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Na coluna desta semana, Ousarme Citoaian visita a MPB (o que faz quase sempre) e cita “apenas” 12 grandes letristas, Braguinha entre eles. Diplomático (estes são tempos de eleição, não nos esqueçamos) evita encompridar a lista, “para não humilhar os gringos e criar problemas diplomáticos”. O colunista ainda faz sua defesa do western, apontando um poema de Edgar Allan Poe em Eldorado, famoso bangue-bangue de Howard Hawkins.

O colunista também disserta sobre Rosa, uma instigante coleção de versos situados no espaço entre o romântico derramado e o barroco propriamente dito, cuja autoria está, mais de 70 anos depois da gravação inicial (Orlando Silva, 1937), envolta em polêmica – mostrando um vídeo com Luciana Mello.

Para ver o UNIVERSO PARALELO desta semana, clique aqui.

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Ousarme Citoaian, do Universo Paralelo

É provável que Canto de amor e ódio a Itabuna não seja a coletânea ideal do poeta Telmo Padilha (foto). Talvez seja a coletânea possível, neste momento. Vale pela iniciativa da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) que resolveu fazer uma coisa quase inédita por estas bandas: prestar homenagem a um autor regional. Na verdade, as boas intenções já começam na gênese do livro, com os textos selecionados por José Haroldo Castro Vieira, amigo de Telmo, mas não crítico literário. A Editus/Uesc, que encampou o projeto de edição, tem também grande mérito na homenagem.

Aproveite e leia a íntegra da coluna Universo Paralelo (clique aqui).

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O machismo gramatical, a “masculinização” de Deus, a rima como pecado contra o estilo e um homeopedeuto (assim mesmo!) do padre Antônio Vieira são temas áridos tratados com muita leveza no Universo Paralelo desta semana.

Ousarme Citoaian também faz referência a Carlos Heitor Cony, Lêdo Ivo, Otto Maria Carpeaux, Ruy Castro e Josué Montello, autores selecionados por Heloísa Seixas para o livro As obras-primas que poucos leram. No vídeo, Sarah Vaughan, é claro.

Enquanto aguarda a edição do próximo sábado, clique aqui.

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A “MASCULINIZAÇÃO” DE DEUS

Ousarme Citoaian
Uma questão raramente tocada, por ser muito “sensível”, é o fato de Deus ser tratado por Ele. Colho a referência no polêmico Deus, um delírio (Companhia das Letras) do ateu Richard Dawkins, professor da Universidade da Califórnia. Masculinizar a divindade – e agora sou eu a conjeturar – indica que o homem a “carimbou” à sua imagem e semelhança, mantendo a mulher fora do processo divinizador. Deus não tem sexo, não é macho nem fêmea, Ele nem Ela. Mas a tal superioridade do homem se fez pesar – além de que nossa língua não possui o gênero neutro. Se o tivesse, por legítima herança do latim, este problema estaria resolvido.

A GRAMÁTICA PEGA O MACHISMO

As igrejas em geral, ao que tudo indica, pregam abertamente o machismo: a mulher tem que seguir o homem. O Código Civil adotou algo semelhante: o homem é o cabeça do casal. A gramática portuguesa seguiu o modelo  e impôs à mulher uma arbitrária superioridade masculina. É o caso de presidenta, já referido aqui. Temos vereadoras, deputadas, senadoras, escritoras, reitoras, mas o alto cargo de presidente é vedado às mulheres. Elas são “a presidente”,  nem que isso fira nossos ouvidos. E o movimento feminista aceita o preconceito, enquanto, alienadamente, gasta energia ao pregar bobagens.

SARNEY, QUEM DIRIA, FOI PRECURSOR

Alguns guetos esboçam tímida reação a esse machismo ao explicitar coisinhas como “todos e todas”. Não creio que invenções deste tipo sejam eficazes para reverter a odiosa tradição gramatical – sem contar que elas não encontram apoio na língua culta. Por esse caminho, o conjunto em que há os dois gêneros exigiria que o falante ou escrevente fosse bem específico: todos e todas, homens e mulheres, eles e elas. É conveniente lembrar quem primeiro utilizou esse caminho: o então presidente José Sarney, com o “brasileiros e brasileiras” que abria seus discursos. Gênese suspeita, portanto.

