Amêndoas de cacau da África desembarcadas no Porto de Ilhéus || Reprodução TV Santa Cruz
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O porto de Ilhéus recebeu 13 mil toneladas de amêndoas de cacau importadas da Costa do Marfim, na África.  A situação é motivo de preocupação para os produtores do sul da Bahia já que, segundo eles, não há controle de pragas e doenças.

O desembarque das amêndoas de cacau aconteceu no dia 29 de dezembro e não há detalhes de como será o uso dessas amêndoas. Apesar da preocupação dos produtores, não há informações sobre descoberta de pragas oriundas do cacau na região.

Segundo a presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cacau, Vanuza Barroso, as condições da importação acarreta riscos para a saúde. Como exemplo, Vanuza citou a entrada de insetos vivos em Ilhéus no ano de 2012, vindos da Costa do Marfim.

“Houve processo instaurado pelos Ministérios Públicos estadual e federal e as importações ficaram suspensas durante seis anos”, relembrou.

Produtores temem entrada de pragas via cacau importado da África do Sul

MONILÍASE

A presidente lembrou ainda que no ano passado outra praga chamada de Monilíase, foi registrada na Amazônia, colocando o estado de Amazonas em quarentena, e alerta que as pragas que podem ser trazidas pelos desembarques da Costa do Marfim, são ainda piores.

”As pragas são terríveis, muito mais sérias que a Vassoura de Bruxa e a Monilíase”, contou Vanuza Barroso.

Os produtores de cacau esperam que o Governo Federal revogue a instrução do Ministério da Agricultura que permite a importação de amêndoas sem a aplicação do Brometo de Metila.

A preocupação dos produtores continua, já que outro carregamento está previsto para chegar ao município no mês de março com mais 10 mil toneladas vindas da Costa do Marfim.

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Tricovab tem eficiência comprovada no controle da vassoura-de-bruxa
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O Ministério da Agricultura (Mapa) publicou edital para contratar empresa que produza e comercialize, com exclusividade, o Tricovab®, recomendado para o controle do fungo causador da vassoura-de-bruxa do cacaueiro. O Edital de Oferta Tecnológica n° 01/2022 , segundo o Mapa, busca promover ações visando o co-desenvolvimento do produto em parceria com a Ceplac, conforme condições estabelecidas no documento.

O estudo para desenvolver o Tricovab® foi iniciado em meados de 1990 por pesquisadores da Ceplac, em um grande esforço para aprimorar o controle do fungo da vassoura-de-bruxa sem resíduos químicos, possibilitando seu uso na cacauicultura orgânica. O Tricovab® é comprovadamente eficaz, inibe o crescimento do fungo da vassoura-de-bruxa em 99% no solo e em 57% na copa das árvores.

O diretor da Ceplac, Waldeck Araújo, afirma que o uso de bioinsumos para controle biológico está em franco crescimento no agro. “Além dos excelentes resultados obtidos com o uso do Tricovab para o controle da vassoura-de-bruxa do cacaueiro, o produto contribui para a ampliação do mercado de bioinsumos na agricultura brasileira. A oferta do Tricovab®, para a produção em larga escala, é um importante passo para melhorar a produtividade e aumentar a remuneração dos produtores”, declara o diretor.

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Nos discursos, tudo resolvido, solucionado, com o excelso poder da caneta governamental em portarias, decretos, leis e medidas provisórias.

 

Walmir Rosário

A cacauicultura, que já teve a primazia de ser a principal matriz econômica do sul da Bahia, sempre andou de mãos dadas com os políticos, com troca de favores em determinados períodos, estes nem sempre cumpridos. E às vezes os políticos tinham razão, haja vista que os esperados votos barganhados nunca apareciam nas urnas conforme os totais aprazados.

Nas cidades do sul da Bahia sempre foi costumeira a dispersão dos votos para quase todos os candidatos – dos vários partidos –, não importando de que regiões venham e quais os compromissos assumidos com as causas regionais. Era um suplício para os comunicadores verificarem as listas da apuração dos votos, dado ao número de candidatos a deputados – estadual e federal – que foram sufragados nas urnas.

E não era nenhuma novidade para nenhum deles na promoção das chamadas “casadinhas” que, se não rendiam votos regionais suficientes para conferir um mandato, pelo menos ajudavam. Políticos e eleitores da casa sempre reclamaram dessa prática, mas o hábito nunca mudou, se transformando apenas em meras reclamações dos perdedores, inconformados com a falta de votos.

