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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Na verdade Imperial fez o jogo sujo a serviço de Daniel Filho, diretor da Globo, numa vingança provocada por uma profunda dor de corno. Mário Gomes trabalhava numa novela e estava namorando a colega Betty Faria, mulher do poderoso diretor da emissora.

Você já foi vítima de fofoca ou calúnia? Estas maldades podem partir da vizinhança, trabalho, escola, igreja, partido ou do barzinho. Algumas vezes a mídia noticia sem antes investigar a denúncia, manchando a vida das pessoas caluniadas.

O casal Glória Pires e Orlando Morais já foi atingido. Uma nota num jornal acusava o músico de traição com a enteada, Cléo Pires, filha da atriz e de Fábio Júnior. Acrescentava que o episódio levou Glória à tentativa de suicídio.

Dizia também que, no contrato entre a Globo e Glória Pires, havia uma cláusula exigindo que Orlando Morais fosse autor de músicas nas trilhas sonoras das novelas que ela participasse.

A fofoca atingiu duramente a família, provocando hipertensão em Orlando. De onde partiu, não souberam. Mas entraram com ações na justiça contra os veículos que divulgaram. O drama é relatado num capítulo da biografia “40 anos de Glória”.

Outra bomba detonou a Escola Base em SP. O casal de proprietários foi acusado de abusar sexualmente de duas crianças. Divulgada pela Rede Globo sem a devida apuração, foi replicada por vários veículos.

A história foi desmentida, os órgãos de comunicação se retrataram, o casal entrou com ações na justiça. Mas o estrago já estava feito: escola fechada, dívidas, problemas morais e psicológicos.

O ator Mário Gomes também foi vítima. Uma nota afirmando que ele foi hospitalizado com uma cenoura no ânus repercutiu nacionalmente. Encaminhada pelo jornalista e produtor musical Carlos Imperial, a baixaria foi publicada no jornal Luta Democrática.

Afirmava o texto: “O másculo galã deu entrada na Maternidade Fernando de Magalhães para medicar-se de uma insólita ocorrência. Ele estava entalado com uma cenoura em local absolutamente sensível…”

Na verdade Imperial fez o jogo sujo a serviço de Daniel Filho, diretor da Globo, numa vingança provocada por uma profunda dor de corno. Mário Gomes trabalhava numa novela e estava namorando a colega Betty Faria, mulher do poderoso diretor da emissora.

O ator diz que “a nota foi uma cilada plantada por vingança porque eu e Betty Faria nos apaixonamos”. Ele compara a calúnia a “uma tentativa de assassinato”, lembrando que foi estigmatizado, apontado nas ruas e ficou longe das telas por longo tempo.

Marival Guedes é jornalista e escreve no Pimenta às sextas.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

 

Aos 72 anos, Orlando comanda um dos programas de maior audiência, o Panorama 640. Ele confirma a história, mas se esquiva quando indagado sobre os detalhes: “Vamos esquecer, deixa isso pra lá,” diz educadamente.

 

Eleito prefeito de Itabuna em 1976, pelo MDB, Fernando Gomes começou as manobras para eleger a Mesa Diretora da Câmara. Pediu ao assessor político, jornalista Eduardo da Anunciação, que fosse até a residência do vereador e radialista Orlando Cardoso (Arena) conquistar este voto. O argumento estava dentro de um saco de papel do Supermercado Messias.

Eduardo foi ao encontro de Orlando, mas não conseguiu convencê-lo. Pelo contrário, o vereador irritou-se e não reagiu grosseiramente porque, além de amigos, compreendeu que o assessor cumpria ordens. O “presente” foi devolvido ao prefeito. Um colega perguntou a Anunciação porque ele não ficou com a grana. “Dinheiro não é tudo,” respondeu.

Duda morreu em fevereiro de 2013 aos 67 anos. Nos textos, adotou estilo singular e seu último compromisso profissional foi a coluna Política, Gente e Poder, no Diário Bahia.

Orlando Cardoso completou 53 anos de atividades no rádio ano passado, recebendo homenagens pela conduta. Aos 72 anos, comanda um dos programas de maior audiência, o Panorama 640. Ele confirma a história, mas se esquiva quando indagado sobre os detalhes: “Vamos esquecer, deixa isso pra lá,” diz educadamente.

