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Hoje, o melhor presente que a sociedade pode oferecer a nós, mulheres, é reconhecer nossos corpos e vidas como territórios políticos, fazer ecoar nossas vozes e se unir às nossas lutas.

Aline Setenta

Ao contrário do que foi difundido durante muito tempo, o Dia Internacional da Mulher comemorado hoje (8) não tem vinculação apenas com um incêndio numa fábrica norte-americana. A data teve alguns eventos relacionados à sua origem até ser oficialmente reconhecida pela comunidade internacional. Sua origem mais remota está relacionada a uma manifestação de trabalhadoras ocorrida em 1910 na cidade de São Petersburgo, na Rússia, por melhores condições de vida.

De acordo com a socióloga Eva Alterman Blay, a proposta para marcar um dia de mobilização nasceu no âmbito do Partido Comunista da Alemanha, com as operárias comunistas sufragistas, como consolidação das lutas que se iniciaram na virada do século 19 para o século 20, na Europa e nos Estados Unidos. A ideia de um dia de mobilização foi proposta inicialmente por Clara Zetkin, no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910, em Copenhague, capital da Dinamarca. Nesse momento ainda não havia a definição de uma data específica.

Em 25 de março de 1911, um incêndio na fábrica da Companhia de Blusas Triângulo, em Nova York, vitimou 125 mulheres e 21 homens que estavam submetidos a condições degradantes de trabalho. Apesar desse evento específico ter sido identificado como a origem do Dia da Mulher, não foi o único, segundo a pesquisadora.

Outro evento histórico, considerado por Blay como mais importante, foi a greve organizada por trabalhadoras russas do setor de tecelagem, no dia 8 de março de 1917, quando cerca de 90 mil operárias protestavam contra as más condições de trabalho, a fome e a participação do país na Primeira Guerra Mundial.

Mulheres reivindicam pão e paz na São Petersburgo revolucionária de 1917 || Foto Domínio Público

Oficialmente, o 8M somente surgiu em 1975, quando a ONU estabeleceu o Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais. Apenas em 2010 foi criada a ONU Mulheres e sua agenda se destacou no âmbito institucional, do Direito Internacional e dos Direitos Humanos.

Nos seus 48 anos de existência, o “Dia da Mulher” vem sentindo os efeitos do avanço dos movimentos feministas ao redor do mundo. Assim como algumas pautas feministas, o 8M ganhou espaço no mainstream e foi apropriado pela mídia hegemônica, provocando um esvaziamento de seu sentido original. Certamente, a popularização da data não tem apenas efeitos negativos, entretanto, a recuperação de seu sentido é fundamental para o avanço da garantia dos direitos das mulheres – e há muito por onde avançar.

O 8M não tem em sua gênese a celebração, não é uma data comemorativa, é um dia de mobilização e reinvindicação política das mulheres por igualdade de direitos. Certamente, as pautas das feministas europeias da primeira onda ganharam espaço na agenda internacional ao longo do tempo, houve avanços na positivação dos direitos, entretanto, há muitas lutas a serem reconhecidas. Será que dá pra comemorar “ser mulher” num mundo e num país tão injusto para elas? Será que é coerente parabenizar as mulheres brasileiras num dos países mais violentos do mundo para as mulheres e meninas?

Por certo, as mulheres que nos antecederam nas lutas que deram origem ao 8M não representam mais a diversidade das mulheres do mundo nem o cruzamento das opressões e dos esquemas de exclusão que interferem nas estratégias de luta e na garantia de direitos, especificamente no caso do Brasil.

Se há algo a ser celebrado, é a ampliação e os desdobramentos dessas lutas e o protagonismo das mulheres historicamente excluídas dos espaços políticos, como é o caso das mulheres negras e indígenas brasileiras. Audre Lorde, feminista negra, nos alerta: “não serei livre enquanto outra mulher for prisioneira, ainda que as correntes dela sejam diferentes das minhas”.

Ser uma mulher no Brasil, olhando para os últimos dados da violência doméstica, para a realidade socioeconômica das mulheres negras e periféricas, para a divisão sexual do trabalho, para a LGBTQIA+ fobia, para o abuso sexual infantil, a cultura do estupro, a misoginia em avanço nas redes sociais, nos convoca ao retorno ao sentido político desse dia.

8M é dia de reconhecer a importância política dos movimentos feministas, ouvir as vozes das mulheres historicamente silenciadas, consolidar, legitimar e garantir o lugar das mulheres na política e combater todas as formas de preconceito e discriminação em razão de gênero, classe, raça e diversidade sexual.

À todas as mulheres e meninas na linha de frente, nas trincheiras das lutas políticas, em todos os cantos desse país, assim como àquelas que deram origem a esse dia, que resistem duplamente às opressões e aos desafios da construção e permanência nos espaços políticos, que têm seus corpos violentados e violados por serem mulheres, minha homenagem, meu reconhecimento e minha solidariedade.

Hoje, o melhor presente que a sociedade pode oferecer a nós, mulheres, é reconhecer nossos corpos e vidas como territórios políticos, fazer ecoar nossas vozes e se unir às nossas lutas.

