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Os conflitos envolvendo índios tupinambá e pataxó e proprietários de fazenda no sul da Bahia acirraram os ânimos às vésperas das eleições e, neste sábado, homens da Força Nacional de Segurança Pública foram deslocadas para Pau Brasil, onde um indígena foi morto há uma semana.
Cerca de 30 homens da Força Nacional saíram de Itabuna para a região de Camacan e Pau Brasil ao final desta tarde, distribuídos em seis picapes. A polícia recebeu informações de que estradas seriam interditadas nesta noite e havia a ameaça de novos conflitos.
Segundo os produtores, houve mais de uma dezena de invasões de propriedades nos últimos 20 dias. Outras equipes da força também vão cobrir a área de Buerarema, Ilhéus, Una e São José da Vitória.

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Os índios tupinambás que estão promovendo ocupações em fazendas no sul da Bahia – nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema – poderão fechar os acessos rodoviários a estas cidades no próximo dia 31 de outubro, quando acontece o segundo turno das eleições. A ameaça já chegou ao conhecimento da Polícia Federal, que adotará medidas para evitar os bloqueios.
Na manhã desta terça-feira, 26, o presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Ilhéus, Buerarema, Una e Canavieiras, Luiz Henrique Uaquim, falou no programa “Bom Dia Bahia” (Rádio Nacional) sobre o clima de tensão na área reivindicada pelos índios e que um relatório da Funai definiu como historicamente habitada pela etnia tupinambá.
Uaquim confirmou a ocorrência de nove invasões de terras na região neste mês de outubro (nesta segunda-feira, 25, o site Jornal Bahia Online divulgou que o número de ocupações já seria 18). Uma das propriedades ocupadas é um sítio do médico e empresário Eduardo Tarik Fontes, onde os índios mantêm um funcionário em cárcere privado.
“Já levamos as informações à Polícia Federal e as providências serão tomadas”, afirmou Uaquim. O representante dos pequenos produtores também falou sobre o risco de uma explosão de violência na área do conflito. Ele enfatizou que sua associação não se responsabilizará por “ações individuais”.

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Os pequenos produtores rurais dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema prometem interditar a BR-101 na próxima sexta-feira, 22, a partir das 9 horas. Será um protesto contra a demarcação de 43,7 mil hectares de terras supostamente pertencentes aos indígenas tupinambá. Os produtores reclamam das invasões. Em dez dias, nove fazendas foram tomadas por supostos indígenas.
O confronto na região em litígio ficou ainda mais acirrado a partir de abril do ano passado, quando a Fundação Nacional do Índio (Funai) baixou portaria reconhecendo como dos tupinambás a área d quase 44 mil hectares em parte dos três municípios, além de São José da Vitória.

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Uma extensa área de 47 mil hectares, que compreende porções dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, no sul da Bahia, vive num clima de acirramento de tensões desde que a Funai publicou portaria definindo a região como terra a ser destinada aos índios tupinambás.
Na primeira quinzena de outubro, o aumento das invasões de propriedades rurais naqueles municípios, além de Itaju do Colônia e Pau Brasil, fez aumentar a preocupação, inclusive quanto ao risco de um conflito armado. Nada menos que nove propriedades foram invadidas em um período de dez dias.
Luiz Henrique Uaquim da Silva, que preside a Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema, está indignado. Ele acusa “elementos armados com fuzis e metralhadoras, travestidos de índios” de desenvolver “ações táticas de guerra, orquestradas por Organizações Não-Governamentais e por políticos embusteiros”.
Uaquim cobra uma intervenção do governo baiano, alegando que a insegurança na região ameaça quebrar o equilíbrio socioeconômico de toda uma cadeia produtiva.
A associação realizará manifestação na próxima sexta-feira, dia 22. A partir das 10 horas, os pequenos agricultores, além de comerciantes dos municípios envolvidos, irão interditar a BR-101, em protesto contra as invasões e cobrando uma solução imediata para os conflitos na região.

