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luizconceiçãoLuiz Conceição | jornalistaluizconceicao2@gmail.com

 

O impresso/eletrônico sempre terá lugar em nossas vidas, já que intrinsecamente ainda vinculado à cultura e sociedade a que estamos integrados. Mesmo porque, a apuração dos fatos cotidianos e sua publicização sempre vai exigir a atenção de repórteres fiéis e editores criteriosos.

A vida transcorre em ciclos, segundo avalizam filósofos. Cada ciclo que se sucede é carregado de experiências positivas e negativas, conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio. Certamente, com o advento da Internet as pessoas passaram a compreender o exaurimento cíclico de suas vidas e, talvez, se perguntem o que é o futuro e não como será, diante da velocidade como o novo chega.

As redes sociais são ferramentas tecnológicas, eletrônicas e modernas (!?) de comunicação social. É o futuro que chegou, antes de o presente sedimentar-se e muito mais rápido da compreensão do passado que se foi. Embora mais antigos, os blogs e portais também se incluem nesta realidade desafiadora.

Mesmo com tais novidades, a mídia impressa continuará tendo seu lugar destacado se se aproveitar da tecnologia e adaptar-se com boas pautas e relatos, como se viu à chegada do rádio e da televisão em meados do século XX. Foi, talvez, a primeira via-crúcis da mídia impressa, que acabou superada com inteligência, já que tais veículos acabaram se integrando.

É nesse contexto que merece saudação a iniciativa do grupo de empresários que assume a direção do jornal Agora, primeiro veículo offset colorido do sul da Bahia, editado há 35 anos.

Sua história, a partir de seus fundadores Ramiro Aquino e do lembrado José Adervan de Oliveira, contém os desafios do novo e a certeza do bem-feito e verdadeiro, tal sua posição de vanguarda na defesa dos interesses da sociedade grapiúna, apesar da desmemória de que todos somos autores e vítimas.

O impresso/eletrônico sempre terá lugar em nossas vidas, já que intrinsecamente ainda vinculado à cultura e sociedade a que estamos integrados. Mesmo porque, a apuração dos fatos cotidianos e sua publicização sempre vai exigir a atenção de repórteres fiéis e editores criteriosos.

O uso indiscriminado das tais redes sociais geram notícias falsas (fake new), intrigas e mentiras que são propagadas quase impunemente, a partir das consequências da sordidez humana que uma tela em branco permite. Causam terrível dano à sociedade e aos processos comunicacionais necessários à vida moderna.

Somente jornalistas sabem que a verdade será sempre um bem tutelado ao interesse e à informação públicos. Vida longa ao Agora!

Luiz Conceição é jornalista com atuação na Rádio Clube de Itabuna (Rádio Nacional), jornais Tribuna do Cacau, Diário de Itabuna, A Tarde e A Região e assessorias de comunicação e imprensa.

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Pelo título, até parece a Operação Carne Fraca. Porém, não. É a Citrus, de Ilhéus, deflagrada em março deste ano e responsável por desmantelar esquema que movimentou, ilegalmente, mais de R$ 25 milhões no município sul-baiano, de 2009 a 2016, segundo o Ministério Público Estadual da Bahia (MP-BA).

As investigações da promotoria ilheense e da Polícia Civil detectaram que empresas forneciam carne vencida há mais de dois anos para a merenda escolar na rede municipal de Ilhéus. Quem fez a revelação foi o promotor público Frank Ferrari em entrevista que vai ao ar no próximo domingo (14), Dia das Mães,  no Fantástico, da Rede Globo. É o quadro Cadê o dinheiro que tava aqui?.

No último dia 13 de abril, o PIMENTA antecipou que Eduardo Faustini, o “repórter secreto”, preparava reportagem especial sobre o esquema de corrupção que levou para trás das grades o vereador Jamil Ocké, ex-secretário de Desenvolvimento Social de Ilhéus, além do empresário Enoch Andrade e o também ex-secretário Kácio Brandão, que comandou a secretaria quando Jamil retornou à Câmara. Outras três pessoas presas já estão livres.