No entanto, numa das homenagens, lembrou que foi vereador por dois mandatos e não gostou da experiência. Admitiu que foram várias as ofertas, porém nunca negociou um voto, refutou todas. E desafia: “Se alguém disser que me comprou, mesmo com um saquinho de pipocas, pode declarar que eu tornarei público dentro de meu programa.” No seu entendimento, “quem é honesto, não merece aplausos. É obrigação.”

Fernando Gomes, eleito quatro vezes prefeito de Itabuna e três deputado, após a gestão 2005/2008, decidiu morar em Vitória da Conquista. Em discurso na Rádio Difusora, à época sua propriedade, anunciou fim de carreira e desabafou: “A política está fazendo vergonha, com tanta corrupção”.

Marival Guedes é jornalista e retoma as (elogiadas!) crônicas das sextas-feiras no Pimenta.

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Ceres Marylise com os jornalistas Marival Guedes (esq.) e Antônio Lopes no lançamento de Atalhos...
Ceres Marylise com os jornalistas Marival Guedes (esq.) e Antônio Lopes durante lançamento.

A poetisa Ceres Marylise, nascida em Ubaitaba e residente em Itabuna, lançou no último sábado, em Salvador, seu livro de poemas Atalhos e descaminhos, editado pela Editora Mondrongo, de Ilhéus.
O lançamento e deu na livraria Porto dos Livros (Avenida Sete, 3.564/Loja 2 – Porto da Barra) e contou com a presença de escritores, artistas em geral, jornalistas e amigos da autora, incluindo-se uma delegação de Ubaitaba.
Entre os residentes na Capital que foram prestigiar Ceres Marylise estavam as professoras Consuelo Pondé de Sena e Margarida Cordeiro Fahel e o escritor e jornalista Florisvaldo Mattos.
A poética de Ceres Marylise, sintetizada em Atalhos…, já ecoou em várias cidades brasileiras, a exemplo de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Bento Gonçalves, Brasília, Itabira e, na semana passada, Salvador. Após o lançamento em Paris, em março deste ano, a autora tem sido sondada para editar sua poesia em francês e espanhol, com adiantados entendimentos para leva-la a Lisboa e Coimbra.
Da esquerda para direita, Florisvaldo Matos, Consuelo Pondé e Margarida Fahel.
Florisvaldo Matos, Consuelo Pondé e Margarida Fahel participaram do lançamento.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O ex-governador falou mais alguns minutos e encerrou com  palavras de estímulo: “Continuem esta luta por uma sociedade livre e justa”. Novamente aplaudido de pé.

Na audiência pública realizada pela Câmara, atendendo solicitação do Movimento Passe Livre (MPL) Salvador, mais de 300 entusiasmados jovens lotavam o Centro de Cultura.  Foram 50 oradores, cada um com direito a três minutos, tempo controlado rigidamente pelo presidente do legislativo, Paulo Câmara.

Havia integrantes de vários partidos, outros que se autodenominam independentes e os antipartidários. Vários deste último grupo, bastante raivosos, os mais barulhentos. Muitas vezes as vaias impediam o pronunciamento, sendo necessária a intervenção do coordenador.

Mas quando um orador iniciou seu discurso, o silêncio foi total. Lembrando o que escreveu o compositor maior, naquele momento ouviríamos o barulho de “uma lágrima a cair no chão”. O vereador Waldir Pires (PT) começou elogiando os jovens e lembrou que começou aos 16 anos na luta contra o nazismo, de posição racista.

Waldir Pires hoje é vereador na capital baiana (Foto Paulo Macedo/BocãoN).
Waldir Pires hoje é vereador na capital baiana (Foto Paulo Macedo/BocãoN).

Falou da interrupção da democracia, com o golpe militar, quando muitos foram vítimas do exílio, torturas e assassinatos. Disse que continua na política (ele está com 86 anos), porque é a única forma de civilização humana de se transformar toda a sociedade.

Comemorando este novo momento, disse: “De repente vocês explodem e  me deixam muito feliz”. Quando o coordenador da mesa avisou que o tempo estava se esgotando, a plateia de jovens do MPL se levantou e pediu para deixá-lo continuar. O ex-governador falou mais alguns minutos e encerrou com  palavras de estímulo: “Continuem esta luta por uma sociedade livre e justa”. Novamente aplaudido de pé.

