Nazal relembra debate acalorado sobre construção do muro do Cemitério São João Batista
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Maneca sempre discursava com veemência, mais ainda se no dia tivesse esquentado os dentes com uma boa pinga, esfriando-os depois com umas cervejas durante o almoço.

José Nazal | nazalsoub@gmail.com

Início da década de 70 do século passado, Edmond Darwich assumiu o governo do município depois de vencer Gilberto Fialho na eleição. Era o tempo do bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e ele governou com apertada maioria na Câmara Municipal.

No Legislativo, palco de acaloradas discussões em busca da defesa do melhor para a cidade, em uma das sessões, o vereador Manoel Paulino de Oliveira, popularmente conhecido como Maneca do Caixão (era dono da funerária mais luxuosa da cidade), apresentou um requerimento sugerindo que fosse construído um muro no Cemitério São João Batista – no antigo Distrito de São João da Barra do Pontal, muito antes de ser bairro -, pois estavam ocorrendo ações de vândalos, havendo túmulos danificados, inclusive, com roubo de metal dos ornamentos.

Maneca sempre discursava com veemência, mais ainda se no dia tivesse esquentado os dentes com uma boa pinga, esfriando-os depois com umas cervejas durante o almoço.

No grande expediente, após a apresentação da proposta, o professor e vereador Cláudio Silveira, que já estava inscrito para falar, mudou seu discurso e foi frontalmente contra a proposta de Maneca, alegando que o recurso público a ser gasto na construção do muro seria melhor aplicado na reforma de pelo menos dois colégios, com melhor condições para os alunos.

Pronto. Bastou o contraditório para que os ânimos fervessem. E tome-lhe réplica, tréplica… Enfim, um desacordo completo! Foi aí, no ponto mais alto da discussão, em que os dois falavam ao mesmo tempo, defendendo suas posições, que o vereador Jocelim Macêdo fez sua intervenção:

– Caros colegas, meus nobres edis, vossas excelências permitam-me um aparte, disse com voz firme e forte (naquele tempo não tinha sonorização nas sessões).

Em respeito ao colega, de pronto os dois permitiram e pediram a fala. Do alto de sua experiência de vida, Jocelim fez sua intervenção, inicialmente saudando os companheiros:

– Meus queridos amigos e colegas de legislativo, obrigado por me permitirem intervir, com o único e exclusivo intuito de resolver essa questão. A você, meu amigo Maneca, tenho a dizer que nossa amizade não é apenas dentro dessa casa legislativa. Nossa amizade remonta há muito anos e vem sendo confirmada pelos nossos encontros diários, especialmente nas mesas dos bares que frequentamos, de segunda a domingo, um dia no Bar Atlântico, do nosso amigo Manolo Barral; ou no Barril, onde Maynard serve o chopp mais gelado da Bahia; no Pif-Paf de Turquinho; com João Nepomuceno Filho, o nosso Garangau; nos Bancários, para comer o caranguejo do João; sem falar em tantos outros pontos que juntos frequentamos. Desta forma, em nome dessa nossa amizade, me sinto à vontade para sugerir que abra mão do seu projeto e apoie o do vereador Cláudio Silveira. Ao vereador Cláudio, que conheço menos do que Maneca, mas tenho certeza de que, sendo filho do grande cidadão João Rodrigues Silveira, jamais se negará a permitir que os dois assinem juntos esse requerimento. A você, querido Maneca, além desse pedido que faço em nome de nossa amizade, ofereço ainda um argumento na tentativa de convencê-lo da minha proposta: vale mais a pena usar os recursos para as reformas das escolas do que para fazer o muro do cemitério. O cemitério não precisa de muro porque quem está dentro não pode sair e quem está fora não quer entrar!

Rindo muito, Maneca do Caixão concordou.

José Nazal é fotógrafo, memorialista e foi vice-prefeito de Ilhéus (2017-2020).

Em entrevista, Nazal avalia a possibilidade da saída de Inema e Pimenteira dos limites territoriais de Ilhéus - ideia aventada pelo prefeito - como sinal de desprezo
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O ex-vice-prefeito José Nazal (Rede) avalia que o prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), trata Inema e Pimenteira como se esses distritos, situados longe da sede do município, fossem um estorvo para a administração de Ilhéus.

Emitiu a opinião ao comentar notícia, veiculada pelo Jornal do Radialista, de que o prefeito levantou a possibilidade de doar Inema e Pimenteira aos municípios de Coaraci e Itajuípe, respectivamente.

Nazal concedeu entrevista ao PIMENTA e fez uma retrospectiva do período à frente da extinta Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável (Seplandes), entre janeiro de 2017 e 30 abril de 2018, quando rompeu a aliança política com Mário Alexandre.

Numa manifestação rara feita à época, o Ministério Público do Estado da Bahia, por meio do promotor de Justiça Paulo Eduardo Sampaio Figueiredo, afirmou que a saída do então vice-prefeito da secretaria provocou “grande sentimento de perda“. A nota pública da 11ª Promotoria de Justiça de Ilhéus reservou a mesma deferência ao ex-superintendente de Meio Ambiente, o jornalista Emílio Gusmão, que deixou o governo junto com Nazal.