Kácio, Jamil e Enoch continuam no Presídio Ariston Cardoso, em Ilhéus. O trio foi preso na Operação Citrus no dia 21 de março. Segundo o MP, o esquema movimentou o dinheiro com licitações fraudulentas, compras superfaturadas e, sabe-se agora, entregando mercadorias vencidas há dois anos.

A matéria do Fantástico, além de mostrar todo o esquema de corrupção, também revela as condições de escolas municipais de Ilhéus. Estruturas de madeira e em ruína e móveis velhos, com a rede oferecendo péssimas condições de aprendizagem para os alunos.

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ricardo bikeRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
 

A história costuma se repetir, permitindo até a previsão de certas ofensivas. Na década de 50, com a UDN e o império de comunicação de Assis Chateaubriand; agora, com os tucanos, a Veja e a Rede Globo, com suas denúncias enlatadas que tentam subverter até o ordenamento jurídico.

 
A eleição acabou, mas muita gente ainda não desceu do palanque. Divulgado o resultado, compete aos brasileiros – todos – torcer para que o governo acerte o passo e cumpra seus compromissos. “Urubuzar”, como apraz a uma parcela de jacus baleados, é a verdadeira burrice que gente raivosa enxerga na opção alheia.
Nem gostaria de fazer mais comentários sobre essa campanha eleitoral (na verdade, agora deu uma preguiça danada de ficar chovendo no molhado). Mas o festival de bobagens que inunda as redes merece ao menos alguma observação.
Aos que desconhecem a história, recomenda-se a leitura do último dos três volumes da biografia do ex-presidente Getúlio Vargas, um belíssimo trabalho de apuração do escritor Lira Neto. A mesma campanha na mídia, a mesma direita raivosa, até a mesma Petrobras mergulhada em um tal “mar de lama”, produzindo um clima de ódio na sociedade que levou ao desfecho que todos (suponho) conhecem.
A história costuma se repetir, permitindo até a previsão de certas ofensivas. Na década de 50, com a UDN e o império de comunicação de Assis Chateaubriand; agora, com os tucanos, a Veja e a Rede Globo, com suas denúncias enlatadas que tentam subverter até o ordenamento jurídico. Na Código de Processo do PIG, uma delação premiada vale por uma condenação consumada.
Com esse fermento, adicionado à inconformidade de certos setores com a ascensão de quem antes vivia excluído, a direitona agora constrói um cenário de terceiro turno.
Hoje, um professor de ginástica comentava o tema sob o enfoque que lhe toca. Tempos atrás, havia apenas dondocas e playboys nas academias. “O pobre só tinha dinheiro para o básico”… Pobre nas academias, faculdades públicas e privadas, com conta bancária, frequentando restaurante, de carro novo e viajando de avião… Tudo isso dá urticária em muita gente metida a besta, que hoje extravasa sua bronca em fétidas postagens nas redes sociais.
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Da Carta Capital
A internet é a segunda fonte de informação quando os brasileiros querem saber sobre política, atrás somente da televisão. De acordo com a pesquisa Vox Populi / CartaCapital, 55% buscam noticiários televisivos para se informar sobre os acontecimentos políticos, enquanto 12% procuram em sites especializados na internet notícias e análises sobre os desdobramentos na política.
A utilização de jornais impressos e revistas aparece em terceiro na lista, sendo esta a primeira opção para apenas 7% dos entrevistados. Para 5%, a principal fonte de informação sobre o tema são blogs e redes sociais, enquanto 4% buscam se informar por meio do rádio e 3% com ajuda de amigos, vizinhos ou colegas de trabalho.
De todos os entrevistados para a consulta realizada entre 13 e 15 de fevereiro, 42% disseram não acessar nunca a internet, enquanto 32% disseram acessar todo dia ou quase todo dia. Outros 17% contaram acessar a internet apenas de vez em quando, enquanto 9% disseram acessar raramente.
O instituto ouviu 2.201 eleitores em 161 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.

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JAIRO 3X4 COLORJairo Araújo

Experiências que estão sendo adotadas por José Mujica e Fernando Haddad representam  uma mudança substancial na forma  de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da  violência.

