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Cel artigo 2016Celina Santos | celinasantos2@gmail.com

 

É lamentável saber que ainda haja quem teime em hostilizar pessoas pela cor da pele;

 

Desde o 13 de maio em que foi formalmente abolida a escravidão no Brasil, passaram-se 128 anos, mas o racismo caminha na mesma velocidade que guia o mito da democracia racial. A identidade nacional, cunhada exaltando elementos como o samba, a capoeira, a culinária influenciada pela África, também exibe um esforço para relegar à condição de folclore a nossa negritude.

De um lado, 54% da população carregam, seja no fenótipo ou apenas na etnia, a herança africana aqui plantada durante mais de 300 anos de trabalho escravo. De outro, permanecem fortes os resquícios da chamada “Ideologia do Branqueamento”, marcada pelo estímulo à vinda de imigrantes europeus após a Abolição. Tudo para que não predominasse no país a aparência dos afrodescendentes.

A versão contemporânea de tal ideologia pode ser comprovada no cotidiano. Apesar do discurso da miscigenação racial, da ausência de preconceito, da beleza única do nosso povo, segue o culto ao alisamento dos cabelos; ao clareamento dos fios (mesmo que a pele e a sobrancelha não combinem com as madeixas); à rinoplastia, cirurgia plástica para tornar o nariz mais parecido com o europeu, dentre tantos exemplos.

Mas a questão não se esgota no plano da estética. É lamentável saber que ainda haja quem teime em hostilizar pessoas pela cor da pele, situação que só costuma virar “caso de polícia” quando o atingido é um jogador de futebol, um ator, atriz ou qualquer outra figura que mostre a cara na televisão. Conquanto seja crime, o racismo sobrevive de forma velada e, por isso, tão difícil de ser punido.

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Rosivaldo PinheiroRosivaldo Pinheiro

 

Precisamos disciplinar nossas rotinas para não nos isolarmos do mundo no aspecto das trocas de convivência, limitando nossa interação por conta do excesso de contato feito unicamente pelas redes sociais.

 

As tecnologias do mundo moderno criaram facilidades, tais como agilidade, proximidade e ampliação do leque de possibilidades profissionais, mas também possibilitaram diversos males. Num clique podemos destruir vidas; num impulso, permitimos invasões de privacidade, invadimos e nos expomos às vulnerabilidades do excesso de disponibilidade e de informações no espaço virtual.

Nos tempos em que eu iniciava a vida executiva, não existiam os mecanismos de hoje e por isso existia uma delimitação melhor de vida pessoal, trabalho e respeito aos mundos de cada indivíduo. O dia de trabalho geralmente terminava no local de trabalho, com exceções, obviamente. Mas não era regra, como corriqueiramente ocorre hoje, a extensão do horário e ambiente de trabalho nas residências, nos horários de folga.

Para além da liberdade proporcionada pela simultaneidade entre execução de tarefas e locomoção e agilidade nos feedbacks, os smartphones também roubam a atenção do que deveria ser prioridade, tais como o olho no olho, o tempo livre de preocupações para desacelerarmos a rotina e fazermos reflexões sobre nós mesmos e nossa estada no mundo… Atrapalham até quando o nível de amizade é medido pelo termômetro do tempo que levamos para responder uma mensagem no WhatsApp após visualizá-la.

Vivemos um novo tempo, novos paradigmas, e precisamos entender ou nos esforçar para proceder a adaptações a esse momento da vida em sociedade. Precisamos disciplinar nossas rotinas para não nos isolarmos do mundo no aspecto das trocas de convivência, limitando nossa interação por conta do excesso de contato feito unicamente pelas redes sociais.

Nada substitui o calor humano de um abraço, o olhar nos olhos e a sinergia da solidariedade presencial. Vivamos os benefícios da tecnologia sem nos esquecer de que ela foi pensada para nos propiciar soluções, e não para nos ambientar ao isolamento das emoções e nos transformar em consumidores compulsivos dos ambientes virtuais. Não nos esqueçamos de que todos os indivíduos têm e precisam do recolhimento familiar, do aconchego da casa e da necessidade de praticar o ócio, criativo ou não.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em planejamento e gestão de cidades.

