Ronald Kalid afirma que não disputará eleição em Itabuna || Foto Laele
Tempo de leitura: 4 minutos

 

Aposto que não mudarão os partidos, os candidatos, com ou sem pré, e tampouco Ronald Kalid, que deve continuar pensando igualzinho. E tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes e adjacências.

Walmir Rosário 

Em Itabuna, o arquiteto Ronald Kalid afirma que não será candidato a cargo eletivo em 2024. Sequer está filiado a um partido político, situação esta que poderá ser mudada, embora jure de pés juntos ter o tempo passado e, com ele, o tal do cavalo selado. Mas o que teria feito Ronald mudar de ideia? Acredito eu, que pela tal da coerência, que ele sempre fez questão de manter ativa e altiva.

Parece uma blasfêmia, ou idiotice, sei lá, falarmos – pior ainda escrever – que um vivente com o juízo em perfeito estado agir nesses moldes, hoje tão em desacordo com os costumes desses tempos tecnológicos. Mas existem, poucos, é verdade, vivos e são, ouvindo e analisando tudo que vê à sua volta, discordando, em dissintonia, ou desacordando dos moldes atuais de fazer política.

Melhor seria dizer – para parecer mais claro – em campanha eleitoral permanente, embora a legislação não permita o uso dessa afirmação. Mas como nesse Brasil varonil sempre conseguimos um jeitinho pra tudo, podemos dizer, sem medo de errar, pré-campanha. Não sei se por soar mais bonito, ou simplesmente como uma figura de linguagem, recurso estilístico produzido para ficar bem na fita.

Pior, ainda, aos olhos dos aplicadores da lei, atentos aos deslizes dos políticos, mais ainda às denúncias dos adversários por infringir às nuances das leis e regulamentos eleitorais. Melhor dizer, pré-candidato, que está tudo bem. Atende muito bem nesses tempos em que o politicamente correto não admite esses cochilos e desce a marreta nos candidatos, “ops”, pré-candidatos.

Mas não acredito que somente essas questiúnculas tenham atemorizado Ronald Kalid, um frequentador assíduo do senadinho do Café Pomar e do Beco do Fuxico, com assento aos sábados na Fuxicaria itabunense. Com certeza, não. Me arrisco a dizer, sem ter perguntado o porquê da desistência, que os motivos são outros. Pra muito gente, quem sabe, o nosso político em questão preferiria manter sua fama de mau.

Não que Ronald trate alguém com descortesia, pelo contrário, mas por ser visto como possuidor inveterado de três atributos considerados terríveis numa campanha eleitoral, ou pré, como queiram. Ser sisudo, não cumprimentar desconhecidos no meio da rua, principalmente com as famosas risadinhas. Com esse péssimo costume (?) não passará, jamais, no difícil vestibular para trono do executivo.

É essencial que para o pretendente ao Centro Administrativo de Itabuna esteja sempre pronto para os tapinhas nas costas dos futuros eleitores, melhor seria acompanhados dos beijinhos nos rostos das eleitoras, sempre acompanhadas das “incumpríveis” (será que existe essa palavra?) promessas em liberar rios de leite e ribanceiras de cuscuz, bem ao estilo costumeiro, pois é assim que a banda toca.

Basta um de nós perguntar a qualquer marqueteiro ou aos amigos da imprensa sobre esse terrível costume. Eles não deveriam concordar, mas quem iria contrariar uma tese vencedora a cada dois anos nas campanhas eleitorais brasileiras? Melhor ficar com a grande maioria, até porque fica mais fácil afirmar que a “voz do povo é a voz de Deus”, e estamos devidamente conversados.

Maus exemplos como esse deveriam ficar escanteados nesses tempos tão modernosos, que poderiam servir de baliza, mergulhando na consciência eleitoral de cada um. Mas que nada, melhor criar nossos mitos, de preferência santos com pés de barro, que podem ser quebrados depois com certa facilidade. Quem sabe ficaremos com mais poder de barganha caso haja qualquer necessidade de manutenção da governabilidade.

Não sei se por isso o Brasil seja o campeão da enorme população flutuante nos partidos políticos, que muda das agremiações de acordo com seus interesses e não com os estatutos partidários. Eles aprenderam que pouco importa para o povão a ideologia, o que vale é o agora, qual benefício poderá auferir. Políticos não são anjos e sequer têm vocação para santos, mas têm que ser vivos, sabidos ao extremo, pois os simplórios estão de fora.

E assim pouco importa o ontem, administrações passadas, capacidade de trabalho, conhecimento da administração pública. Bom mesmo é o agora, com os interesses pessoais antes dos coletivos. É o salve-se quem puder, com o aval partidário, pois não participam do grande banquete os que não foram amplamente sufragados nas urnas eleitorais eletrônicas.

A mudança sempre é necessária, desde que para melhor. E aqui no nosso minúsculo debate, quem deveria mudar: os partidos, cumprido sua ideologia e seus princípios elencados nos estatutos, entregando aos eleitores a mercadoria vendida; Ronald Kalid, cuja promessa é das mais simplórias, simplesmente garantindo um relacionamento saudável entre os poderes públicos e a iniciativa privada.

Pelo pouco que conheço das artes políticas, numa campanha se gasta muita saliva, sola de sapato e dinheiro, este precioso e doado pelos partidos coligados e alguns amigos, hoje de acordo com o processo legal. Mas aposto que não mudarão os partidos, os candidatos, com ou sem pré, e tampouco Ronald Kalid, que deve continuar pensando igualzinho. E tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes e adjacências.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Tempo de leitura: 2 minutos

marco wense1Marco Wense

As pesquisas de intenção de votos apontam Geraldo Simões e Fernando Gomes na frente.

Uma fatia considerável do eleitorado itabunense vibra quando aparece na imprensa determinados nomes que podem disputar o processo sucessório de 2016.

Esses eleitores querem um candidato a prefeito sem nenhuma ligação com tradicionais e empoeirados grupos ou correntes políticas, dando um basta na mesmice.

Não é a tal da terceira via e, muito menos, coisa parecida, quase sempre disfarçada de novidade. É mudança radical mesmo. Um prefeiturável que provoque sobressalto e uma agradável surpresa.

O problema é que a outra fatia que vota nas antigas lideranças, com destaque para Geraldo Simões, Fernando Gomes e o Capitão Azevedo, representa quase 50% do eleitorado.

Vale lembrar que Geraldo, Fernando e Azevedo, respectivamente petista e democratas, obviamente do PT e do DEM, somam sete mandatos como gestor do Centro Administrativo Firmino Alves.

GS, FG e CA não conseguiram acabar com o tabu da reeleição. Nunca se reelegeram. Fernando Gomes, sendo candidato e saindo vitorioso, vai para o seu quinto mandato.

As pesquisas de intenção de votos apontam GS e FG na frente. A volta do “Geraldo versus Fernando” é interpretado pelos “mudancionistas” como a prova inconteste de que Itabuna parou no tempo.

Como não gosto de deixar o leitor na dúvida (ou curioso), revelo que Antonio Mangabeira, Chico França e o bom juiz Marcos Bandeira são as possíveis e agradáveis surpresas da sucessão de Claudevane Leite (PRB).

Em outros tempos, em priscas eras, como diria o saudoso jornalista Eduardo Anunciação, os protagonistas da mudança eram Helenilson Chaves e Ronald Kalid.

Geraldo versus Fernando, disputando mais uma eleição, significa o triunfal retorno do populismo. Geraldistas e fernandistas vão dizer que Vane do Renascer foi eleito pelo “populismo religioso”.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.