A percepção que parte da sociedade tem em relação à violência é contraditória. É de conhecimento da maioria das pessoas que as razões da violência, em parte, estão relacionadas ao tráfico e o consumo de drogas, além dos problemas sociais ainda presentes nos quatro cantos do país.  Mas os meios que são comumente utilizados no combate à violência tem se constituído num retumbante fracasso.
As práticas para o enfrentamento da violência tem sido as mesmas de sempre: a polícia mata e prende, tanto drogas quanto os traficantes, como forma de diminuir a circulação dos entorpecentes. Por outro lado, os bandidos se matam na tentativa de controlar os territórios do tráfico, a produção e a comercialização das drogas.
Ainda temos a violência advinda dos assassinatos em virtude de dívidas com os donos do pedaço. A organização do tráfico é impiedosa: deve e não paga, o caminho é a morte! Neste círculo vicioso, os índices de assassinatos só aumentam.  É necessário rever os métodos utilizados para combater o tráfico.
Neste sentido, experiências que estão sendo adotadas por José Mujica, presidente do Uruguai, que legalizou o  uso da maconha, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo,  com o projeto Braços Abertos, que visa oferecer oportunidades aos dependentes e usuários de crack,  representam  uma mudança substancial na forma  de combate às drogas e, por consequência, aos efeitos da  violência.
No caso do Uruguai, o Estado passa a assumir e controlar todo o ciclo de produção e comercialização da cannabis, permitindo ao usuário comprar em pontos definidos a quantia estabelecida para seu consumo. Em São Paulo, para os dependentes de crack estão sendo oferecidas moradias em hotéis da região conhecida como Cracolândia, trabalho remunerado na varrição das ruas e três refeições diárias, além de cursos profissionalizantes.
Estas ações podem não resolver o problema da violência de forma definitiva, mas são alternativas que deveriam ser observadas pelas diversas esferas de governo.
Quanto à contradição da sociedade que mencionei no início deste texto, me assusta ver pessoas comemorarem quando um bandido é assassinado ou em expressões como “bandido bom,  é bandido morto”. Enquanto existirem seres humanos morrendo em virtude da escalada da violência, a sociedade continuará sendo vítima da mesma forma.  Portanto, o ideal será quando não existir bandido morrendo, pois teremos uma sociedade de paz.
Jairo Araújo é vereador de Itabuna pelo PCdoB.

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Política com Vatapá | A Tarde
Muitos são os casos hilários entre os homens da mídia. O cronista Sérgio Porto, que se notabilizou por colecionar incontinências verbais de todo o Brasil – compiladas, após certo tempo, no Febeapá, Festival de Besteiras que Assola o País – , mantinha coluna diária, assinada com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, no jornal carioca Última Hora, onde expunha a bobageira nacional.
As três que seguem foram publicadas em 1965.
1 – Manchete do Diário de Itabuna reclamando contra os desastres de automóvel em Itabuna (BA): “Atenção, Srs. motoristas: menos desastres, sim?”.
2- Frase de locutor de uma rádio de Goiânia (GO) não identificado: “Os festejos do aniversário de Goiânia transcorreram com toda aquela tensão que paira sobre este acontecimento inédito que ocorre todos os anos”.
3 – O jornal Tribuna do Norte, de Natal, noticiou caso envolvendo um sujeito que foi preso em “amassos” com três domésticas, numa rua próximo a um quartel militar, às 3h da madrugada. Em determinado trecho, o redator escreveu:
“Quando a radiopatrulha chegou, os quatro já estavam em adiantado estado de obscenidade”.

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Robinson Almeid: premiado.

O secretário de Comunicação do governo baiano, Robinson Almeida, participou do II Congresso Nacional de Direito, realizado desde ontem na Faculdade de Ilhéus, fazendo uma defesa da democratização da mídia. Para ele, a popularização das redes sociais, sites e blogs dá a cada sujeito a possibilidade de ser não apenas o destinatário final da informação, mas também um gerador e propagador de conteúdo.

Almeida também afirmou a necessidade de regulação do setor, pois, segundo ele, “o debate sobre a democratização das comunicações passa por estabelecer limites que garantam uma concorrência saudável, em que os interesses comerciais não entrem em conflito com a informação voltada para a população”.

O secretário deixou claro seu ponto de vista contrário à concentração de grandes grupos de comunicação nas mãos de um número reduzido de grupos empresariais. “Hoje existe um monopólio em que o setor privado se utiliza de concessões públicas, como o rádio e a televisão, para determinar o que o brasileiro vê e ouve”, disse ele.