TODOS E TODAS JUNTOS E JUNTAS

É preciso reformar a linguagem, e não me perguntem como. Só sei que usar expressões do tipo “todos e todas”, me parece, como bandeira de luta da mulher, tão tolo quanto a queima de sutiãs, nos anos 60. Seria divertido “traduzir” para essa estranha língua certas formulações clássicas:  O homem é lobo do homem ficaria O homem e a mulher são lobos do homem e da mulher; o euclidiano O sertanejo é, antes de tudo, um forte seria O sertanejo e a sertaneja são, antes de tudo, uns e umas fortes; e o “hino” da seleção brasileira vai ser entoado como Todos e todas juntos e juntas vamos/pra frente, Brasil, Brasil! Falar bobagens assim ridiculariza o tema, invés de levá-lo à meditação.

FUGINDO DA BRIGA, EM VÃO

“Constantes apagões geram insatisfações…”, diz um dos principais jornais diários de Itabuna, logo na primeira página, como se quisesse me agredir. Passei ao largo. Quando um não quer, dois não brigam. Páginas adiante, numa matéria sobre vacinação contra gripe, outra pedrada do mesmo gênero: “A prevenção com a intensificação da higienização das mãos…” .  Aí, compreendamos, é abusar da paciência do leitor. Trata-se da clássica doença do estilo chamada eco. Qualquer um percebe a incômoda presença dele, com a simples leitura do texto. Em voz alta, se necessário se fizer.

DA PREGUIÇA À DESATENÇÃO

Autoridade em português e latim Napoleão Mendes de Almeida (foto) coloca este caso na categoria dos vícios de linguagem – “construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifestação do pensamento, seja pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo descuido do emissor”. Nas redações, erra-se mais por descuido e preguiça do que por desconhecimento de regras elementares. Todo mundo que viveu ao menos um semestre do curso médio sabe identificar as qualidades e os vícios do estilo. Se não segue as regras é, em geral, por falta de cuidado ou amor à transgressão.

UM HOMEOPEDEUTO DE VIEIRA

Na poesia, essa repetição chama-se rima, todos sabemos. Na prosa (só agora sei) tem o estranho nome de homeopedeuto. E fico sabendo que o tal homeopedeuto, em mãos hábeis, dá ao discurso uma sonoridade agradável. No Sermão de Santo Estêvão, Vieira diz que o santo “antes obrava como mestre, agora como mártir”, e em seguida arremata sua oração com este homeopedeuto de rara elegância: “A sapiência invencível falando, e a paciência calando, também invencível.” O velho Antônio, com todo respeito, sabia das coisas! Quem quiser mais Vieira compulse Jorge de Souza Araujo (foto) em Profecias morenas – discurso do eu e da pátria em Antônio Vieira.

DA ARTE DE ESCREVER BEM

A imprensa brasileira já foi muito boa de conteúdo literário. A conclusão me vem não por saudosismo, mas de forma objetiva, ao ver a série de  livros As obras-primas que poucos leram (Editora Record), organizada pela jornalista e escritora Heloísa Seixas (foto). São quatro volumes, dos quais eu tenho os dois primeiros. É coisa publicada na revista Manchete, no começo dos anos setenta, quando a revista tinha colaboradores como Otto Maria Carpeaux, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Lêdo Ivo, R. Magalhães Jr., Josué Montello, Ruy Castro (casado com a organizadora), Joel Silveira e José Lino Grünewald.  Diante  da aridez  dos veículos de hoje, parece mentira que o setor já tenha publicado tantos textos de altíssimo nível.

DE GRACILIANO RAMOS A MARK TWAIN

As obras-primas é formada de artigos sobre livros muito citadas e, supõe-se, pouco lidos – sendo o título da coletânea o mesmo da seção da Manchete. Além de romances e contos/novelas (nos dois volumes iniciais), a lista contempla poesia, teatro e ensaio. Lá estão, com suas obras dissecadas e ao alcance do público não especializado (no qual me incluo), Guimarães Rosa, Mark Twain, Tchecov, Eça de Queiroz, José Lins do Rego, Faulkner, Conan Doyle, Stendhal, Heminguay, Monteiro Lobato, Scott Fitzgerald, Flaubert, Victor Hugo, Érico Veríssimo (foto), André Gide, Edgar Allan Poe, Graciliano Ramos – e mais não digo para não encher de água a boca do leitor. Um curso compacto de literatura.