E entre tapas e beijos esses relacionamentos conflituosos continuam como costume a ser seguido, pois o bom mesmo é que pinguem os votos nas urnas de todo o estado da Bahia, não importando onde. Eleitos, quando cobrados a honrarem as promessas feitas durante a campanha eleitora, simplesmente dizem não terem o que fazer, pois não foram votados maciçamente, não lhes conferindo poder para brigar em Salvador e Brasília.

Bem, mas essa é só uma pequena parte dos conflitos pós-eleitorais dos deputados sem o prestígio suficiente junto aos governos do estado e federal, ou sem a devido relacionamento com a poderosa mídia. Outros políticos que detêm esses poderes vão além e fazem as coisas acontecerem com mais “barulho”, pois sabem como encaminhar os pedidos, os pleitos de anos sem qualquer solução.

O mundo do cacau é diferente de outras regiões, pois sempre foi rico (ou pelo menos considerado), se preocupando em ganhar dinheiro, deixando a complicada arte da política para os novos amigos da capital ou outras regiões. Tanto é assim que poucas lideranças conseguem se eleger com os votos do sul da Bahia. Muitos dos que já foram precisaram das “casadinhas” com candidatos de outras regiões, com raríssimas exceções.

E desde que existe eleição não é segredo que as contas de chegar dos votos nunca enganaram as duas partes: o político faz de conta que acredita nos votos prometidos e a liderança engana na contrapartida. Muitos destes se contentam apenas sair nas fotos em que fazem com os candidatos, como demonstração de poder, ser “o amigo do rei”, jactando-se serem da cozinha de tais deputados ou autoridades.

Nada mais falso, a exemplo de uma cédula de três reais. E por que se submetem a esse tipo de relacionamento promíscuo? As vantagens advindas do que não está escrito ou pactuado entre eles. Em conversa com alguns políticos ao longo dessas várias décadas de militância na comunicação, ouvi bastante que a política é a arte de ser sabido, pois só assim é que conseguiram se eleger.

E vários diziam abertamente que defender as causas da cacauicultura não daria o resultado esperado na urnas, embora pudessem estar constantemente na mídia regional, estadual e nacional. E não é por menos, já que o cacau não é somente uma importante commodity e sim o fruto emblemático das histórias contadas pelo escritor itabunense Jorge Amado, com ou sem a ideologia.

Marketing melhor não há do que as entrevistas nas emissoras de rádio, televisão, jornais e redes sociais com a cobrança das providências junto às autoridades competentes, apresentando uma extensa lista de reivindicações. E tome-lhe pedido de providências, discurso inflamado no plenário vazio, encontro com ministros, todos devidamente com a cobertura da mídia, para a prestação de contas aos futuros eleitores.

Alguns, até, conseguem furar a agenda presidencial e programam viagem com o presidente da República e ministros à Ceplac, com promessas de soluções importantes e imediatas. Para delírio da população, fotos e imagens televisivas mostram as autoridades examinando pés de cacau infestados por vassoura de bruxa, e cacaueiros sadios, cujos frutos são quebrados na hora para o deleite do paladar de nossas autoridades.

Nos discursos, tudo resolvido, solucionado, com o excelso poder da caneta governamental em portarias, decretos, leis e medidas provisórias. Enquanto não chega a eleição a papelada tramita em Salvador e Brasília, enquanto as notícias ocupam grande espaço na mídia. Mas como não querem nada, os burocratas tomam todas as providências necessárias para que fiquem emperradas, no esquecimento, logo após a eleição.

O que não se faz para conseguir votos…

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural na Bahia (Senar-BA), está testando cinco fungicidas contra a vassoura de bruxa, praga que mais prejudica as lavouras de cacau no Brasil.

Os fungicidas foram desenvolvidas pela Syngenta e apresentam bons resultados contra a monilíase em outros países. Agora, os testes irão avaliar se podem ser usados também no combate à vassoura de bruxa. Estudos da Universidade de Campinas (Unicamp) apontam a eficácia de alguns dos princípios ativos que compõem parte dos produtos em teste.

O estudo é feito em áreas da Ceplac, em Ilhéus, no sul da Bahia, e terá duração de dois anos. A Bahia é o estado que mais sofre com a praga, por apresentar condições climáticas favoráveis para a disseminação do fungo. Os efeitos da praga na região foram devastadores, provocando queda de 75% da produção, gerando desemprego e êxodo rural.

