Tempo de leitura: < 1 minuto

O Ministério Público estadual, por meio da promotoria ambiental regional, decidiu pelo arquivamento do inquérito civil público que investigava denúncia de plágio no Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima) do Porto Sul.

A Hydros e o Instituto de Conhecimento (Icon) eram acusados de copiar informações e extrair trechos de artigo do biólogo Márcio Luiz Barbosa Filho sem a devida citação ao autor. A decisão de arquivar a denúncia foi do promotor público Yuri Lopes de Mello.

O caso também é investigado também pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal, que ainda não anunciaram resultado das investigações. A Casa Civil do Estado já havia se posicionado quanto à denúncia de plágio.

O coordenador de Infraestrutura da Casa Civil, Eracy Lafuente, disse, em nota oficial, que as correções, identificando trechos sem aspas e referências, haviam sido feitas (relembre).

Tempo de leitura: < 1 minuto

Castro defendeu criação de comitê de acompanhamento

Em uma crítica à suposta lentidão do governo baiano nas ações relativas a projetos de logística, o deputado estadual Augusto Castro (PSDB) disse ontem que a articulação em torno do Porto Sul estaria “muito solta”. Para o parlamentar tucano, que faz oposição a Jaques Wagner, o Estado precisa “priorizar esse projeto e trabalhar de forma integrada”.
Castro defendeu a criação de uma comissão de acompanhamento do Porto Sul e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Ele propõe que o grupo seja constituído por representantes das secretarias estaduais da Indústria Naval e Portuária, Meio Ambiente, Relações Institucionais e Casa Civil, além do Ibama e das empresas Valec (estatal federal que gere obras na malha ferroviária) e Bamin, mineradora que pretende construir um terminal privativo dentro do Porto Sul. o comitê seria integrado ainda por membros das comissões do Porto Sul, Fiol e de Infraestrutura e Meio Ambiente na Assembleia Legislativa.
O comentário e a proposta do tucano foram feitos durante visita do presidente da Bamin, Francisco Viveiros, à Assembleia. O presidente estava acompanhado pelo secretário da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa.

Tempo de leitura: 2 minutos

Entre os entrevistados, 72,5% dizem ser totalmente favoráveis ao porto

Exclusivo
Uma pesquisa sobre o Porto Sul, encomendada por uma das empresas responsáveis pelo levantamento técnico da obra, cujos dados o PIMENTA teve acesso com exclusividade, revela ampla aprovação dos ilheenses ao projeto. A pesquisa foi realizada empresa Sócio-Estatística e ouviu 537 pessoas.
Os números mostram que 72,5% dos entrevistados são totalmente a favor do Porto Sul, enquanto que 13,6% querem conhecer mais sobre a obra. A pesquisa indica ainda que para 86,1% dos ilheenses o Porto Sul vai gerar mais empregos, 39% que vai possibilitar a realização de novas obras do governo e 60,3% que contribuirá para a atração de mais turistas.
A pesquisa da Sócio-Estatística, um dos principais institutos de pesquisa do Sul da Bahia, coordenado pelo sociólogo Agenor Gasparetto, também ouviu 150 pessoas ligadas ao trade turístico de Ilhéus, Uruçuca (Serra Grande) e Itacaré, como proprietários ou executivos de hotéis e pousadas, albergues, campings, locadoras de veículos, de agências de viagens, de passeios, taxistas, de bares e restaurantes, de lojas de artesanato, quiosques e bancas de revistas.
Os dados revelam que 60,3% do trade é totalmente a favor do Porto Sul. Apenas 8,3% disseram ser contrários à instalação do empreendimento. Outros 76,35% acreditam que o projeto vai atrair mais empregos e 59,6% que atrairá obras do poder público. Para 48,7% do trade o Porto Sul atrairá mais turistas, enquanto 8,3% acreditam que vai afastar os turistas.
A pesquisa da Sócio-Estatística foi realizada na segunda quinzena de janeiro e na primeira semana de fevereiro de 2012.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Audiência pública realizada em Ilhéus em outubro do ano passado.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) determinou ao Ibama que realize audiências públicas em Itacaré e Uruçuca para debater os impactos do Porto Sul. A decisão saiu após análise de pedido de antecipação de tutela apresentado ao TRF pelo Ministério Público Federal.
A audiência é imprescindível para que o Ibama possa conceder o licenciamento ambiental. O primeiro entendimento era que uma audiência de amplitude regional, realizada em Ilhéus no ano passado, fosse suficiente. Mas procuradores federais discordaram, entrando com ação para que audiências ocorressem também em Uruçuca e Itacaré.
O pedido foi negado pela Justiça Federal em Ilhéus. O MPF interpôs agravo de instrumento no TRF e conseguiu mudar a decisão inicial. Ainda cabe recurso. A determinação de novas audiências pode atrasar ainda mais a liberação do licenciamento ambiental, inicialmente previsto para sair entre março e abril deste ano, após o Estado responder a questionamentos do Ibama.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Obras da Fiol no sertão baiano (foto Alberto Coutinho)