ANOMIA E AGRAMATIZAÇÃO

A professora Olgária Matos (foto), da Universidade Federal de São Paulo, não gostou do Acordo Ortográfico. Por isso, escreveu no site Carta Maior: “A mais recente reforma ortográfica do português no Brasil subordina a língua às contingências do mercado e à agramaticalidade de sua fala oral, rompendo o equilíbrio entre a anomia e agramatização que caracterizam uma língua viva. Expressionista antes da reforma, ‘idéia’ ou ‘ idêia’, a pronúncia diferenciava o português do Brasil e de Portugal, suscitando o metron de seu estranhamento e de seu parentesco, revelador do ethos de um povo. Assim, diferentemente de unificar a palavra escrita, a reforma neutraliza a língua falada, despersonalizando-a”. Bom exemplo de pedantismo acadêmico. Sem ofensas.

ESPERANÇAS ENCONTRADAS

Olgária Matos é professora de Filosofia, com vários livros publicados. O último, Discretas esperanças, é um ensaio sobre Ética, dignidade humana e o papel da imprensa. Trata-se de uma estudiosa com grande respeito no meio acadêmico, devido à profundidade com que aborda os temas que escolhe. Nesse livro, por exemplo, ela mobiliza estudos que mostram ao leitor o valor da Ética, a partir do primeiro registro da palavra, em Homero, com o surpreendente sentido de “morada do homem”, chegando à reflexão e à crítica sobre o sentido atual do termo. Para ela, no escuro da globalização, haveria, como um farol, esperanças. Discretas, é claro.

A GARGANTA COMO INSTRUMENTO

A voz dela é um instrumento musical. É difícil quem leu mais de duas resenhas sobre Billie Holiday, Sarah Vaughan ou Ella Fitzgerald não conhecer esta expressão ou equivalente. Um lugar-comum indispensável. Sarah Vaughan era considerada uma das três jóias do vocal jazzístico moderno. Billie e Ella eram as outras duas, claro. Dizem que há alguns anos ela não era mais uma típica cantora de jazz, pois as gravadoras fazem seus contratados gravar o que (supostamente) vende, sem outras preocupações. E no Brasil não é diferente : Ângela Maria, Cauby Peixoto e Alcione (foto) muitas vezes gravaram irritantes bobagens sonoras.

JAZZ DA CABEÇA AOS SAPATOS

Neste Round midnight, de 1987, Sarah realimenta o lugar-comum.  Numa leitura exclusiva de scats sings (ela usou a mesma técnica com a brasileira Garota de Ipanema), minha vocalista preferida entra num “duelo” arrepiante com Dizzy Gillespie (foto),  e mostra que, afinal de contas, estava certo quem inventou a lenda do gogó que toca. Ela, de verdade, toca a garganta, como se fosse um sax tenor.  Por essa época, dizia-se que a cantora já dera o melhor de si. O vídeo (feito três anos antes da morte, em 1990) desmente os críticos: a divina Sarah Vaughan é uma cantora de jazz, dos cabelos à capa fixa do salto do sapato. E em absoluta forma.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

PRA VER/OUVIR DE JOELHOS

Round midnight (também título de um filme rapidamente referido aqui), tema de Thelonious Monk, foi gravado (além de Monk e Sarah Vaughan) por Miles Davis, Carmen McRae, Ella Fitzgerald, Anita O´Day, Cootie Williams, Wes Montgomery (foto), Cassandra Wilson, Charlie Parker e mais “n” intérpretes. É possível que alguém não conheça este vídeo. Então, é aproveitar para ter o direito de, mais tarde, dizer aos netos que viu Sarah Vaughan e Dizzy Guillespie tocando juntos. Ele tocava trompete; ela, gogó. Se quiser, pode se ajoelhar. E no fim, bater palmas.

