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Marcelo Déda foi deputado, prefeito de Aracaju e governador de Sergipe.
Marcelo Déda foi deputado, prefeito de Aracaju e governador de Sergipe.

Morreu hoje (2), aos 53 anos, o governador de Sergipe, Marcelo Déda. Vítima de um câncer gastrointestinal, o governador foi internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no dia 27 de maio, com dificuldades para se alimentar. Casado duas vezes, o governador deixa cinco filhos.

Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.

Natural do município de Simão Dias, Déda milita na política desde a década de 70, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz  Inácio Lula da Silva. Militante do PT, no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no estado.

Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na época, com 25 anos e sem recursos para a campanha, o candidato fez todos os programas eleitorais gratuitos de televisão ao vivo e apenas com a bandeira do partido na parede do cenário, montado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

“A lei me facultava fazer ao vivo, então eu ia cru, pregava uma bandeira com durex e estava pronto o cenário do ‘ao vivo’. Aquilo que era uma desvantagem virou uma vantagem porque me transformei no âncora do programa eleitoral”, relatou o governador de Sergipe em sua página oficial na internet.

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Manuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Num único e longo dia, fui apresentada por ele a autores até então desconhecidos, a blues até então desconhecidos, a histórias com finais belíssimos, frutos das suas observações e/ou devaneios.

Eu não sei de quem herdei o vício da observação do cotidiano e do comportamento humano, mas consigo citar homens e mulheres com quem aprendi a exercitá-lo. Cleomar Brandi, jornalista baiano radicado em Aracaju, foi um deles.
Sincero, bem humorado e inteligentíssimo, ajudou a formar, na prática, quase todos os profissionais de jornalismo daquelas bandas. Participou da equipe que fundou a única emissora pública do Estado, a TV Aperipê, onde ainda atuava, e de lá para cá passou por diversos veículos de comunicação de Sergipe.
Recém-formada e cheia de sonhos, conheci Cleomar. Voando sobre a sua cadeira de rodas, adquirida aos 22 anos quando amputou as pernas devido a uma paralisia infantil, o único sentimento que eu jamais ousei sentir foi pena. Impossível, diante de um homem independente que, à beira da piscina de uma casa belíssima, me falou da sua história de superação e amor à vida, e da realidade do mercado de trabalho na comunicação. “No final das contas, tudo é politicagem e malandragem. A gente bate num dia e apoia no outro. Infelizmente, a vida tem dessas coisas…”
Conversamos sobre Itabuna, Ilhéus e Ipiaú, sua terra natal.  Num único e longo dia, fui apresentada por ele a autores até então desconhecidos, a blues até então desconhecidos, a histórias com finais belíssimos, frutos das suas observações e/ou devaneios e, por telefone, a nomes famosos do jornalismo e da política sergipana. “A política baiana se expandiu muito, jovem, o que nem sempre é bom. Abriu brecha para qualquer um. Como numa grande família, nem todos os filhos são éticos e têm compromisso. É que os pais não conseguem dar a mesma criação a todos.”
Cleomar foi sepultado segunda-feira, em Aracaju. Iniciou sua carta de despedida com palavras que diziam assim: “um dia, uma noite, um boêmio sempre pede a saideira, e os garçons nunca gostam dessa história. Dessa vez, chegou minha hora, meu último gole. Eu, pessoalmente, não diria que estou indo contrariado. Afinal de contas, soube beber com sede de aprendiz o melhor que havia na taça que a vida me ofertou. Uma taça lavrada, recendendo a conhaque.” No final, convidou os amigos para a última saideira no seu bar preferido e foi prontamente atendido, inclusive pelo Governador do Estado, Marcelo Déda. A conta já estava paga.
Manuela Berbert é jornalista e colunista da Revista Contudo.