Prefeitos da região oeste da Bahia resolveram entrar na mobilização em defesa dos projetos que visam a implantar uma nova logística de transportes no Estado, eliminando deficiência histórica que prejudica o setor produtivo. Um manifesto assinado pela Associação de Municípios da Serra Geral e Bacia do São Francisco (Amavale) defende especificamente a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul.
No documento, a associação que reúne 26 municípios afirma que a Fiol e o porto “abrirão as fronteiras do sertão para o mundo”.  O presidente da Amavale, José Barbosa, prefeito de Caetité, declara que esteve na audiência pública realizada em outubro de 2011 pelo Ibama, em Ilhéus, para discutir os impactos do Porto Sul, e aponta que “organizações que não têm nada a ver com a Bahia estavam se opondo à implantação do projeto”.
Barreira diz que o interesse da Amavale é participar do debate sobre “o projeto como um todo, os impactos, como eles podem ser amenizados e as possibilidades de desenvolvimento que a proposta trará para nossa região”. O prefeito acrescenta que o crescimento da Bahia “não pode ser negado em função do interesse de poucos”.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Para a Justiça Federal, a audiência pública do Porto Sul cumpriu seu objetivo de informar à comunidade sobre os impactos positivos e negativos do empreendimento

A Justiça Federal em Ilhéus negou o pedido feito pelo Ministério Público para que fosse realizada nova audiência pública, no processo de licenciamento ambiental do Porto Sul. No entendimento do MPF, a necessidade de nova audiência se justificava por uma suposta falta de representatividade da primeira, que ocorreu no dia 29 de outubro, no Centro de Convenções da cidade.
Para a Justiça, a audiência – que reuniu cerca de 3.800 pessoas dos mais diversos segmentos sociais e foi precedida por outras 30 reuniões menores com representantes de setores específicos, como pescadores, comunidades do entorno do projeto, prefeitos, conselhos e sindicatos – é plenamente válida. A audiência, que durou 15 horas, foi considerada a maior já realizada pelo Ibama na Bahia.
Diante desse posicionamento da Justiça Federal, o Governo do Estado aumentou seu otimismo com relação a uma possível concessão da licença prévia do Porto Sul pelo Ibama.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Assentamento Bom Gosto está fora da área do porto (foto José Nazal)

O Governo da Bahia publicará no Diário Oficial, até fevereiro, o decreto que determina nova redução na área da poligonal do Porto Sul, empreendimento que aguarda licença ambiental para ser construído no norte de Ilhéus.
Em novembro, o governo diminuiu a área destinada ao projeto, de 4.833 para 2.268 hectares, o que atenuou significativamente os impactos ambientais do complexo portuário que, além do porto público, terá também um terminal da empresa Bahia Mineração.
A segunda redução da poligonal foi antecipada pelo PIMENTA no final de dezembro (leia aqui) e confirmada nesta quarta-feira, 18, pelo coordenador de Políticas de Infraestrutura do Governo da Bahia, Eracy Lafuente Pereira. Ele se reuniu hoje à tarde com trabalhadores do assentamento Bom Gosto, diretamente beneficiados pela nova medida do governo.
Com a diminuição, o assentamento, onde vivem cerca de 70 famílias, estará fora da área do porto. Além de não precisarem mais ser reassentados, os trabalhadores rurais – de acordo com o governo – serão contemplados com programas de melhoria habitacional, capacitação e inclusão social.
A possibilidade de remoção das famílias do assentamento Bom Gosto era criticada pela igreja, sobretudo pela Comissão Pastoral da Terra. Outras áreas rurais, como as comunidades do Valão e do Itariri, foram anteriormente excluídas da poligonal para reduzir o impacto social do Porto Sul.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Panorâmica da área escolhida para a implantação do Porto Sul (Foto José Nazal).