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ricardo ribeiroRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

Diante de minha surpresa, o menino foi logo falando: “ele matou muita gente, aí levou um tiro na cabeça”.

 

Rafael não sabe que este domingo é o Dia das Mães e suspeito que ele não conheça a existência de tal efeméride no calendário. Eu menciono a data e ele responde “eu vou, você vai?”, como se se tratasse de um evento. Percebi a confusão e procurei simplificar: “no domingo, você vai dar um abraço bem forte em sua mãe e dizer que a ama”. Ele achou graça e deu uma risadinha cujo sentido a princípio não consegui decifrar muito bem.

Quando lhe perguntei a idade, Rafael mostrou a mão esquerda espalmada e a direita com o indicador erguido. Enquanto mostrava “seis”, com a boca dizia que tem dois anos e falou que faria aniversário “amanhã”, mas imagino que ele não tenha muita ideia do que seja esse mistério. O menino da periferia de Itabuna me disse que estuda, mas não sabe o nome da escola.

Pode não parecer, mas Rafael é um menino esperto, com um olhar vivo e bom contador de histórias. Contou-me uma espantosa, quando lhe indaguei sobre seus pais. Me disse, do seu jeito, que a mãe está bem e cuida dele e de mais dois irmãos. Já o pai foi assassinado.

Diante de minha surpresa, o menino foi logo falando: “ele matou muita gente, aí levou um tiro na cabeça”. Soltou isso com total naturalidade, sem nenhuma emoção, como se fosse um fato banal. Deu a impressão de que narrava a cena de um filme

É assustador ouvir isso da boca de uma criança, mas Rafael infelizmente não é caso isolado e fiquei lamentando como sua infância está terrivelmente comprometida. A realidade desse menino, negro, da periferia de Itabuna, é igual a de tantos outros que nem dá pra contar. Crianças que deveriam ter o direito de ouvir histórias inspiradoras, que lhes estimulassem a imaginação e as fizessem se encantar pela vida. Em vez disso, convivem diariamente com a crueza da violência, na rua e em casa.

Rafael não é uma criança inventada, mas um moleque de verdade, desses que andam por aí e a gente nem liga. Vale muito a pena lhes dar atenção, e antes que seja tarde, como tem sido para tantos outros. Acima de tudo, é preciso quebrar a engrenagem que transforma meninos bacanas como ele em monstros que a sociedade só deseja exterminar.

Infelizmente, aquele sorriso enigmático de Rafael indica que sua inocência tem prazo de validade. E ele é curto!

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Cel artigo 2016Celina Santos | celinasantos2@gmail.com

 

Há casos de quem não consiga separar-se do celular sequer para ir ao banheiro. Duas ou mais pessoas chegam a conversar pelo “Whats” estando numa mesma casa.

 

O bloqueio do WhatsApp durante 24 horas esta semana – um terço do tempo inicialmente determinado pela Justiça – levanta uma série de questões para serem pensadas pelos 100 milhões de usuários do aplicativo no Brasil. A primeira diz respeito ao comportamento das pessoas diante das redes sociais, sendo o “zap” (como é carinhosamente apelidado) o mais usado.

Por mais que se reconheçam as vantagens de uma comunicação instantânea, nessa era da velocidade, e o uso do programa até para fins profissionais, é impossível negar que muitos estejam nutrindo certa dependência. A ponto de, muitas vezes, deixarem de perceber o ambiente real em volta, para alimentar primeiro as relações virtuais.

É possível conviver com gente já incapaz de travar um diálogo “cara a cara” por cinco minutos, sem abaixar as vistas para olhar o celular – leia-se WhatsApp. Também se tornou comum ver grupos de amigos (e até casais!) reunidos em bares e restaurantes, estando cada um em seu respectivo aparelho telefônico. Tem, ainda, os encontros – e reencontros – presenciais em que a maior parte do tempo é consumida na postagem de fotos nas redes.

