Jorge Caetano entrevista o Rei Pelé || Foto Arquivo Pessoal
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– Jorge Caetano, você viu que cacete? – pergunta o narrador Paulo Kruschewsky.

Até hoje não se sabe ao certo a informação de Jorge Caetano, mas segundo a galera do radinho de pilha colado ao ouvido, ele teria dito:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima dele!

Walmir Rosário

Itabuna e Ilhéus possuíam vários times, todos recheados de craques. Isto quase todos sabem. Entretanto, poucos conhecem os craques dos microfones esportivos daquela época. Eram muitos e bons, afirmo com toda a tranquilidade. E um deles era (e é) Jorge José Caetano Neto, ou simplesmente Jorge Caetano, que atuou durante anos na reportagem de campo e na narração de jogos, o que ainda faz até os dias de hoje.

E pra começo de conversa, Jorge Caetano foi revelado em Ilhéus, onde morava, e passou a integrar a equipe da Rádio Bahiana, inicialmente como plantonista, depois como repórter. E o início foi obra do acaso e das boas amizades. Um belo dia, o empresário Moisés Bohana, que tinha sido colega de escola, perguntou se queria trabalhar na emissora. Não deu outra, começou no dia seguinte, para ganhar experiência.

Com o traquejo, pouco tempo depois passou para a Rádio Jornal de Ilhéus (hoje Santa Cruz), de Osvaldo Bernardes, já como repórter esportivo. E por lá foi ampliando os conhecimentos, tanto que em pouco tempo já era um disk joquei. Nessa época conheceu o radialista Seara Costa, com quem passou a formar dupla. E o rádio ilheense parecia um zoológico, dada a quantidade de “feras” no microfone.

Djalma e o irmão Fernando Costa Lino, Armando Oliveira, o futuro governador Paulo Souto, Juarez Oliveira, Paulo Kruschewsky, eram as figurinhas carimbadas com os quais passou a dialogar no rádio esportivo ilheense. Em 1970 é aprovado num concurso da Ceplac e conhece o radialista Geraldo Santos (Borges), que lhe abriu caminho no rádio itabunense, onde predominavam profissionais de altíssimo nível.

Nessa época se transfere para a Rádio Jornal de Itabuna e o diretor Waldeny Andrade o escala para substituir Geraldo Santos, ocupado com o mestrado no Rio de Janeiro. De início, como era costume, passou a narrar em companhia de Cordier, cada qual um dos tempos dos jogos. E nesta época trabalhou lado ao lado de Nílson Rocha, Lucílio Bastos, Lima Galo, Orlando Cardoso, Ramiro Aquino e outros craques do microfone esportivo.

E Jorge Caetano viveu muitas histórias nas transmissões esportivas nos campos do interior baiano. Certa feita, em Maracás, foi transmitir o jogo das seleções de Itabuna e a local. Sem saber, o sinal da rádio Difusora, para quem narrava, estava sendo retransmitido para o serviço de sonorização da cidade. De repente, o céu escurece e cai um toró. Como a chuva não parava, o campo se transformou num imenso lamaçal.

Desconhecendo que toda a cidade o escutava pelo serviço de som, passou a falar das péssimas condições do campo. De repente, ouve o pipocar de fogos. E Jorge Caetano pensava que a torcida apenas comemorava a entrada de sua seleção em campo. Mas como os fogos vinham na direção da equipe da Rádio Difusora, se deu conta que seus comentários sobre o gramado mexeu nos brios da população local.

Jorge Caetano em seu estúdio em Itajuípe || Foto Walmir Rosário

Após se casar, Jorge Caetano passa a residir em Itajuípe e continua a trabalhar no rádio esportivo. Com o tempo, se elege vereador, se torna presidente do Legislativo e passa a ser tratado pelos colegas – no ar – como o Repórter Presidente. Certa feita, viaja a Santo Antônio de Jesus com o narrador Orlando Cardoso, para transmitir uma partida entre o Leônico e Itabuna pelo Torneio de Acesso.