Com 64 anos, Nazal é fotógrafo, memorialista e atua há quatro décadas na vida pública da terra que conhece como poucos. É dele o livro Minha Ilhéus, que percorre a memória da cidade com fotografias produzidas ao longo do século passado.

Questionado sobre os desafios de Ilhéus para melhorar a qualidade de vida da sua população, apontou as grandes tarefas que o município precisa executar na área de planejamento urbano, mas preferiu não estabelecer hierarquia entre elas.

No fim da entrevista, também avaliou o desempenho das três esferas de governo na gestão da pandemia de Covid-19. Leia.

BLOG PIMENTA – Como avalia o período à frente da Seplandes?

José Nazal Pacheco Soub – Nós conseguimos impor um ritmo satisfatório, respeitando as decisões do Conselho do Meio Ambiente. Não tentamos controlar o conselho. A gente fez a limpeza de totens pela Avenida e outdoors das ruas. Aplicamos critérios técnicos na análise dos projetos. Às vezes a pessoa dizia: “Você está atrapalhando”. Atrapalhando nada. O cara vem todo errado e quer que libere errado. Teve uma vez o caso de uma marmoraria. A pessoa reclamava que o projeto “tinha seis meses que não anda”. Fui pessoalmente ao setor. Já tinha três meses que a secretaria tinha mandado um e-mail à pessoa [responsável pela empresa] e não recebia resposta. Também fizemos trabalho de fiscalização intensa. Demos um curso de poda. A gente fez alguns TACs [Termos de Ajustamento de Conduta] e conseguiu equipar a secretaria. Deixamos um projeto, que foi depois feito com um convênio com a Universidade Federal do Sul da Bahia, para fazer o inventário arbóreo da cidade. Conseguimos fazer, com recurso de um TAC, um termo de referência para fazer o plano de manejo do Parque da Boa Esperança. Tentamos liberar o recurso da Valec para o parque e não conseguimos. Teve umas atrapalhações lá que impediram. Trabalhamos de forma tranquila, de frente. Teve a questão da usina [de asfalto do município], que foi uma polêmica danada e continua errada. Você exige licença dos outros e não cumpre, não faz sua parte?

Em janeiro de 2021, o Jornal do Radialista informou que o prefeito tem a intenção de convocar plebiscito para doar os territórios de Inema e Pimenteira. Isso avançou?

Não pode ser uma ação do prefeito. Essa questão de limites [territoriais entre municípios] é com a Assembleia [Legislativa do Estado], que tem regras para isso. Não é uma coisa simples como o prefeito quer. Ele, simplesmente, na minha opinião, está dizendo que Inema e Pimenteira são um estorvo para o município.

Ele manifestou mesmo essa intenção?

Ele disse numa entrevista em Itabuna, numa rádio em Itabuna.

Numa entrevista de 2017 para o Blog do Gusmão, o senhor disse que o acúmulo de pequenas coisas e pendências do cotidiano administrativo atrapalhavam a missão de lidar com os grandes desafios do município. Quais são os maiores desafios em Ilhéus?

É difícil elencar de forma hierarquizada, dizendo qual é o mais importante e urgente. Teria que fazer uma consulta pública ampla. A gente pode elencar sem hierarquizar. Por exemplo, a habitação. Agora que o governo tá fazendo. O governo não. A Bamin está fazendo agora um plano [municipal] de habitação para o município. Fizeram as audiências agora. Para mim, foram muito fracas. Não teve divulgação. Fizeram para cumprir tabela. Chamaram algumas pessoas, me chamaram, eu fui, mas deveria ter tido uma divulgação ampla, inclusive para o interior. Outro grande problema é que nós não temos plano municipal de saneamento básico. A gente não tem previsão, a gente não tem estudo, a gente não tem prognóstico da demanda por água que haverá daqui para frente, inclusive com esse boom de grandes empreendimentos da construção civil e empreendimentos como o Porto Sul. Outro problema: a gente tem diversos bairros do município sem regularização fundiária, uma parte do Pontal, Salobrinho, Vila Lídia, parte da Conquista e outros lugares da cidade e do campo. Também falta uma revisão dos núcleos das Secretarias de Educação, de Saúde e de Assistência Social no campo. Ilhéus não tem plano de mobilidade urbana…

Consegue dimensionar a responsabilidade de cada uma das três esferas de governo na gestão da pandemia?

Olha, esse governo federal é difícil de avaliar, porque pode parecer uma coisa passional por eu não ser simpático ao presidente, às suas decisões e aos seus atos. Pode parecer passional, mas a gente vê que quem mais falhou foi o governo federal. O governo estadual, o governador teve uma ação, eu acho que foi – não vou dizer que não tenha erro, com certeza teve alguns erros – mas houve preocupação, sobretudo com a vida. A gente sabe que todos os atos foram tomados pela decisão necessária de salvar vidas. Isso foi feito. Todas as decisões tomadas, no calor do problema, no dia a dia, não houve uma inércia no enfrentamento do problema. O governo do município também tomou atitudes. A gente estava vendo agora a liberação absoluta. Os três entes federativos não têm pernas e braços para dar conta da fiscalização para conter os excessos. Infelizmente, uma grande parte da população não tá levando a sério.

Continua na Rede e vai disputar as eleições de 2022?