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DULCINEIA NA CANÇÃO, PILATOS NO CREDO

1Dom QuixoteOusarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

Em Escultura, composição gravada por Nelson Gonçalves, Adelino Moreira (1918-2009), que não se notabilizava pelos bons versos (apesar da aprovação popular) fala da mulher idealizada, “esculturada”, assim: “Dei-lhe a voz de Dulcineia/ a malícia de Frineia/ e a pureza de Maria”. Tiremos Maria desse rolo, para não pormos a mão em casa de maribondo, e fiquemos com Dulcineia e Frineia, especulando a respeito de quem sejam essas personagens. Dulcineia, com origem no D. Quixote de la Mancha (Miguel de Cervantes), está deslocada, tendo entrado na canção como Pilatos no credo, pois sua voz não era grande coisa.

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Voz que “se assemelha ao som um sino”

A única referência de que conheço sobre a voz de Dulcineia del Toboso (este é seu nome no livro) vem da pesquisadora Célia Navarro Flores, da Universidade Federal de Sergipe, colhida numa “fala” de Sancho Pança, o escudeiro de D. Quixote. Ele diz que a voz da moça “se assemelha ao som de um sino”. Talvez voz boa pra protestos de rua, em moda, mas nada muito acariciante para intimidade de lençóis e travesseiros. Parece apelação, o que, aliás, é frequente em Adelino Moreira, mau poeta, mas grande vendedor de discos. Porém, no que tange a Frineia e sua “malícia”, aí sim, ele acertou a mão.

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3FrineiaAdvogado pede “piedade para a beleza”

Frineia é descrita como prostituta de enorme beleza, a mais deslumbrante que a Grécia já vira. Diz Mariano Tudela (Biografia da prostituição) que, em Atenas, ela levava vida discreta “quase como uma mulher honesta”. Mas nas festividades de Netuno mandava ver: tirava as roupas, para delírio do público, até a última peça. É a primeira stripper da história, creio. Condenada, teve a defendê-la “o mago da oratória”, Hiperides. Este, ao sentir a causa perdida, rasgou o manto de Frineia, deixando-a como veio ao mundo, e pediu aos julgadores que esquecessem seus argumentos e tivessem “piedade para com a beleza”. De queixo caído, eles a absolveram (na foto, Frineia no Areópago, quadro de Jean-Léon Gérôme, de1861).

UMA ENTREVISTA? MAS POR QUE LOGO EU?

Estudantes me procuram, pelo telefone, com a proposta de que eu lhes dê uma entrevista. “Por que logo eu?” – me ocorre perguntar. “O senhor não é o escritor?” – ouço como resposta, e a construção da frase me deixa ainda mais encabulado. Se não me julgo “escritor”, o que dizer se me chamam “o escritor”? Senti eu algum ventinho de sarcasmo a embalar a pergunta? Não sou escritor, sou, no máximo, mediano fazedor de crônicas, a anos-luz de distância dos mestres desse gênero essencialmente brasileiro (Rubem Braga, Fernando Sabino, Drummond, para não falar em precursores, como Machado de Assis e João do Rio). Voltemos aos alunos.
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5EscritorPessoas ocupadas com o próprio umbigo

A escola, em sua confusa maneira de agir, encaminha alunos a essa fauna de cronistas, ensaístas, poetas e romancistas (vagamente chamados de escritores), suspeitando que isto facilite o aprendizado. Não sabem que estranhos animais são esses, na maioria incapacitados para tratar com jovens, cheios de má vontade com tudo que não alimente sua vaidade. Mandar estudantes à cata de escritores é imaginar que estes se interessam por aqueles, o que é ilusório. Sem compromisso social, a maioria da fauna é incapaz de ceder seu precioso tempo de “criação” para responder a perguntas. Muito ocupados com o próprio ego, deveriam pregar à porta um cartaz: “Silêncio! Gênio trabalhando!”