(O.C.)
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A coluna Universo Paralelo destaca o epigrama (“a arte de falar mal”) dos antigos (o grego Simônides de Ceos e o romano Horácio) aos baianos novos e velhos (Gregório de Mattos, Lulu Parola, Ildásio Tavares e outros), incluindo o ilheense Alberto Hoisel.

Ousarme Citoaian também fala de “pedradas linguísticas” na mídia e lembra a canção Make the knife, numa gravação histórica (e premiada) de Ella Fitzgerald.

Para ver a edição desta semana clique aqui.

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Tom Jobim, o músico brasileiro de maior prestígio no exterior, e o escritor itabunense Antônio Júnior são destaques na coluna Universo Paralelo desta semana. Assinada por Ousarme Citoaian, a UP também trata de cavalos. Com a elegância, o estilo e a simplicidade característicos, o nosso colunista descreve curiosidades destes animais que “ganharam” o Oscar ou um lugar na história… e nas pegadinhas. Ainda tem a história de um ex-prefeito que ‘prometeu’ exterminar a população analfabeta.

Confira tudo lá na edição desta semana (clique aqui).

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Essa história, hilária e educativa, foi contada pelo colunista Ousarme Citoaian, do Pimenta:

O (falido) Supermercado Messias resolveu dar aos clientes bombons como troco, alegando dificuldades para obter moedas de pequeno valor. O jornalista Raimundo Galvão estrilou, é claro. Estrila de cá, explica de lá, terminou aceitando as balas: levou para casa o inusitado troco e continuou a levá-lo, durante meses. Certo dia, terminadas as compras, foi-lhe apresentado o total a pagar e ele, sem piscar, depositou no balcão um avantajado saco de bombons (e algumas formigas, é claro).

“Que diabo é isso?” – pergunta a atônita moça do caixa.

“É o dinheiro que vocês me deram de troco” – retruca Galvão.

Confusão, chama o gerente, traz o diretor, convoca o bispo, e Galvão  lá, apoiado em seu inseparável guarda-chuva, a tudo assistindo, com a tranqüilidade dos justos. Depois de meia hora de “aceita, não aceita”, o “dinheiro” foi recebido e Galvão saiu, com as compras do mês e a alma em festa. Ria-se. Ganhara mais uma.

Confira esta e outras histórias no Universo Paralelo desta semana (clique aqui).

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Miles Davis no Universo Paralelo.

“Não ligo para o que os críticos falam de mim, seja bem ou mal. Eu sou o meu crítico mais exigente. Sou vaidoso demais para tocar qualquer coisa que não considere boa”, disse Miles Davis em 1962. A declaração está em 1.001 discos para ouvir antes de morrer (GMT Editores Ltda./2007), uma seleção feita por 90 críticos renomados.

O livro relaciona nada menos do que quatro discos de Davis: Birth of the cool, Beatches brew, In a silent way e Kind of blue. Eu tenho o último e gosto, particularmente, de So what!, com seus quase dez minutos, uma prova de fôlego para o trompetista. Sobre Kind of blue derrama-se o crítico Seth Jacobson, no citado 1.001 discos: “Trata-se de um momento que definiu um gênero musical do século XX”. O resto é silêncio.

Confira mais na edição desta semana da coluna Universo Paralelo, do afiado Ousarme Citoaian (clique aqui).

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Listas remetem a saudades e “toda saudade é uma espécie de velhice” (saibam que li as orelhas de Guimarães Rosa em Grande sertão: veredas). Mesmo assim, cito aqui algumas músicas de Carnaval que muito aprecio: 1Taí /1930 (Joubert de Carvalho), 2Pierrô apaixonado/1936 (Noel-Heitor dos Prazeres), 3As pastorinhas/1938 (Noel-Braguinha), 4A jardineira/1939 (Humberto Porto-Benedito Lacerda), 5Aurora 1941 (Mário Lago-Roberto Roberti), 6Nós, os carecas/1942 (Arlindo Marques Jr.-Roberto Roberti), 7Cordão dos puxa-saco/1945 (Eratóstenes Frazão-Roberto Martins), 8Saca-Rolha/1946 (Zé da Zilda-Zilda do Zé-W. Machado), 9Chiquita Bacana/1949 (Braguinha-Alberto Ribeiro), 10Confete/1952 (David Nasser-Jota Júnior), 11Cachaça não é água/1952 (Marinósio Filho), 12Colombina/1956 (Armando Sá-Miguel Brito), 13Turma do funil/1956 (Mirabeau-Milton de Oliveira-Urgel de Castro), 14Evocação/1957 (Nelson Ferreira) e 15Chuva, suor e cerveja/1971 (Caetano Veloso).