Entrevista concedida pelo superintendente do Ibama na Bahia, Célio Costa Pinto, à Tribuna da Bahia deixa claro que o órgão ambiental federal dá como certa a liberação da licença ambiental do Porto Sul em Ilhéus.
Célio avaliou como altamente positiva a audiência para discutir o projeto, realizada em Ilhéus no ano passado. O Ibama aguarda resposta do governo baiano a questionamentos técnicos surgidos a partir dos estudos e do relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). “Dependemos destes pontos para criar um programa específico para melhorar o controle ambiental na área do empreendimento”.
O governo baiano prometeu entregar as respostas aos questionamentos dentro do prazo estabelecido pelo Ibama. Além de redução da área do projeto, também foi escolhida nova localização para o porto.
“As ações para minimizar os impactos são muitas e encontram-se devidamente listadas no Estudo de Impacto do Meio Ambiente e no Relatório de Impacto do Meio Ambiente apresentados”, informa o coordenador de Políticas Públicas de Infraestrutura do Governo da Bahia, Eracy Lafuente.

Tempo de leitura: < 1 minuto

 

Técnicos falam sobre os impactos positivos e negativos do empreendimento

O Governo do Estado, com apoio da empresa Sondotécnica, está promovendo encontros preparatórios para a audiência pública do Porto Sul em várias comuidades de Ilhéus. Até a audiência, haverá 18 reuniões em locais situados na área de influência do projeto, abrangendo um total de 31 comunidades.
A chefe da Casa Civil do governo, Eva Chiavon, explica que essa preparação está prevista no processo de licenciamento e tem como objetivo assegurar que todos participem da discussão sobre os impactos positivos e negativos do Porto Sul. Segundo ela, a metodologia “combina com a ação política do governo, na qual o envolvimento popular é considerado peça fundamental”.
Eva diz ainda que o projeto Porto Sul representará um marco para o desenvolvimento da Bahia. “Estamos virando uma página na história da região, que enfrentou uma crise severa e agora se abre a novas oportunidades”, afirma.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Enquanto a região espera a audiência pública do Porto Sul, marcada para o dia 29, uma empresa já realiza estudos de alternativa locacional para o novo aeroporto de Ilhéus. Uma coisa já se sabe com certeza: ele não ficará mais na área da antiga poligonal do Porto Sul, na região norte do município, já que esta será transformada em unidade de conservação.
Um dos locais em estudo para o aeroporto internacional fica na rodovia Ilhéus – Itabuna, próximo à sede regional da Ceplac.

Tempo de leitura: 3 minutos

Alan Dick Megi
 

Muitos não entenderam ou não quiseram entender e me colocaram no rol dos que eram contrários ao porto, reduzindo e desqualificando o diálogo e a análise técnica para uma simplória discussão de ser “contra ou a favor” do porto sul.