O partido vai promover alguns eventos políticos para discutir. Nas eleições passadas [de 2018], o partido não conseguiu vencer a cláusula de barreira. Defendi alianças, mas fui voto vencido. Agora não vai ter [coligação partidária]. Eu estou na Rede, vou ficar na Rede, é o partido que me deu todo o apoio e me permitiu ser vice-prefeito. É um partido que não assusta você tomar uma bola nas costas, como acontece em outros partidos que, muitas vezes, nas vésperas de um pleito, você é obrigado a recuar ou mudar de bandeira. É um partido orgânico, pequeno, mas tem pessoas de opinião e responsabilidade. Atualizado às 19h29min.

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Depois de falar, parava para escutar e, a depender do que ouvia nos resmungos de Ruy, passava a xingá-lo com todos os impropérios que conhecia.

José Nazal

Em Ilhéus há duas antigas praças, muito próximas. Ambas ficam na avenida beira-mar, onde tudo acontece, denominada de Soares Lopes. As praças são dedicadas a dois ilustres baianos: o poeta Castro Alves e o jurista Ruy Barbosa.

Um velho frequentador das praças, o bancário Coló, apreciador de uma boa pinga e fumante inveterado, era apaixonado pelo “Poeta dos Escravos” e adversário ferrenho do “Águia de Haia”. Coló, no auge dos seus ‘’porres”, era o mensageiro que levava e trazia os recados entre os bustos dos ilustres homenageados. Na maioria das vezes, recados desaforados.

Coló morava próximo da praça de Antônio, nome pelo qual ele se dirigia ao ídolo e amigo íntimo, o poeta baiano Antônio Frederico Castro Alves. Diante do busto, bradava em alto e bom som: “Antônio, vim lhe dizer que o tal do Ruy desafiou você. Disse-me hoje que encontrou erros de português em seus versos! Vim aqui te dizer isso e pedir permissão para voltar lá e dizer uns desaforos a ele. Tá pensando o quê, o tal jurista? Que é mais importante que você? Vou lá e volto já”.

Partia então Coló, calmamente e num equilíbrio perfeito (com a solenidade que apenas os bêbados têm), para a praça de Ruy. Chegando, desancava o jurista com o recado que trazia a resposta de Castro Alves. Depois de falar, parava para escutar e, a depender do que ouvia nos resmungos de Ruy, passava a xingá-lo com todos os impropérios que conhecia.

Assisti a essas cenas diversas vezes. Quem não viu tem o direito de não acreditar.

José Nazal é fotógrafo, memorialista e foi vice-prefeito de Ilhéus (2017-2020).

Vítima de AVC, Luis Roberto completaria 80 anos na próxima quinta-feira (4)
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O ex-jogador de futebol Luis Roberto de Oliveira, conhecido como “Boca”, faleceu ontem (27), em Ilhéus, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele jogou profissionalmente nas décadas de 1950 e 1960. Atuou no Fluminense (RJ) e Colo-Colo de Ilhéus, entre outros clubes.

Em fevereiro de 1966, quando jogava na ponta esquerda do Grêmio de Maringá, fez um gol em Lev Yashin, goleiro lendário da antiga União Soviética, que visitou o time paranaense para jogo amistoso. Nessa quinta-feira (28), o ex-vice-prefeito José Nazal (REDE) publicou relato sobre uma cena protagonizada por Boca, que completaria 80 anos no próximo dia 4. Leia.

 

Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

José Nazal || nazalsoub@gmail.com

Triste com a notícia do passamento de Luis Roberto de Oliveira, Boquinha, Boca Boca, Dêlibri – dentre tantas maneiras como era conhecido. Eu me lembrei de um famoso episódio ocorrido em uma festa no Clube Social de Ilhéus. Quem estava presente deve recordar; quem não estava, passa a saber o que ocorreu.

Final dos anos 70, a dupla Antonio Carlos e Jocafi fazia enorme sucesso nas paradas musicais, com agenda concorrida para apresentação em shows por todo o Brasil, inclusive aqui em Ilhéus, terra já famosa e conhecida como a “terra do cacau”, onde havia riqueza e fartura.

Numa festa no Clube Social de Ilhéus, a dupla veio se apresentar. O salão cheio, as mesas todas vendidas para a festa dançante, com uma orquestra de baile. No meio da noite, a apresentação da famosa dupla.

Quando o relógio bateu 1 hora da manhã, a orquestra parou e foi anunciado o show, com todos os presentes sentados para assistir. Com banda própria, os dois cantores foram alegrando os presentes com seus hits mais famosos. Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

Percebendo que os olhares dos presentes estavam mais voltados para a mesa de Boca Boca do que para o palco, Jocafi, incomodado com o fato (mesmo tentando não demonstrar), parou o show e disse educadamente: “peço ao batera para ir aumentando o ritmo, para o amigo fazer o show dele e depois continuamos o nosso”. O baterista foi aumentando o ritmo e então Boca foi no embalo, gesticulando com as mãos, pedindo mais (imaginem a cena porque com palavras não consigo descrever a velocidade). Ao ver que o baterista não conseguia derrubar Boquinha, Jocafi se rendeu e disse: “companheiro, se quiser, suba para dançar no palco ou então dance aí mesmo. Você é fera no samba no pé”.

Muita gente ainda deve se lembrar dessa maravilhosa cena no Clube Social.

