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O deputado federal Jutahy Júnior pode, realmente, desconhecer a máquina de compra de votos operada em Buerarema e cercanias no dia 3 de outubro. Mas há quem, no afã de defender o parlamentar – que sempre teve conduta elogiável no quesito ética -, demonstre total desconhecimento sobre o “começo de tudo”: dia 3 de outubro. A Polícia Federal cumpriu o seu dever e averiguou informações sobre o esquema no município.
As provas encontradas naquele dia: R$ 40 mil em dinheiro, lista de eleitores e cabos eleitorais encontradas em residências dos ex-secretários municipais Eribaldo Lima e Paulo Reis, além do baculejo na casa do ex-prefeito Orlando Filho. Daí em diante, a polícia operou escutas telefônicas e atribui ao ex-prefeito o comando da operação de compra de votos.
Na entrevista concedida ao PIMENTA ontem, Orlando foi enfático quanto à “pirotecnia” do caso e descarregou no juiz Antônio Hygino (reveja aqui), mas não contestou que pessoas ligadas a ele tenham operado o esquema de compra de votos em favor dos seus candidatos Jutahy Júnior e Cláudia Oliveira.

Robério, Jutahy, Cláudia e Orlando em comício no município.
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Filho: metralhadora (Foto Roberto Santos).

O ex-prefeito de Buerarema, Orlando Filho (PSDB), partiu para o ataque logo após depor na Polícia Federal hoje pela manhã. Acusado de participar de um esquema de compra de votos que teria beneficiado as candidaturas de Jutahy Jr. (PSDB) e Cláudia Oliveira (PTdoB), Orlando treinou a mira e descarregou toda a munição no juiz eleitoral local, Antônio Hygino, ao falar ao PIMENTA.
Hygino decretou os mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva, cumpridos na madrugada de hoje pela PF durante a Operação Paga:
– A questão toda é que Hygino resolveu me trucidar. No dia da eleição, colocaram a Polícia Federal em cima de mim e não acharam nada. Trata-se de uma perseguição inaceitável, absurda. Ele solta os bandidos da cidade e resolve prender pessoas de bem – disse, bastante irritado, numa referência à soltura de 19 detentos da cadeia pública local.
Orlando diz acreditar numa orquestração contra ele e acusa o magistrado de nutrir “raiva, rancor, ódio”. “Quem entende um pouco de direito, sabe que bastaria uma intimação para depor. Mas não foi isso o que ocorreu. Ele quer me fazer passar por constrangimento, quer me desmoralizar”.
O ex-prefeito observa que é servidor público federal, tem advogado e residência fixa. “Não devo nada e essa situação é inaceitável. Bastava me intimar e eu iria à polícia depor”.
Orlando relaciona os atos do juiz ao clima de disputa eleitoral eterna no município, após o pleito de 2008. O ex-prefeito arguiu suspeição do juiz em um processo eleitor que ainda pode tirar o atual gestor, Mardes Monteiro (PT), do comando do município.
O processo de suspeição não chegou a ir à frente pois, segundo argumentação do relator Eserval Rocha, foi apresentado fora de tempo. Hygino acabou “absolvido”.
Apesar disso, Orlando Filho disse que sempre tratou o magistrado respeitosamente. “Não concordo com a postura da Justiça. Ele tem um lado. Então, tem que matar o outro?”, questiona.
Filho disse que foi acordado por volta das cinco e meia da manhã e, ao ir depor, já via gente na rua “soltando fogos”. Para ele, a situação deixava claro que a notícia das “conduções coercitivas” de hoje teriam sido vazadas, propositadamente, pelo Judiciário, a fim de constrangê-lo. “Parecia que eu estava sendo preso. Não é verdade. Fui prestar depoimento na polícia”, assinala. O blog não conseguiu falar com o magistrado. Continuaremos tentando.

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Ex-prefeito Orlando Filho é investigado pela PF.

A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 9, em Salvador, Itabuna e Buerarema visou coletar mais provas de crime eleitoral cometido no município de Buerarema no dia 3 de outubro em favor dos candidatos a deputado Jutahy Jr (PSDB) e Cláudia Oliveira (PTdoB) – e, sabe-se agora, também os candidatos derrotados Heraldo Rocha (estadual-DEM) e Benito Gama (federal-PMDB).
No dia 3 de outubro, a Polícia Federal apreendeu R$ 40 mil em espécie e efetuou a prisão do ex-secretário de Administração e Finanças do governo local, Eribaldo Lima, além dos também ex-secretários  Paulo Reis e Gilberto Magno de Lima, o Maru, que ocupavam os cargos de primeiro escalão durante os governos de Orlando Filho.
Hoje, a polícia efetuou prisões de mais gente que, no decorrer das investigações depois das prisões e apreensões de 3 de outubro, teriam ligações com o esquema de compra de votos, a exemplo dos vereadores Roque Borges e Marlúcia Guirra (leia mais aqui). O ex-prefeito Orlando Filho também está na Polícia Federal em Ilhéus.
APOIOS
Cláudia Oliveira e Jutahy Júnior foram os candidatos de Orlando Filho em 3 de outubro passado. Cláudia é prima de Orlando. O ex-prefeito pertence ao mesmo partido de Jutahy.
O deputado Heraldo Rocha – que tentou reeleição e perdeu – sempre teve ligações estreitas com Buerarema e apoiou os dois mandatos de prefeito de Orlando. Todos os candidatos envolvidos negam relação com a compra de votos.