Ao lado de Silmara Sousa, Orlando Cardoso entrevista Jorge Braga, ex-presidente da CDL Itabuna
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Era 26 de fevereiro de 1961. Em meados de abril, o diretor de Broadcast da Rádio Difusora, Lourival Ferreira, o convoca para assumir o comando das narrações, e sozinho.

 

Walmir Rosário

Dizem os estudiosos em física e matemática que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Até que poderia, mas as probabilidades seriam remotas, ínfimas. Não concordo, mesmo tendo consciência de que sou, cientificamente, um ignorante nesses assuntos. E rebato essa tese apresentando prova em contrário, reconhecida e testada em todos os lugares em que as ondas do rádio de Itabuna alcançaram e fizeram sucesso.

E minha tese, como disse, tem nome e sobrenome, Orlando Cardoso Melo, com 62 anos dedicados ao rádio. Pelas minhas contas, seriam 63, mas como ele não coloca sua primeira experiência no currículo, acato a idade radiofônica em questão. E Orlando desempenha, ainda, com maestria tudo o que criou e fez no rádio, como transmissões esportivas, apresentação de resenhas, programas musicais, informativos e o que mais apareça.

E ele chegou ao rádio por acaso. A primeira vez em que o raio (do rádio) caiu foi em 1960, na antiga Rádio Clube de Itabuna, por obra e graça de Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho, o CCCC, que solicita para que Orlando Cardoso gravasse um jogo imaginário em seu gravador (de Crispim). Feito o teste, aprovado, foi convidado a narrar uma partida preliminar do Campeonato de Itabuna. Perfeito para a primeira vez.

Foi convidado a fazer parte da equipe comandada por José Maria Gottschalk, com Gérson Souza, Crispim, dentre outros. Aceitou. A emissora estava ampliando o quadro do esporte, com Leovaldo Almeida, Edson Almeida, Geraldo Santos, e Leovaldo e o designou para a redação da resenha. Perguntou se “batia a máquina”, como a resposta foi negativa, ordenou que se matriculasse numa escola de datilografia.

Orlando não deu as caras na emissora e continuou seu trabalho na Loja Osgonçalves, esqueceu a quase nova profissão de radialista, para desgosto de Crispim. Vida que segue, em 1961 inicia o serviço militar no Tiro de Guerra, sob o comando do então sargento Paulo. Num desses domingos, ao encerrar a instrução, o sargento anuncia que o radialista Romilton Teles teria convidado a todos para participarem do programa Show da Alegria, na Rádio Difusora.

E o raio tornou a cair no mesmo lugar. Romilton Teles anuncia que os atiradores podem se apresentar com o que sabem fazer de melhor: cantar, dançar, recitar poesia. Um colega engrena a música Esmeralda e incentiva a apresentação dos demais. Para surpresa da plateia, Orlando Cardoso se candidata a narrar um jogo entre o Vasco da Gama e o Real Madri, pois tinha escutado esse jogo no meio da semana, com o gol de Delem.

Assim que recebeu o microfone das mãos de Romilton, Orlando pede a ajuda da galera e botou o tom fora, até anunciar o gol do Vasco. Se junta aos demais e em seguida é convocado para voltar à emissora na quarta-feira, para se encontrar com o diretor-geral Hercílio Nunes. Se apresenta, mas como o diretor estava numa reunião, pede que ele vá no domingo ao Campo da Desportiva e que chegue mais cedo, pois narrará uma partida.

Chega cedo como aprazado e Hercílio abre a transmissão, anuncia o novo contratado, que narrará o jogo em conjunto com o titular, Luiz Alves. E cada um narraria o jogo numa metade do campo, como faziam Jorge Curi e Antônio Cordeiro na Rádio Nacional. Era 26 de fevereiro de 1961. Em meados de abril, o diretor de Broadcast da Rádio Difusora, Lourival Ferreira, o convoca para assumir o comando das narrações, e sozinho.

No próximo domingo já estreou no Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus, transmitindo Seleção de Ilhéus e Bonsucesso, do Rio de Janeiro. E não parou mais. Apresentou resenhas e inovou ao criar e apresentar um programa com músicas de Carnaval, só que fora do Carnaval. Mesmo contra a opinião de Hercílio Nunes, apresentava aos domingos, das 7 às 9 horas, Carnaval Toda a Vida, e a primeira música tocada foi Roubei a mulher do rei.

Enquanto isso, fazia de tudo para continuar nas duas ocupações, a Osgonçalves e a Difusora, até quando não deu mais e deixou a loja. Assim que avisou a Hercílio que estava “desempregado” da loja, recebeu a proposta para apresentar um novo programa, à tarde. Descansou merecidos 15 dias e passou a apresentar o programa Discoteca Jovem de Ontem, com músicas passadas, que caiu, imediatamente, no gosto dos ouvintes.