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Machado de Assis admitiu amar elogios

Fernando Sabino popularizou a história do escritor que vivia à cata de “um elogiozinho, pelo amor de Deus…”. Na matriz dessa maldade (?) está Nelson Rodrigues, que assistira a um encontro de Clarice Lispector com Jorge de Lima, quando este se identificou como poeta, esperou o elogio… e o elogio não veio! Teria o vate alagoano ficado muito magoado com a autora de A hora da estrela. Se isto é verdade (Nelson Rodrigues era grande criador de situações), não tenho como provar. Mas tende a ser, pois é assim grande parte da fauna. Escritores quase nunca têm a franqueza de Machado de Assis, mestre, que reconheceu: “Amo elogios. Eles fazem bem à alma e ao corpo”.

PROTESTEMOS, MAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

7ReclameNossa mídia continua a fazer uma inquietante confusão entre reclame e reclamo, os substantivos, não os tempos verbais. A expressão campeã é “reclames da população”, mas é possível encontrar nos arquivos da internet abusos como “reclames dos trabalhadores”, “reclames do povo”, “reclames dos moradores” – e por aí vai o andor, pois o que mais se faz neste momento do Brasil brasileiro é protestar. Protestar? Pois é aí que a porca torce o rabo, como diz o outro, pois quem protesta em língua portuguesa (seja contra o tribunal lento, o vizinho chato, os maus políticos ou o alto preço do feijão) não usa reclame, mas reclamo.
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Bela interpretação, apesar dos erros

Em Três apitos (supõe-se que dedicada a Josefina, uma de suas namoradas), Noel Rosa usa bem o termo: “Quando o apito/ da fábrica de tecidos/ vem ferir os meus ouvidos/ eu me lembro de você…” – é o apito que chama os operários ao trabalho. Mais adiante, ele reitera: “Mas você é mesmo/ artigo que não se imita/ quando a fábrica apita/ faz reclame de você”. Orestes Barbosa usou tal palavra em Arranha-Céu: “Cansei de olhar os reclames e disse ao peito: ´não ames/ que teu amor não te quer´”. No vídeo, Três apitos, em bela leitura de Elizeth Cardoso e Jacob, apesar dos erros (a que, por descuido, acrescentei mais um, que cabe ao leitor descobrir). A canção está com 100 anos.

O.C.

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GONÇALVES DIAS E SEUS ÍNDIOS HEROICOS

1ÍndiosOusarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

Adianto à gentil leitora e ao atento leitor que venho de tempos em que falar bem de índio não me fazia candidato a Judas de Sábado de Aleluia. Por isso decorei vastos trechos de I-Juca Pirama, o longo poema de Gonçalves Dias (1823-1864), com aqueles indígenas heroicos, grandiosos, valentes, que tanto me emocionaram – e, acabo de ver, ainda me emocionam. Pois é que voltei àquela fonte da infância, de onde tirei estas expressões: “caiu prisioneiro nas mãos dos Timbiras”; “as almas dos vencidos Tapuias, ainda choram”; “vaguei pelas terras dos vis Aimorés”; “quero provar-te que um filho dos Tupis vive com honra” – creio ser suficiente.

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 Academia de vestido longo e salto alto

A universidade brasileira, ainda elitista, arrogante, de vestido longo e salto alto (ou de fraque e bengala), costuma valer-se de linguagem própria, altissonante e, muitas vezes, vazia e ociosa. É o jargão que a identifica e isola, pois, deliberadamente, não atinge os mortais comuns. É bem o caso desse “índios Tupinambá” que a academia emana em flagrante agressão à lógica da linguagem. Gonçalves Dias há de ser copidescado: “nas mãos dos Timbira”, “vencidos Tapuia”, “terras dos vis Aimoré”, “filho dos Tupi” – e por aí vai esse festival de esnobismo. E a mídia, com seu pendor para a repetição, copia e engole tais sandices sem mastigar.

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3BueraremaForma clássica, sem rasuras ou emendas

“Meninos, eu vi!”: agora mesmo, à luz do fogaréu em que Buerarema ardeu, grupos de estudiosos da questão indígena em Porto Seguro se pronunciaram, denunciando a reincidência de ações violentas na região. É ótimo que se manifestem, mas dispensável é esse festival de “apoio aos Tupinambá” e “conflitos entre índios Tupinambá e fazendeiros”. Penso que com “índios Tupinambá” se queira dizer “índios (da etnia) Tupinambá, obviamente uma complicação (elipse?) desnecessária. É como escolher a linha curva para ir de um ponto a outro. “Índios Tupinambás” é a forma clássica, nos bons autores, que dispensa qualquer tipo de rasura ou emenda.