 
Desde o início das discussões sobre a construção do Porto Sul em nosso município, eu tive a oportunidade de emitir minhas opiniões de forma clara, deixando-as registradas “por escrito” nos jornais ou nos blogs.
Para relembrar, nas minhas colocações deixava claro o meu contentamento com a possibilidade de novos investimentos em infra-estrutura, porém tive posição frontalmente contrária à sua localização na Ponta da Tulha, principalmente da área de 1700 hectares desapropriada pelo Governo do Estado, a qual seria inicialmente destinada a uma zona portuária e industrial ao longo do litoral norte, entre o loteamento Jóia do Atlântico e a Ponta da Tulha. Em minha posição contrária a essa localização, argumentava eu que se tratava de uma área ambientalmente frágil e ao mesmo tempo extremamente importante para o desenvolvimento turístico do município. Que poderíamos perfeitamente ter um novo porto sem perder tão importante zona de desenvolvimento urbano e turístico. Bastaria que mantivéssemos a zona portuária e industrial com seus galpões, depósitos e indústrias do outro lado do rio Almada, mais próximo ao Distrito Industrial e à rodovia BA-262 (Ilhéus/Uruçuca) em ligação com a futura ZPE. No texto uma “Parábola Tupiniquim”, fazendo uma analogia com nossas residências, dizia eu que uma máquina de lavar roupa, muito necessária e importante para a família, não deveria ser instalada na sala de visitas e sim na área de serviço da casa. Para aqueles que diziam que “não se podia fazer omelete sem quebrar os ovos”, eu respondia que a omelete poderia ser feita e quebrados quantos ovos fossem necessários, porém deveria ser feita na cozinha e não no meio da sala.
Muitos entenderam e concordaram, mas muitos não entenderam ou não quiseram entender e me colocaram no rol dos que eram contrários ao porto, reduzindo e desqualificando o diálogo e a análise técnica para uma simplória discussão de ser “contra ou a favor” do porto sul. Essa simplificação, que beirava o ridículo, gastou energia e tempo que atrasaram as análises e estudos verdadeiramente importantes sobre a melhor forma e melhor local para implantar o novo e importante equipamento de infra-estrutura, de forma a possibilitar enormes ganhos com mínimas perdas para toda a região.
Mas as questões puramente urbanísticas nem sempre tem importância frente aos grandes interesses econômicos ou às decisões politicamente equivocadas. Mas, por sorte, a área inicialmente escolhida era tão inapropriada em todos os sentidos, principalmente na questão ambiental, esta sim com força suficiente para frear os ímpetos vorazes do pseudo-desenvolvimento baseado apenas nos lucros de alguns, determinou a necessidade de encontrar outro sítio para a sua implantação.
Com isso os projetos se voltaram para as áreas situadas a oeste do rio Almada, próximo a Aritaguá, ao Distrito Industrial e à ZPE.
Exatamente como eu sugeria!
Que bom! O bom senso está prevalecendo! Pelo menos do ponto de vista urbanístico estamos de acordo.
Agora, que sejam feitos todos os estudos para minimizar os impactos ambientais, assunto que eu não tenho conhecimento técnico suficiente para opinar, portanto, com a palavra os biólogos, hidrologistas e demais especialistas em meio ambiente que podem contribuir para que seja possível a implantação deste tão importante investimento.
Mas não nos esqueçamos de lutar decisivamente para que sejam elaborados todos os planos de desenvolvimento do município de forma a garantir que tenhamos um investimento ainda maior do que o investido nas instalações portuárias, em habitação, saúde, educação, saneamento básico, infra-estrutura viária e segurança, pois a região precisa crescer com harmonia para não inchar no meio do caos e da desordem.
É preciso que fique bem claro e bem documentado que esses investimentos serão feitos dentro de um cronograma pré-estabelecido e com as responsabilidades de cada esfera governamental e de cada empresa privada, devidamente claras e aprovadas em documentos públicos, para que no futuro, a sociedade, junto com o Ministério Público, possa cobrar de cada órgão ou empresa, o cumprimento de suas obrigações.
Se assim se fizer, que venha o Porto Sul, que venha a ferrovia, que venham os empreendimentos turísticos. Que venha o desenvolvimento sustentável.
Alan Dick Megi é arquiteto, especialista em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades.
(Artigo extraído do site R2C Press)

Tempo de leitura: < 1 minuto

O governador Jaques Wagner estará em Itabuna nesta quinta-feira, 28, data do aniversário de 101 anos da cidade. Na agenda, o principal compromisso será a inauguração do posto de abastecimento do Gasene (Gasoduto Sudeste-Nordeste).
No programa de rádio “Conversa com o Governador”, produzido pela Agência de Comunicação do Governo (Agecom), Wagner diz que presença do gás natural na região tende a estimular o surgimento de um parque industrial entre Ilhéus e Itabuna. Ele também menciona outros investimentos que devem ajudar o sul da Bahia a caminhar nesse sentido, como por exemplo a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e o Porto Sul.
Ouça trecho do programa:

Tempo de leitura: 5 minutos

GRAMÁTICA NÃO É INSTRUMENTO DE JUSTIÇA

Ousarme Citoaian
Declarou-se no Brasil uma guerra injusta contra o adjetivo (dirão que as guerras são assim mesmo e que o espaço da justiça não é a gramática, mas o tribunal): uns o execram sem qualquer vezo de compaixão, reduzindo a zero sua presença no texto; outros o aspergem na página, atrelando-o a substantivos suspeitos. Talvez seja possível encontrar-lhe o meio termo, que é o uso quando necessário. Graciliano, o mais “descarnado” dos escritores brasileiros, pasmem os matadores de adjetivos, usava esse penduricalho em lugar certo e momento aprazado. Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes, diz ele, abrindo magistralmente Vidas secas (citado em coluna anterior). Na mesma frase, dois adjetivos necessários e certeiros.