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O deputado federal Geraldo Simões (PT) voltou a defender, nesta sexta-feira, 20, em Buerarema, a revogação da portaria pela qual a Funai define 47 mil hectares de terras no sul da Bahia como território indígena.
A crítica ao documento ocorreu em mais uma reunião de produtores rurais dos municípios de Una, Ilhéus e Buerarema, que serão atingidos caso a medida se concretize. Segundo o agricultor Luiz Henrique Uaquim, que coordena o movimento em defesa dos produtores, já ocorreram 78 encontros como o de ontem desde julho de 2009.
Simões classificou a hipótese de demarcação como “medida absurda” e lembrou que o caso já foi levado ao presidente Lula. “O caminho é tomar medidas como levar o  problema ao Congresso e formar um comitê de fiscalização composto por deputados, para impedir essa medida absurda”, afirmou.
Já Uaquim observou que uma eventual expulsão dos pequenos produtores da área reivindicada pela tribo tupinambá deixaria aproximadamente 2.800 famílias em estado de desamparo. Afirmou que, além disso, as consequências para a economia local seriam desastrosas porque “a produção dos agricultores que serão afetados corresponde a cerca de 70% dos itens que compõem as cestas básicas da região”.

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Os mandados de prisão contra os tupinambás Rosivaldo (Cacique Babau), Gilvado e Glicéria da Silva foram revogados pelo juiz da Comarca de Buerarema, Antônio Carlos Hygino.
O trio de irmãos foi liberado da prisão nesta terça-feira, 17, e já estaria a caminho da Serra do Padeiro, no sul da Bahia. Os pedidos de habeas corpus foram impetrados pela Funai no final de julho.
Glicéria estava no Conjunto Penal de Jequié há quase dois meses. Os outros dois irmãos, em Salvador, na Lemos de Brito. O Cacique Babau ficou preso por mais de cinco meses, primeiro na penitenciária de Mossoró (RN) e, depois, em Salvador.

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Babau continua preso e pode ter a identidade indígena cassada

A Funai (Fundação Nacional do Índio) publicou uma nota em seu site, na qual  desmente nota da revista Época sobre a anulação do decreto que definiu uma área de 47.300 hectates, abrangendo parte dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, como terra indígena.
De acordo com a nota, a Funai continuará  com o “procedimento administrativo de identificação e delimitação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença”, conforme previsão do decreto 1775/96.
Divergindo da menção a “falsificações grosseiras” no relatório que identificou aquelas terras como pertencentes à tribo tupinambá, a Funai afirma que o documento foi elaborado por um grupo técnico “formado por profissionais de qualificação reconhecida” e “condensa dados de natureza etno-histórica, ambiental, cartográfica  e fundiária”. Lembra ainda que o relatório foi aprovado pelo presidente da fundação, por meio do despacho de número 24, de 17 de abril de 2009.
O órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, refere-se às contestações apresentadas pelos atuais proprietários das terras e diz que elas estão sendo analisadas “para posterior encaminhamento do processo demarcatório ao Ministério da Justiça, com vista à declaração dos limites da Terra Indígena”.
Sobre a informação, também divulgada pela Época, de que o “Cacique Babau” terá cassada a sua carteira de identidade indígena, a Funai não se manifestou. Babau está preso em uma penitenciária do Rio Grande do Norte, sob acusação de formação de quadrilha, porte ilegal de armas, invasão de propriedades e falsidade ideológica.

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Produtores rurais dos municípios de Ilhéus, Buerarema e Una poderão em breve respirar com alívio, após vários meses sob pressão de perder suas propriedades. Segundo matéria publicada na edição desta semana da revista Época, a Funai  (Fundação Nacional do Índio) anulará o decreto que demarcava uma área de 47.300 hectares, na região de Olivença, como território da tribo indígena tupinambá (o Pimenta tratou do assunto ontem).
Após averiguações, o Ministério da Justiça teria identificado irregularidades graves nos estudos antropológicos que serviram de base ao decreto demarcatório. A nota da Época diz que a Funai, órgão do Ministério, constatou falsificações grosseiras nos levantamentos.