A RENÚNCIA

Conheço pessoas que não perdoam Waldir Pires por ter renunciado ao governo do estado em 1989, dois anos após a posse, para ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Ulisses Guimarães, passando o cargo para o vice, Nilo Coelho. Certa vez, numa visita que ele fez à TV Cabrália  perguntei, ao lado do então superintendente Ramiro Aquino, sobre a renúncia e expus os comentários dos bastidores.

“Professor são três as hipóteses que circulam sobre a renúncia: 1º) Que já havia este acordo com Nilo Coelho. 2º)  que o senhor recebeu dinheiro. 3º) Que teve medo de morrer”.

(À época circulou uma informação sobre um atentado à vida dele. Foi encontrado um mapa geográfico no tanque de combustível do avião do estado, momentos antes do seu embarque.)

Waldir respondeu com a serenidade que o caracteriza: “Meu filho, não havia acordo, quem quer dinheiro fica no poder e quem tem medo não enfrenta uma ditadura. Renunciei por que acreditava que o doutor Ulisses ganharia a eleição, pois tínhamos 22 governadores do PMDB.”

CIRCUNSTÂNCIAS

Waldir  não tomou decisão de última hora. A escolha para ser o candidato do partido era através do voto em dois turnos. Na convenção Nacional do PMDB, além do então governador da Bahia, havia na disputa Ulisses Guimarães Iris Resende e Álvaro Dias. Ulisses e Waldir foram os dois mais votados, com Ulisses na frente. Para evitar o segundo turno, que poderia gerar uma divisão, o partido entrou em consenso e Waldir Pires ficou na vice, prevalecendo a lógica do mais votado. Talvez hoje Waldir argumente, “ eu sou eu e minhas circunstâncias”.

Marival Guedes é jornalista.

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marivalguedesO jornalista Marival Guedes deixou a assessoria de imprensa da Bahia Pesca, posto que exerceu com competência nos últimos anos, garantindo eficiente divulgação dos projetos e ações da empresa vinculada à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri).
Sempre atencioso, Guedes enviou breve despedida aos companheiros da imprensa, agradecendo o apoio ao seu trabalho. Agora, o jornalista fará um périplo pelo Uruguai, Argentina e Chile, deixando os futuros compromissos profissionais para depois de fevereiro.

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Isaac deixa a Bahia Pesca para assumir o Desenvolvimento Urbano em Ilhéus.
Isaac deixa a Bahia Pesca para assumir a Sedur em Ilhéus.

O engenheiro Isaac Albagli sempre foi tido como o fiel escudeiro de Jabes Ribeiro. Embora as especulações apontassem até para uma possível ida dele para a Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), ele decidiu acompanhar o prefeito eleito de Ilhéus e deixará a presidência da Bahia Pesca para assumir a Pasta do Desenvolvimento Urbano na Terra de Gabriela.

Isaac emitia sinais de que participaria do governo ao entrar “de cabeça” na campanha do amigo. A ele eram entregues as missões mais pesadas e desempenhava, também, a função de articulador. Agora, assume a robusta pasta do Desenvolvimento Urbano.

Atribui-se em parte a Isaac a demora do prefeito eleito em anunciar o seu secretariado. Também era o tempo de fazer a necessária reforma administrativa, embora feita “a toque de caixa” e, segundo dizem, com a complacência do presidente da Câmara de Vereadores, Dinho Gás (PSDC).

Ainda teria partido de Isaac a ideia de trazer para o governo o experiente jornalista Paixão Barbosa, que trabalhou, junto com Marival Guedes, a estratégia de comunicação da Aquapesca Brasil, realizada mês passado em Salvador. Isaac entra como o supersecretário. Ou, como costuma-se dizer por aqui, primeiro ministro do governo Jabes.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Se levássemos a coisa adiante  poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros IS de bens colocados em nome da igreja.

