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Marco Wense
 

Já são 35 partidos políticos registrados e outros 56 aguardando autorização do TSE. Tem legenda para todos os gostos. O cardápio é variado. Daqui a pouco vão criar o PRMF, Partido do Rouba Mas Faz.

 
O PEN (Partido Ecológico Nacional) foi criado para fazer frente ao PV (Partido Verde). A intenção era penetrar na fatia do eleitorado que defende a natureza e as causas ligadas ao meio ambiente.
Tudo de mentirinha, uma inominável tapeação para enganar os bestas, como diz a sabedoria popular. Aliás, o PEN simboliza a esculhambação do sistema eleitoral.
O PEN, a pedido do deputado Jair Bolsonaro, representante da extrema direita, resolve mudar de nome. Condição imposta pelo presidenciável para disputar o Palácio do Planalto pela legenda.
Bolsonaro sugere que a sigla passe a ser chamada de Patriota. O Tribunal Superior Eleitoral não aceita a mudança, alega que já existe o partido Patriotas.
O Patriota insiste. Na briga termina saindo vitorioso. O Patriotas, no plural, perde a denominação em decorrência de não ter seu estatuto registrado na instância máxima da Justiça eleitoral.
Aí vem Bolsonaro, responsável direto por toda confusão, e diz que não quer mais saber do Patriota, ex-PEN. Dá um chega-prá-lá nos ex-correligionários e se filia ao PSL.
A cláusula de barreira, também conhecida como de exclusão ou desempenho, é que poderia limitar essa avalanche de agremiações partidárias criadas exclusivamente para vergonhosas negociatas.
Já são 35 partidos políticos registrados e outros 56 aguardando autorização do TSE. Tem legenda para todos os gostos. O cardápio é variado. Daqui a pouco vão criar o PRMF, Partido do Rouba Mas Faz.
Com efeito, cada segundo no horário eleitoral, mais especificamente na televisão, vale muito dinheiro. Tem dirigente partidário que vive do toma lá, dá cá.
Como não bastasse o esquecimento proposital da cláusula de barreira, estão tentando enterrar a Lei da Ficha Limpa, inimiga número um da impunidade.
O lamaçal e a podridão dos partidos políticos e do sistema eleitoral são cada vez mais fétidos.
Depois se queixam da grande quantidade de votos nulos e brancos, que nessa eleição de 2018 vai aumentar assustadoramente.
Marco Wense é editor d´O Busílis.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou ontem (22) pedido de registro do partido Aliança Renovadora Nacional (Arena). Por unanimidade, os ministros entenderam que a legenda não tem o número mínimo de assinaturas para ser criado legalmente. Mesmo se tivesse conseguido os apoiamentos, a legenda não poderia participar das eleições. O partido deveria ser efetivado até outubro do ano passado, um ano antes do primeiro turno.
De acordo com a Lei Eleitoral, para obter registro, partidos precisam validar 0,5% dos votos registrados na última eleição para a Câmara dos Deputados. O número corresponde a cerca de 500 mil assinaturas, validadas pela Justiça Eleitoral, de pessoas que apoiam a criação da legenda.
No pedido de criação da legenda, os encaminhadores do partido alegaram que a exigência do número mínimo de assinaturas é inconstitucional, por não ser um mecanismo adequado para demonstrar a representatividade. Informações da Agência Brasil.

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Do Cena Bahiana

O mundo está se tornando um lugar cada vez mais estranho, parafraseando o filósofo Magary Lord. A última notícia a confirmar essa tese foi a de que a figura de Karl Marx, o alemão que inspirou o comunismo, virou estampa de cartão de crédito, símbolo máximo do… capitalismo.

Marx se revirou na catacumba? Não se sabe. Teria se revirado quando Lula apertou efusivamente a mão de Maluf e cortejou a adega do larápio-mor de Brasilis. Também não se sabe. Está tudo tão complicado, complexo e heterodoxo, que provavelmente os espíritos não se revirem mais. Acostumaram-se ao estapafúrdio.

Feahacê, o ex-presidente, sem espanto, diz que os partidos não se parecem mais com coisa alguma. Não passam de letras sem consistência nem identidade. Já vêm assim há muito tempo, inclusive na era Feaha, porém com outros personagens e ainda com alguma dissimulação. Hoje a coisa é mais aberta e, por que não dizer, desavergonhada.

Demóstenes, antigo símbolo da ética no Congresso, deixou-se banhar na cachoeira da corrupção e se tornou o segundo senador cassado em 188 anos de história da Câmara Alta. Na outra casa, também chamada de paraíso do baixo clero, os escândalos se sucedem e um dos últimos foi o da venda de emendas parlamentares, que envolveu nada nobres deputados baianos em um verdadeiro balcão de negócios no legislativo federal.

Os partidos perdem o sentido e os políticos se igualam na lama, sem preconceitos quando a questão é se locupletar. É comum se encontrarem nos restaurantes de Brasília indivíduos dessa espécie, oriundos de todas as siglas, para regozijarem-se após um dia estafante de trabalho. É inevitável perguntar: trabalho, contra quem?