Além de anular o decreto sobre as terras, a Funai também deverá cassar a carteira de identidade indígena do “Cacique Babau”, que está preso em uma penitenciária federal no Rio Grande do Norte, sob acusação de formação de quadrilha, porte ilegal de armas, invasão de terras e falsidade ideológica. 

Nota da Revista Época
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Cerca de 500 famíliares de pequenos agricultores das localidades de Sururu e Serra do Padeiro, na região de Buerarema e Una, esperam ansiosas para abandonar o velho candeeiro e acender. Beneficiadas pelo programa Luz para Todos, elas ainda vivem no escuro por conta da disputa de terras entre produtores rurais e índios tupinambás.

Há mais de dois meses, os índios ‘confiscaram’ máquinas, equipamentos e um caminhão mulck utilizados por uma empresa contratada para o programa de eletrificação, a Meta, paralisando as obras do Luz para Todos. A previsão era de que as famílias estariam com energia elétrica em casa já no dia 18 de março. Quase um mês depois, as obras não foram retomadas.

A Coelba e a empreiteira contratada para as novas ligações de energia tentaram várias negociações com os tupinambás. E nada. Os tupinambás também querem ser beneficiados pelo programa. Retiveram caminhão e equipamentos como garantia. O blog tentou contato com a gerente local da Coelba, Scheyla Silva, mas ela participava de reunião.

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OUSARME FOI “DESMASCARADO”

Ousarme Citoaian

Demorou. Dentre as pessoas que gentilmente (às vezes, nem tanto, ai de mim!) comentam esta coluna, notou-se certa perplexidade com o alterônimo (?) Ousarme Citoaian. Alguém “ouviu o galo cantar”, mas não chegou ao que, como se dizia em tempos pretéritos, âmago da questão. Até que Fernando, na semana passada, nos chamou de Às armas, cidadãos! É isso aí: cometemos uma tentativa de figurar a pronúncia de Aux armes, citoyens! (do refrão de La marseillaise) – e não pensem que se trata de inocente nostalgia: Aux armes, citoyens! é grito perene do descontentamento social. La marseillaise e a França (aquela da Revolução Francesa de 1789-1799) são, embora não de forma oficial, componentes da cultura de todas as gerações.

UM CANTAR REVOLUCIONÁRIO

La marsellaise foi composta pelo oficial Rouget de Lisle, em 1791, em Estrasburgo, como um canto para encorajar os soldados no combate de fronteira da região. O nome atual foi proposto pelo prefeito daquela cidade. Durante a Revolução, a música se tornou muito popular, e foi a trilha patriótica que embalou Paris, quando o exército de Marselha entrou na cidade. Devido a seu caráter revolucionário, La marseillaise foi proibida por Napoleão (foto) e, depois dele, por Luís XVIII. Mas em 1830 os revolucionários devolveram à canção o status de hino nacional da França. Lá pelos fins do século XVIII, com o prestígio da cultura francesa, hoje afogada pela (in) cultura americana, ganhou o vasto mundo, incluindo o Brasil.

CANTEMOS, MESMO DESAFINADOS

A letra de La marseillaise é, no mínimo, quatro vezes maior do que a do Hino Nacional Brasileiro, considerado laudatório. Em geral, só se canta seu primeiro grupo de versos e o refrão – de onde tirei a marca Ousarme Citoaian. Aproveitando o embalo, (re) veja esta cena de Casablanca, o filme, quando, no bar de Rick (Humphrey Bogart), o líder da resistência, Victor Lazsio/Paul Henreid (na foto, à esquerda de La Bergman e Bogart), faz calar a voz dos nazistas. Vive La France!

