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OS PROFISSIONAIS DA GABRIELA FM, RADIALISTAS E TÉCNICOS, VÊM A PÚBLICO ESCLARECER AS RAZÕES PARA O AFASTAMENTO DE LUKE REY DA PROGRAMAÇÃO DA EMISSORA.

1 – Desde a pré-campanha eleitoral, profissionais da Gabriela FM têm sido vítimas de uma campanha sistemática de intimidação, através de ações judiciais, impetradas pelo prefeito Mário Alexandre e por seu partido, PSD, em função da divulgação de fatos jornalísticos e análises críticas dos atos e omissões por parte da atual Gestão Municipal.

2 – A partir de 11 de setembro, 12 ações foram impetradas contra profissionais da emissora. Desse total, nove tiveram como alvo Luck Rey, um dos líderes de audiência do rádio ilheense. O expressivo volume de ações, por si só, demonstra a intenção intimidadora. Acrescenta-se que a estrutura jurídica montada pelo prefeito atua de forma ostensiva em prejuízo ao livre exercício da imprensa, não se limitando a Gabriela FM, mas também a outros veículos não considerados aliados da Gestão Municipal, a exemplo do Blog do Gusmão, que igualmente responde a várias ações de censura impetradas pelo prefeito e o PSD.

3 – Como se sabe no âmbito jurídico, a repetição sistemática de ações contra o mesmo suposto autor, conforme as impetradas pelo prefeito e seu partido político contra Luck Rey, se torna um caminho para possíveis sanções legais que, no caso, poderiam ser multas ou até mesmo o seu afastamento do exercício profissional. Diante desses fatos, os seus colegas insistiram junto a ele e a direção da emissora, para tirá-lo do ar, ainda que temporariamente.

4 – Ressalta-se que os autores da enxurrada de ações contra o radialista, obviamente utilizaram-se da estratégia de opressão econômica, ciente de que o profissional não teria condições financeiras de arcar com os elevados custos advocatícios ensejados por tantas ações.

5 – Como profissionais de imprensa, estranhamos a atitude do presidente do Sindicato dos Radialistas de Ilhéus, Manoelito Puentes, já que a primeira obrigação da instituição é a defesa da liberdade de expressão. No nosso entendimento, o citado presidente deveria ter se afastado das suas funções sindicais ao ter assumido, em 27 de agosto último, o cargo de Chefe de Divisão de Pesca e Aquicultura, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Município, em pleno período eleitoral, o que coloca sob suspeita a sua necessária isenção.

6 – Por fim, ressaltamos que Luck Rey continuará tendo todo o apoio dos seus colegas da Gabriela FM, assim como da direção da emissora, mas principalmente do seu grande público, de toda a sociedade de Ilhéus e de todos que defendem a liberdade de imprensa.

Luke Rey foi alvo de nove processos movidos pelo prefeito Marão
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Mas o que importa aos poderosos é continuar com suas homéricas farras nos condomínios de luxo, incomodando vizinhos madrugada afora, com músicas ao som mais alto. Estão felizes, comemoram seus feitos, quem sabe calar a voz de Luke Rey e de outros comunicadores que não rezem pela cartilha palaciana. Como disse Luke, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Walmir Rosário 

Conheço o radialista Luke Rey há muitos anos, com quem tive o prazer de trabalhar junto. Um repórter nato, daqueles que não briga com a notícia, dos que numa análise rápida enxerga o futuro, sabe perguntar e respeita o entrevistado. Há muito não nos vemos e recentemente soube que virou notícia, daquelas que ele sabe fazer. O que me intrigou foi que o bom comunicador faz notícia, não se transforma em notícia.

Imediatamente, pensei… tem alguma coisa errada, pois Luke Rey nunca foi de pular para o outro lado do balcão. Após uma busca na internet, chego aos fatos. Luke Rey foi obrigado a deixar o comando do programa Gabriela News, na Gabriela FM. Até aí tudo bem, não fosse a violência perpetrada contra ele pelo prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, o conhecido Marão.