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UM OFFICE BOY COM O DOM DA UBIQUIDADE

Leio (ah, a universalidade da internet!) que o office boy Eduardo Carlos de Santana Jr., na flor dos seus 27 anos, foi condenado a sete anos e meio de cadeia por participar de assalto a uma loja de material de construção no bairro Vale dos Reis, em Cariacica/ES. Descubro mais: o Eduardo em apreço está foragido, daí a intimação de sentença, publicada no Diário da Justiça, afirmar que o condenado “encontra-se em lugar incerto e não sabido”, por isso sendo intimado por via do Edital. A expressão “lugar incerto e não sabido” é jargão dos cartórios (juridiquês) que atenta contra a saúde da língua portuguesa.
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5ForagidoDesatenção com a gramática e a lógica

A prática, não raras vezes, consegue mudar a teoria (aliás, nada digo de novo, pois é no dia a dia do escrever e, mais ainda, do falar, que a língua se forma e se transforma). Neste caso, o princípio teórico, a lei, fala em citar pessoa em lugar incerto, não sabido ou indeterminado – atendendo à verdade de que o réu não é onipresente, não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Operadores que não leram a regra com atenção vulgarizaram o “incerto e não sabido”, em detrimento da gramática e da lógica: incerto é “indeterminado”; não sabido, “ignorado”. Diga-se, então, “incerto ou não sabido”, sem traumas à norma.

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LETRA DE MÚSICA PARA TESE DE MESTRADO

Dizer que Querelas do Brasil, de Aldir Blanc, é trocadilho com Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, é verdade, mas muito pouco. Trata-se de letra “grande” demais para ser analisada em coluna de amenidades, tema para ensaio, tese de mestrado, essas coisas da mais alta responsa: o termo, segundo o Priberam, tem significados principais de discussão, debate, contestação; em lugar da aquarela, a querela não é mais exaltação, é desconstrução do modelo ufanista, louvação de outros valores, para mim sendo o maior deles a língua brasileira inculta e bela. Aldir abusa da sonoridade, ressuscita palavras, colhe outras em matrizes índias e negras: “Jererê, sarará, cururu, olerê/ blablablá, bafafá, sururu, olará”.
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7Jobim-AçuDos sertões de Guimarães a Jobim-açu

É notável a “louvação” que o poeta faz de grandes nomes das artes brasileiras, muitas vezes fundindo palavras. Lá estão “sertões, Guimarães” (lembrança de Guimarães Rosa e seu ambiente romanesco), “Caandrades” (sobre os Andrade: Drummond, Mário e Oswald), “Marionaíma” (fusão de Mário de Andrade e Macunaíma), “Bachianas” (referência direta às Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos), “Tinhorão” (homenagem ao crítico musical José Ramos Tinhorão). Porém, o mais louvado de todos é Tom Jobim, com acréscimos que sugerem “grandeza”: “Jobim-açu” (açu é “grande”, em tupi), Jobim akarore (akarores são índios gigantes) e Ujobim (alguma coisa como Jobim pai).É o Brasil que o Brazil não conhece, de que fala o refrão.

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O Brasil que pode socorrer o Brasil

É curiosa a oposição Brasil/Brazil (com grafia e pronúncia distintas), como a confrontar “brasis” diversos: “o Brazil não conhece o Brasil/ o Brasil nunca foi ao Brazil”. Esta dicotomia vai confluir para uma espécie de sub-refrão em que desaparece o Brazil, e o Brasil ressurge a pedir socorro… ao Brasil. O autor parece querer dizer que as soluções dependem de nós mesmos. (Parte da “erudição” mostrada neste texto foi apreendida de um estudo publicado por Jussara DalleLucca, que explica o significado dos estranhos termos empregados por Aldir Blanc). E quase não tive espaço para dizer que Elis Regina, como sempre, está à altura desta forte mensagem política, de 1979, do autor de O bêbado e o equilibrista (1978).

 O.C.