Clique e confira a cena memorável

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TEVÊ QUE DISTRIBUI PEDRADAS

Mal saio da cama, levo da tevê a primeira cacetada: “Supostos índios Tupinambá invadem fazenda em Buerarema”, diz a apresentadora. Está em moda essa grosseria com a linguagem. Em vez de a boa e clara construção “índios tupinambás…”, opta-se pela agressiva (à gramática e aos ouvidos) “índios Tupinambá”. Onde teria nascido essa excrescência?, perguntaria um atencioso falante da nossa língua. E não há, para o caso, resposta plausível, a não ser que, com risco iminente de virar Judas do próximo sábado de aleluia, apontemos, como berço dessa heresia, o pedantismo acadêmico, embalado pela tendência da nossa mídia em repetir as bobagens que lhe chegam. Juntar ignorância e arrogância (rima mas não soluciona) tem sido péssimo para a Pátria.

“MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA”

E suponho que, ao dizer “Pátria”, digo-o bem, porque “a minha pátria é a língua portuguesa”, conforme um Fernando Pessoa em que ninguém mais parece acreditar. O professor Nilson Lage (foto), da cadeira de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, reconhece que escrever corretamente (seguindo os ditames de Antenor Nascentes, João Ribeiro e assemelhados) é condenar-se à pecha de obsoleto, a ninguém agrada. “Sei que a língua nacional é a expressão da pátria e o canal pelo qual a cultura escoa e se transmite no tempo. Mas quem se preocupa com a pátria, a essa altura da expansão do Império?”, pergunta o mestre. A mim me falece competência para responder a questão de tão grande profundidade.

OS PATAXÓS VIRARAM “OS PATAXÓ”

“Estamos sós”, diz o professor, ao referir-se àqueles poucos que não aceitam o abastardamento da linguagem. O pernosticismo, que transformou os pataxós, os goitacases, os tupis, os guaranis, etc. (de tanta importância histórico-social) em os Pataxó, os Goytacá, os Tupy, os Guarany (dessa canhestra forma, com maiúscula e no singular) traumatiza o estilo formal e tangencia o hilário. É provável que na origem (uma academia ainda doente do ranço elitista do século XIX), a curiosa fórmula encontre defensores, armados de argumentos arrevesados; mas o porquê de as redações reproduzirem esse monstrengo, dificilmente elas saberão dizer.

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O ANTIEXEMPLO DA ECONOMIA

A carta dos cacauicultores ao presidente Lula é antiexemplo de economia de palavras, já começando com uma agressão: “Em um bom momento, maio de 2008, na cidade de Ilhéus…”. Palavras ao vento. Bastava dizer “Em maio de 2008, em Ilhéus…” – e economizaríamos 40% de texto. “A criação do PAC do Cacau deu um novo alento…” dispensaria esse um; “… três milhões de habitantes que aqui vivem…” (os habitantes daqui vivem aqui mesmo, pois não?); “… ao tentar distorções históricas” (não seria tentar corrigir distorções históricas?); “… há mais de vinte anos passados” (redundância); “há 53 anos atrás” (idem). Dispensando-se a piada previsível de que o presidente é iletrado, lembremo-nos de que a carta vai às mãos dos letrados do governo. Com tanta gente que sabe escrever nesta terra, lamenta-se que a falta de humildade tenha gerado tal texto.

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DA ARTE DE ESCREVER BEM

Parece que criamos uma seçãozinha, para recomendar boa leitura de textos de jornalistas. Antes, Hélio Pólvora; na semana passada, Ruy Castro; hoje, Denise Paraná (foto), que nos brinda com A história de Lula, o filho do Brasil. É para quem quer apreciar uma história bem contada, em linguagem simples e correta – como deve ser o texto jornalístico. O livro é resultado de pesquisas da autora no sertão pernambucano e em São Paulo, para a tese (USP/1995) “Da cultura da pobreza à cultura da transformação – a história de Luiz Inácio Lula da Silva e sua família”.

