 1960, 70 e 80, este clamor tenha sido ouvido. Mas foi.
Penso mesmo que, se o povo não aderiu ao apelo do retorno à Ditadura, foi justamente por esta compreensão de que a vida melhorou, e muito.
Porém, o mesmo povo que se recusou a aderir à Marcha da Família também se recusa a defender o regime democrático, em uma clara demonstração de desprestígio da democracia junto àqueles que mais deveriam defendê-la: o povo.
Observo, especialmente, que o discurso de que a Ditadura assassinou cruelmente seus opositores – e assassinou de fato – não comove mais às pessoas. Por que será?
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