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Da coluna Radar (Veja)
O espaço dado pelas emissoras às manifestações superou o da cobertura da Copa das Confederações. Uma pesquisa inédita feita pelo Controle da Concorrência, especializado na análise do mercado de TV, revela que os cinco principais canais abertos dedicaram, entre 17 e 26 de junho, 138 horas aos protestos. O futebol foi assunto por 92 horas. A Band foi a única emissora a dedicar mais tempo à Copa – 56 horas. Já a Record, que praticamente ignorou a competição, foi a campeã  de cobertura das manifestações (47 horas). Na líder Globo, os protestos triunfaram sobre o futebol: 33 horas contra 27 horas.

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acessointernetA mídia mais importante para 88% dos brasileiros é a internet, revelou um estudo com respostas múltiplas feito com mais de duas mil pessoas pela comScore, em parceria com o Interactive Advertising Bureau (IAB).
A televisão vem em segundo lugar, com 55% da preferência, seguida pelo jornal (44%) e pelo rádio (28%). As revistas ficaram por último, com 27%.
A pesquisa também constatou que, se tivessem 15 minutos de tempo livre no dia, sete em cada dez entrevistados escolheriam uma atividade online – como navegar por redes sociais, ler emails ou trocar mensagens instantâneas. Apenas 10% demonstraram interesse por assistir TV, e 3% por ouvir rádio.
Entre os usuários de internet mais assíduos, que costumam acessar a rede várias vezes ao dia, destacam-se as mulheres na faixa dos 25 aos 44 anos. Quando estão no ambiente online, elas preferem navegar em redes sociais e comunicar-se, enquanto os homens são mais propensos a navegar livremente por sites.
O local de trabalho é onde a internet é mais utilizada por 43% dos consultados, por intermédio de computadores ou notebooks. Em seguida vem as escolas, com 17% dos usuários, restaurantes ou cafés (11%), e locais de compras (8%).
PUBLICIDADE DIGITAL
O estudo revelou, ainda, que 74% dos usuários de internet fazem pesquisas pela web sobre os produtos que desejam comprar em lojas físicas. Entre este público, 66% concordam que os anúncios online os influenciam a procurar mais informações sobre as marcas anunciadas.Já entre a publicidade veiculada em todas as mídias, a disseminada pela internet é considerada a mais informativa para 50% do público, e a mais criativa para 49%.
Os anúncios mais memoráveis ainda são os da televisão, na opinião de 48% dos entrevistados. A internet vem em seguida (33%), na frente de jornais e revistas (10%) e do rádio (9%). Informações do Portal IG.

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O jornalista e comentarista político Bob Fernandes comentou, hoje, na TV Gazeta, a proposta petista de regulamentação do mercado da comunicação. Fernandes diz que regular, estabelecer regras no mercado da comunicação brasileiro é necessário e cita países exemplos que adotam dispositivos. “Regular a dinâmica da comunicação não é censurar”. Quanto à ameaça de censura com a regulação, o jornalista entende que não há espaço para censura no país.Confira comentário em vídeo.

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Os anúncios nos veículos de comunicação nacionais se tornam mais eficazes quando são usados em conjunto com peças publicitárias no site do mesmo veículo.
A conclusão é de um estudo sobre cruzamento de mídias da agência de propaganda Euro RSCG com 53 veículos e que teve duração de cinco meses. A agência fez 416 entrevistas sobre hábitos de consumo de mídia em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Segundo o vice-presidente de Mídia da agência, Luiz Padilha, uma campanha combinada entre on-line e off-line pode incrementar em até 60% a frequência -o número de vezes em que o público visualiza o anúncio- de um plano de mídia.
A pesquisa mostrou um aumento de 1.000% na audiência do endereço virtual de um programa de televisão aberta durante o momento de sua transmissão.
Nos jornais e rádios, a oscilação é menor, porém de maior duração. Os picos são registrados durante a semana: os acessos sobem até 229% nos jornais e até 210% nas rádios.
O salto na audiência para as revistas é registrado na segunda-feira, quando os acessos avançam até 150%.
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Leonardo Boff | do site Vermelho
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
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Marco Wense

Nem mesmo Leonel Brizola, então candidato ao Palácio do Planalto, sofreu tanta discriminação por parte dos “jornalões”.