Aline Setenta é professora de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

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BISPOOs movimentos sociais no sul da Bahia perderam uma de suas mais ilustres figuras. José Bispo dos Santos, conhecido como Bispo do MNU (Movimento Negro Unificado), de 44 anos, faleceu na última terça (27), em Itabuna, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).

Militante do Partido dos Trabalhadores e chaveiro por profissão, Bispo foi presidente da Associação de Chaveiros de Itabuna e participou de debates importantes para o movimento negro, a exemplo das discussões sobre a implantação de cotas na Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz).

Coordenava um cursinho popular pré-ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) do MNU, que funcionava no Centro de Cultura Adonias Filho. “O movimento negro está de luto pela perda do companheiro Bispo, que dedicou grande parte da sua vida à luta contra o racismo. Ele é um exemplo de coragem e deixa um legado que nos inspira a continuar a luta por uma sociedade igualitária”, afirmou a professora Ivone Miranda, membro do MNU.

José Bispo foi sepultado na tarde desta quarta-feira, no cemitério do Campo Santo. Militantes do PT, do MNU e alunos do cursinho compareceram ao enterro.

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Frente Brasil Popular2Partidos progressistas, centrais sindicais e diversos movimentos sociais da cidade e do campo lançarão, na próxima sexta (23), a Frente Brasil Popular na Região Sul do estado da Bahia. O evento será realizado no plenário da Câmara de Vereadores de Itabuna, a partir das 17h.

Dirigente do PCdoB de Itabuna, Luís Sena diz que o movimento será integrado por partidos progressistas e movimentos de luta. O presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna, Jorge Barbosa, aponta a “defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e da Petrobras” como motivadores da Frente, que também é contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e é classificado pelo movimento como “golpe”.

Vice-presidente do PT de Itabuna, Raimundo Santana considera o movimento ímpar na luta para “unir partidos e movimentos sociais para defender as políticas sociais e uma nova política econômica”. Santana defende a “taxação das grandes fortunas, as heranças e os banqueiros”.

Conforme João Evangelista, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a ideia das lideranças dos partidos políticos e dos movimentos é que essa frente “trabalhe sintonizada, nacionalmente, em defesa das conquistas do povo brasileiro”.

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Centrais
Representantes das centrais sindicais CUT, CTB e Força, além da UJS e Juventude PT se reuniram para definir detalhes e avaliar os preparativos para o Dia Nacional de Luta (11 de Julho) em Itabuna. Gilson Costa, da CTB, avalia que há expectativa de grande participação dos movimentos sociais e da população. O ato está programado para as 14 horas desta quinta-feira, saindo do Jardim do Ó. Conlutas e Anel também aderiram ao Dia Nacional de Luta com Greve e Mobilizações.
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Representantes dos movimentos sociais tiveram encontro rápido com a presidente Dilma Rousseff na Base Aérea, em Salvador, quando recebeu pauta de reivindicações relacionadas à educação, saúde e mobilidade urbana. “O povo precisa ser ouvido”, respondeu ela, conforme reproduziram ativistas sociais em entrevista ao PIMENTA.

Cada um dos representantes entregou pauta. A União dos Estudantes da Bahia (UEB) cobrou 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação e a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) reforçou a necessidade de redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Já o representante do MST destacou a necessidade de o governo avançar nas desapropriações de terras para a reforma agrária e disse apoiar uma ampla reforma política por meio de Assembleia Constituinte, ideia antes defendida pela presidente.

Mário Soares, dirigente nacional da Consulta Popular, entregou solicitação a Dilma para que os quilombolas do Rio dos Macacos permaneçam onde já residem há muitos anos. A área é objeto de conflito com a Marinha.

Além disso, Mário afirmou a necessidade de se avançar numa proposta de Assembleia Constituinte exclusiva. “O povo irá apoiar a presidente nas ruas”, disse ele. No que a presidente teria concordado. “O povo precisa ser ouvido, o povo precisa ser consultado”, respondeu.

Após o encontro, ela seguiu para o Centro de Convenções, em Salvador, para solenidade na qual entrega ônibus para transporte escolar, equipamentos e lança o Plano Safra do Semiárido. Marival Guedes, de Salvador.

Atualizado às 13h22min

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Marival Guedes

A presidente Dilma Rousseff receberá representantes dos movimentos sociais às 9h, na base aérea em Salvador. A reunião foi decidida na última hora, mas dela não participa o Movimento Passe Livre, por decisão dos seus integrantes.

De acordo com informações obtidas pelo PIMENTA, as reivindicações do MPL serão encampadas por outras entidades do movimento social e entregues à presidenta.

Após este encontro, Dilma Rousseff participa de solenidade no Centro de Convenções, em Salvador, às 11h, quando lançará o Plano Safra do Semiárido e entregará ônibus para transporte de estudantes e máquinas para os municípios baianos.

Também no CC, a presidente deverá anunciar a política de garantia do preço mínimo para as culturas do cacau e do sisal, conforme antecipou ontem, em Ilhéus, o governador Jaques Wagner.