E Marão usou contra Luke Rey – um fiscal da sociedade – uma arma torpe, aquela usada pelos poderosos, os de alto poder econômico: as ações judiciais, num total de nove, contra um comunicador indefenso, cuja uma única arma que possui é o microfone e as ondas do rádio. O crime cometido – pasmem os senhores e senhora –, apontar erros de uma administração pífia, desorientada, de olhar enviesado para os problemas da cidade.

– A minha voz ficará muda, não sei até quando – reclama o radialista.

E Luke Rey não é um menino afoito, daquele que empunha um microfone como se fosse um justiceiro, policial, membro do Ministério Público, um juiz ao sentenciar. O profissional Luke Rey sabe muito bem distinguir a qualidade da notícia, a análise dos fatos, o que dizer aos seus ouvintes. Não agradará a todos e isso é fato, principalmente aos que prometem administrar uma cidade e nem sempre cumprem o compromisso.

Em Ilhéus um fato é notório: quem administra a cidade é o governador Rui Costa e não Marão. Luke Rey também sabe disto, afinal, são 35 anos de experiência. Por ser um grande comunicador, é ameaçado por uma tempestade de ações judiciais contra o exercício legal de sua profissão. Nove ações judiciais o forçam a encerrar o programa e a carreira por conta da velha política do manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Se tornou uma prática corriqueira em todo o Brasil ingressar com ações judiciais contra os comunicadores. É a luta dos filisteus com o gigante Golias à frente, contra os israelitas liderados pelo pequenino Davi. Poderoso, Marão e seu exército de advogados entulham o poder judiciário com ações, com o mero objetivo de apequenar, calar a voz de um defensor da sociedade.

É a luta do milhão contra o tostão. Sim, pois ingressar com ações no poder judiciário, mesmo sendo um preceito constitucional garantido no artigo 5.º, inciso XXXV, ao determinar que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, independentemente de ter razão em uma demanda, qualquer pessoa pode iniciar um processo judicial.

Ora, qualquer pessoa, por mais desinformada, sabe que para manejar a justiça é preciso poder econômico, bancas de advogados que cobram os olhos da cara, custas judiciais altíssimas. E esses são atributos intrínsecos ao poder político, notadamente quando se exerce um cargo executivo, com uma grande procuradoria política a promover o ataque ou a defesa do mandante de plantão.

Enquanto os interessados buscam ser amigos dos poderosos, aparecendo nas fotos, colunas sociais, defendendo polpudos contratos, Luke Rey tem apenas na sua carteira de clientes os ouvintes, milhares deles ávidos que a notícia de uma rua esburacada chegue ao conhecimento do prefeito e consiga sensibilizá-lo. O que nos parece ser o dever cumprido, é tema iminentemente pueril para os palacianos.

Não é a primeira vez que um comunicador se depara com esse golpe contra a dignidade da pessoa, em que um poderoso tenta lhe tirar o emprego. Mais que isso, querem lhe tirar a dignidade, a capacidade de trabalhar e com o suor do seu rosto manter as obrigações mínimas de sua casa, cuidar de sua família, levar para casa o pão de cada dia, como todo o trabalhador.

Mas o que importa aos poderosos é continuar com suas homéricas farras nos condomínios de luxo, incomodando vizinhos madrugada afora, com músicas ao som mais alto. Estão felizes, comemoram seus feitos, quem sabe calar a voz de Luke Rey e de outros comunicadores que não rezem pela cartilha palaciana. Como disse Luke, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

E assim, Luke Rey encerrou o programa lembrando o trabalho de comunicação social que fez ao longo da carreira, defendendo os ouvintes e agradecendo a todos que estiveram com ele durante a caminhada no rádio.

– Me recuso a crer que fracassei, apenas me sinto injustiçado – desabafou.

Sem condições emocionais de apresentar o programa, Luke encerrou o Gabriela News antes do terceiro minuto de duração. Mas como não há mal que sempre dure, neste sábado (10), após a repercussão do caso, o radialista recebeu inúmeros manifestações de solidariedade, inclusive de advogados se oferecendo para defendê-lo das ações judiciais.

Uma verdadeira campanha social para que a justiça seja feita e Luke Rey possa continuar sendo o grande secretário a elaborar a ata dos acontecimentos sociais.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.