Essa é minha singela e sincera homenagem ao amigo Luis Roberto. Afirmo, sem a habitual complacência post mortem: das pessoas que conheci, ele foi uma daquelas que mais viveram e encararam a vida, em seus altos e baixos, com simplicidade, resiliência e alegria de viver.

José Nazal é fotógrafo, memorialista e autor do livro Minha Ilhéus (Via Litterarum); foi vice-prefeito de Ilhéus entre 2017 e 2020.

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Atuando hoje nas mais diversas áreas do conhecimento, a Uesc volta seu foco de ação para os municípios regionais, notadamente para o enfrentamento à pandemia da Covid-19, incluindo aí os planos de abertura econômica, que pode ser – ou não – referendado pelos prefeitos.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Na noite desta quarta-feira (9) tive a grata satisfação de assistir a uma live organizada pelo Laboratório de Ensino de História e Geografia (Lahige) da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Em pauta, os Impactos nas Cidades e na Economia no Contexto da Pandemia da Covid-19, debatidos pelo Magnífico Reitor Alessandro Fernandes e o vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal.

Finalmente, tivemos a felicidade de constatar que há inteligência no planeta cacau, embora a prática e a execução nem sempre chegue ao destinatário, o cidadão, que paga a conta e não recebe os benefícios. Desta vez, espero que mudem-se os comportamentos e a Uesc possa interagir com a sociedade, como reclamava o ex-professor de Economia José Adervan de Oliveira, desde os tempos de cuspe e giz.

Em duas horas e meia, o reitor Alessandro Fernandes discorreu sobre como fazer ciência na academia e repassar esses conhecimentos às instituições políticas para a aplicação nas diversas cidades da região. Sei que não é fácil esse intercâmbio, haja vista os interesses díspares entre a academia e a política. Se hoje a Uesc faz tudo para sair do Salobrinho, a realidade entre os políticos se volta para o carcomido modelo do clientelismo.

Dentre os políticos do planeta cacau destaco – sem medo de cometer qualquer pecado ou injustiça – o vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, como o único que caminha com desenvoltura por entre as instituições, sempre em busca do conhecimento para aplicar em sua cidade. Não existe em qualquer cidade do sul e extremo-sul da Bahia alguém que estude Ilhéus e região e tenha os conhecimentos acumulados como ele.

Se sobram conhecimentos a Nazal, falta-lhe a caneta, como frisou durante a live, fornecendo dados contundentes, a exemplo dos arquivos digitais de aerofotogrametria do município de Ilhéus, guardados sem que prefeitos demonstrem o menor interesse sobre eles, essenciais para organizar a cidade, prospectar investimentos. É o mesmo que comprar livros de capas duras e coloridas, guardá-los numa vistosa biblioteca, não lê-los, como se ganhasse conhecimento pelos simples olhar e, quem sabe, a osmose.

A Uesc – mais uma grande criação de José Haroldo Castro Vieira – toma seu lugar no mundo da ciência e passa a administrar parte do acervo e serviços prestados pela Ceplac, igualmente criada por José Haroldo. Esse legado também será dividido com a Embrapa e a UFSB, após a decisão da morte por inanição da maior instituição de pesquisa, ensino e extensão da cacauicultura.

Atuando hoje nas mais diversas áreas do conhecimento, a Uesc volta seu foco de ação para os municípios regionais, notadamente para o enfrentamento à pandemia da Covid-19, incluindo aí os planos de abertura econômica, que pode ser – ou não – referendado pelos prefeitos. Embora as prefeituras sejam as maiores empregadoras em seus municípios, nem sempre contam com pessoal qualificado.

E nesta realidade, a Uesc é um campo fértil para as prefeituras, que por falta de bons projetos, nem sempre conseguem prospectar recursos disponíveis em bancos de desenvolvimento e no governo federal. Outro “calcanhar de Aquiles” das prefeituras é a áreas de compras – licitações –, na qual os servidores municipais poderiam “beber em fonte limpa”, e acabar com dissabores da rejeição de contas – junto com a área contábil –, caso queiram trabalhar com técnica e lisura.

Durante a live, muitas questões sobre a região cacaueira foram levantadas, sendo uma delas a realização de um amplo diagnóstico socioeconômico – nos moldes do realizado no início da década de 1970 –, em parceria com os municípios. Como suscitou Nazal, um trabalho dessa envergadura colocaria a região numa situação privilegiada para colocar o trabalho de baixo de braço – ou mandá-la por meio digital para investidores, se transformando em recursos garantidos para investimentos variados.

A esmagadora maioria dos sul-baianos não tem a menor noção do que representa o Complexo Intermodal do Porto Sul em termos de investimentos, crescimento e, possivelmente, desenvolvimento regional. Bilhões de reais serão investidos neste projeto, e o melhor: em diversas cidades, produzindo riquezas de forma solidária à população por meio da geração de emprego e renda.

Como bem disse Nazal, a qualquer dúvida sobre Ilhéus e região ele sai em busca soluções para os problemas apresentados junto aos produtores de conhecimento, notadamente determinadas áreas dos governos federal, estadual e as universidades (Uesc e UFSB). Esse seria um bom caminho a ser trilhado pelos políticos – parlamentares e gestores municipais –, que preferem o discurso vazio eleitoreiro, daí nosso estado de pobreza.