ESTILO QUE DEIXA AS CARÊNCIAS À MOSTRA

Convém não confundir texto econômico com texto pobre. O econômico é rico sem ser perdulário, tem tudo de que precisa, sem nada lhe sobrar; o pobre deixa à vista carências básicas, até de grafia. Mesmo com risco de vida, digo que a internet é o túmulo da linguagem – cada vez mais descuidada, maltratada e “econômica”, transforma “que” em “q”, ”também” em “tb”, e por aí vai a carruagem. “Acabou-se o nosso carnaval” – o verso de Vinícius, numa canção com Carlos Lyra, serve como ícone do fim da alegria na construção do texto, o enterro do metafórico, o império do estereótipo da cultura pequeno-burguesa apressada e “pragmática”. Quase não mais se escreve com purpurina, lantejoulas, serpentinas, confetes, paetês, sangue, coração e alma.

A BOA LINGUAGEM EXIGE COR, RITMO E SOM

Ensinam os mestres da estilística esquecida que “escrever bem” inclui preocupações que ultrapassam o saber primário da gramática: pensar em ritmo, sonoridade, criatividade, não temer a palavra desusada, correr do pedantismo e do lugar comum. Le mot juste (o termo que não só define o pensamento como o emoldura com cores e sons) há de ser buscado, e essa busca às vezes é penosa. A tarefa de escrever, para quem o faz com responsabilidade, é estafante. O texto é areia movediça, terreno cheio de armadilhas, há o autor de locomover-se com cuidado, velho marinheiro conduzindo o barco em noite de temporal. Mas é trabalho compensador. Imagino até que o prazer, mais do que a obrigação de escrever, seja o dínamo do profissional dessa atividade.

EDITORIAL É TEXTO DE PALETO E GRAVATA

Só para quem é de outro ramo, que não jornalismo: o editorial é o espaço mais nobre do veículo. É texto analítico, opinativo, afirmativo, que representa o ponto de vista da empresa, em geral sobre notícia do momento. Faz-se editorial, por exemplo, a respeito do Porto Sul ou da ponte Ilhéus-Pontal, nunca sobre as capitanias hereditárias ou as pirâmides do Egito. Diz-se nas redações que o editorial (também chamado “artigo de fundo” e – quando muito pequeno – “suelto”) é o texto de paletó e gravata, grave, circunspecto e, obviamente, lavrado em linguagem formal. Não é à toa que os veículos escolhem para fazê-lo, via de regra, um jornalista de cabelos brancos.

NÃO SOU LINGUISTA, SOU APENAS LEITOR

Daí o espanto ao ler um jornal de Ilhéus e tropeçar, no seu espaço mais nobre, com uma linguagem absolutamente fora do lugar. O título, Informações vaciladas, é algo inesperado, exigindo esforço para saber o que o autor pretende dizer. Vacilar, todos sabem, é hesitar, cambalear, tremer, estar incerto, irresoluto etc. Logo, uma informação “vacilada” é uma invenção carente de sentido. Concedamos que “vacilante” seria bem aceita no texto – mas que “vacilada” é uma ousadia gramatical que só a corrente linguista excessivamente bem humorada acataria. Não sou linguista, mas leitor de jornais, e meu bom humor, graças ao bom Deus, está esgotado para esse tipo de coisa.

LEITURA PARA SABER COMO NÃO ESCREVER

Mesmo assim, por mera curiosidade, leio, em busca da solução do mistério. A primeira frase (“Palavra dita é palavra que não volta atrás”) introduz um pleonasmo “defensável” (ah, os linguistas!) que me deixa em expectativa nada positiva. A segunda “explica” a primeira: “Pelo menos é isso o que aprendemos desde pequeno”.  Como é mesmo? Aprendemos desde pequeno”? Ih!.. Em seguida, doutoral, o artigo cita que “um homem deve ter palavra” e que “isso é o que costuma nos afirmar nossos pais…”. Chega. Curioso, sim, masoquista, não, suspendi a leitura. Mas a recomendo a todos quantos quiserem saber como não escrever. Por certo, o editorial não é mais o mesmo.