Há os casos de quem não consiga separar-se do celular sequer para ir ao banheiro. Outra estranha, mas frequente rotina: Duas ou mais pessoas chegam a conversar pelo “Whats” estando numa mesma casa. Sem falar, já que o assunto é a residência, no quanto as famílias deixam de bater papo e de “compartilhar” a vida no sentido não virtual da palavra.

São muitos os exemplos que poderiam traduzir uma nociva realidade envolvendo todos nós: existe uma legião de presentes-ausentes. Estamos tratando de uma multidão solitária, pois há um embarque no mundo virtual, muitas vezes em detrimento do real. A manhã que prenunciou a “despedida” temporária do WhatsApp refletiu o desespero de usuários que se diziam viciados no aplicativo. Certamente foi um dia que pareceu mais longo para a maioria dos citados 100 milhões.

Resta saber qual é o caminho de volta, quando o sujeito se der conta de que tem deixado o tempo passar estando um tanto anestesiado diante da tela touch screen do smartphone. O episódio da segunda suspensão do “zap” merece uma ponderação sobre a forma como lidamos com as redes. Ou se, ao contrário, estamos sendo apenas “pescados” por elas, sem a autonomia apontada como trunfo do internauta desde que a web se popularizou.

Uma ressalva: para além do comportamento, é mesmo inadmissível que a empresa se negue a contribuir com investigações de crimes que utilizam o WhatsApp como instrumento. Obviamente, a privacidade dos usuários precisa ser preservada – mas a exceção é mais do que legítima se tal pessoa estiver se valendo dessa tecnologia para afetar a coletividade. No caso do crime em questão – o tráfico de drogas –, todos sabem o quanto ele alimenta a violência, evidente no alto índice de assassinatos Brasil afora.

 

Celina Santos é pós-graduada em Jornalismo e Mídia e Chefe de Redação do Diário Bahia.

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EugniaEfigênia Oliveira | ambiente_educar@hotmail.com

 

Aristóteles criou um triângulo representando o que é imprescindível à evolução da cidade-estado: de um lado do triângulo, a educação, do outro lado a arte, e na sua base a natureza.

 

Os antigos não mentem ou se confundem. Por isso é pertinente que neste 22 de abril, dia internacional da Terra, cacemos pérolas antigas e não tão antigas, que justificam a visão vanguardista de contemporâneos e antepassados, acerca da devastação humana dos bens da natureza, que não deveriam ter sido devastados pela espécie que se diz racional.

Aristóteles, o filósofo dedicado à ética, portanto, às causas sócio- planetárias, criou um triângulo representando o que  é imprescindível à evolução da cidade-estado: de um lado do triângulo, a educação, do outro lado a arte, e na sua base a natureza. Entretanto, ao longo dos séculos, o tripé que facilitaria a relação respeitosa com o planeta, foi olvidado, permanecendo sua beleza, apenas nos registros dos artistas, e no pensamento humanista de muitos que conseguem antever a tragédia planetária patrocinada pelo próprio homem, que não abre mão do conforto que ela proporciona. Contraditoriamente, a crescente demanda para o lazer é sempre por áreas rodeadas pelas belezas naturais.

O ano é 1833 e na íntegra um excerto de escritos de José Bonifácio de Andrada e Silva, aquele mesmo, o Patriarca da Independência dos livros de História: Nossas numerosas minas por falta de trabalhadores ativos e instruídos estão desconhecidas ou mal aproveitadas: nossas preciosas matas vão desaparecendo vítimas do fogo e do machado da ignorância e do egoísmo: nossos montes e encostas vão-se escalvando diariamente, e com o andar dos tempos faltarão as chuvas fecundantes, que favorecem a vegetação e alimentam nossas fontes e rios […]. Virá então esse dia, terrível e fatal, em que a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos. Escrito no advento da Revolução industrial, isso tinha que ser renegado ao esquecimento premeditado, em algum porão inacessível.