A livre manifestação do pensamento é imprescindível para o Estado de Direito. É condição sem a qual não existe democracia e, como consequência, o exercício pleno da cidadania.
Essa prerrogativa constitucional não poder servir de escudo para proteger os que violam a imagem, a vida privada e, principalmente, a honra das pessoas. Não é à toa que a Carta Magna assegura o direito de resposta e a indenização por dano moral.
Setores do PT estão chiando em relação aos chamados “jornalões”, que, segundo os petistas, maculam a imagem de Dilma Rousseff, candidata da legenda à Presidência da República. O alvo principal é a Folha de São Paulo.
Salta aos olhos – e não precisa ter olhos de coruja – que a Folha tem uma escancarada preferência pelo candidato do PSDB, o tucano José Serra, ex-governador do Estado de São Paulo.
Nem mesmo Leonel Brizola, então candidato ao Palácio do Planalto, sofreu tanta discriminação por parte dos “jornalões”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi vítima da parcialidade e do preconceito.
O tucano José Serra anda prometendo um salário mínimo de R$ 600,00 e reajuste de 10% para aposentados e pensionistas, sem falar no pagamento do décimo terceiro para os beneficiários do Programa Bolsa Família e dois professores para cada sala de aula.
Um estudo técnico do Ministério do Planejamento aponta que cada real acrescentado ao salário mínimo corresponde a um impacto de R$ 290 milhões nas contas públicas. O mínimo de Serra custaria R$ 17,7 bilhões a mais por ano.
Já que a possibilidade de um segundo turno é remota, o desespero do tucanato aponta para um único caminho: prometer tudo. A sabedoria popular costuma dizer que fulano está prometendo “Deus e o mundo”.
Em decorrência dessas mirabolantes e irresponsáveis promessas, o presidenciável do PSDB está sendo chamado, até mesmo por colegas economistas, de “tucano neopopulista”.
Se as promessas fossem da candidata do PT, a Folha e o Estadão, em editorial, estariam dizendo que a Previdência Social não suportaria esses aumentos, já que o déficit já ultrapassa R$ 5,4 bilhões.
O anti-Dilma da Folha e do Estadão, cada vez mais explícito, arranha a tão propagada credibilidade desses dois grandes jornais, que para o pessoal do PT são “jornalões”.
CEI

(Foto Duda Lessa)

O vereador Claudevane Leite, o Vane do Renascer, relator da Comissão Especial de Inquérito que apura irregularidades no Legislativo de Itabuna, tem a grande oportunidade de mostrar que é uma das poucas exceções da Casa, já que a regra, infelizmente, é o nivelamento por baixo.
Para isso, é preciso, com a coragem que o caso requer e em respeito ao seu cativo eleitorado, elaborar um relatório conclusivo, sem subterfúgios, dando nomes aos “bois”, apontando os vereadores envolvidos com o lamaçal que toma conta da “Casa do Povo”.
Se assim proceder, o vereador pode até se tornar um prefeiturável do PT, sendo mais uma opção aos nomes de Juçara Feitosa, Miralva Moitinho e do próprio Geraldo Simões.
Nas bolsas de apostas, a opinião de que a CEI vai virar uma gigantesca pizza, recheada com marmelada, é de 10 para 1. Ou seja, somente uma pessoa acredita que algum vereador seja punido.
DEBATE
No debate da TV Itapoan/Rede Record, o candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima, presenteou o governador Jaques Wagner (reeleição-PT) com uma declaração de Paulo Souto.
Questionado pelo peemedebista sobre o aumento da violência no seu governo – o então pefelista governou a Bahia por oito anos -, o agora democrata (DEM) disse que não podia resolver tudo “em dois mandatos”.
Pois é. Quer dizer que o governador Jaques Wagner tem que solucionar todos os problemas de segurança pública em apenas quatro anos? Tenha santa paciência, diria o jornalista Luiz Conceição.
Com a reeleição, Wagner governaria a Bahia por oito anos, que é a metade dos 16 anos, o tempo que o carlismo mandou – ininterrupamente – na Bahia. O tempo do manda quem pode, obedece quem tem juízo (ou medo).
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.