Projeto ConservAção Cacau + Floresta é lançado no sul da Bahia || Foto Sidney Oliveira/Ag. Pará
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O Projeto-Piloto CompensAção Cacau + Floresta vai assegurar R$ 4,9 milhões a produtores de cacau interessados em recuperar áreas de Mata Atlântica. A ideia é aprofundar a integração da lavoura com a floresta, aproveitando as características do sistema cabruca, e estabelecer condições propícias de governança que facilitem a transição agroflorestal, informa a Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema), parceira da iniciativa.

De acordo com a Sema, o projeto resultará em Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) a 1.600 famílias de agricultores familiares, com a recuperação de ambientes naturais e produtivos de uma área de 10.700 hectares na Região Cacaueira da Bahia.

Os recursos irão custear o PSA por quatro anos, de 2024 a 2027, e o pagamento será vinculado à certificação da cadeia produtiva do cacau livre de desmatamento na Mata Atlântica da região. Mais detalhes serão divulgados no lançamento do projeto, na terça-feira da próxima semana (9), no município de Ibirapitanga.

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eduardo thadeuEduardo Thadeu | ethadeu@gmail.com

O corporativismo da velha senhora (Ceplac) não permitia que ventos novos entrassem por suas janelas.

Em agosto de 2011, morando em Salvador, passando por Itabuna, em viagem ao Rio de Janeiro, minha cidade natal, tive o prazer de me encontrar com os senhores Juvenal Maynart e Wallace Setenta, que, naquela oportunidade, estavam envolvidos em um grupo dedicado a restabelecer o conhecimento empírico, estudar e entender o significado do Sistema Agroflorestal focado na produção de cacau e localmente conhecido como Cabruca.
Fui por eles convidado à esta conversa por conta de minha anterior experiência em Planejamento e Desenvolvimento Regional Integrado Sustentável- PDRIS na Amazônia e por minha militância de mais de 30 anos junto à causa ambientalista.
Neste dia me convidaram para participar de uma visita à Fazenda Almirante, de propriedade da multinacional Mars, no então vindouro mês de setembro/2011.
Convite aceito e com a curiosidade a flor da pele voltamos em Setembro para conhecer “in loco” a tal da Cabruca. No mesmo dia da visita três fatores afetaram profundamente minha percepção das possibilidades do Sistema Cabruca.
O primeiro foi o contato físico, quase indescritível fora da poesia – parafraseando o produtor Pedro Mello – das lembranças dos tempos dos “empates” na Amazônia Ocidental que significou adentrar uma cultura de cacau cabruca, uma determinação econômica, sob o manto acolhedor da Mata Atlântica, preservada e viva, o que não vi na Amazônia na década de 70 e 80 do século passado, onde a realidade era restrita pela necessidade da preservação pela preservação sem alternativas econômica e de sobrevivência para aquele povo .
O segundo fator determinante foi a observação de que havia dedicação e competência técnica, social e política para que a Região pudesse se beneficiar de tal tradição ao ter o prazer de conhecer naquele mesmo dia os senhores Durval Libânio, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau do Ministério da Agricultura e do Instituto Cabruca, e Joelson Ferreira, liderança inconteste dos pequenos produtores locais e presidente do Assentamento Terra Vista, experiência exemplar do MST no Brasil.
O terceiro fator, que se consubstanciou em mais uma certeza, foi a clara necessidade de que o mundo tinha que conhecer esta realidade e que, no limiar da Conferência Rio + 20, esta seria a grande oportunidade de mostrarmos ao mundo uma agricultura sustentável preconizada mundo afora e que aqui já era executada há mais de 2 séculos e meio.
Em parceria com os atores envolvidos e reconhecidos imediatamente, procuramos as instituições envolvidas com a organização da Conferência das Nações Unidas para a Sustentabilidade – Rio + 20 – tentado mostrar-lhes a oportunidade, adequação e necessidade de que o Sistema Cabruca fosse divulgado, avalizado, priorizado e apoiado não só pelo governo brasileiro, como também pelo mundo atento à essas questões tão atuais e atrativas. Ações, viagens, e dedicação foram desenvolvidas com recursos próprios e em nome das décadas de militância em função da causa do desenvolvimento sustentável pelo grupo então envolvido.
Quiseram as démarches políticas locais que o senhor Juvenal Maynart fosse nomeado, em novembro de 2011, superintendente regional da Ceplac na Bahia, e a seu convite eu viesse a participar de sua equipe como colaborador eventual, uma vez que o corporativismo da velha senhora (CEPLAC) não permitia que ventos novos entrassem por suas janelas.
As tratativas para que levássemos a CABRUCA à Rio + 20 tiveram excelentes resultados. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais apresentamos a Cabruca no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, dentro da programação oficial do governo brasileiro, tendo como ápice a exibição em duas sessões do documentário “The Cabruca Cocoa – The Cocoa from Brazilian Atlantic Rainforest”.
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