Só que o ônibus em que viajaram não entrava na cidade e desembarcaram na BR-101, com enormes sacolas de equipamentos. Aquela seria a última narração esportiva de Orlando Cardoso. Enquanto caminhavam em direção à cidade, comentavam a cena que viviam: dois radialistas e vereadores tendo que transportar aquela bagagem, por não atentarem para o itinerário do ônibus, até que uma providencial carona os salvaram dos fardos.

As transmissões do Campeonato Intermunicipal eram antecedidas por verdadeiras batalhas radiofônicas, insuflando a rivalidade entre os torcedores. Certa feita, numa partida entre os selecionados de Itajuípe e Coaraci, a animosidade se agravou. E os torcedores de Coaraci prepararam a vingança jogando pedaços de melancia, sendo que um delas bate na cabeça de Jorge Caetano.

Noutra feita, num jogo entre Cachoeira e Itajuípe, ao chegar ao estádio, um torcedor grita: olha, seu “fdp” se você gritar um gol aqui eu te jogo dentro do rio. Quando Jorge Caetano se dá conta, estava localizado no final da arquibancada, quase em cima do muro e o rio logo abaixo. A Seleção de Itajuípe ganhou por três a zero ele teve que narrar o jogo bastante apreensivo.

Todo o radialista, ao se preparar para a área esportiva, um dos métodos mais fáceis é se inspirar nos colegas famosos. E com Jorge Caetano não foi diferente. Mesmo não gostando de imitar, ouvia com atenção José Carlos Araújo, César Rizzo, Edson Mauro, Orlando Cardoso e Geraldo Santos, e às vezes até puxava nuances do estilo de cada um deles para sedimentar um estilo próprio.

Já com bastante experiência, um lance deixou o repórter Jorge Caetano bastante famoso. Jogavam no estádio Mário Pessoa Flamengo e Colo-Colo de Ilhéus. E o atacante do Flamengo, Parará, dribla dois zagueiros do Colo-Colo e dá um chute violento em direção ao gol, que passa raspando a trave. E então o narrador Paulo Kruschewsky aciona o repórter Jorge Caetano para completar a informação.

– Jorge Caetano, você viu que cacete? – pergunta o narrador.

Até hoje não se sabe ao certo a informação de Jorge Caetano, mas segundo a galera do radinho de pilha colado ao ouvido, ele teria dito:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima dele!

Mas garante Jorge Caetano, que a frase correta teria sido:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima do lance!

E essa passagem notabilizou Jorge Caetano para o resto da vida, que se orgulha de ter entrevista Pelé e outros grandes jogadores brasileiros. Atualmente Jorge Caetano se divide entre o site http://www.webnewssul.com.br/; a apresentação de um programa às segundas-feiras, ao meio-dia, na FM 91,2; e o programa A Agenda da Cidade e transmissões esportivas na rádio web Pitangueiras FM.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Waldeny Andrade deixa contribuição ao desenvolvimento sul-baiano || Foto Luiz Conceição
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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) e a Associação Baiana de Imprensa (ABI) Seccional Sul emitiram nota de pesar pela morte do escritor, radialista e jornalista Waldeny Andrade. Dos maiores nomes do rádio baiano, Waldeny faleceu no final da noite de ontem (3), no Hospital Costa do Cacau, em Ilhéus, onde estava internado há cerca de 20 dias.

As duas entidades ressaltaram o perfil ético do profissional da comunicação no sul da Bahia e prestou solidariedade aos amigos e familiares de Waldeny, além de ressaltar a contribuição dele para o imprensa e o desenvolvimento regional. “Profissional sério, competente, ético e de relevante atuação social, contribuiu de forma efetiva para a defesa e fortalecimento da imprensa e para o desenvolvimento do Sul da Bahia”, ressalta a nota, cuja íntegra pode ser conferida abaixo.