Por tudo isso e muito mais, rogo ao Magnifico Reitor Alessandro Fernandes e aos professores Humberto Cordeiro e Gilsélia Lemos que colaborem – ainda mais – com a região, disponibilizando no site da Uesc ou outro meio de comunicação as lives produzidas. Por certo, contribuirá para melhorar o nível de informação e de interesse sobre o desenvolvimento regional.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Nova Ponte de Ilhéus em foto de José Nazal
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A nova ponte de Ilhéus tornou-se cartão postal antes mesmo de ser concluída. Agora, a nova ligação entre a região central e a zona sul do município atrai milhares de admiradores e se transformou em espetáculo com a iluminação cênica. O fotógrafo e vice-prefeito José Nazal conseguiu traduzir, numa imagem, todo o frenesi causado pela obra, a primeira ponte estaiada da Bahia, inaugurada no último dia 1º.

Trabalhadores da obra de construção da nova ponte || Foto José Nazal
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A eles, todo o meu respeito. Se eu pudesse, colocaria uma placa com seus nomes, para que nunca fossem esquecidos. Como não posso, estou trabalhando em um projeto para registrar as fases da construção da ponte, onde será citado o nome de cada uma das pessoas que trabalharam na obra. Deus permita que eu consiga dar conta de fazer.

 

José Nazal

Está quase chegando a hora da ponte ser entregue, depois da visita do governador Rui Costa, seguido da liberação para a abertura. Quero agradecer, em meu nome pessoal e dos meus familiares, ousando também agradecer em nome dos ilheenses e amigos que me seguiram no acompanhamento da obra pelas redes sociais, àqueles que são os verdadeiros heróis que trabalharam na obra, oferecendo cada um o seu saber, sua experiência, seu suor e sangue para que Dona Ponte pudesse se transformar de um projeto no papel na realidade que hoje vemos.

Quase seis centenas de homens e mulheres se dedicaram no trabalho da obra, estando representados nesse grupo que tive a honra de fotografar no dia 02 de dezembro de 2019.

Rendo minha homenagem a todos e todas, mas cito apenas o nome de quatro colaboradores que, mais do que suor e sangue, deram suas vidas no trabalho da obra: CARLOS AUGUSTO DOS SANTOS ALVES, NELSON BISPO DOS SANTOS, JOEL ARAÚJO DE MATOS e ROBSON SENA SAMPAIO.

Eles infelizmente perderam a vida num trágico naufrágio ocorrido no dia 19 de setembro de 2013.

A eles, todo o meu respeito. Se eu pudesse, colocaria uma placa com seus nomes, para que nunca fossem esquecidos. Como não posso, estou trabalhando em um projeto para registrar as fases da construção da ponte, onde será citado o nome de cada uma das pessoas que trabalharam na obra. Deus permita que eu consiga dar conta de fazer.

José Nazal é fotógrafo, memorialista, vice-prefeito de Ilhéus e autor de Minha Ilhéus – Fotografias do Século XX e um pouco de nossa História.

Ponte está concluída há duas semanas e campanha cobra liberação do trânsito || Foto José Nazal
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Campanhas nas redes sociais pedem ao governador Rui Costa a imediata liberação da nova ponte em Ilhéus. O governador, na semana passada, chegou a anunciar a vinda a Ilhéus para realizar uma visita final e autorizar seu funcionamento. Mas o cancelamento coincidiu com o anúncio de que o prefeito Mário Alexandre teria dado positivo para a Covid-19 e estaria impedido de acompanhar a autoridade estadual durante a visita. O governo, entretanto, afirmou que o cancelamento deve-se à não conclusão de serviços de urbanização do trecho.

Nas redes sociais acaba de surgir a campanha #inauguranazal. José Nazal é o vice-prefeito de Ilhéus e, na condição de ausência do prefeito, poderia acompanhar o governador na empreitada. Vale ressaltar que, com o início da pandemia, o governador Rui Costa anunciou que não iria realizar nenhuma festa para a entrega da obra e que, simplesmente, liberaria o seu funcionamento logo após a conclusão. À época, a medida foi bastante elogiada em Ilhéus. Agora, com o atraso, começaram os protestos pelas redes sociais. Confira mais no Jornal Bahia Online.

Nazal destaca empenho de Rui para conclusão e entrega da nova ponte
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Nesta quarta-feira (27), o vice-prefeito José Nazal acompanhou a etapa final das obras de construção da nova ponte que ligará o centro e a zona sul de Ilhéus. As obras estão 99% prontas e a ponte poderá ser entregue em até 15 dias.

Do alto do pilar central, que tem 90 metros de altura, o vice-prefeito fez um vídeo em agradecimento ao empenho do governador Rui Costa para o andamento e conclusão das obras. O vídeo foi enviado diretamente para o governador.

O vídeo, disse Nazal, era para que Rui pudesse refrescar o dia com imagem que traz “alento aos que acreditam e acreditaram” na conclusão da nova ponte. Ele também parabenizou aos que trabalharam na obra.

Confira o vídeo enviado por Nazal ao governador e cedido generosamente. O vice-prefeito compõe a comissão de acompanhamento das obras da nova ponte e tornou-se espécie de fotógrafo oficial do projeto. As imagens compõem rico acervo usado pelo governador em suas redes sociais e também pelo Estado.