O editor de Ciência da Folha de São Paulo, Claudio Angelo, e o repórter Rafael Garcia decidiram conferir como se abre uma igreja. Foram necessários R$ 418,42 de taxas e em cinco dias úteis já estavam autorizados a colocar a Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio em funcionamento.
Podem abrir conta bancária e realizar aplicações financeiras isentas de IR e IOF. Além disso, templos são imunes aos impostos incidentes sobre o patrimônio, renda, ou serviços relacionados às suas finalidades, definidas pelos próprios criadores. “Ou seja, se levássemos a coisa adiante  poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros IS de bens colocados em nome da igreja”,comentam.
Nomes curiosos
Eles descobriram que, ano passado, em nove meses, foram abertas 50 igrejas no Brasil. Algumas com nomes curiosos:
Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta
Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica
Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés
Amigo meu que trabalhava no Sebrae em Itabuna costumava parafrasear o título de uma revista ironizando: “pequenas empresas, grandes problemas. Pequenas igrejas, grandes negócios.”
Igreja polêmica
A Comunidade Cidade de Refúgio, abrigo para homossexuais, aberta recentemente no centro de São Paulo, “estourou” tal qual uma bomba. A igreja é liderada por Lanna Holder, celebridade nos meios evangélicos. Convertida aos 21 anos, levava multidões ao delírio dando testemunhos sobre um passado “pecaminoso de homossexualismo e drogas”.
Agora, aos 36 anos, abre a igreja com a pastora e cantora Rosania Rocha, 38, companheira há cinco anos após separarem-se dos respectivos maridos. Lanna confessa que pregava o que gostaria que acontecesse com ela mesma, não manter relações sexuais com outra mulher.
Tentação e sacrifício
Ela conta que, na luta pra “não cair em tentação”, fez muitos sacrifícios: mortificou a carne com jejuns, subiu e desceu montanhas, participou de “campanhas de libertação”, incluindo rituais de quebra de maldição e cura interior, além de submeter-se a sessões de regressão. O resultado ela resume numa curta frase: “nada deu certo”.
Acusadas por pastores de “serviçais do satanás” e montadoras de uma “filial de Sodoma e Gomorra”, respondem que “somos uma igreja que ama a todos e não exclui a ninguém”. Lanna denuncia que muitos missionários pediram pra ela continuar o romance discretamente, “abafar o caso”.
Marival Guedes é jornalista e escreve às sextas no PIMENTA.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Leal deu o troco: “não entendo porque um médico sério e competente como Adib Jatene tem a coragem de sacrificar um bezerro para salvar a vida de Antônio Carlos.”

Nas eleições de 86 os principais candidatos ao governo do estado eram Josaphat Marinho e Waldir Pires. O primeiro apoiado pelo governador João Durval e pelo ministro das comunicações Antônio Carlos Magalhães. Manuel, leal a Antonio Carlos, era superintendente da Companhia Viação Sul Baiana, “vaca leiteira” dos candidatos governistas.

O esquema funcionava com transferências de recursos para o ICB (Instituto de Cacau da Bahia), principal acionista. Quando o dinheiro era depositado na conta da empresa no Baneb, um assessor da Sulba sacava e entregava aos candidatos. Às vezes também os políticos vinham buscar o dinheiro da arrecadação na “boca do caixa”.

Numa dessas operações Manuel Leal, temendo problemas, ligou para o deputado Luís Eduardo Magalhães reclamando contra a sangria, e ouviu: “meu pai lhe colocou aí pra você fazer política.” Waldir Pires venceu a histórica eleição. Com a derrota do grupo, Leal foi procurar um dos beneficiados, eleito deputado federal, para saber como ficaria a contabilidade da Sulba. Mas este estava de partida para os Estados Unidos e mandou o superintendente “se virar”.

O rompimento

Manuel procurou Antonio Carlos e quando fez o relato ouviu a frase que marcaria o rompimento: “você deveria ter me avisado. Estou me sentindo traído. E abandonou o fiel escudeiro que passou a responder na justiça pelos desvios de recursos.

Troca de farpas

A partir daí começaram as trocas de farpas. Antônio Carlos retornou ao governo da Bahia nas eleições de 90 e visitou Itabuna. Magoado, Leal, proprietário do jornal A Região, publicou foto de ACM passando pela porta da casa de dona Sarinha, viúva do prefeito José de Almeida Alcântara, que muito ajudou o governador. Na legenda escreveu que ACM sequer cumprimentou a viúva, numa clara prova de ingratidão. O chefão ficou furioso.

Veio novamente a Itabuna inaugurar o colégio Amélia Amado e “destilou” a maior parte do discurso contra Manuel Leal, que há algum tempo havia se submetido a uma cirurgia cardíaca, sendo atendido pelo famoso Adib Jatene a pedido do governador. Sarcástico, pediu desculpa a Itabuna por ter salvado a vida de Manuel Leal. Aproveitou e “aconselhou” os empresários a não anunciar no jornal do ex-aliado.

Mas Antônio Carlos também tinha se submetido a uma cirurgia cardíaca  e recebeu enxerto extraído do coração de um bezerro. Manuel Leal deu o troco numa auto-entrevista ao jornal de sua propriedade: “não entendo porque um médico sério e competente como Adib Jatene tem a coragem de sacrificar um bezerro para salvar a vida de Antônio Carlos.”