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Agulhão Filho abandona o ócio com dignidade que tem gozado nas praias de Olivença e mete sua colher na questão dos descamisados, levantada na coluna Universo Paralelo (leia aqui). O trovador, que se gaba de usar a camisa certa na hora certa, vai direto ao ponto: “Tem energúmeno por aí, com aquele bermudão no meio da bunda e a pança balouçante ao vento, que nem sabe a diferença entre camisa e camisinha”. E aconselha sobre o perigo que corre quem está “desvestido”, principalmente nestes dias de folia momesca.

Mantenha várias à mão,
e procure estar alerta,
pois se não vestir a certa,
aumenta a população!…
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Ousarme Citoaian

Marcos Santarrita, autor de A Ilha dos Trópicos.

Na literatura regional, 2010 marca os 20 anos do lançamento de A ilha dos trópicos/1990, de Marcos Santarrita (foto), 40 de Antologia dos contos brasileiros de bichos/1970, de Cyro de Mattos e Hélio Pólvora, 90 anos do nascimento de Emmo Duarte (1920, em dia e mês não sabidos); 80 de Telmo Padilha (5 de maio de 1930); 20 anos da morte de Adonias Filho (2 de agosto de 1990) e 10 da de Euclides Neto (5 de abril de 2000).

A partir desta semana, alguns destes nomes são abordados, analisados na coluna Universo Paralelo (confira clicando aqui). Lá, também uma bela homenagem a Gonzagão e ao forró. Tá imperdível!

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Ousarme Citoaian | Do Universo Paralelo

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O listão da revista Bravo.

Adoro listas (de músicas, filmes, livros, mulheres bonitas, políticos corruptos etc.), pela polêmica que tendem a provocar. Elas são, em geral, imperfeitas, na medida em que refletem o gosto pessoal de quem as fez, nem sempre alcançável pelo público a que se destina. Tenho em mãos a relação das Cem canções essenciais da MPB, que a revistaBravo! (foto) publicou há algum tempo. “Uma gracinha”, como diria aquela simpática loura do sofá (com todo respeito), que em outros tempos também solfejou umas canções, embora um tantinho desafinada.

No topo (as dez mais votadas), ficaram: 1) Carinhoso (Pixinguinha/Braguinha), 2) Águas de Março (Tom Jobim), 3)João Valentão (Dorival Caymmi), 4)Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), 5)Aquarela do Brasil (Ary Barroso), 6)Tropicália (Caetano Veloso), 7) Último Desejo (Noel Rosa), 8) Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), 9) Construção (Chico Buarque) e 10) Detalhes (Roberto Carlos/Erasmo Carlos). Um trecho defensável da relação geral, embora pareça tentar agradar a variadas preferências.

Mas listas são listas, sempre sujeitas a aplausos e apupos.

Leia a íntegra da coluna Universo Paralelo desta semana (clique aqui). Imperdível, principalmente para os amantes da (boa) música!

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Ousarme Citoaian

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É quase obrigação lembrar que perdemos, numa semana como esta (19 de janeiro), uma cantora chamada Elis Regina Carvalho Costa (foto). Aconteceu em 1982, portanto, há 28 anos. Elis ainda é considerada por muitos críticos e músicos, quase três décadas depois, a maior cantora brasileira de todos os tempos. Essa qualidade excepcional se deve à combinação, em porções certas, de emoção e técnica de cantar (em Betânia, emoção quase sem técnica; em Gal, técnica quase sem emoção).