Atualmente, as recomendações para o controle da vassoura de bruxa incluem uso racional de fungicidas, remoção de tecidos infectados, uso de variedades clonais resistentes e controle biológico (biofungicida Tricovab®).

“A seleção de novos fungicidas mais eficazes contra a vassoura de bruxa é o desejo de todos os produtores de cacau. Aliado a um programa de manejo integrado, pode combater melhor a doença, aumentando a produção além de viabilizar economicamente a atividade agrícola, especialmente, na região sul da Bahia”, explica o pesquisador da Ceplac, Givaldo Niella Rocha, que coordena os testes em campo e em laboratório.

O Brasil é o hoje o sexto produtor mundial de cacau, com produção de cerca de 220 mil toneladas por ano. Pará e Bahia respondem por 95% da produção nacional. De acordo com dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), a Bahia entregou, em 2021, cerca de 140 mil toneladas de amêndoas de cacau.

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Dentre os nossos atrasos históricos, torna-se cada vez mais necessário superar os passivos social, urbanístico e ambiental. Isso exige novos olhares, união de esforços e objetivos, modernização da máquina pública, definição de prioridades e atração de novos investimentos.

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

Nossa cidade completa hoje 110 anos de emancipação política, trazendo consigo a marca do empreendedorismo e da ousadia em desbravar horizontes. Sua gênese se deu pelo trabalho de sergipanos que por aqui chegaram em 1867. Dois deles: Felix Severino do Amor Divino e José Firmino Alves. Antes, em 1857, surgia o arraial de nome Tabocas, ponto de apoio aos tropeiros que se dirigiam a Vitória da Conquista.

Nesses 110 anos de emancipação política, passamos por uma verdadeira transformação no aspecto urbano, tendo sua maior expansão no período da crise da vassoura-de-bruxa, agravada na década de 1990, quando chegaram milhares de trabalhadores expulsos do campo, em busca, no solo local, de uma alternativa para sobrevivência, impactando os serviços públicos e exigindo de toda a sociedade adaptação a essa nova realidade que se estabelecia.

Se, por um lado, essa expansão representou pressão sobre a zona urbana e os serviços públicos, fazendo aparecer a escassez de recursos para salvaguardar direitos constitucionais, por outro deu à cidade um aumento populacional e a motivação para que os seus atores principais, públicos e privados, passassem a compreender a necessidade de superação da crise imposta pelo modelo agropastoril exportador para um novo, no qual comércio e serviços ganharam nova dinâmica e foi dado início a uma embrionária industrialização.

Do lado público, nossa cidade tem tido, ao longo desse mais de um século, poucas inovações. Sua principal característica, politicamente falando, foi ser gerida de forma populista, perdendo, por diversas vezes, o protagonismo regional devido a essa postura administrativa. Isso impactou negativamente, inclusive, na busca por novas receitas e no equilíbrio fiscal do município.

Dentre os nossos atrasos históricos, torna-se cada vez mais necessário superar os passivos social, urbanístico e ambiental. Isso exige novos olhares, união de esforços e objetivos, modernização da máquina pública, definição de prioridades e atração de novos investimentos. Essas conquistas só serão factíveis se adotarmos mecanismos de gestão levando em consideração a incorporação de novas tecnologias e elaboração de projetos para financiamento dessas ações.

Precisamos agir para incrementar políticas reais e alterar o nosso perfil de desenvolvimento local. Tal sinergia exigirá, em doses cada vez maiores, um entrelace do setor público com os setores privados e toda a sociedade para, por meio dessa perspectiva, dotar a nossa cidade de condições melhores para a nossa convivência. Precisamos de um novo pacto social local.

Rosivaldo Pinheiro é economista, comunicador e especialista em Planejamento de Cidades.

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Daniel Thame

Itabuna chega aos 110 anos de emancipação no momento em que o mundo vive uma das piores crises sanitárias de sua história, com impactos devastadores na economia. Por causa da pandemia da Covid-19, a cidade paralisou as atividades comerciais e empresariais não essenciais por mais de cem dias e só agora inicia um processo gradual de reabertura, seguindo rígidos protocolos de segurança determinados pela Organização Mundial de Saúde.