Marival Guedes é jornalista e escreve às sextas no Pimenta.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O anfitrião se distraiu e só retornou ao entardecer. Quando abriu a marmita, encontrou apenas os ossos da penosa.

O advogado e político Raimundo Lima (19/12/1908-20/11/1987), que foi presidente da câmara e prefeito de Itabuna, gostava de pescar. Num domingo, convidou alguns amigos para seu sítio na Lagoa Encantada, Ilhéus. Cada um levou a própria marmita. Raimundo Lima preparou galinha caipira ao molho pardo. Ao meio-dia, os amigos interromperam a pescaria e foram comer.

O anfitrião se distraiu e só retornou ao entardecer. Quando abriu a marmita, encontrou apenas os ossos da penosa. Os visitantes riram, o “velho comuna” nada disse. Enfrentou as gozações, a fome e a vontade de comer com decência e serenidade.

Dias depois, convidou o grupo para a mesma programação e novamente levou a marmita com galinha caipira ao molho pardo. Foi pescar e só retornou no final da tarde. Tomou mais uma “branquinha” e abriu a marmita. Nova sacanagem, só havia os ossos.

Raimundo Lima encarou o grupo e perguntou gritando: “quem comeu o meu urubu? Quem foi o filho da égua que comeu o meu urubu?”. Berrava, encenando como se tivesse no Tribunal do Júri, onde se destacava pelo brilhantismo.

Os amigos não levaram a sério. Então ele foi ao quintal, cavou a terra e retirou os “documentos de prova”: na mão direita, as penas, na esquerda. a cabeça do bicho, exibida como se fosse um troféu.

Os companheiros ficaram perplexos, estáticos por alguns segundos. Quando conseguiram se locomover, correram ao sanitário pra “chamar raul”. O anfitrião gargalhava e tossia.

Durante algum tempo a turma deixou de cumprimentar o “cozinheiro”. Mas depois concluíram que não deveriam perder tão boa companhia.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O jogo seguiu normalmente. Mas quando se aproximou do final, empatado em 1×1, os jogadores do Galícia começaram a cair na grande área.

 

Na véspera de uma partida entre Galícia e Itabuna em Salvador, pelo campeonato baiano na década 80, o presidente do Azulino, João Xavier, ao encontrar o então radialista, atual advogado e professor universitário Geraldo Borges, comentou que o Itabuna iria ser prejudicado pela arbitragem. Ao chegar à Rádio Clube na capital, Geraldo ouviu nos bastidores a mesma denúncia.

Quando falou, no programa esportivo, sobre a expectativa da disputa, enfatizou que confiava muito na arbitragem. Momentos antes do jogo, Geraldo orientou o repórter Jorge Caetano a comentar com o juiz a expectativa sobre a arbitragem. Caetano começou com a frase “um grande juiz para um grande jogo”. E emendou: “ o sul da Bahia assiste com muita atenção à arbitragem. O juiz respondeu: “diga ao sul da Bahia que farei uma boa arbitragem”.

O jogo seguiu normalmente. Mas quando se aproximou do final, empatado em 1×1, os jogadores do Galícia começaram a cair na grande área. Caíam – até mesmo sem ser tocados pelos itabunenses – e levantavam as mãos pedindo pênalti.

O juiz, que já havia prejudicado o Itabuna em outros jogos marcando faltas inexistentes , “amarelou” e gesticulava mandando seguir o jogo. A diretoria do Galícia desesperou-se. O árbitro cumpriu o que prometeu ao sul da Bahia e a partida terminou empatada. Inconformado, um diretor do time da capital disse em entrevista que “botaram um torcedor na locução. Este rapaz não é um profissional”, criticou se referindo a Geraldo Borges, o homem que inviabilizou a trapaça.

Encerro com uma história que o técnico João Saldanha contava: durante uma partida, o atacante escapou e na grande área só tinha à sua frente o zagueiro, que andava igual caranguejo. O atacante falou:

-“Venha, que eu estou vendido”

-“Não posso, que eu estou comprado”, respondeu o zagueiro.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O inusitado não para aí. Em sete de abril de 1968, Alcântara morreu, vítima de infarto. Naquele período não havia a figura do vice.

