Julio Gomes escreve sobre o genocídio em curso na Palestina || Foto Fepal/Facebook
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Em razão do genocídio praticado pelo exército e pelos líderes de Israel, todo o carinho, a visão afetiva, o respeito que um dia tive por este país e, especialmente, pelos Judeus ao longo de sua milenar história, simplesmente desapareceu. Foi sepultado em vala comum de corpos anônimos junto com as mulheres e crianças que eles mataram e continuam matando sistematicamente.

 

Julio Gomes

Sempre, desde criança, aprendi a ter um carinho especial pelo povo Judeu, com um olhar de admiração e desejo sincero de que prosperassem e encontrassem a paz e a felicidade, e isso tem uma explicação simples e lógica.

Quem estudou um pouquinho que seja de História sabe o que os judeus ou israelitas passaram, sobretudo no Século XX, quando da ascensão do nazismo ao poder na Alemanha: perseguições, segregação racial, confisco e invasão de suas propriedades, demonização, segregação com base em leis absurdas e, por fim, confinamento nos campos de concentração, trabalhos forçados e extermínio em massa nas câmaras de gás de Treblinka, Auschwitz, Dachau e inúmeras outras fábricas da morte, onde foram consumidas as vidas de seis milhões de judeu, homens mulheres e crianças.

Terminada a 2ª Guerra Mundial com a derrota do nazismo e do fascismo, a ONU, guiada pelos países vencedores, teve a feliz ideia de criar um território onde a nação, o povo judeu, pudesse constituir um estado próprio, formando aquilo que aqui no Brasil chamamos popularmente de um país, e assim nasceu Israel no ano de 1948, plantado no território denominado Palestina.

Os anos passaram. O estado de Israel, sempre apoiado pelos Estados Unidos por representar uma presença dos EUA no conturbado e rico em petróleo Oriente Médio, se consolidou como um país próspero e como uma potência militar, passando a tomar sucessivamente faixas de território que pertenciam à nação palestina devido ao poderio de suas forças militares, terminando por anexar territórios até que não restasse aos palestinos muito mais do que uma estreita faixa em que sobreviviam cerca de dois milhões de palestinos: a Faixa de Gaza.

Talvez como reação às agressões de Israel, talvez insuflado por radicais fundamentalistas ou em razão das condições subumanas de boa parte da população palestina, em 1987, surgiu o Hamas, que se consolidou como força política e acabou cometendo os odiosos atos terroristas que assistimos no final do ano de 2023, matando centenas de israelenses, sobretudo civis.

Entretanto, a resposta que Israel deu e está dando aos palestinos é de uma desproporção e crueldade que supera qualquer argumento de justiça ou de autodefesa. Já são cerca de 30 mil palestinos mortos e 10 mil desaparecidos, além da expulsão em massa da população civil, da destruição sistemática das habitações, hospitais, universidades, indústrias, escolas, enfim, das cidades palestinas e da morte de cera de 8.000 crianças em um genocídio que choca o mundo a cada dia pela brutalidade, estupidez e impunidade com que é feito.

Em razão do genocídio praticado pelo exército e pelos líderes de Israel, todo o carinho, a visão afetiva, o respeito que um dia tive por este país e, especialmente, pelos Judeus ao longo de sua milenar história, simplesmente desapareceu. Foi sepultado em vala comum de corpos anônimos junto com as mulheres e crianças que eles mataram e continuam matando sistematicamente em cada bombardeio, na destruição de cada prédio, vítimas também da proposital falta de alimentos, de medicação, de água e, sim, pelo genocídio que neste momento praticam contra o povo da Palestina.

Oh, Israel, que fizeste para passar de vítima a algoz, de violentado a assassino, de flagelado a genocida impiedoso? Que fizeste do holocausto sofrido, de tua história milenar? Que fizeste dos exemplos que Jesus deu há dois mil anos, ao pisar nestas mesmas terras e ensinar as lições que agora, mais do que nunca, não queres escutar? Afasta-te de mim, Israel.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

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Gasparetto, da Via Litterarum, e o escritor Waldeny Andrade || Foto Luiz Conceição

Luiz Conceição

Noite no Vale do Cotia é a mais nova incursão pelo mundo da ficção literária do escritor, jornalista e radialista aposentado Waldeny Andrade na luta pela preservação do que ainda resta da cobertura nativa no Sul da Bahia. A obra, baseada em fatos reais e que será lançada na Semana do Meio Ambiente, em junho, narra uma história de mistérios, usura, perseverança, crimes e traições tendo o homem como foco.

Neste seu quarto livro editado pela Via Litterarum, o irrequieto escritor narra história de uma família, proveniente do Nordeste brasileiro, que foge da seca e aporta em Itabuna, atraída pela fama do cacau numa época em que a economia cacaueira passa por mais uma de suas renitentes crises econômico-financeiras.

A saga dessa gente leva a construir uma fazenda de cacau, onde pretende manter em pé a densa floresta nativa, seus corpos d’água, a fauna e flora então abundantes. Contudo, tem contra si o desafio imposto por grandes fazendeiros com a alternativa pecuária avançando sobre a região de predominância cacaueira e a consequente a devastação da Mata Atlântica.

O thriller se passa na área rural de Palestina, hoje Ibicaraí, município de onde corre o imaginário Ribeirão Cotia, um dos tributários do Rio Salgado que, com o Rio Colônia, forma mais adiante o Rio Cachoeira. Este, atualmente recebe, do mesmo modo que nas cidades da bacia do Rio Almada, quase todo o esgotamento sanitário por falta de infraestrutura e omissão dos governos.

É certo que depois do sucesso editorial do seu terceiro livro, Serra do Padeiro – A saga dos Tupinambás, o escritor Waldeny Andrade tenha amadurecido ainda mais na arte de contar estórias e histórias, aprimorado a técnica literária e se apossado de uma narrativa rápida e eletrizante.

Na contracapa, embora o ficcionista diga que Noite no Vale do Cotia seja um painel real sobre a Região Cacaueira e que qualquer associação de nomes citados seja simples coincidência, o leitor certamente vai tirar suas próprias deduções pela riqueza de elementos trazidos nesta obra.