E Orlando Cardoso se consolidou no rádio itabunense e regional pela alegria em que narrava as partidas de futebol e as apresentações dos programas musicais, contando piadas e mandando os alôs para os ouvintes. Nas ruas e estádios era cumprimentado com os bordões que criava, era convidado a ir às casas dos ouvintes, e sempre chegava com a mesma alegria do rádio.

No futebol, criou bordões que fizeram muito sucesso e são lembrados e imitados até hoje. E os ouvintes iam ao delírio quando ouviam Orlando gritar: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo do futebol”, subtraído da ideia de Fiori Gigliotti; “Gol itabunense, torcida grapiúna”; “O barbante estufou, o escore mudou”; “Ora, ora, ora, agora, (para informar o horário,”, dentre outros. “Eles apareciam e eu incorporava ao repertório”, conta.

Após vários anos na Rádio Difusora, passa pela Rádio Nacional (ex-Clube) e Rádio Jornal de Itabuna, até retornar à Difusora, onde até hoje lidera a audiência com o Programa Panorama 640 (meia quatro zero). Comentam os colegas radialistas, que o programa não tem mais espaço algum para novas publicidades, o que configura o estrondoso sucesso de Orlando na Difusora e nas emissoras em que passou.

Em 1984 Orlando Cardoso finaliza sua participação como narrador esportivo, apesar dos constantes apelos dos ouvintes e colegas para que permanecesse por mais tempo. Narrou grandes partidas da Seleção Brasileira no Maracanã e no Maranhão; do Flamengo (3) na decisão do Campeonato Brasileiro contra o Atlético Mineiro (1); e em Campinas, na vitória do Guarani sobre o Itabuna por 7X1.

E Orlando Cardoso, torcedor do América carioca, sempre foi um eterno apaixonado pelo bom futebol da Seleção de Itabuna. Foi eleito vereador para dois mandatos de seis anos (cada) e é uma das pessoas mais populares de Itabuna e região. Aos 81 anos de idade e 62 de radialismo (63 se contar com a pequena passagem pela Rádio Clube), se considera um homem feliz e realizado com sua família.

Um homem com grandes histórias e que aqui serão contadas em muito breve.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor de Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Ponte do Tororó no Rio Cachoeira, em Itabuna || Foto Arquivo Walmir Rosário
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Gostaria de, em cima das pontes atuais e das que serão construídas, poder apreciar o Cachoeira revitalizado na Itabuna altaneira que sempre acostumamos a ver. Espero um dia possa ter essa oportunidade, assim como todos os itabunenses – daqui e de fora – que aprenderam a amar essa terra.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Confesso que sou um pouco saudosista, mas quem há de resistir àquelas boas lembranças dos tempos de criança e adolescente? Poucos insensíveis, diria eu, recordando a belezas e a funcionalidade do rio Cachoeira dos anos 1950/60. A beleza plástica está quase toda registrada nas telas dos nossos artistas, com suas pedras à mostra, às vezes nem tanto, pois também serviam de “quarador” para as centenas de lavadeiras de ganho, ou de casa, que utilizavam as abundantes águas.

Labutavam, ainda, nas águas do velho Cachoeira pescadores – alguns especializados – de pitus, calambaus e camarões; peixes das mais variadas espécies, em sua maioria nobre, a exemplo de robalos, jundiás, tucunarés; os areeiros, que retiravam a areia para as construções com suas canoas e transportadas nos jegues; tipo de transporte também utilizados para levar água (de gasto e de beber) às residências que não dispunham de água encanada, artigo (melhor, serviço) raro à época.

Com poucos esgotos in natura (tratamento também não existia) despejando no nosso rio, era o local da higiene corporal de muitos moradores, alguns que se exibiam com saltos e braçadas durante a natação num simples banho. As águas límpidas – embora salobra – era um convite, inclusive durante a noite quando alguns se aventuravam a mergulhar e nadar sorrateiramente para furtar os peixes capturados nas grozeiras e outras armadilhas colocadas em frentes às residências.

Os donos sabiam quem eram os larápios, mas nada de chegar às vias de fato, bastava uma simples censura, como geralmente assim fazia Pepê, hoje o advogado Pedro Carlos Nunes de Almeida, que tinha suas armadilhas ali na rua da Jaqueira, hoje avenida Fernando Cordier. Nos tempos atuais, mesmo com os parcos recursos, poucos se aventurariam a entrar nas águas superpoluídas do nosso velho rio, ainda mais com peixes suscetíveis a todos os tipos de doenças.