A crise afeta diversos segmentos de Itabuna, mas a capacidade de se reinventar, superar crises e dar a volta por cima, está no DNA do itabunense, desde os pioneiros que iniciaram a transformação da então Vila de Tabocas na Itabuna com ares de metrópole, até os tempos atuais, em que o espírito empreendedor prevalece em meio a dificuldades que estão aí para serem superadas.

Fernando diz acreditar na capacidade de superação do itabunense

Itabuna atravessou as crises cíclicas do cacau, encarou a pior das crises até então, com o apocalipse gerado pela vassoura-de-bruxa e as crises econômicas nacionais. Mas sempre se superou, como vai superar os impactos ainda não mensuráveis da Covid-19 no sul da Bahia.

É assim, por exemplo, que pensa o prefeito Fernando Gomes, em seu quinto mandato à frente do município. Mesmo com foco na saúde, para preservar vidas. “Ao assumir a Prefeitura de Itabuna decidi olhar para frente e não reclamar do passado. E assim fiz e tenho feito. Confio na força de trabalho dos itabunenses, acredito na capacidade de superação e tenho confiança no futuro, porque Itabuna é uma cidade que sempre superou obstáculos para se consolidar como um dos polos da Bahia e do Nordeste” afirma.

ESPÍRITO EMPREENDEDOR

Duas gerações de empreendedores, Helenilson e o filho Manoel Chaves Neto

Implantar em Itabuna o primeiro shopping do Sul da Bahia no ano 2000, em meio a uma crise devastadora provocada pela vassoura-de-bruxa, parecia algo impensável. Não para Helenilson Chaves, visionário e empreendedor nato, um apaixonado pela cidade, que fez nascer um shopping que se transformaria num marco da consolidação da Itabuna como o maior polo comercial, prestador de serviços, lazer/entretenimento, saúde e ensino superior da região.

Jequitibá é um dos símbolos do comércio sul-baiano

Aos 20 anos, o Shopping Jequitibá, hoje dirigido por Manoel Chaves Neto, passa por um processo permanente de ampliação, modernização e ampliação do mix de produtos/serviços. Mesmo com o shopping fechado por 120 dias por causa da pandemia, Neto mantém o otimismo. “Quando ocorreu o fechamento das operações do Jequitibá por força da pandemia, decidimos encarar a avassaladora consequência da Covid-19, com foco na adequação do shopping ao novo normal, buscando alternativas e soluções para o empreendimento como um todo”.

“Reabriremos o Jequitibá com seis novos projetos sendo implementados. Essas ações são um exemplo da educação e ensinamentos de meu pai e a nossa eterna crença na capacidade de Itabuna superar crises. Continuamos e estamos convictos do potencial mercadológico de Itabuna, do sul da Bahia e por contar disto, em breve vamos anunciar relevantes novidades” ressalta Manoel Chaves Neto.

Leahy: comércio unido na travessia

A FORÇA DO COMÉRCIO

Além do comércio, Itabuna também se consolidou como polo regional de serviços na área da saúde, com centenas de leitos hospitalares, de clínicas e consultórios médicos das mais diversas especialidades, e no setor educacional, com universidades públicas e centros universitários privados. Seu raio de influência atinge 120 municípios e uma população superior a um milhão de habitantes.

Carlos Leahy, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabuna fala do otimismo e esperança nos 110 anos do município. “Itabuna sempre foi um celeiro de grandes empresários, com um comércio de abrangência regional. Vamos atravessar juntos essa situação inesperada e unidos vamos dar a volta por cima, saindo mais fortalecidos, porque essa essas são marcas do itabunense, empreender, não desistir nunca e olhar para o futuro com otimismo”.

Margotto fala de aspirações e força do itabunense

Para Edimar Margotto Junior, advogado, empresário e agropecuarista, “a terra de Jorge Amado, de Firmino Rocha, de Candinha Doria, de Cyro de Mattos, de Zélia Lessa e de Valdirene Borges” tem tudo para surfar a onda do desenvolvimento sustentável. “Superamos a vassoura-de-bruxa e somos referência pujante em comércio e em tecnologia, a 8ª economia da Bahia, com mais de 5.000 empresas e um PIB anual superior a R$ 3 bilhões”, afirma.