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Que nossos governantes aprendam a planejar e modificar a paisagem da cidade, como mostram as fotos, com os requisitos mínimos de habitabilidade e conforto para os que realmente merecem: os que pagam seus impostos.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Quase que diariamente recebo fotos e textos explicativos e comparativos sobre a evolução do município de Ilhéus, algumas vezes de Itabuna. O vasto material – iconográfico, assim podemos chamar – faz parte do acervo de bibliotecas particulares de ilheenses ou instituições baianas traçam um perfeito Raio X de como as aglomerações e cidades eram planejadas, privilegiando a arquitetura, a estética o conforto e a segurança.

Quando comparadas com as atuais, podemos perceber claramente um choque entre o esmero de antes e a pobreza conceitual de agora, causada, quem sabe, pela falta de planejamento do poder público. É certo que tínhamos nossos vergonhosos cortiços, nos variados graus de miséria, sem as mínimas condições de higiene e habitabilidade, que ainda teimam em ficar, embora em menor escala.

Quando recebo esse material enviado pelo fotógrafo e vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, vibro com a história e o pioneirismo do que com muito sacrifício conseguiram implantar nossas cidades, com as construções de acordo com as características dos diferentes locais. Entretanto, não encontro o mesmo entusiasmo ao ver o avanço das aglomerações, que não obedecem qualquer padrão técnico ou paisagístico.

Não consigo compreender os discursos dos políticos, notadamente os ocupantes de mandatos no poder executivo, que torcem loas às administrações [suas, é claro] comemorando o crescimento de tal bairro e tal cidade. Faço esforço em acreditar na honestidade do discurso em desprezar a palavra desenvolvimento, quem sabe por total desconhecimento do que o vocábulo significa.

Analisando essa desconformidade crescente nas aglomerações, hoje chamadas generosamente de comunidade, sinto ter nascido na última geração de gente feliz, mesmo com todas as diferenças sociais da época. Basta lermos ou ouvirmos os “causos” de Jessier Quirino, para confirmarmos nossa felicidade nos bons tempos passados que não voltam mais.

Ilhéus no antes e depois em foto e acervo de José Nazal

Não nos incomodávamos com as pequenas doenças ou surtos que apareciam corriqueiramente em nosso corpo, a exemplo dos piolhos na cabeça, das impinges que apareciam e ficavam à mostra no corpo, chamadas popularmente de “ziquizira”. Era um prato cheio para as gozações no recreio da escola, no jogos de gude ou nos campinhos de futebol. E ninguém morria por isso, no máximo um xingamento da mãe e três tapas trocados.

Como não sabíamos o que significava “bullying”, essa santa ignorância nos livrava de outros males maiores e que necessitavam do auxílio dos profissionais da psicologia, psiquiatria e outros mimos que conhecíamos pelos livros. Também não existia o politicamente correto. Nos contentávamos em sentar para ouvir os programas de rádio do Rio de Janeiro e saímos em carreira para mostrar nosso conhecimento dos grandes clubes de futebol, após ouvirmos atentamente a resenha.

Ninguém se incomodava em ver os programas de televisão na casa de um vizinho, com uma enorme plateia sentada no chão da sala – os privilegiados e os mais apressados – ou olhando pelos ombros dos que se acomodavam na janela. Os chuviscos na tela faziam parte do espetáculo, bem como os mais espertos eram bem-vistos quando se ofereciam para regular a antena lá nas alturas.

Hoje, nossos objetos de desejo passaram a ser os aparelhos celulares no lançamento, que trocamos a cada seis meses, em perfeito estado, por outro ainda em pré-lançamento. Não colocamos nossos pés na lama dos campinhos de futebol, pois estamos jogando nos poderosos notebooks e a qualquer leve mudança de temperatura corremos em busca dos médicos especialistas e suas dezenas de exames.

Saudosismos à parte, prefiro os tempos em que desejávamos uma rua calçada a paralelepípedos mas não pensávamos duas vezes em tirar os sapatos para atravessar um trecho de lama. Não recebíamos merenda na escola e às vezes não trazíamos de casa, mas não dispensávamos o “baba” com uma bola de pano no recreio e chegávamos em casa sãos e salvos.

Nos tempos atuais posso assegurar que muitos de nós teria saudade de doenças como catapora, sarampo e caxumba do que conviver com as gripes virulentas importadas de outros países, que não apenas “fabricam” catarro como antigamente. Não, os vírus são exigentes e levam à morte, principalmente se o coitado já estiver acometida de doenças outras como diabetes, cardiopatias, hipertensão.

Naquela época não existia o Sistema Único de Saúde, o famigerado SUS, que abarrota de dinheiro os sacos sem fundo que se transformaram os governos estaduais e municipais de todo o Brasil. Ainda hoje muitos ainda desconheciam o SUS, destinado a atender de qualquer jeito os mais pobres, e que muitos políticos os conhecem – o SUS e os pobres – apenas por ouvir dizer.

Lembro de um ditado antigo que asseverava: “Pela entrada da cidade eu conheço o prefeito”, numa alusão aos que sabiam cuidar da comunidade, da sua gente. É triste, porém comum, que muitos políticos e servidores públicos sequer conheçam essas comunidades, simplesmente chamadas de invasão e que aparecem com frequência nas fotografias de José Nazal.

