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Acuado, o artista decidiu pelo autoexílio na França, voltando dez anos depois. Apesar do longo período, Raimundo Sodré não foi esquecido.

Marival Guedes || marivalguedes@yahoo.com.br

Jorge Portugal compôs a belíssima Maio 68 em parceria com Roberto Mendes. Simone, no auge da carreira artística, ouviu, gostou e pediu a Portugal pra gravar, mas não pode ser atendida. Havia o compromisso com o parceiro Raimundo Sodré que fazia sucesso com a Massa, autoria da dupla.

Maio 68, que retrata com maestria os movimentos políticos, sociais e culturais na França e no Brasil naquele período, criava expectativa de sucesso.

Mas tudo mudou repentinamente por causa da realização de um comício da campanha de Clériston Andrade em Aquidabã, Salvador, em 1981, com o apoio do padrinho governador Antônio Carlos Magalhães.

Raimundo Sodré foi contratado e cantou antes dos discursos que haveria. ACM, o candidato ao governo e seus seguidores, ficaram em cima do arco da ladeira Nazaré-Barbalho. O povo, embaixo, na Baixa dos Sapateiros.

Vale lembrar que naquele ano a cidade fervilhava com vários protestos e uma “explosão” ocorreu quando, num ato do Movimento Contra Carestia, sindicatos e partidos na Praça Municipal, o sistema elétrico do local foi interrompido. No quebra-quebra em vários pontos da cidade, 350 ônibus foram depredados e dez incendiados.

Raimundo Sodré havia chegado de viagem e não sabia o que estava acontecendo. Começou a cantar A Massa e no embalo entoou: “Quebra-quebra guabiroba/Quero ver quebrar”, como se fosse um estribilho.

Pareceu uma senha. Contagiada pelas ações anteriores, a multidão começou a apedrejar os políticos que, em pânico, na base do salve-se quem puder, saíram em disparada, obviamente dentro das possibilidades físicas de cada um.

O vingativo ACM pensou que foi intencional e começou uma implacável perseguição contra o artista. Mandou que o hotel onde Raimundo Sodré estava hospedado o expulsasse, ligou para a gravadora para que o novo disco não fosse divulgado e pressionou as emissoras para não executarem suas músicas.

Acuado, o artista decidiu pelo autoexílio na França, voltando dez anos depois. Apesar do longo período, Raimundo Sodré não foi esquecido. Desde o retorno faz shows no Recôncavo, em Salvador e outros lugares. Agora, só faltam divulgar Maio 68.

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O texto acima foi escrito em 2015. A última vez que estive com Jorge Portugal foi em 2018, num encontro casual na porta da Assembleia Legislativa, onde acompanhei a gravação da história da música A Massa para o Canal Danilo Ribeiro. Falei, mais uma vez, que a bela composição Maio 68 deveria ser divulgada. Ele respondeu: “ Vou lhe contar um segredo, em off, estou conversando com Simone e vamos gravar um disco incluindo esta composição”.

Maio 68, A Massa e várias outras composições deixarão Jorge vivo no coração do povo baiano.

Marival Guedes é jornalista.

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Sodré é atração de festival que começa na quinta, em Ilhéus.
Sodré é atração de festival que começa na quinta, em Ilhéus.
Começa na próxima quinta (26) a primeira edição do Festival de Cultura Popular de Ilhéus, com programação no Teatro Municipal, na Praça do Teatro, na Academia de Letras e no Ponto de Cultura Literatura de Cordel Para Todos (Casar), no Pontal. Até o dia 28, serão promovidas oficinas e feiras de literatura de cordel, de xilogravura – com Luiz Natividade -, estandartes, além de apresentações de samba de roda, maculelê, bumba meu boi, terno de reis, danças indígenas, circo, feira de artesanato e seminário.

O público vai, ainda, se emocionar com os shows de grandes artistas nordestinos, como Carlos Silva, Geruza Guedes, Teo Guedes e Domingos Santeiro. O encerramento ficará por conta do santamarense Raimundo Sodré, que soltará a voz e a viola no palco do Municipal de Ilhéus.

– O Festival foi pensado para fortalecer as culturas populares existentes no município de Ilhéus e região, além de divulgar essas manifestações. O evento vai, também, estimular a criação de políticas públicas para este setor, chamando atenção para a valorização da tradição e da história da nossa cidade – explica a presidente do Casar, Mestra Janete Lainha.

Durante os três dias, a programação será aberta ao público. Já para assistir ao show Girassóis de Van Gogh, de Raimundo Sodré e convidados, no dia 28, às 20h, no Teatro Municipal de Ilhéus, os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente no Ponto de Cultura CASAR, no Teatro Municipal de Ilhéus e no Stand do Karioka, a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Sodré levará ao palco seu vasto repertório de chulas, sambas, baiões, aboios e outros ritmos que marcaram sua carreira, sem deixar de emocionar o público com o sucesso A Massa, lançado no início dos anos 1980. Clique no “leia mais” e confira programação completa: Leia Mais

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Contagiada pelas ações anteriores, a multidão começou a apedrejar os políticos que, em pânico, na base do salve-se quem puder, saíram em disparada, obviamente dentro das possibilidades físicas de cada um.

Jorge Portugal compôs a belíssima Maio 68 em parceria com Roberto Mendes. Simone, no auge da carreira artística, ouviu, gostou e pediu a Portugal pra gravar, mas não pode ser atendida. Havia o compromisso com o parceiro Raimundo Sodré que fazia sucesso com a Massa, autoria da dupla.

Maio 68, que retrata com maestria os movimentos políticos, sociais e culturais na França e no Brasil naquele período, criava expectativa de sucesso.

Mas tudo mudou repentinamente por causa da realização de um comício da campanha de Clériston Andrade em Aquidabã, Salvador, em 1981, com o apoio do padrinho governador Antônio Carlos Magalhães.

Raimundo Sodré foi contratado e cantou antes dos discursos que haveria. ACM, o candidato ao governo e seus seguidores, ficaram em cima do arco da ladeira Nazaré-Barbalho. O povo, embaixo, na Baixa dos Sapateiros.

Vale lembrar que naquele ano a cidade fervilhava com vários protestos e uma “explosão” ocorreu quando, num ato do Movimento Contra Carestia, sindicatos e partidos na Praça Municipal, o sistema elétrico do local foi interrompido. No quebra-quebra em vários pontos da cidade, 350 ônibus foram depredados e dez incendiados.

Raimundo Sodré havia chegado de viagem e não sabia o que estava acontecendo. Começou a cantar A Massa e no embalo entoou: “Quebra-quebra guabiroba/Quero ver quebrar”, como se fosse um estribilho.

Pareceu uma senha. Contagiada pelas ações anteriores, a multidão começou a apedrejar os políticos que, em pânico, na base do salve-se quem puder, saíram em disparada, obviamente dentro das possibilidades físicas de cada um.

O vingativo ACM pensou que foi intencional e começou uma implacável perseguição contra o artista. Mandou que o hotel onde Raimundo Sodré estava hospedado o expulsasse, ligou para a gravadora para que o novo disco não fosse divulgado e pressionou as emissoras para não executarem suas músicas.

Acuado, o artista decidiu pelo autoexílio na França, voltando dez anos depois. Apesar do longo período, Raimundo Sodré não foi esquecido. Desde o retorno faz shows no Recôncavo, em Salvador e outros lugares. Agora, só faltam divulgar Maio 68.

Marival Guedes é jornalista e escreve no Pimenta às sextas.