Segundo Margotto, com um orçamento anual que supera os R$ 600 milhões, Itabuna pode viver dias melhores, com direito a educação de qualidade e em tempo integral, com saneamento básico e despoluição do Rio Cachoeira, com ambiente propício ao empreendedorismo, um plano de mobilidade urbana”. “Podemos vivenciar um novo momento, com uma cidade mais humana e mais justa, sobretudo para as pessoas mais necessitadas”, finaliza.

Rafael Andrade: superação e mutirão que é exemplo para o mundo

EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE

Idealizador e coordenador do Mutirão do Diabetes de Itabuna, maior evento de prevenção e tratamento da doença no mundo, o médico oftalmologista Rafael Andrade, do Hospital Beira Rio, afirma que uma importante característica da cidade é se superar perante grandes adversidades, com o que ela tem de melhor, a sua gente. “Quantas crises passamos e quantos vezes nos levantamos, ainda mais fortes?”. “Enchentes, secas, crises da vassoura-de-bruxa, muitas crises econômicas, mesmo assim seguimos em frente com este povo de fé que não se entrega” diz.

“Minha história é a prova deste solo fértil grapiúna. Aqui nasceu, cresceu e se expandiu para todo o Brasil, o Mutirão do Diabetes, que se mistura com a história da minha vida, que começou em 2004 atendendo pouco menos de 200 pessoas, e durante 15 anos vem atendendo dezenas de milhares de pessoas.”

Julius Kaeser, ex-diretor da Nestlé em Itabuna, fala da avidez do grapiúna em aprender

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Julius Kaeser, que foi diretor da Nestlé em Itabuna no período de 1985 a 1998, hoje radicado em Portugal, testemunhou a bonança provocada pela alta do cacau e também da crise gerada pela vassoura-de-bruxa. “Algo que sempre me chamou positivamente a atenção com relação a comunidade grapiúna foi a forma fraternal no tratamento com as pessoas, o espírito empreendedor. A formação profissional dos colaboradores que trabalhavam na empresa também foi surpreendente. A avidez de querer aprender cada vez mais e se superar era até comovente”, diz.

“Foi um enorme prazer poder ter tido a oportunidade de liderar um grupo de pessoas tão motivadas. Foi uma lição de vida para mim e tenho a certeza de que mais uma vez a cidade vai ser recuperar e sair ainda mais fortalecida”, ressalta.

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Descoberta molécula capaz de inibir a vassoura || Foto Eduardo Cesar/Revista Pesquisa Fapesp

Da Agência Fapesp

Em artigo publicado na revista Pest Management Science, pesquisadores brasileiros descreveram o desenvolvimento de uma molécula capaz de inibir o avanço da vassoura-de-bruxa – principal praga da produção cacaueira no Brasil.
A pesquisa foi realizada durante o doutorado de Mario Ramos de Oliveira Barsottini, com apoio da Fapesp e orientação do professor Gonçalo Pereira, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp).

Participaram da investigação cientistas do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e da Universidade de Warwick, do Reino Unido.

Causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, a vassoura-de-bruxa tem esse nome porque deixa os ramos do cacaueiro secos como uma vassoura velha. As áreas afetadas não conseguem realizar fotossíntese e, para piorar, liberam substâncias tóxicas que diminuem a produção de frutos. Os poucos frutos produzidos se tornam inviáveis para a fabricação de chocolate. A doença vem causando prejuízos aos produtores de cacau no Brasil desde 1989.

“Os fungicidas mais usados atacam geralmente a respiração ou a estabilidade da membrana celular do fungo. Os do primeiro grupo não funcionam contra a vassoura-de-bruxa. Já os que atacam a membrana celular funcionam em laboratório, mas não no campo, de acordo com os produtores”, disse Barsottini, primeiro autor do artigo.
O alvo das novas moléculas estudadas pelo grupo de Pereira é a enzima oxidase alternativa (AOX). Os pesquisadores descreveram seu papel na sobrevivência do fungo em artigo publicado na revista New Phytologist em 2012.Leia Mais

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Equipe da LGE pesquisa as causas da vassoura-de-bruxa há 20 anos || Antonio Scarpinetti