Que nossos governantes aprendam a planejar e modificar a paisagem da cidade, como mostram as fotos, com os requisitos mínimos de habitabilidade e conforto para os que realmente merecem: os que pagam seus impostos. Quem sabe a pandemia e o distanciamento social presencial seja uma importante ferramenta para podermos aprender como nos comportar como eleitor. E com o apoio das redes sociais, para a felicidade das novas gerações.

Walmir Rosário é advogado, jornalista e radialista.

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Do Jornal Bahia Online

O vice-prefeito de Ilhéus e ex-secretário municipal do Meio Ambiente, José Nazal, protocolou no final da tarde desta quinta (27) um pedido de embargo imediato, junto ao Ministério Público Federal (MPF), da obra que vem sendo questionada pela sociedade civil e instituições, em plena execução na praia da avenida Soares Lopes.

O mesmo documento será encaminhado nesta sexta-feira (28) para o Ministério Público da Bahia, Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e Câmara de Vereadores, contendo os questionamentos sobre a liberação da área pública, que no seu entendimento é ilegal. O documento contem 15 páginas e traz todos os questionamentos desde os primeiros passos para a liberação de um espaço público privilegiando a iniciativa privada.

No local, uma obra de construção civil foi iniciada silenciosamente, sem alardes tanto por parte de quem constrói quanto por parte do governo municipal. É uma obra de alvenaria, em frente à praça Castro Alves e ao fundo da antiga Central de Turismo do município, ocupando uma das áreas mais privilegiadas (e caras) de Ilhéus.

Obra particular em construção na Soares Lopes gerou revolta na comunidade

O acordo feito entre o governo (ou algum membro dele) e o empresário é o seguinte: a Prefeitura doou a área pública para a instalação de uma loja de produtos gelados de açaí. Em contrapartida, o empresário vai recuperar uma quadra de skate, abandonada na área há muitos anos. Terá também a construção de um parquinho infantil, um QG para a Guarda Municipal e de um quiosque para a comercialização de água mineral e açaí para dar suporte para a turma que joga vôlei, futevôlei, que faz esporte na avenida. O Termo de Permissão de uso terá a validade de 10 anos, caso o projeto seja concretizado.

CÂMARA INVESTIGA

Também nesta sexta (28), as Comissões Temáticas da Câmara vão encaminhar ofício ao prefeito Mário Alexandre, solicitando cópia do processo que resultou na cessão do espaço. O presidente da Câmara solicitou a imediata paralisação da obra até que as justificativas sejam apresentadas.

Confira a íntegra clicando aqui

Obra da nova ponte entra na fase de teste da iluminação cênica || Foto José Nazal
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Na noite desta quinta-feira (20), técnicos iniciaram os testes da iluminação cênica da primeira ponte estaiada da Bahia, obra que será a nova ligação do Centro com a zona sul de Ilhéus. Os testes foram acompanhados pelo vice-prefeito José Nazal, também fotógrafo, que fez registros de como ficará a ponte à noite. A iluminação cênica dá novo brilho noturno a uma das mais belas baías, a Baía do Pontal. Confira registros feitos na noite de ontem.

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Antes que passem a me chamar de insaciável, insatisfeito ou utópico, digo que esse sistema é uma das grandes dívidas que os outros dois entes federativos – Estado e União – devem a Ilhéus.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Há mais de um ano que venho sendo presenteado pelo vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, com fotos bem produzidas sobre o andamento da obra de construção da segunda ponte que ligará o centro de Ilhéus ao bairro do Pontal e ao resto do mundo. Fotógrafo profissional de reconhecida competência, Nazal também brinda os amigos e profissionais da imprensa regional com informações importantes do ponto de vista técnico da obra.

Falar de José Nazal pelo seu amor a Ilhéus é como chover no molhado, mas, a título de informação, não poderia eu deixar de traçar poucas linhas sobre a ponte estaiada – uma novidade na Bahia –, já considerada como um dos mais belos cartões-postais de Ilhéus. A cidade, de reconhecida beleza natural, incorpora uma arte moderna à sua paisagem para contrastar com a beleza arquitetônica do casario construído em épocas distinta da história.

Tive a felicidade de acompanhar os contatos iniciais – desdes as promessas – de construção na nova ponte, primeiro como jornalista, depois como participante da equipe do então prefeito Newton Lima. E, em todas as oportunidades, José Nazal estava na linha de frente, prestando informações históricas e técnicas sobre as possibilidades da implantação desse importantíssimo equipamento para o desenvolvimento da cidade.

De início, destaco a vasta colaboração de Nazal como um marco na área da comunicação, tendo em vista que nenhum veículo de comunicação – rádio, jornal, televisão, blogs ou outros tais – teriam condições para o empreendimento. E explico: nada de novo foi feito por Nazal, que apenas reeditou o chamado setorista dos velhos tempos, acompanhando, pari passu, o andamento, enquanto um veículo faria, apenas, grandes reportagens.

Mesmo fora do governo municipal, José Nazal não se esquivou de continuar colaborando com o governo estadual (dono da obra) e com as empresas construtoras, além de informar, em tempo real, de todos os estágios da obra. Como sempre acontece – principalmente na política – existem os céticos – ou apenas adversários – que dizem não acreditar na execução do projeto, que foi ganhando corpo a cada dia.