Em 1967 a Câmara de Itabuna era composta por 13 vereadores, 12 da Arena (Aliança Renovadora Nacional), atual DEM, e um do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), hoje PMDB. Mas havia uma divisão, Arena-1, liderada pelo prefeito populista José de Almeida Alcântara, empossado em janeiro daquele ano, e a Arena-2, comandada pelo integralista José Soares Pinheiro.

O famoso advogado Raimundo Lima (19/12/1908 – 20/11/1987), ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) era o representante do MDB. Portanto, na disputa pela presidência do legislativo, teoricamente, não teria chance de vitória.

Mas os dois grupos não chegaram a um consenso e a Arena-1 decidiu apoiar Raimundo Lima, que se elegeu com sete votos contra seis. O inusitado não para aí. Em sete de abril de 1968, Alcântara morreu, vítima de infarto. Naquele período não havia a figura do vice. A lei determinava que o substituto do prefeito fosse o presidente da Câmara e Raimundo Lima recebeu “de bandeja” a chefia do executivo itabunense.

Em setembro daquele mesmo ano foi realizada nova eleição. Raimundo Lima apoiou seu correligionário Gutemberg Amazonas, que perdeu para Fernando Cordier.

Outro detalhe com relação à Câmara: a revista O Cruzeiro, de circulação nacional, destacou que o vereador mais jovem do Brasil estava no legislativo itabunense. Era o jornalista integrante da Arena-1, Eduardo da Anunciação, eleito aos 21 anos de idade.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Os mendigos já foram objetivos. Utilizavam a curta frase “uma esmola pelo amor de Deus” e, quando atendidos, agradeciam repassando o pagamento da conta: “Deus lhe pague”. Os mais estressados reagiam praguejando quando o benefício lhe era negado: “tomara que um dia você não tenha mesmo!”.

Atualmente, os discursos são longos, porém criativos. Nos ônibus, o pedido vem em forma de histórias comoventes. O adolescente Ricardo faz versos: “ não é mole não, dormir toda noite numa cama de papelão”. Encerra pedindo dez centavos ou até um centavinho.

Nos coletivos de Itabuna, uma senhora conta a sua tragédia familiar afirmando que a filha, uma criança, necessita de alimentação especial. Ela não tem marido e a mãe está acamada, vítima de derrame. Quando fala que às vezes é maltratada ao pedir, quase sempre lacrimeja.

Já um homem sai todos os dias exibindo uma sacola cheia de pães, dizendo que só falta o dinheiro do leite. Outro me aborda com uma receita médica e conta que a avó precisa do remédio naquele mesmo dia,com um detalhe: ela mora numa fazenda em outro município, portanto o dinheiro é para comprar o remédio e pagar a passagem. Um mês depois o reencontro com a receita suja e amassada, narrando a mesma história.

Tem ainda um que abre a camisa e mostra um pano branco atado à barriga. Ele diz que se submeteu a uma cirurgia e está impossibilitado de trabalhar. Já me contaram que embaixo do pano ele coloca fígado bovino. Isto eu não sei. Mas de uma coisa tenho certeza: este ferimento da pós-cirurgia não cicatriza há mais de três anos.

Você dá?
A maioria dos grupos de esquerda é contra a esmola. O argumento é que acomoda quem recebe, consequentemente atrapalha o processo revolucionário.Mas há quem veja na “ajudinha” apenas um ato de generosidade favorável a quem almeja um cantinho no céu. Há também os que gostam de demonstrar a bondade publicamente.
Luiz Gonzaga aborda o tema em “Vozes da Seca” composta no ano de 1953, em parceria com Zé Dantas: “ Seu doutô os nordestino têm muita gratidão/Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão/Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

Noutros versos eles reivindicam emprego, obras e alimentos a preços acessíveis:
“Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage/Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage/Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage/Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage”.

Já Chico Buarque segue outra linha na irônica Vai Trabalhar Vagabundo, composta para o filme brasileiro homônimo:
“Vai trabalhar, vagabundo/Vai trabalhar,criatura/Deus permite a todo mundo/Uma loucura”.

Marival Guedes é jornalista.

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Gilson se dirigiu ao comandante da PM e pediu maior proteção para o auxiliar. Ele respondeu: “tudo bem, mas Ubaitaba tem que ganhar”. A proposta foi recusada.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

A maioria das grandes disputas no futebol é decidida pelos pés dos jogadores ou pelas cabeças dos cartolas? O negócio envolve bilhões de dólares, por isso acredito na segunda opção. São várias as denúncias sobre as trapaças, algumas ficam apenas na especulação. Outras, comprovadas.