Manuel Alves Filho || JUnicamp
No final da década de 1980, o Brasil era o segundo maior produtor mundial de cacau. O país colhia cerca de 400 mil toneladas do fruto ao ano. O excelente desempenho da cacauicultura brasileira, porém, foi duramente afetado nos anos seguintes por causa da ação de uma doença denominada vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo de nome Moniliophtora perniciosa, que devastou inúmeras plantações. Atualmente, a safra nacional do produto gira em torno de 180 mil toneladas anuais, sendo que chegou a 120 mil toneladas no final dos anos 1990.
Desde que a vassoura-de-bruxa foi identificada, pesquisadores do Laboratório de Genômica e Expressão (LGE) do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp vêm desenvolvendo diversos estudos para tentar descobrir como o fungo atua, com o objetivo de combatê-lo. Recentemente, os cientistas deram um importante passo nessa direção. Eles descobriram um mecanismo usado pelo micro-organismo para “driblar” o sistema imune de planta, e assim infectá-la. O trabalho rendeu artigo que acaba de ser publicado pela prestigiada revista Current Biology, um selo da editora Cell Press da Elsevier.
De acordo com o professor Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, coordenador do LGE, a descoberta é resultado de quase 20 anos de pesquisas e da dedicação de centenas de alunos ao longo desse período, desde a iniciação científica até o pós-doutorado. “Tivemos um grande sucesso nessa empreitada. Descrevemos a vassoura-de-bruxa em detalhes e identificamos as vias metabólicas envolvidas na estratégia de ação do fungo. Também desenvolvemos métodos de manejo das plantas, em parceria com os produtores. Apesar desses avanços, ainda não conseguimos chegar a um produto ou processo que possa eliminar o micro-organismo. A partir de agora, com a identificação do mecanismo de ação do patógeno, estou convencido de que poderemos obter novos progressos”, considera o docente.
O que os pesquisadores do LGE descobriram é que o Moniliophtora perniciosa é bastante astuto e insidioso. Ele se vale de uma estratégia incomum para enganar o sistema imune da planta, como explica o biólogo Paulo José Pereira Lima Teixeira, que pesquisou o assunto em sua tese de doutorado. Atualmente, ele é pesquisador do Howard Hughes Medical Institute (HHMI), da Universidade da Carolina do Norte (EUA), e no próximo ano vai assumir a posição de professor assistente na ESALQ-USP. Dito de maneira simplificada, o mecanismo de ação do fungo funciona da seguinte forma. Micro-organismo e a planta estabelecem o que os especialistas qualificam de “frente de batalha”.Leia Mais

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Joelson Ferreira, do Terravista, em Arataca, no sul da Bahia || Foto Daniel Thame/GovBA

Chocolate produzido por assentados ganhou Paris

O Assentamento Terra Vista, criado em 1994, foi uma das primeiras áreas de reforma agrária no sul da Bahia, surgido no auge da crise provocada pela vassoura-de-bruxa, que dizimou 80% da produção de cacau na região. Hoje é exemplo de projeto de agricultura familiar com foco na sustentabilidade e na educação.
Com 910 hectares, sendo 300 hectares de cacau e 313 hectares de Mata Atlântica, o Terravista possui 55 famílias. Elas produzem cerca de 5 mil arrobas de cacau 100% orgânico, por ano. A produtividade alcança cerca de 70 arrobas por hectares, que, aliados ao cultivo de frutas, verduras e hortaliças, garantem uma renda média de 2,5 salários mínimos por família. Do cacau, 10% é destinado à produção do Chocolate Terra Vista, um produto premium que já foi apresentado no Salão do Chocolate de Paris.
“A produção de cacau e a conservação da natureza são práticas indissociáveis nesse novo modelo de desenvolvimento”, explica o coordenador do Terra Vista, Joelson Ferreira. “O cuidado com a terra, a melhoria das amêndoas a produção orgânica e um modelo educacional focado nas necessidades do setor rural estão contribuindo para que os assentados tenham uma vida digna, sem necessidade de migrar para as incertezas dos centros urbanos”, diz.
A educação é uma prioridade no assentamento. Funcionam no local o Centro Integrado Florestan Fernandes e o Centro de Educação Profissional Milton Campos. O primeiro oferece o Ensino Fundamental I e II e atende alunos de 11 municípios, enquanto o segundo oferece os cursos profissionalizantes de Agroecologia, Meio Ambiente, Agroindústria, Agroextrativismo, Informática, Zootecnia e Segurança do Trabalho, além de um curso de nível superior em Agronomia, com especialização em Agroecologia. Os universitários são oriundos de assentamentos de todas as regiões da Bahia.