SECTARISMO FORA DE MODA

A história chama a atenção pela distância que procura (e consegue) manter daqueles exageros comuns às teses acadêmicas. E também não é a sacralização do presidente Lula, mas a história verdadeira de uma mulher nordestina, pobre e com muita fibra, coragem e fé – a dona Lindu (vivida por Glória Pires, na foto). Ela enfrentou seca e fome, criou uma renca de filhos e aguentou um marido irresponsável e cruel. Mais tarde, em São Paulo, para onde levou os filhos num pau-de-arara, seu primogênito, o sindicalista Frei Chico, seria submetido a outro pau-de-arara, o da ditadura. Um livro para ser lido pela direita raivosa e a esquerda esfuziante, sem sectarismos. Que, de resto, estão fora de moda.

DENISE PARANÁ DE SÃO PAULO

Jornalista, roteirista e doutora em Ciências Humanas pela USP, com pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra, Denise Paraná é de São Paulo (ops!). O New York Times saudou o trabalho da pesquisadora com grande entusiasmo. “Muito do que se conhece do início da vida de Lula vem do trabalho de história oral feito nos anos 90 por Denise Paraná”, disse o jornal. Denise foi corroteirista do longa-metragem Lula, o filho do Brasil. O filme, não vi (em geral, as obras excessivamente badaladas não me acordam o interesse); o livro, adorei.

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A MELHOR DE TODOS OS TEMPOS

Que me desculpem Ella Fitzgerald (1917-1996) e alguns especialistas, mas eu acho Sarah Vaughan (1924-1990) a melhor vocalista de jazz de todos os tempos. Por coincidência (juro que só soube quando redigia esta nota!) ela morreu há 20 anos, em 3 de abril de 1990, o que nos dá um ótimo”gancho” para este registro. Em 1972, no Japão, ela gravou um dos discos mais importantes de sua carreira, o duplo Live in Japan, pela Tapecar, que o lançaria no Brasil somente três anos depois. Diga-se que Sarah e Ella gravaram discos de música brasileira: Ella (foto) fez um LP duplo com temas de Tom Jobim e Sarah gravou outro, de vários compositores – incluindo Caymmi, com Das rosas.

OMISSÃO INDESCULPÁVEL

Aos 48 anos, ao gravar Live in Japan, Sarah (foto) está em plena forma, com toda aquela garra que identifica as vocalistas negras, acompanhada comme il fault (piano, baixo e bateria). O repertório é de clássicos do jazz, os chamados standards (algo próprio para apreciadores menos sofisticados desse gênero). Lá estão Round midnight, My funny Valentine, Misty, All of me e Wave. Há também uma incursão pelo mais popular, com Over the rainbow e até a concessão ao já muito explorado Love story. Era um álbum duplo, mas a Tapecar dividiu o conjunto em dois LPs comuns, além de omitir informações sobre os instrumentistas que acompanham a divina (uma omissão “criminosa” no mundo do jazz).

WAVE NUNCA MAIS FOI A MESMA

Wave, de Tom Jobim (foto), no primeiro volume, é alguma coisa que não tem preço. Logo de entrada, a extraordinária cantora mostra a que veio: emissão de graves fantástica, com noção de ritmo e respiração, claro, suficientes para comover até uma estátua (ela leva 10 segundos para dizer o “to be” do segundo verso e emenda com o terceiro, “sem respirar”). Depois dessa gravação, que me fascina há muitos anos, Wave nunca mais foi a mesma. O Ministério da Saúde recomenda aos amadores que não se metam a imitar Sarah Vaughan, pois terão que chamar o Samu e pedir oxigênio urgente. Todo mundo sabe que ela tem, no mínimo, quatro pulmões.



(O.C.)

Pouco sei de futebol (prefiro basquete e o xadrez), mas a discussão, sob o prisma da língua portuguesa, me fascina. Entendo que o Brasil é, de maneira indiscutível, bicampeão mundial, pois venceu as Copas de 1958 e 1962. Ao voltar a ganhar em 1970 (com a melhor seleção etc. etc.), tornou-se campeão pela terceira vez – e isto é diferente de ser tricampeão. Acontece que a mídia, por ignorância ou interesse, às vezes assume aquele comportamento atribuído a Goebells (ministro das Comunicações de Hitler): bate na mentira até que ela se transforme em verdade. O rito é mais ou menos este: lança-se a invenção, as ruas a adotam e ela adentra os compêndios, já travestida de verdade. A língua é viva, certo. Mas não precisa ser burra.