Como toda grande obra construída no Brasil, a segunda ponte, ou a dona ponte, como a denomina Nazal, possou por alguns problemas de continuidade, por conta do envolvimento da primeira – a segunda também – com a Operação Lava Jato. Não fosse isso, já estaríamos trafegando por ela há algum tempo, portanto livres dos constantes engarrafamentos na única via de tráfego atual.

Ponte ligando o centro e a zona sul de Ilhéus será a primeira estaiada no estado || Foto Bruno Maciel

Para nós leigos em engenharia, as informações – textos curtos e fotos – fornecidas por Nazal foram bastante enriquecedoras, por não conhecermos os meandros e detalhes da construção de uma ponte estaiada. De forma didática, Nazal passava cada filigrana técnica explicada pelos técnicos responsáveis pela construção, a exemplo da rotineira colocação dos cabos de aço de sustentação.

Em poucos dias teremos a entrega da obra pela empresa construtora e caberá ao governo do estado marcar a data da inauguração da ponte, com a escolha do nome do equipamento, o que poderá render questionamentos mil. De início, vamos ao primeiro questionamento: Qual o critério para a escolha da pessoa que emprestará o nome? Caberá aos cidadãos de Ilhéus a escolha desse nome?

Certo dia, em tom de brincadeira, questionei Nazal se com a nova ponte em operação, além da melhoria substancial do tráfego entre o centro e zona sul, não poderíamos, também, ter mais um problema… E explico: Como a ponte atual é o local preferido pelos manifestantes dos vários setores para realizar os protestos, passariam, também, a atazanar a vida da população realizando-os, concomitantemente, na outra ponte?

Pois é, já antevejo a festa da inauguração – mormente num ano de eleições municipais – com presenças de políticos e autoridades todos os tipos no palanque dos governos estadual e municipal. Melhor do que se apresentarem como pais e mães da criança, prestariam um grande serviço apresentar a execução de um projeto do sistema viário do município, retirando o tráfego do centro da cidade.

São obras de custo módico, tendo em vista as pequenas distâncias entre o bairro do Banco da Vitória e os dois pontos da BA-001 nos sentido Sul – proximidades de Olivença – e Norte – lá pelos lados da Ponta do Ramo. Com isso, grande parte do tráfego, principalmente o pesado, seria desviado do centro da cidade, evitando danificar o pavimento e equipamentos enterrados de saneamento.

Antes que passem a me chamar de insaciável, insatisfeito ou utópico, digo que esse sistema é uma das grandes dívidas que os outros dois entes federativos – Estado e União – devem a Ilhéus. Sem gastar muito verbo, pois todos são sabedores da importância de Ilhéus e região como colaboradores e contribuintes dos tesouros da Bahia e Brasil. A dívida é grande, está vencida e poderá ser levada ao cartório de protesto eleitoral.

Se querem saber como fazer o sistema viário, garanto que Nazal prestará mais esse obséquio por sua terra sem qualquer dificuldade.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Primeira ponte estaiada da Bahia, obra deve ser concluída em março || Foto Bruno Maciel

Caminhando para a etapa de conclusão, a primeira ponte estaiada baiana deverá ser inaugurada no final de março ou em abril. Antes mesmo de concluída, ela já mostra forma e status de novo cartão postal de Ilhéus. Cravada na Baía do Pontal, ela foi aguardada por décadas. Passou a ser ainda mais urgente com a explosão do número de novos carros de passeio nas ruas nos últimos 15 anos.

A foto é arte do comandante Bruno Maciel. “Dona Ponte” é como o fotógrafo e vice-prefeito José Nazal até aqui chama uma das mais importantes obras viárias do sul da Bahia nos últimos anos. Quando inaugurada, poderá ganhar o nome de Jorge Amado. É o defendido pelo governador Rui Costa. Abaixo, um registro feito por Nazal na última quarta-feira (12).

Grua da ponte estaiada sendo desmontada, indicando conclusão das obras || Foto José Nazal
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Retirada de pedras e areia é possível com a fase final das obras da Nova Ponte || Foto José Nazal

Começou na tarde desta terça-feira (14) a retirada da areia e das pedras do caminho de serviço do acesso norte da nova ponte que ligará o Centro e a Zona Sul de Ilhéus. A retirada significa a chegada à etapa de conclusão da obra executada pela construtora OAS. Também já está sendo instalada a estrutura de iluminação cênica.

As pedras estão sendo levadas para o São Domingos, informou ao PIMENTA o vice-prefeito e membro da Comissão de Acompanhamento da Obra, José Nazal. Também nesta terça, começou a ser desmontada a estrutura de andaimes do pilar central que dá sustentação aos estais (cabos) e à ponte.

Pedras e areia usadas na obra são retiradas e levadas para São Domingos || Fotos José Nazal

José Nazal disse ao site que a obra está seguindo o último cronograma apresentado à comissão e a ponte poderá ser inaugurada dentro do prazo anunciado pelo governador Rui Costa. Segundo o gestor baiano, a solenidade de inauguração será em março. Presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, não é descartada.

A obra tem investimento de aproximadamente R$ 98 milhões, bancada pelo Governo Baiano e financiamento do BNDES e Banco do Brasil. Além da ligação do centro e com o sul do município, também estão sendo construídas pistas nos dois extremos da ponte para facilitar o acesso e evitar os tradicionais engarrafamentos, principalmente em horários de pico.