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Uma doença mais devastadora do que a vassoura-de-bruxa está atacando cacaueiros numa fazenda do Recôncavo Baiano e já preocupa produtores. O foco da doença foi registrado na Fazenda  Engenho D´Água, no Distrito de Monte, em São Francisco do Conde.
No início desconfiou-se se tratar de uma variação mais agressiva da vassoura de bruxa, mas como os frutos atacados eram de clones resistentes (PH-16 e CCN-51) e após análise feita na Estação da Ceplac em Linhares, no Espírito Santo,  pesquisadores chegaram à conclusão de que pode se tratar de uma nova praga, a “Cochonilha rosada”, causada pela cochonilha Maconelliccocus hirsutus.
A praga tem mais de 300 hospedeiros, entre eles café, seringueira, citros, hibiscos ou graxa, quiabeiro, ingazeira, etc. Até então, a cochonilha não havia sido constatada em cacaueiros.
Confira mais em Blog do Thame

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Do Valor Econômico

Vassoura-de-bruxa afeta produção de cacau.

A obtenção de um fungicida eficiente que combata a doença da vassoura-de-bruxa na cultura do cacau está mais perto de se tornar realidade. Pesquisadores da Unicamp, em parceria com a empresa de defensivos Ihara, avaliam moléculas químicas capazes de driblar o fungo. Assim que se verificar a viabilidade do produto e que todos os testes sejam feitos, ele deverá ser produzido comercialmente.

A vassoura-de-bruxa é uma das principais causas da baixa performance dos cacaueiros na Bahia, maior produtor nacional da amêndoa. (ver Contexto). Por isso, já foram investidos cerca de US$ 10 milhões em pesquisas sobre o fungo Moniliophthora perniciosa que provoca a doença.

Desde março deste ano, foram testados vários fungicidas. Um deles – estrobirulina – não teve efeito na chamada fase “biotrófica”, quando o fungo infecta as plantas. Mas depois da descoberta da eficácia de uma molécula denominada “Sham” capaz de inibir a atuação do fungo nas suas duas fases, a Unicamp testa agora moléculas com características estáveis enviadas pela Ihara para serem aplicadas no lugar do Sham. Esta molécula inibiu em 100% a atuação do fungo, além de outros fungos tropicais, mas por ser uma droga usada em laboratório não é estável para ir a campo.

A patente dessa experiência já foi requerida. As pesquisas sobre o fungo começaram em 2000, quando foi formada uma rede de pesquisadores coordenada pelo professor do Laboratório de Genômica e Expressão da Unicamp, Gonçalo Guimarães Pereira. Em 2005 foi descoberto o mecanismo fundamental da doença e, em 2007, feito o primeiro de uma série de sequenciamentos do DNA do fungo.

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Ricardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

É impossível assistir ao filme sem ficar permanentemente com um nó na garganta e um embrulho no estômago, além do sentimento de impotência diante da crueldade.

A dispersão da praga da vassoura-de-bruxa na região cacaueira não foi algo natural e isso ficou totalmente comprovado em inquérito conduzido pela Polícia Federal há alguns anos. As investigações não conseguiram apontar os autores, mas concluíram que a forma como a doença se instalou denuncia um “modus operandi” todo especial, um plano macabro e destruidor, um ato humano deliberado, como sugere o excelente e fundamentado documentário produzido por Dilson Araújo.

O filme traz uma série de depoimentos e documentos oficiais, além de histórias de perdas financeiras, familiares e humanas ocorridas nessas terras a partir do fim dos anos 80 do século passado. Foi o fim de uma era, e é impossível traduzir em palavras a tragédia que se deu nessa região, onde mais de 250 mil trabalhadores perderam seus empregos nas fazendas de cacau e o êxodo para as cidades chegou a 800 mil pessoas.

Pesquisadores ouvidos no documentário atestam que o inchaço das favelas e todos os problemas sociais que vieram a reboque, como a falta de infraestrutura e a violência, têm relação direta com a bruxa que assombrou a região. Suas consequências foram também ambientais, com a destruição do sistema da cabruca em 600 mil hectares de fazendas. Muitas áreas onde a Mata Atlântica permanecia intacta, em uma convivência produtiva e ecológica de mais de dois séculos, foram transformadas em pastagens e a madeira nativa foi alimentar as serrarias.