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(4) Luiz      ConceiçãoLuiz Conceição | jornalistaluizconceicao2@gmail.com

 

O poder só pode ser transferido pelo voto universal e direto e não por tentativas torpes e execráveis. Chega de a classe política transformar o processo legislativo em uma cafua.

 

A despolitização de parte de nossos concidadãos, a negativa da Política por outra parte imaginando que, distante, vive no Eden, o analfabetismo político e a avidez descarada pelo poder da maioria dos políticos nos levou a esse labirinto digno de um conto de Machado de Assis, se vivo estivesse. Desde o nascimento da República, fato tão bem narrado pelo jornalista e escritor Laurentino Gomes, no livro 1889, o povo brasileiro continua bestializado com os rumos do país. Não participa diretamente e apenas assiste.

Parece que o tsunami que vivemos na política nacional, acontece do outro lado do globo, no sudeste asiático.  É preciso que as pessoas acordem para a pantomina engendrada maliciosamente no Congresso Nacional, cujo desfecho para o bem ou para o mal teremos no horário nobre da TV. Aliás, a mídia brasileira beira o ridículo, para dizer o mínimo, ao desbordar da neutralidade jornalística e se bandear quase que inteiramente para o lado contrário à sensatez. Poder político se ganha no voto! Aos olhos do mundo, o Brasil passa vergonha!

A partir de frágil e politiqueira denúncia para abertura de um pedido de impeachment, que completa a irracionalidade dos que não souberam perder com altivez a eleição presidencial de 2014, há duas semanas se vive um Big Brother, onde a TV não mostra o que acontece sob edredons. A vingar a desforra, passaremos mais tempo ainda com essa sensação nefasta que nos aprisiona. A sociedade como um todo está apreensiva, temerosa de que oportunistas acedam a chama que pode incendiar o país, tido e havido como de um povo ordeiro e pacifico.

Como insculpido na Constituição Cidadã de 1988, no parágrafo único, do artigo 1º, todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Portanto, o poder só pode ser transferido pelo voto universal e direto e não por tentativas torpes e execráveis. Chega de a classe política transformar o processo legislativo em uma cafua, onde os mais espertos fazem tratativas em benefício próprio ou de grupos, sem votos, em desrespeito à maioria que nas urnas fez sua opção política soberana. Não se pode defenestrar o governante por subjetividades e gostos pessoais.

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ricardo ribeiroRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

Se levarmos em conta a seriedade, a qualidade moral e a folha corrida dos faxineiros, não há dúvida de que essa limpeza não irá muito longe.

 

Em meio aos chatíssimos bate-bocas virtuais dos grupos de WhatsApp, uma amiga (por sinal, esta bonita loira do artigo logo abaixo) fez uma pergunta intrigante, com indisfarçável ironia: “o que vocês vão fazer na segunda-feira, quando a corrupção tiver acabado no Brasil?”. Como é fácil perceber, ela se referia ao day after, à segunda-feira após uma possível aprovação, pela Câmara dos Deputados, do relatório que recomenda o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A pergunta, cuja resposta obviamente já se sabe, reflete o sentimento de que todo esse processo não afeta a raiz do problema. Basta ver o fundamento do pedido de impeachment: as pedaladas fiscais (supostos empréstimos tomados pelo governo junto aos bancos oficiais, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal) e decretos referentes às metas fiscais que foram baixados sem anuência do legislativo, o que outras gestões fizeram sem maiores sobressaltos.

Motivos bastante prosaicos, para não dizer questionáveis, diante do que paira nesse momento de Lava Jato, prisões de magnatas, propinas milionárias sendo reveladas diariamente após cada fase da operação, que pode mudar radicalmente o modo como se relacionam, desde antanho, os políticos e o grande capital. Este, sempre sedento pelos favores do Estado, e aqueles, viciados e dependentes do pagamento pelos ditos favores. No mundo da política é assim: uma mão lava a outra, mas nunca deixam de estar imundas.