É o caso da Coreia do Sul, beneficiada escancaradamente pelas arbitragens em 2002; a água com tranquilizante que os argentinos deram ao lateral Branco em 90; e o gol com a mão do deus Maradona contra a Inglaterra, jogada que levou os argentinos para a final contra a Alemanha quando conquistou a Copa de 86.

Um dos maiores escândalos aconteceu em 1978, quando o Peru “abriu a guarda” e os argentinos enfiaram 6×0 desclassificando a invicta seleção brasileira pelo saldo de gols. A Argentina seguiu e conquistou sua primeira copa.

Mas o Brasil também já se beneficiou. Na copa de 62 no Chile, na semifinal contra os “donos da casa”, Garrincha se envolveu numa confusão e foi expulso. O Brasil venceu o jogo e um julgamento no dia seguinte decidiria se o craque jogaria na final. O Brasil já estava sem Pelé, que havia se machucado.

Na hora do julgamento o bandeira uruguaio Esteban Marino, responsável pela expulsão do jogador, desapareceu. Sem a testemunha, Garrincha foi absolvido e participou da final contra a Tchecoslováquia quando o Brasil venceu por 3×1.

A transação foi intermediada pelo árbitro brasileiro João Etzel que prometeu 15 mil dólares para o auxiliar não comparecer. Esteban confirma a história, mas diz que chegaram às suas mãos apenas cinco mil dólares.

Aqui no sul da Bahia, no Intermunicipal de 90, o árbitro da Federação Baiana de Futebol (FBF) e radialista Gilson Alves apitava Ubaitaba x Ipiaú. No momento em que o bandeira marcou um impedimento da seleção anfitriã, um grupo de torcedores começou a atirar paus, pedras e, quando acabaram estas armas, jogaram até os sapatos.

Gilson se dirigiu ao comandante da PM e pediu maior proteção para o auxiliar. Ele respondeu: “tudo bem, mas Ubaitaba tem que ganhar”. A proposta foi recusada. No entanto não houve maiores problemas porque  Ubaitaba venceu por 1×0. Honestamente, enfatiza o árbitro.

Outro fato mais escandaloso beirou o surrealismo. Gilson apitava Itaberaba x Irecê. A seleção de Itaberaba, que perdia por 1×0, chutou, o goleiro defendeu a dois palmos da linha das traves e o árbitro, que estava junto do lance, ordenou o tiro de meta.

O jogo prosseguiu normalmente, porém os torcedores começam a gritar:  “seu juiz, olha o bandeira”. Parece piada, nunca antes na história do futebol deste país ouvi falar de tal absurdo. Quando Gilson Alves se aproximou, o auxiliar com a bandeira levantada, na maior cara de pau falou: “bote a bola no centro que foi gol”. O árbitro não acreditou no que ouvia. O bandeira reafirmou com muita convicção: foi gol que eu vi.

Junto do alambrado, atrás do bandeira ladrão, vários torcedores ameaçavam o juiz com paus e pedras. Transtornado, Gilson marcou e colocou a bola no centro do gramado. Porém, chamou o capitão do Irecê e explicou que na súmula anularia o gol. Irecê venceu por 3×1.

Encerro com uma frase de Maradona em 2002 sobre o, então, presidente da FIFA: “O site de Joao Havelange se chamará ladrão.com”.

Marival Guedes é jornalista e escreve às sextas no PIMENTA.

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Quando os dirigentes do Itabuna chegaram, um funcionário da FBF perguntou se ganharia uma cervejinha caso beneficiasse a equipe na hora do sorteio.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

No futebol são várias as denúncias envolvendo trapaças, algumas sofisticadas, outras mais simples. Na Copa de 90, na Itália, a atriz Sophia Loren pegou uma bolinha que colocou os Estados Unidos no grupo da seleção dos “donos da casa”.

Maradona, que nunca teve “freio na língua”, disparou que houve fraude para que os italianos não enfrentassem a seleção favorita, a Argentina, claro. Segundo Diego, a atriz teve os anéis magnetizados e pegou uma bolinha, no globo, também magnetizada. Na final, se enfrentaram Argentina e Alemanha. A seleção europeia venceu por 1×0 na cobrança de um pênalti que para a maioria não houve.