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O clima voltou a ficar tenso em Buerarema. Ontem, a Polícia Federal foi recebida a bala por índios tupinambás em mais uma tentativa de garantir a reintegração de posse da fazenda Serra da Palmeira, localizada na Serra do Padeiro.

Os índios efetuaram vários disparos e também soltaram fogos para confundir a polícia, que não se intimidou e partiu para o confronto. Apesar disso, a posse da fazenda não foi devolvida ao agricultor Alfredo Falcão. A fazenda foi ocupada em 19 de fevereiro.

Há mais de 15 dias, agentes da PF prenderam Rosivaldo Ferreira, o Cacique Babau, e – dias depois, o irmão dele, Gil Ferreira. Babau foi transferido para Salvador. A tribo é comandada por outro irmão de Babau, Aelson Silva.

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Calma, produtor de cacau. Antes que atire a primeira pedra em nós, avisamos que o que vai no título acima é opinião expressa de Vitor Hugo Soares, um dos principais nomes do jornalismo baiano e dono de espaço semanal cativo no Terra Magazine, de Bob Fernandes. Os produtores são chamados de “empresários do cacau”. Victor Hugo mantém o blog Bahia em Pauta. Abaixo, confira o petardo nos produtores e alguns “indígenas”.

NO VESPEIRO BAIANO

Vitor Hugo Soares

Com a ministra Dilma Rousseff a tiracolo, o presidente da República desembarcou em Ilhéus nesta sexta-feira. Coração da região cacaueira, onde Luiz Inácio Lula da Silva pisa pela primeira vez em seu segundo mandato, apesar da Bahia ser um dos solos mais frequentemente visitados por ele, que não se cansa de repetir a crença espírita de que um dia em outro tempo viveu por aqui, o que o faz enxergar o lugar (por sentimento humano ou estratégia de político) como talismã eleitoral, mesmo nas vezes em que foi derrotado em pleitos nacionais.

Ontem, Lula sofreu picadas como raras vezes ao andar pelo vespeiro baiano em que transformou-se a disputa sucessória presidencial atrelada ao embate sem trégua pelo Palácio de Ondina, onde Jaques Wagner deseja permanecer mais quatro anos. O problema é que o esquentado ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-governador Paulo Souto (DEM), nascido, bem votado e com largo trânsito na zona do cacau, e até o deputado verde e ex-petista, Luiz Bassuma, também estão de olho no “palácio das cigarras”, como dizia o cronista Raimundo Reis, e cavam buracos para afundar o governador.

No caso do ministro Geddel, só uma preocupação: bombardear Wagner sem derrubar os dois palanques de Dilma Rousseff no Estado. Situação que deixa Lula visivelmente constrangido, como o próprio presidente confessou há duas semanas, ao visitar Juazeiro, na região do Vale do São Francisco. Constrangimentos repetidos ontem na inauguração do Gasene, em Itabuna, e nos atos administrativos, mas principalmente políticos e eleitorais na vizinha Ilhéus, a terra de Gabriela e dos antigos e poderosos coronéis do cacau do sul do Estado.

Na véspera, em Brasília, o pleno do Superior Tribunal Eleitoral condenou Lula a pagar multa de R$ 5 mil por fazer campanha fora de hora, ou passando por cima de normas legais, se preferirem. Ainda assim, nada capaz de de assustar o condutor da marcha de Dilma à sua sucessão. No comício de quinta-feira em Osasco – inauguração de obras do PAC -, o presidente até brincou com a decisão e sugeriu que quem deve pagar a multa por sua infração: “vou mandar a conta da multa para vocês”, disse Lula, enquanto a plateia gritava ao fundo o nome de sua candidata.