Nascida em 1945 (em Porto Alegre), a artista teve sua voz imortalizada em 47 discos (em formatos diversos) durante 18 anos de carreira, a partir de 1961. Teve morte trágica e prematura, aos 36 anos, quando se encontrava em plena forma. Uma mistura de tranqüilizantes, cocaína e álcool lhe foi fatal. Eu estou de luto até hoje.
LEIA MAIS NO UNIVERSO PARALELO (CLIQUE AQUI)
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O professor e escritor Jorge Araújo no Universo Paralelo.

“A já um tanto prateada barba do professor Jorge de Souza Araujo (foto) esconde um dos nomes mais significativos da literatura produzida no Brasil. Não por coincidência (Jung diz que não existe coincidência, existe sincronicidade), é uma barba que nos lembra o muito citado e pouco lido Karl Marx: Jorge é militante marxista e, nesta condição, arriscou-se ter as unhas arrancadas – ou ser submetido a pau-de-arara, choque elétrico, afogamento e mimos outros com que a “Gloriosa Revolução de 64” tratava seus desafetos.

Se, à época, não fosse imberbe, arriscar-se-ia a ter a barba cortada a biscó, pois estas eram as regras do jogo – e os ditadores nos queriam todos devidamente depilados, pois barba grande e cabelo idem eram sinais inequívocos da intenção de derrubar o governo. Esse sertanejo de Baixa Grande, para o bem de todos nós, passou ao largo da tortura, sem abdicar de suas convicções: se perdeu anéis, ao menos manteve intatos os dedos, as unhas e o buço emergente, de grande futuro.”

Clique aqui e confira a íntegra da coluna Universo Paralelo desta semana, que também destaca a obra de outra figura magnífica, Elis Regina, que nos deixou há 28 anos. Está imperdível!

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ESTOU DE LUTO HÁ 28 ANOS

Ousarme Citoaian
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É quase obrigação lembrar que perdemos, numa semana como esta (19 de janeiro), uma cantora chamada Elis Regina Carvalho Costa (foto). Aconteceu em 1982, portanto, há 28 anos. Elis ainda é considerada por muitos críticos e músicos, quase três décadas depois, a maior cantora brasileira de todos os tempos. Essa qualidade excepcional se deve à combinação, em porções certas, de emoção e técnica de cantar (em Betânia, emoção quase sem técnica; em Gal, técnica quase sem emoção).

Nascida em 1945 (em Porto Alegre), a artista teve sua voz imortalizada em 47 discos (em formatos diversos) durante 18 anos de carreira, a partir de 1961. Teve morte trágica e prematura, aos 36 anos, quando se encontrava em plena forma. Uma mistura de tranqüilizantes, cocaína e álcool lhe foi fatal. Eu estou de luto até hoje.

CEMITÉRIO DOS MORTOS-VIVOS

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Chamava a atenção em Elis Regina a coragem, cívica e artística. Acusada de colaborar com os militares (cantou o Hino Nacional numa solenidade, em 1972),  foi inserida no “Cemitério dos mortos-vivos”, impiedosa seção que o genial cartunista Henfil (foto) mantinha no Pasquim. (lá foram “enterrados” Carlos Drummond de Andrade, Pelé, Marília Pera, Paulo Gracindo, Clarice Lispector, Tarcísio Meira e Glória Menezes). Ficou amiga de Henfil  e se fez musa do movimento pela anistia, ao gravar O bêbado e o equilibrista (João Bosco-Aldir Blanc), em 1979. Essa música, com uma carga de emoção que o tempo não apaga, é considerada seu ingresso definitivo nas hostes intelectuais contrárias à ditadura. Antes, teria dito (o que não é confirmado) que o Brasil era governado por gorilas – e só sua popularidade lhe teria evitado a prisão (o “cemitério” era tão sectário que, no fim, Henfil também se “enterrou”…).