Tragédia. Crime. Holocausto. Genocídio. Qual a palavra certa para descrever o que se deu nessa região? O Nó apresenta várias, sem deixar de mostrar que os cacauicultores foram vítimas duas vezes. Uma quando a vassoura se instalou, com galhos amarrados diligentemente por mãos assassinas; a outra quando a Ceplac recomendou providências equivocadas, que levaram os produtores a assumir dívidas que lhes atormentam até hoje. Os bancos exigem que eles paguem pelo que não surtiu efeito e o governo não assume o ônus pela falha.

É impossível assistir ao filme sem ficar permanentemente com um nó na garganta e um embrulho no estômago, além do sentimento de impotência diante da crueldade. São histórias destruídas, vidas destroçadas, uma cultura secular que deixou de existir por obra e graça de alguma ideia psicótica. De quem? A polícia diz que não sabe.

Não por acaso, O Nó é narrado quase num sussurro, por uma voz que parece ser de alguém que fala em meio a um velório. O tom é triste, o filme fala de morte.

Ricardo Ribeiro é editor do Cenabahiana.

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Salles (dir.) conversou sobre o assunto com o diretor-geral da Ceplac, Jay Wallace (foto Heckel Júnior)

A monilíase, praga considerada pior que a vassoura-de-bruxa, e que já atinge plantações de cacau em países que fazem fronteira com a Amazônia brasileira, constitui-se em ameaça para a cacauicultura nacional.
O secretário da Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, tratou recentemente do assunto com o diretor-geral da Ceplac, Jay Wallace, e pretende discuti-lo no próximo dia 28, em Rondônia, durante encontro de secretários estaduais de agricultura.
Salles diz ter consciência de que é praticamente impossível evitar a entrada da moníliase no país, mas observa a necessidade de adotar medidas para que isso não ocorra tão cedo. “Queremos atrasar esse processo ao máximo, até que a pesquisa agropecuária possa encontrar meios para desenvolver a tecnologia de combate”, afirma.
O secretário também defende a realização de convênios com países fronteiriços para intensificar o controle da praga. Essa proposta foi levada ao Departamento de Sanidade Mental do Ministério da Agricultura.

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Projeto desenvolve pesquisas de combate à vassoura.

A Ceplac lança nesta sexta(9), às 9 horas, o projeto de pesquisa na Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), em solenidade no auditório Hélio Reis de Oliveira, do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec). A iniciativa captou recursos da ordem de R$ 6 milhões para desenvolvimento de material genético resistente ou voltado ao combate à vassoura-de-bruxa.
A doença é causada por um fungo – Moniliophtora perniciosa – que reduziu a produção de cacau brasileira em 75% no intervalo de pouco mais de uma década, quando saiu de 400 mil para 100 mil toneladas. O Renorbio com foco no combate à vassoura captou recursos da ordem de R$ 6 milhões, sendo R$ 4 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia (MTC) e R$ 2 milhões do Ministério da Agricultura, por meio da Ceplac.
De acordo com o superintendente da Ceplac na Bahia, Antônio Zózimo de Matos Costa, além da instituição, o projeto envolve a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), a Universidade de São Paulo (Usp), Unicamp e a Empresa/Cenargen. Zózimo lembra que somente a Ceplac desenvolveu 39 clones resistentes à vassoura desde quando o fungo alastrou-se na Bahia, em fins dos anos 80.

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O ex-prefeito de Floresta Azul, Carlos Hamilton Santos, cumpre rotina de explicações à Polícia Federal e à Justiça sobre a pilha de irregularidades encontradas na sua gestão (2005-2008). Nesta semana, o ex-prefeito foi ouvido pela Polícia Federal, em Ibicaraí, no inquérito que investiga a sua participação em desvios de verbas federais descobertos pela PF na Operação Vassoura-de-Bruxa. Garrafão, como também é conhecido o político, foi um dos prefeitos indiciados pela PF em dezembro de 2008.
Agora, teve bens bloqueados por irregularidades numa licitação de R$ 608.400,00 para o transporte escolar do município. A promotoria pública acionou o prefeito por improbidade administrativa. O Ministério Público estadual (MP) apurou fraude no processo licitatório. Tudo foi direcionado para a empresa Aguiar Transportadora Ltda ganhar a licitação, segundo o MP.
A Justiça acatou a denúncia do MP e agora decretou o bloqueio dos bens do ex-prefeito Garrafão, além da ex-secretária Diana Oliveira Santos (Administração) e de Oscar de Carvalho (presidente da Comissão de Licitação). A empresa pertencia a parentes de Garrafão.