Tempo de leitura: 3 minutos

Karoline Vital | karolinevital@gmail.com

 

É bonito e importante valorizar a cultura brasileira. Mas precisamos de revanchismo para isso?

 

O café da manhã dos filmes norte-americanos me deixava intrigada. Qual seria o gosto da panqueca? Redonda, fofinha, dourada, coberta com xarope de bordo… Parecia deliciosa! Há cerca de um ano, tentei reproduzir a receita em casa. O resultado? Um disco disforme, murcho, borrachudo, queimado e coberto com um enjoativo xarope de milho.

Segui a receita tim-tim por tim-tim novamente e consegui algo menos ruim. O gosto lembrava muito o crepe francês. Pedi ajuda ao oráculo do Google e descobri que a coincidência de sabores não era por acaso. A diferença entre os pratos é que a panqueca norte-americana é mais alta, com cerca de meio centímetro. Um dos meus grandes símbolos do american way of life tinha sotaque francês!

A partir deste intercâmbio culinário, embarquei na viagem sobre o que poderíamos chamar de cultura pura, verdadeira, genuína? Afinal, cultura é tudo o que é produzido pelos seres humanos. E, como gente é um bicho inquieto, em permanente aprendizado, seus saberes e fazeres nunca estão totalmente prontos, vivem em constante transformação cultural.

No meu primeiro semestre do curso de comunicação, em 2000, vi uma entrevista do filósofo francês Michel Serres no programa Roda Viva. Uma de suas falas grudou em minha mente: “Culto é quem vai buscar outra cultura”. A afirmativa me ajuda a avançar mais um pouco em minha associação de ideias e tentar entender uma das últimas campanhas das redes sociais: “Halloween, não! 31 de outubro é dia do saci!! Deixe de pagar pau pra gingo! Valorize a cultura brasileira!”.

Leia Mais

Tempo de leitura: < 1 minuto

O Corinthians faturou a Taça Libertadores e inspirou os torcedores Nérope Martinelli e Marco Maciel a criar a Saci. Martinelli jura que nada tem a ver com lenda, folclore. “É a nossa Sociedade dos Amigos Corintianos de Itabuna (Saci)”, afirma em tom elucidativo e a quase dizer que é Saci e não… bambi.

Ele acredita que, na região onde predominam torcedores de times cariocas, a ideia vai ajudar a arrebanhar a nação de fiéis do Timão. E pra que esse negócio de Saci? Ele diz que é para acompanhar os jogos pela televisão – juntos – e fazer excursões à cata do Corinthians onde o bando de loucos estiver – seja em Salvador ou pelo Nordeste.

A dupla Martinelli e Maciel promete até brinde para os 10 primeiros a se inscrever na Saci. O contato é o email saciitabuna@gmail.com. Este blogueiro tentou descolar uma fotinha do torcedor roxo do Corinthians. “Sou fanático, mas não tenho camisa”, respondeu. Rolou uma montagem fuleira. Afinal, vale a intenção, né?