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LAMENTO PELOS TORTURADOS

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O texto de Aldir Blanc tem elementos nem sempre percebidos à primeira audição: o bêbado com chapéu coco é homenagem a Carlitos; o irmão do Henfil é o sociólogo Betinho, exilado; as marias e clarices são mulheres que choram pelos seus homens torturados e mortos pela ditadura – uma delas se chama mesmo Clarice (foto), mulher do jornalista Wladimir Herzog, assassinado no Doi-Codi). Uma dor assim pungente não há de ser inutilmente… A esperança dança na corda bamba, pode até se machucar, mas está viva, é a última a morrer – afinal, mesmo sob violência e iniqüidade, o show tem que continuar. Genial! Leio num site que O bêbado e o equilibrista é uma das canções mais executadas do mundo. Acho justo.

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A FORÇA DADA AOS NOVOS

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Nunca antes na história desse país houve uma estrela que tanto desse a mão (e emprestasse a voz) aos novos compositores (o ótimo Emílio Santiago, por exemplo, gosta de gravar o que já é sucesso). Elis Regina se arriscou com João Bosco e Aldir Blanc (foto), além de registrar os então desconhecidos Renato Teixeira, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Belchior, Tim Maia, Sueli Costa, Ivan Lins e outros. A maioria dessas gravações está na lista de “clássicos da MPB”. Fantástico (não o da Globo, mas o da vida real). Milton Nascimento foi o mais agradecido de todos, pois a elegeu sua musa e a ela dedicou várias composições.

Este mês, mostraremos três vídeos de Elis Regina. Aqui, o primeiro, com o Hino da anistia, ao vivo.

O HOMEM E A BARBA DO HOMEM

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A já um tanto prateada barba do professor Jorge de Souza Araujo (foto) esconde um dos nomes mais significativos da literatura produzida no Brasil. Não por coincidência (Jung diz que não existe coincidência, existe sincronicidade), é uma barba que nos lembra o muito citado e pouco lido Karl Marx: Jorge é militante marxista e, nesta condição, arriscou-se ter as unhas arrancadas – ou ser submetido a pau-de-arara, choque elétrico, afogamento e mimos outros com que a “Gloriosa Revolução de 64” tratava seus desafetos.

Se, à época, não fosse imberbe, arriscar-se-ia a ter a barba cortada a biscó, pois estas eram as regras do jogo – e os ditadores nos queriam todos devidamente depilados, pois barba grande e cabelo idem eram sinais inequívocos da intenção de derrubar o governo. Esse sertanejo de Baixa Grande, para o bem de todos nós, passou ao largo da tortura, sem abdicar de suas convicções: se perdeu anéis, ao menos manteve intatos os dedos, as unhas e o buço emergente, de grande futuro.

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BOM OUVINTE E BOM FALANTE

Jorge Araujo é intelectual completo: escreve poesia, conto, crônica, ensaio, pesquisa, teatro e ainda encontra tempo para a sala de aula, orientar teses de mestrandos, visitar o bar e charlar com antigos ou ocasionais. Sabe administrar o tempo e dissimular intenções: quem o vê diante de uma cerveja, em papo comprido de fim de tarde, desapressado, bom ouvinte e bom falante, pensa que descobriu mais um desses boêmios sem relógio, responsabilidade ou patrão. Crasso erro. Jorge tem um entendimento quase bíblico da adequação da hora. Conhece o tempo de plantar, colher, flanar, beber, namorar, casar (atividade a que se tem dedicado com impressionante persistência) e trabalhar, que ninguém é de ferro. Quando se enfurna na biblioteca, a ler, pesquisar, anotar e produzir, esquece o mundo do lado de fora, seja em sua casa, seja em outros sítios, pois ele vai aonde a informação estiver. Coleções públicas ou particulares, no Rio, São Paulo, Oropa, França e Bahia recebem frequentes visitas suas. Sequer os alfarrábios de poeira secular escondidos na Torre do Tombo, em Lisboa, conseguiram escapar à sua perseguição, quando esteve à cata de um certo padre Antônio Vieira. Por certo, contabiliza algumas crises de alergia – mas o que não se faz pela arte?