Tais relações indevidas não são nenhuma jabuticaba, pois existem no Brasil e no mundo todo. Aqui, porém, sempre encontraram campo fértil na absurda permissividade com os larápios de colarinho branco, o que aparentemente começa a diminuir. Claro que para muitos a proatividade do juiz Sérgio Moro tem endereço certo, mas é plausível que o efeito colateral da operação venha a ser um despertar geral da sociedade para o fato de que, com o nível de corrupção existente nessas terras, o Brasil continuará a ser “o país do futuro” ad infinitum.

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Efigênia OliveiraEfigênia Oliveira | ambiente_educar@hotmail.com

Setembro passou, outubro e novembro/ já estamos em dezembro, meu Deus, o que é de nós? (…) Sem chuva na terra, descamba janeiro, depois fevereiro, o mesmo verão (…). Apela pra março que é o mês preferido/ do santo querido Senhor São José/ Mas nada de chuva, tá tudo sem jeito (…).

O lamento épico na voz do sanfoneiro Luís Gonzaga descreve exatamente a situação atual do sul da Bahia, cujo clima em nada se assemelha ao sertão nordestino. Em crise hídrica desde agosto de 2015, que registrou um inverno de poeiras de chuva, adentramos abril de 2016 sem sinais claros de que em breve mataremos a saudade de um banho de chuveiro com água insípida. Além do banho salgado e limitado, toalhas e roupas lavadas com essa água propiciam prejuízos, ao organismo humano, e aos outros organismos vivos.

Nesse cenário, Itabuna parece ser a cidade mais castigada de todas da região: falta d’água, violências várias, lixo jogado a esmo nas ruas, odor fétido por toda parte; ilhas de calor que concentram altas temperaturas, em decorrência de devastada cobertura vegetal na área urbana e entorno; concentração de gases nocivos à saúde e alta infestação de doenças provenientes do aedes.

Os rios da Bacia do Leste e bacias circunvizinhas, impossibilitados estão de matar a sede de ecossistemas e populações que vão do sul ao extremo sul do estado, todas elas atingidas pela seca persistente e atípica. Os municípios e suas respectivas sedes e comunidades regionais se encontram no mesmo problema, sem solução em curto prazo, mas estão livres da água salgada.

O dito aqui não é novidade, porém nada se diz do que passa a população ribeirinha do Almada, ao longo do trecho banhado pelas marés, até a estação de tratamento da Emasa em Castelo Novo. Não somente humanos, mas plantações, criações, fauna, flora e ictiofauna são afetadas pela água salgada que adentra o rio e afluentes, quase sem vida, atingindo severamente essas populações. Um tipo de invasão que lembra um pouco a tragédia de Mariana, uma vez que ambas as situações deveriam ter sido evitadas ou minimizadas.

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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues | aclaudiors@gmail.com

Seguindo o exemplo de seu antecessor e hoje ministro Chefe da Casa Civil Jaques Wagner, o governador Rui Costa vem tratando as duas mais importantes cidades do Sul do Estado do mesmo jeito, na base das promessas. Nesses últimos dez anos, se fosse realizada apenas uma terça parte das obras prometidas, Itabuna e Ilhéus estariam entre as melhores cidades do Brasil.

As promessas são tantas, que mais parece uma novela mexicana, aquelas tipo dramalhão. O projeto intermodal, que inclui as construções da Ferrovia Oeste-Leste, do Porto Sul e do Aeroporto Internacional, é a “campeã de audiência”. Não tem um político ligado ao governo do Estado que não exalte essa obra, ou melhor, promessa. E a tão propalada duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna? Essa foi alardeada nas duas campanhas de Wagner e o script se repetiu na campanha de Rui Costa.