Nota de Pesar

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia e a Associação Baiana de Imprensa (ABI) Seccional Sul vêm, em nome de todos os associados, manifestar imenso pesar pelo falecimento do radialista, jornalista e escritor Waldeny Andrade, aos 85 anos, ocorrido na noite de quarta-feira, dia 3 de junho, no Hospital Regional Costa do Cacau, onde se encontrava internado. Além de vereador no município de Ilhéus, onde também atuou como radialista, Waldeny dedicou sua vida à comunicação no Sul da Bahia, tendo sido, por várias décadas, diretor do Diário de Itabuna e da Rádio Jornal de Itabuna, veículos que revelaram inúmeros talentos na região. Profissional sério, competente, ético e de relevante atuação social, contribuiu de forma efetiva para a defesa e fortalecimento da imprensa e para o desenvolvimento do Sul da Bahia. Aos parentes, amigos, colegas de imprensa e familiares, externamos nossos sentimentos de solidariedade.

Itabuna, 04 de junho de 2020.

As Diretorias

Escritor e radialista, Waldeny Andrade faleceu aos 82 anos || Foto Luiz Conceição
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Luiz Conceição

Faleceu na noite desta quarta (3), no Hospital Regional Costa do Cacau, em Ilhéus, o radialista, jornalista e escritor Waldeny Andrade, de 85 anos. Ele havia sido internado, há cerca de 20 dias, para a substituição de uma válvula do coração. O escritor e jornalista também foi vereador de Ilhéus, cassado pelo Regime Militar em 1964.

O estado de saúde inspirava cuidados, já que o problema cardíaco o debilitou bastante. Na unidade hospitalar recebeu cuidados intensivos, sendo até entubado. Mas a situação se agravou, vindo a falecer.

Waldeny dirigiu a Rádio Jornal e o Diário de Itabuna por mais de duas décadas, depois de ter atuado em emissoras de rádio de Ilhéus. Foi integrante da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

Nos últimos anos, Waldeny havia se dedicado, com sucesso, à literatura, tendo publicado quatro livros: Vidas Cruzadas – Confissões de Um Enfermo (2013), A Ilha de Aramis – 40 Anos de Eleições em Itabuna (2015), Serra do Padeiro – A Saga dos Tupinambás (2017) e A Noite do Vale do Cotia – Um Grito de Socorro pelo Meio Ambiente.

Sua última obra literária, A Noite no Vale do Cotia teve lançamento no começo de dezembro do ano passado no Jequitibá Plaza Shopping e estava em pauta para Ilhéus.

O escritor e radialista deixa muitos amigos, filhos e netos e a viúva Eliene Andrade. O ultimo adeus a Waldeny Andrade será no velório do SAF em Itabuna. O sepultamento, às 15h, no Campo Santo, será sob protocolo devido à pandemia da covid-19.

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Gasparetto, da Via Litterarum, e o escritor Waldeny Andrade || Foto Luiz Conceição

Luiz Conceição

Noite no Vale do Cotia é a mais nova incursão pelo mundo da ficção literária do escritor, jornalista e radialista aposentado Waldeny Andrade na luta pela preservação do que ainda resta da cobertura nativa no Sul da Bahia. A obra, baseada em fatos reais e que será lançada na Semana do Meio Ambiente, em junho, narra uma história de mistérios, usura, perseverança, crimes e traições tendo o homem como foco.

Neste seu quarto livro editado pela Via Litterarum, o irrequieto escritor narra história de uma família, proveniente do Nordeste brasileiro, que foge da seca e aporta em Itabuna, atraída pela fama do cacau numa época em que a economia cacaueira passa por mais uma de suas renitentes crises econômico-financeiras.

A saga dessa gente leva a construir uma fazenda de cacau, onde pretende manter em pé a densa floresta nativa, seus corpos d’água, a fauna e flora então abundantes. Contudo, tem contra si o desafio imposto por grandes fazendeiros com a alternativa pecuária avançando sobre a região de predominância cacaueira e a consequente a devastação da Mata Atlântica.