Assim, Lula e a ministra desembarcaram com ar cansado mas aparentemente tranquilos no sul da Bahia na manhã de ontem, acenando com novas bandeiras. Não as flâmulas rubras do PT das companheiras metalúrgicas do ABC, mas as do Gasene (Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste), abertura das licitações para construção da ferrovia Leste-Oeste, e novos afagos da “mãe Dilma” em relação ao PAC do Cacau, de inegável apelo político e eleitoral na região visitada.

Afinal, alimenta sonhos e fantasias de reabilitação da economia da lavoura cacaueira devastada nas últimas duas décadas pela praga “vassoura de bruxa” e pela terceira geração de “empresários da cacauicultura” (às vezes pior do que praga que atinge e seca a plantação, segundo historiadores locais), viciados nas tetas dos empréstimos dos bancos públicos (e privados também), e no perdão paternalista das dívidas por sucessivos governos estadual e federal.

Além das vespas representadas pelos políticos com os quais terá de lidar nessa passagem em região conflagrada, Lula e Dilma atravessam zonas cercadas de boatos de que terão de enfrentar desta vez uma série de protestos, “puxados por fazendeiros de cacau, índios tupinambás e policiais civis e militares”.

Na verdade, os empresários do cacau brigam por mais uma mamata do governo federal: querem a anulação de uma dívida superior a R$ 400 milhões, relativa às duas primeiras etapas do Plano de Recuperação da Lavoura, implementado na década passada. Segundo alegam os cacauicultores, a própria Ceplac, órgão federal de apoio à lavoura, reconheceu erros nas recomendações repassadas aos produtores para conter a praga da Vassoura-de-Bruxa.

Quanto ao protesto dos indios, talvez seja necessário a comitiva presidencial ter cautela apenas com algumas bordunas. Os índios de verdade foram praticamente todos dizimados na região do Descobrimento e no sul baiano, em luta desigual e marcada pela omissão dos governos, da polícia e dos políticos, pelos próprios pioneiros da cacauicultura e seus jagunços, como está nos livros de Jorge Amado ou nos filmes de Glauber Rocha.

Apedrejado na região que visitou pouco antes de morrer, o falecido cacique Juruna, do gravador, desabafou em desalento diante do que viu por lá: “Aqui não tem mais índios, só tem caboclos”.

E ferroadas de vespas. Muitas vespas!

Acesse o blog de Vitor Hugo (www.bahiaempauta.com.br)

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A Polícia Federal prendeu neste sábado (20), em Buerarema, um homem identificado como “Gil”, que é irmão de Rosivaldo Ferreira da Silva, o Cacique Babau.

Gil teria participado, juntamente com o irmão, de invasões de terras e descumprimento de mandados de reintegração de posse. Babau está preso desde o dia 10 de março.

Gil, o irmão do cacique, foi levado para a carceragem da PF em Illhéus.

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A desembargadora federal da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Assusete Magalhães, negou um pedido de habeas corpus em favor de Rosivaldo Ferreira da Silva, o “Cacique Babau”, de 35 anos.

Além de negar o habeas corpus, a magistrada pediu ao juiz federal de Ilhéus Pedro Holliday mais informações sobre o processo contra “Babau”, suspeito de uma série de crimes. Ele está preso na Polícia Federal, em Salvador, desde o dia 10.

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Preso nesta madrugada de quarta, 10, Rosilvaldo Ferreira da Silva, o Cacique Babau, será transferido para a sede da superintendência da Polícia Federal, em Salvador, acaba de informar o repórter Fábio Luciano. Babau é a maior liderança da tribo tupinambá, na região da Serra do Padeiro, em Buerarema, município sul-baiano. Babau ainda está na delegacia da PF em Ilhéus, para onde foi levado após a prisão nesta madrugada.

Ele é tido como o ‘cabeça’ da série de invasões de terrras na região compreendida entre os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema. A área é disputada por supostos tupinambás e descendentes e donos de propriedades rurais.

Em abril do ano passado, a Fundação Nacional do Índio (Funai) publicou levantamento que confere aos tupinambás 47,7 mil hectares de terras envolvendo, além de Ilhéus, Una e Buerarema, o município de São José da Vitória.