Outra que é de fazer rir para não chorar é a barragem do Rio Colônia. Exemplo do completo desrespeito para com a população de Itabuna e da nossa vizinha Itapé, a barragem que resolveria em definitivo o drama do abastecimento em Itabuna é a promessa que mais irrita a todos nós, que estamos consumindo água salgada. Tem também a promessa da nova ponte do Pontal, em Ilhéus. Essa obra (ops, desculpem, promessa) em seu lançamento teve fogos, apresentação de máquinas, instalação de canteiro e, quando todos acharam que a coisa iria acontecer, ficou só na, adivinha… Isso mesmo, na promessa.

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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

É muito difícil negar que a artilharia da Operação Lava Jato esteja intencionalmente direcionada ao governo e ao PT. Não que inexistam motivos para tanto, mas quando a Polícia Federal e o MPF escolhem o que investigar, e depois o que levar ao público, demonstram o direcionamento de suas baterias.

O PT merece toda reprimenda pelas falcatruas em que se meteu. Não importa se o fez para sustentar a governabilidade ou se, entusiasmada com a facilidade do acesso, gente do governo aproveitou a deixa para também se beneficiar no campo pessoal. Pouco importa até mesmo se “sempre foi assim”, pois o fato é que precisa deixar de ser, urgentemente, e se a bomba caiu no colo do PT, azar o dele.

É plausível acreditar que a rapinagem não terá fim, com o Partido dos Trabalhadores ou sem ele. O “sempre foi assim” traz implícita a mensagem de que “sempre será”, mas a esperança é que, após o escárnio ter vencido o cinismo, como disse a ministra Carmem Lúcia, a justiça se estabeleça de uma vez por todas, e para todos.

Pode ser ilusão, utopia, ingenuidade. A Lava Jato pode não passar de uma farsa das elites para tirar o PT do poder e varrê-lo do mapa político nacional… Pode ser e em vários momentos realmente isso fica muito claro, até porque há precedentes históricos.

No entanto, o Brasil de 2016 não é o mesmo de 1954. Espera-se que uma sociedade mais informada, atuante e exigente continue a cobrar um padrão ético de comprometimento dos políticos e de si mesma. Quem experimentou os avanços conquistados nos últimos anos dificilmente aceitará o retrocesso, e a forte rejeição ao atual governo demonstra isso.

Espera-se que o mesmo nível de exigência se mantenha, não importa quem venha a despachar no Palácio do Planalto.

Ricardo Ribeiro é advogado.

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Diana SantanaDiana Santana

Passado o susto e depois de dar conta dos problemas e dissabores gerados, consigo falar sobre uma ocorrência da semana passada. Na última quinta-feira, dia 11, meus pais, donos do Bar Katikero, localizado no bairro Pontalzinho, em Itabuna, comércio em funcionamento há 39 anos, foram surpreendidos por uma situação que jamais imaginaram passar na vida: um ataque a tiros (relembre aqui).

Apesar dos blogs e rádios terem noticiado um tiroteio, afirmo que o ocorreu foi um ataque. Sim, porque um tiroteio pressupõe um revide, troca de balas, e o que ocorreu nem passou perto disso. Não houve tempo e nem havia cidadãos armados para sequer pensar em reagir (que bom!). Quem espera estar sentado num tradicional bar, no centro da cidade, no meio da semana e virar alvo de uma violência? Tudo ocorreu por volta das 21 horas, quando dois homens passaram numa moto e atiraram a esmo, para todos os lados. Mais de 15 tiros! Uma mulher e um homem foram atingidos; por sorte, os ferimentos não foram letais. Outros tiros atingiram portas e paredes de estabelecimentos e o carro de meus pais. As marcas ainda estão lá. Um terror.

Mas isso acho que todos sabem. Os blogs e as redes sociais replicaram as notícias e fotos. O que ninguém sabe é o porquê. Violência generalizada, eu sei. Mas por que Itabuna está sofrendo tanto com isso? Para além da crise hídrica e da epidemia do aedes aegypti, somos notícia nacional devido ao índice elevadíssimo de assassinatos, principalmente de jovens.