Sem medo de errar ou ser interpretado como politicamente incorreto, até as inundações do rio Cachoeira eram de encher os olhos e correr o mundo com as notícias da invasão das águas na pujante Itabuna. E olhe que naquela época não existia internet ou redes sociais, ganhava o mundo através dos jornais, telégrafo e dos microfones das rádios Clube, Difusora e Jornal, já que os serviços de alto-falante Tabu (bairro Conceição) e a Voz da Cidade não tinham longo alcance.

Passada a refrega, o comércio contabilizava seu prejuízo, refazia seus planos e tudo voltava à normalidade. A economia cacaueira dava o seu ar da graça e todos voltavam a ser o grapiúna de sempre, rico mesmo sem ter dinheiro no bolso, mas com muito crédito na praça. Nenhuma cidade do porte de Itabuna possuía o número de agências bancárias numa mesma avenida, a Cinquentenário, e todas funcionando, emprestando dinheiro e recebendo aplicações da venda do cacau.

Voltando ao comércio, a Cinquentenário e adjacentes se impunham com a galhardia de seus luminosos, confeccionados em gás neon, apagando e acendendo em intervalos diferentes, como só se viam nas grandes metrópoles pelo mundo afora. E os visitantes ficavam de “queixo caído” com nossa beleza feérica, tanto assim que muitos anos depois um conhecido biólogo da capital fluminense (à época Niterói), José Zambrotti, enchia os pulmões para nominar Itabuna como a Broadway brasileira.

Nem parecia que meses atrás tinha sofrido a grande catástrofe e, assim como no comércio, indústria e serviços maiores, a vida do rio voltava ao normal, com todos utilizando o que as águas produziam e permitam que fosse retirado para o bem do homem. Até as pontes voltavam ao normal. Me refiro às pontes do Tororó (conhecida como dos Velhacos), estreita, baixa e somente para pedestres, e a do Marabá, cujo nome, Miguel Calmon, ainda é desconhecido da maioria da população, que eram interditadas.

Hoje maltratado, o rio Cachoeira ainda tenta sobreviver, mesmo contra a falta de vontade dos nossos governantes, que pela importância dos rios, já poderia merecer tratamento diferenciado, com um projeto de despoluição desde sua nascente até o chamado “mar de Ilhéus”, onde deságua. Atualmente nenhum artista plástico dedicaria parte do seu tempo para retratar seu leito tomado pelas baronesas, criadouro do mosquito da dengue, ou as águas fétidas e de cor encardida pelo caldo derramado pelos esgotos.

Mesmo assim, ainda tenho a esperança de vê-lo, se não como o de antigamente, mas um rio importante na nossa vida e na socioeconomia do itabunense, do grapiúna. Gostaria de, em cima das pontes atuais e das que serão construídas, poder apreciar o Cachoeira revitalizado na Itabuna altaneira que sempre acostumamos a ver. Espero um dia possa ter essa oportunidade, assim como todos os itabunenses – daqui e de fora – que aprenderam a amar essa terra.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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walmirWalmir Rosário | wallaw2008@gmail.com

 

Sem medo de errar ou ser interpretado como politicamente incorreto, até as enchentes do rio Cachoeira eram de encher os olhos e correr o mundo com as notícias da invasão das águas na pujante Itabuna. E olhe que naquela época não existia internet ou redes sociais.

 

Confesso que sou um pouco saudosista, mas quem há de resistir àquelas boas lembranças dos tempos de criança e adolescente? Poucos insensíveis, diria eu, recordando a belezas e a funcionalidade do rio Cachoeira dos anos 1950/60. A beleza plástica está quase toda registrada nas telas dos nossos artistas plásticos, com suas pedras à mostra, às vezes nem tanto, pois também serviam de “coarador” para as centenas de lavadeiras de ganho, ou de casa, que utilizavam as abundantes águas.

Labutavam, ainda, nas águas do velho Cachoeira pescadores – alguns especializados – de pitus, calambaus e camarões; peixes das mais variadas espécies, em sua maioria nobre, a exemplo de robalos, jundiás, tucunarés; os areeiros, que retiravam a areia para as construções com suas canoas e transportadas nos jegues; tipo de transporte também utilizados para levar água (de gasto) às residências que não dispunham de água encanada, artigo (melhor, serviço) raro à época.

Com poucos esgotos in natura (tratamento também não existia) despejando no nosso rio, era o local da higiene corporal de muitos moradores, alguns que se exibiam com saltos e braçadas durante a natação num simples banho. As águas límpidas – embora salobra – era um convite, inclusive durante à noite quando alguns se aventuravam a mergulhar e nadar sorrateiramente para furtar os peixes capturados nas grozeiras e outras armadilhas colocadas em frente às residências.