Da Europa para a Bahia- No início da década 60 as seleções de Itabuna e Ilhéus iriam novamente se enfrentar no Campeonato Intermunicipal em dois jogos. As equipes queriam jogar primeiro no campo adversário para, a depender do resultado, ganhar de qualquer jeito “dentro de casa”. Era o maior clássico do interior Baiano.

A decisão foi tomada num sorteio na sede da Federação Baiana de Futebol (FBF), em Salvador. Quando os dirigentes do Itabuna chegaram, um funcionário da FBF perguntou se ganharia uma cervejinha caso beneficiasse a equipe na hora do sorteio. E adiantou que o esquema seria infalível. Pragmáticos, os dirigentes do Itabuna imediatamente aceitaram a proposta.

No momento do sorteio, o presidente da federação, em tom solene, pediu para o funcionário mais velho (e mais atrapalhado, aquele da proposta) pegar uma taça conquistada por um time. No recipiente, foram colocadas duas bolinhas de bingo, uma número 1 e outra, o 2. O servidor meteu a mão na taça e tirou uma bolinha. Não teve erro, ganhou o Itabuna.

Depois do trabalho, o pagamento. Os dirigentes levaram o colaborador pra  jantar em um restaurante no Largo Dois de Julho. Na comemoração um curioso  integrante da equipe itabunense não se conteve e perguntou como funciona o esquema.

O atencioso servidor explicou que é muito simples, antes do sorteio coloca-se uma bolinha no congelador. E se dispôs a continuar prestando seus “nobres serviços”

Quanto aos resultados dos jogos, no primeiro Ilhéus venceu o Itabuna por 3×0. Mas quando chegou em Itabuna foi derrotado por 4×0. Não sei se houve atrapalhadas também nestes dois jogos.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
Você já foi barrado alguma vez ? Qual foi sua reação?Algumas pessoas aceitam, ou resolvem o problema com tranquilidade, outras nem tanto.
O jornalista Ramiro Aquino, há alguns dias, foi barrado num evento. Educadamente explicou à pessoa da portaria que era o responsável pelo cerimonial, mas advertiu: “se eu for pra casa, não volto.” Recebeu autorização.
Luiz Melodia foi barrado num caruru organizado por ele. Já o músico Luiz Caldas foi proibido entrar num avião em Ilhéus por que estava descalço, hábito que não sei ainda se preserva. Outra companhia aérea o convidou para o embarque.
Na TV Cabrália, um episódio inesquecível envolveu o então prefeito Fernando Gomes, que tentou entrar sem cumprir as regras da emissora. O porteiro, Diógenes, argumentou, fazendo um comparativo: “Waldir Pires que é Waldir Pires entregou um documento e recebeu o crachá, porque o senhor não pode fazer a mesma coisa?
A frase soou como uma bofetada na cara do prefeito, que reagiu aos berros e xingamentos: “porra de Waldi Pire, carai de Waldir Pire!”. Saiu resmungando, entrou no carro e foi embora. Dia seguinte, adulado pelo departamento comercial da TV, aceitou retornar impondo a condição de não encontrar aquele “porteirinho ousado”.
Minutos antes da chegada do prefeito, Diógenes foi afastado da portaria e, quando FG foi embora, reassumiu o posto parabenizado com entusiasmo pelos colegas de trabalho.
Barrados no ministério – Neste mês a pretensa participação de muitos políticos no ministério do governo Dilma foi barrada. Recebi mensagem informando que o deputado Geraldo Simões estava cotado para ser o ministro do Desenvolvimento Agrário. Em anexo, uma reportagem citava o nome dele e de outros políticos que poderiam assumir o MDA.
No último dia 22, a presidente eleita confirmou o nome do ex-titular da Sedur (Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia), deputado eleito Afonso Florence , para o cargo. Afonso, ligado ao senador eleito Walter Pinheiro, “é um político sério”. Esta é a avaliação dos mais variados grupos, adjetivo raramente empregado nesta área. O nome dele não constava na reportagem.
O fato me fez lembrar uma história sobre a eleição de Tancredo Neves. Alguns jornais afirmavam que determinado político assumiria um ministério. Obviamente que as notas foram plantadas pelo interessado que, depois da “armação”, procurou o presidente e explicou o delicado problema, já que era comentário geral sua ascensão ao cargo. A velha raposa mineira Tancredo apontou a saída honrosa: “diga que eu lhe convidei e você não aceitou”.
Marival Guedes é jornalista.