“ELEMENTO PERIGOSO”

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Feitas as contas, de Eu nu e algumas curtas estórias, em 1969,  até Floração de imaginários, em 2008, ele publicou quase um livro por ano. A leitura em si é tema recorrente (“Ler é evitar que a alma infarte”, diz em Agenda de emoções extraviadas), mas o espectro de interesse do autor é muito amplo: vai do citado Vieira à análise literária propriamente dita (Jorge Amado, Jorge de Lima, Graciliano), do mito do conquistador D. Juan às pegadas de Anchieta na praia, com passagem pelo teatro – Auto do descobrimento: o romanceiro de vagas descobertas (foto)  – sem gastar o espaço cativo da crônica de jornal (Ainda que nos precipitem) e da poesia (Os becos do homem, com prefácio de Antônio Houais). O liame político jamais foi rompido, pois o autor não pode e não quer fazê-lo. Está lá, em “Escrevo para me manter vivo”, no livro Caderno de exercícios – algumas reflexões sobre o ato de ler: “A escrita é minha prática subversiva, sempre a minha forma de ver o outro lado do mundo, de ver não oficialmente como me convidam a ver”. Conforme se vê, Jorge Araujo não se emenda: continua, depois de grande, a ser “elemento perigoso”.

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PATRIMÔNIO CULTURAL

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A última proeza literária de Jorge Araújo, abstraindo-se uma premiadíssima biografia de Graciliano Ramos, é o ensaio Floração de imaginários (foto), editado pela Via Litterarum/Itabuna). Vão pensar que minto, mas me arrisco a dizer: são 77 romancistas com suas obras analisadas num espaço de 490 páginas – o que significa dizer uns 380 livros lidos, pesquisados, resenhados, virados pelo avesso, mas todos tratados com generosidade e respeito. Se você ouviu falar de um obscuro baiano que escreveu um romance há anos tantos (desde que no século XX), ele estará em Floração, o maior acervo de conhecimento da literatura baiana que já se publicou. O livro ganhou o prêmio Braskem de ensaios, mas isso não atesta sua verdadeira dimensão. Merece muito mais, pois é o manual, o inventário, o vade-mécum, o alfa e o ômega, o “quem-é-quem” do romance neste Estado.

Esta coluna não se atribui tamanho, peso, engenho e arte suficientes para se aventurar na avaliação intelectual de Jorge Araujo, tarefa para críticos, exegetas e doutores da literatura. Mas de uma coisa temos certeza: trata-se de indivíduo pleno de generosidade, distante de arrogâncias, limpo de soberbas, que jamais se utilizou de sua forte erudição para humilhar pessoas ou elevar-se pessoalmente. Nunca quis ser “superior” a ninguém. Nem precisa.  Creio que se fôssemos uma terra dada a cultivar valores intelectuais (não sei se existe alguma assim), Jorge Araujo não poderia sair à rua sem segurança reforçada, como acontece com as grandes estrelas. No dia em que Itabuna e Ilhéus criarem juízo vão tombá-lo como patrimônio cultural da região. E eu estarei lá, batendo palmas.

TRAUMA DE JARARACA ENSABOADA

Jararaca Ensaboada leu um livro quando estava na escola elementar, por insistência da professora. A aventura causou-lhe tamanho trauma que ela foi aconselhada, em nome da saúde, a nunca, jamais, em tempo algum repetir esse tresloucado gesto. Há dias, numa súbita tentativa de ascender à erudição, procurou, com a ajuda de um psicanalista de hora regiamente paga, ler as orelhas de Dom Casmurro, e se deu mal: o esforço levou a nefanda criatura a tal estado de histeria que o psicanalista de hora regiamente paga lhe recomendou procurar o psiquiatra, com urgência urgentíssima.

O UNIVERSO DERRAPOU

Na semana passada, os leitores desta coluna foram muito bondosos, ao não reclamar de dois erros que berravam no texto: numa “intromissão” do word, saiu agüenta, quando o correto, segundo o polêmico Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, é aguenta; e, por injustificável descuido, escrevi “o Luiz Viana Filho…” – detestável forma de linguagem comum no Sudeste, mas alienígena entre nós. Nordestino que escreve “o Fulano”, em vez do simples “Fulano”, exercita um ridículo pernosticismo. Foi o que eu fiz, sem intenção (os erros foram rapidamente corrigidos, graças à diligência dos rapazes do Pimenta). Peço desculpas e agradeço a todos pela generosidade.
(O.C.)
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<h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3>
<div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as