Os donos sabiam quem eram os larápios, mas nada de chegar às vias de fato, bastava uma simples censura, como geralmente assim fazia Pepê, hoje o advogado Pedro Carlos Nunes de Almeida, que tinha suas armadilhas ali na rua da Jaqueira, hoje avenida Fernando Cordier. Nos tempos atuais, mesmo com os parcos recursos, poucos se aventurariam a entrar nas águas superpoluídas do nosso velho rio, ainda mais com peixes suscetíveis a todos os tipos de doenças.

Sem medo de errar ou ser interpretado como politicamente incorreto, até as enchentes do rio Cachoeira eram de encher os olhos e correr o mundo com as notícias da invasão das águas na pujante Itabuna. E olhe que naquela época não existia internet ou redes sociais, ganhava o mundo através dos jornais, telégrafo e dos microfones das rádios Clube, Difusora e Jornal, já que os serviços de altofalante Tabu (bairro Conceição) e a Voz da Cidade não tinham longo alcance.

Passada a refrega, o comércio contabilizava seu prejuízo, refazia seus planos e tudo voltava à normalidade. A economia cacaueira dava o seu ar da graça e todos voltavam a ser o grapiúna de sempre, rico mesmo sem ter dinheiro no bolso, mas com muito crédito na praça. Nenhuma cidade do porte de Itabuna possuía o número de agências bancárias numa mesma avenida, a Cinquentenário, e todas funcionando, emprestando dinheiro e recebendo aplicações da venda do cacau.

Voltando ao comércio, a Cinquentenário e adjacentes se impunham com a galhardia de seus luminosos, confeccionados em gás neon, apagando e acendendo em intervalos diferentes, como só se viam nas grandes metrópoles pelo mundo afora. E os visitantes ficavam de “queixo caído” com nossa beleza feérica, tanto assim que muitos anos depois um conhecido biólogo da capital fluminense (à época Niterói), José Zambrotti, enchia os pulmões para nominar Itabuna como a Broadway brasileira.

Nem parecia que meses atrás tinha sofrido a grande catástrofe e, assim como no comércio, indústria e serviços maiores, a vida do rio voltava ao normal, com todos utilizando o que as águas produziam e permitiam que fosse retirado para o bem do homem. Até as pontes voltavam ao normal. Me refiro às pontes do Tororó (conhecida como dos Velhacos), estreita, baixa e somente para pedestres, e a do Marabá, cujo nome, Miguel Calmon, ainda é desconhecido da maioria da população, que eram interditadas.

Hoje maltratado, o rio Cachoeira ainda tenta sobreviver, mesmo contra a falta de vontade dos nossos governantes, que pela importância dos rios, já poderia merecer tratamento diferenciado, com um projeto de despoluição desde sua nascente até o chamado “mar de Ilhéus”, onde deságua. Atualmente, nenhum artista plástico dedicaria parte do seu tempo para retratar seu leito tomado pelas baronesas, criadouro do mosquito da dengue, ou as águas fétidas e de cor encardida pelo caldo derramado pelos esgotos.

Mesmo assim, ainda tenho a esperança de vê-lo, se não como o de antigamente, mas um rio importante na nossa vida e na socioeconomia do itabunense, do grapiúna. Gostaria de, em cima das pontes atuais e das que serão construídas, poder apreciar o Cachoeira revitalizado na Itabuna altaneira que sempre acostumamos a ver. Espero um dia possa ter essa oportunidade, assim como todos os itabunenses – daqui e de fora – que aprenderam a amar essa terra.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

No início da década de 80 os jornalistas Ramiro Aquino e José Adervan  arrendaram a pioneira Rádio Clube ( hoje Nacional). Quando o contrato venceu o proprietário Daniel Gomes pediu pra  continuarem na direção da emissora. Eles concordaram.

Certo dia foi marcada uma entrevista com o proprietário, deputado estadual, no horário apresentado por Gonzalez Pereira. Ramiro e Adervan orientaram o radialista a tratar o entrevistado na condição de parlamentar e não fazer referência à sua atividade empresarial. Gonzalez explicou isso ao deputado, que ficou calado, dando a entender que concordara com tudo.

No momento da entrevista Gonzalez explicou aos ouvintes que o deputado Daniel Gomes iria “dar uma palavrinha”. O deputado começou contestando enfaticamente o locutor: “palavrinha não, a rádia é minha e eu falo na hora que eu quiser e o tempo que eu quiser.”

Inspirado em Fidel Castro, não na forma ou conteúdo, mas no longo tempo que o cubano costuma utilizar discursando, deitou falação. Gonzalez aproveitou a concentração do falante e deixou o estúdio “à francesa”, nas pontas dos pés.

Quando Daniel Gomes cansou de falar, tentou passar o microfone pra Gonzalez. Foi um sufoco. O técnico da mesa de som teve que, de improviso, colocar música. O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.