Um ataque dessa natureza hoje, na nossa cidade, pode acontecer com qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora. É fato! É espantoso! E outro fato me chamou atenção: blogs e rádios tem a preocupação em noticiar o ocorrido, mas só dão a manchete, sem fazer uma análise, sem fazer uma cobrança às autoridades, sem provocar uma reflexão, sem convocar a população para o debate e para a ação.

Em que pese a violência e suas estatísticas absurdas terem sido banalizadas e virarem sensacionalismo em inúmeros programas policialescos, nada disso é normal!

Dessa vez meus pais foram surpreendidos (apesar de não ser esta a primeira vez que foram vítimas de violência), e nossa família, amigos e clientes ficamos todos consternados. Mas é a cidade que agoniza. É notório que há um clima de tensão permanente, boatos sobre toque de recolher e etc. Tá, sei que o Brasil, que o planeta todo está meio descontrolado, mas estamos todos esperando que os responsáveis pela cidade, o poder público ou a polícia responda: o que está acontecendo com Itabuna?

PS: Como contribuição para uma reflexão deixo um texto, muito pertinente, de um professor grapiúna, que li outro dia aqui. Contundente, como a situação merece.

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ana virginiaAna Virgínia Santiago | Jornal Bahia Online

Passam-se os dias, as intermináveis horas, os rotineiros e angustiantes momentos de insônia e desespero da mãe, avó, irmão, tios e amigos da menina linda que se foi de forma trágica e desumana.

Passam-se os dias e envolvo o meu coração materno, de tia por afinidade no parentesco de quem viu a menina linda nascer, de quem conviveu com ela e de cidadã assustada com o que está acontecendo, porque a família está sofrendo.

Sou mãe e (como inúmeras mães não só daqui de Ilhéus que conversam comigo) transfiro sem ter a verdadeira e grandiosa dimensão do que está acontecendo na vida e na alma da mãe de Thayná, porque só ela sabe o que está passando. É tudo dela! A ausência da filha e a solidão de mãe.

Perder um filho é dor dilacerante.

Perder um filho da forma que se foi Thayná é pior ainda, porque perder todos os dias a menina linda, sem a verdade, é desumano !

Seu quarto está vazio, não se ouve mais sua voz, sua alegria pela vida, seu dançar…Ela não está mais aqui entre nós.

Deixem Thayná em paz!

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wenceslau júnior olho entrevista pimenta2 05.06.12Wenceslau Júnior
 

Para os pessimistas e a turma do atraso, que apostam no quanto pior melhor, ponham as barbas de molho. 2015 será o melhor ano para Itabuna em comparação aos últimos 30 anos.

 
Embora as dificuldades enfrentadas em 2014, o governo Vane obteve vitórias significativas no ano que finda.
O retorno da Gestão Plena da Saúde, mesmo com a defasagem financeira, recoloca o município como ente capaz de assumir a gestão do complexo sistema de saúde publica.
Mesmo na área da saúde, obtivemos vitórias importantes. Às vezes pouco propagadas, mas de grande alcance. Fechamos o ano com o número de leitos de UTI triplicados no Hospital de Base (de três para nove), emergência completamente reformada e equipada e uma equipe que foi capaz de atender sem sobressaltos as vítimas da rebelião que ocorreu no presídio.
A sede do SAMU foi completamente reformada e novas ambulâncias foram adquiridas. As unidades de Saúde dos Bairros Santa Inês, Maria Pinheiro, Manoel Leão, São Roque e a sede do Pros-Hiperdia foram devolvidas à população completamente reformadas. Estão sendo concluídas ampliações e reformas nas unidades da Urbis IV, Ferradas, São Lourenço, São Pedro, Pedro Jerônimo, Santo Antônio, Lomanto, Sesp e Canecos, Rua de Palha e Itamaracá, entre outras. Iniciamos a construção de duas UPA´S (Unidades de Pronto Atendimento), uma no Monte Cristo e outra no Fonseca.
Finalmente, iremos contratar mais agentes de endemias para reduzir ainda mais o índice de infestação predial do mosquito da dengue (já reduzimos mais de 50%).
Nossas campanhas de vacinação têm superado as metas e o trabalho da Vigilância Sanitária e da Vigilância Epidemiológica tem tido êxito extraordinário. Estamos no Mais Médicos e ampliamos o número de médicos e de especialidades na Policlínica.
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Rosivaldo PinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br
 

A reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações.