COMENTE! » |

“PAU DE ARARA”: DA TRAGÉDIA À COMÉDIA

A vida dura de um retirante nordestino visto em Copacabana inspirou Vinícius de Morais a fazer (com Carlos Lyra) Pau de arara, na linha da música engagée, em moda naqueles anos sessenta. Mas a canção, na voz de Ary Toledo, ganhou vida própria, e o que tinha ares trágicos transformou-se em comédia: era de fazer chorar, arrancou risos da plateia. Não sei se a mensagem política – com crítica às desigualdades sociais, em particular no caso do Nordeste – perdeu força. O fato é que Pau de arara foi o momento que consolidou a carreira de Ary Toledo, um artista que ainda não havia encontrado o caminho a seguir.

RISADAS “ESTRIPITOSAS” DE ELIS REGINA

Na peça Pobre menina rica (texto de Vinícius e música de Carlinhos Lyra), Ary pediu aos dois que o deixassem cantar Pau de arara “ao seu estilo”, no que foi atendido, e não deu outra: o público caiu na risada. Lançada num compacto simples, a saga do “paraíba” não alcançou grande êxito, até que Ary fez uma gravação ao vivo no Teatro Record (programa “O Fino da bossa”), arrancando gargalhadas estrepitosas do público e da apresentadora, chamada Elis Regina. Era 1965. Vinícius e Elis aconselharam o jovem Ary Toledo (nascido em Martinópolis-SP/1937) a seguir a carreira de humorista, no que foram atendidos.

NÃO HÁ LUGAR MELHOR DO QUE NOSSA CASA

A canção desfia as desventuras do pobre homem, a comer em praça pública, mediante pagamento vil, lâminas de barbear e cacos de vidro. A canção do retirante, portanto, não era engraçada, mas trágica, denunciadora do modo de vida que se impõe ao povo, o acúmulo de riquezas tantas para uns poucos e da miséria para milhões. Após desfilar seu rosário de sofrimentos e humilhações, o personagem conclui ser mais sensato retornar à terrinha: “Vou-me embora pro meu Ceará/ porque lá tenho um nome/ e aqui não sou nada, sou só Zé Com Fome/ sou só pau de arara/ Não sei nem cantá”. Não existe lugar como nossa casa.

O.C.

COMENTE! » |

Tempo de leitura: < 1 minuto

O novo presidente do Ibama, Curt Trennepohl, chega ao instituto com o propósito de melhorar a gestão do órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Pelo perfil traçado em matéria da revista Exame, Trennepohl, que é advogado e uma autoridade em legislação ambiental, tem tudo para simplificar e dar mais agilidade aos processos de licenciamento.

A ordem no Ibama agora é priorizar a objetividade reduzir o espaço para interpretações ideológicas que vêm travando obras importantes para o país. Os prejuízos para as empresas são gigantescos e a situação já inibe investimentos, retardando o processo de recuperação da economia nacional. O caso do Complexo Intermodal Porto Sul, em Ilhéus, é típico.

Segundo apurou a Exame, o número de pedidos de licenciamento em tramitação no Ibama aumentou 70% desde 2007. Existem hoje nada menos que 1.675 projetos aguardando a emissão das respectivas licenças, que muitas vezes demoram a sair em virtude da pressão de ambientalistas “xiitas”.

O novo presidente afirma que costuma analisar o impacto ambiental “sem paixão” e conciliar crescimento econômico com preservação da natureza.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Na briga das emissoras de tevê, ontem a Band exibiu no seu jornalístico de início de noite uma reportagem sobre o Complexo Intermodal Porto Sul. E frisou que um lobby ameaça uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O complexo está orçado em aproximadamente R$ 6 bilhões. A reportagem ouviu moradores da Ponta da Tulha, no litoral norte de Ilhéus, o governador Jaques Wagner, o ambientalista Rui Rocha e o vice-presidente da Bamin, Clovis Torres.

Confira o vídeo