 
 
As eleições deste ano trouxeram à luz discussões sobre diversos temas que carecem de uma melhor análise, dentre eles o pensamento de que a grande mídia detinha o controle absoluto da verdade. Esse domínio foi posto em xeque pelas redes sociais, que intervinham quase instantaneamente à medida que as notícias eram divulgadas pelos grandes veículos de comunicação, expondo novas versões do retratado, especialmente quando a “informação” tinha a clara intenção de interferir no processo eleitoral. Esses veículos são o que chamo de “mídia organizada em prol eleitoral”.
Nesse contexto, a reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações, quanto aos olhos e ouvidos atentos da sociedade, que desconstruiu, em momentos cruciais da campanha, a “mídia organizada em prol eleitoral”, pela plataforma mais democrática da atualidade, a internet.
Com relação ao reconhecimento das regiões Norte e Nordeste, essa lógica, até o fim da década de 1990, acontecia de forma superficial: esporádica e descontinuada, com vistas quase sempre a gerar mercados de consumo para as regiões Sul e Sudeste, já que estas contaram, ao longo dos séculos, com o apoio direto do Estado brasileiro para atingirem um melhor grau de avanço econômico. Desta forma, obtinham vantagens em relação às demais regiões do Brasil.
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ricardo bikeRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
 

Se uma campanha para deputado federal custa até R$ 12 milhões, quem vai pagar essa conta? E que interesses há por trás de quem paga?

 
A sucessão presidencial acabou se transformando em um campo de batalha, que envolve não apenas os próprios candidatos, mas seus militantes, nas ruas e nas redes. O clima é de acirramento total, com um grau de intolerância talvez inédito no Brasil.
É tão complicado, que muitos não conseguem ao menos compreender e respeitar os motivos do voto alheio. Se é contrário, o eleitor só pode ser estúpido, ou comparsa do candidato que, aos olhos do julgador, é corrupto.
A corrupção, aliás, acabou desqualificada enquanto argumento de ataque de lado a lado. Para cada escândalo de um, há uma falcatrua do outro sempre à mão. Tanto que os candidatos começam a mudar o foco para a gestão, a fim de não acabarem ambos desossados.
É fundamental, porém, que o tema não seja banalizado, na base do “ladrão por ladrão…”. Não é por aí. O descaramento com a coisa pública precisa ser combatido com seriedade, em suas raízes, doa a quem doer, sem se limitar a um artifício meramente eleitoral. Ou se muda esse padrão de denúncias de ocasião, ou o país não sai do lugar.
O combate precisa começar, logicamente, pelo começo: nas próprias campanhas eleitorais,onde se armam esquemas com grandes empresas e depois é preciso retribuir. Como? Com o nosso dinheiro, é claro.
Se uma campanha para deputado federal custa até R$ 12 milhões, quem vai pagar essa conta? E que interesses há por trás de quem paga?
Baratear as campanhas, por meio de uma reforma política que introduza mecanismos como o financiamento público e o voto distrital, é algo mais que necessário. É urgente. Enquanto isso não for feito, políticos continuarão a apontar seus dedos sujos entre si, numa discussão sem futuro.
Não é à toa que a abstenção deu um salto no primeiro turno e talvez seja maior no segundo. É um sinal claro de que grande parte da população está saturada de tanta sujeira pluripartidária. Vença quem vencer, é preciso virar essa página de uma vez por todas.
Chegou a hora de desfazer a maldição de De Gaulle. O Brasil precisa se levar a sério.
Ricardo Ribeiro é advogado e blogueiro.