O thriller se passa na área rural de Palestina, hoje Ibicaraí, município de onde corre o imaginário Ribeirão Cotia, um dos tributários do Rio Salgado que, com o Rio Colônia, forma mais adiante o Rio Cachoeira. Este, atualmente recebe, do mesmo modo que nas cidades da bacia do Rio Almada, quase todo o esgotamento sanitário por falta de infraestrutura e omissão dos governos.

É certo que depois do sucesso editorial do seu terceiro livro, Serra do Padeiro – A saga dos Tupinambás, o escritor Waldeny Andrade tenha amadurecido ainda mais na arte de contar estórias e histórias, aprimorado a técnica literária e se apossado de uma narrativa rápida e eletrizante.

Na contracapa, embora o ficcionista diga que Noite no Vale do Cotia seja um painel real sobre a Região Cacaueira e que qualquer associação de nomes citados seja simples coincidência, o leitor certamente vai tirar suas próprias deduções pela riqueza de elementos trazidos nesta obra.

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Jornalista lança nova obra em Ilhéus || Foto Luiz Conceição
Jornalista lança nova obra em Ilhéus || Foto Luiz Conceição

Serra do Padeiro – A saga dos Tupinambás, 3º livro do radialista, jornalista e escritor Waldeny Andrade, será lançado na próxima quarta (27), às 18h30min, na Academia de Letras de Ilhéus. A obra ficcional conta a história de três gerações de uma família constituída a partir de um casal formado por uma índia e um europeu que chegou ao Brasil, saído dos escombros de sua cidade natal, na Áustria, após a Primeira Guerra Mundial.

Editado pela Via Litterarum, a obra também conta a trajetória percorrida pelos índios no sul da Bahia em busca do reconhecimento pelos direitos à terra dos seus ancestrais. Ao longo das 288 páginas, o escritor conduz o leitor pela heroica saga dos Tupinambás, desde suas raízes na nação Tupi, que habitava o litoral brasileiro na época do descobrimento. Contém capítulos curtos, com dinâmica e precisa narrativa.

Este é o terceiro livro de Waldeny Andrade um expoente do jornalismo nas duas mais importantes cidades da Região Cacaueira baiana. Primeiro em Ilhéus, onde chegou como adolescente e atuou até o final da década de 1960, na Rádio Cultura. A partir de 1968, transferiu-se para Itabuna, onde dirigiu a Rádio Jornal e o extinto Diário de Itabuna. Mais recentemente, teve rápida passagem pela Rádio Nacional de Itabuna e TVI, emissora de TV a cabo.

Se no seu segundo livro, A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna, também editado pela Via Litterarum, o jornalista já surpreendeu os leitores e a crítica pelo estilo, os capítulos bem fechados, a narrativa leve e uma tessitura firme a apontar um nascente escritor, com Serra do Padeiro – A saga dos Tupinambás há uma narrativa ainda mais envolvente. Os fatos são surpreendentes em cada capítulo. E, com pinceladas de realidade, o escritor confirma o veterano jornalista que, seja no impresso ou no eletrônico, sempre prendeu seu ouvinte e o seu leitor com boas histórias e análises verdadeiras.

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marco wense1Marco Wense

 

Recentes pesquisas de intenções de voto apontam que 65% do eleitorado itabunense não pretende votar em candidatos que já foram prefeitos.

 

O melhor caminho para evitar uma possível polarização na sucessão de Itabuna, entre os ex-prefeitos Fernando Gomes e Geraldo Simões, é a formação de um bloco partidário.

Essa junção de forças tem que defender uma nova maneira de administrar, com respeito ao dinheiro público e sem os descalabros dos últimos governos. Não basta só ficar na fácil tarefa de apontar os erros. É preciso mostrar soluções, sob pena de o discurso virar blablablá e cair na vala comum. Ser tachado de demagógico e eleitoreiro.

Com efeito, veja o que diz o bom jornalista Waldeny Andrade no seu mais novo livro sobre as eleições de Itabuna: “(…) Geraldo Simões, ao derrotar de uma só vez José Oduque Teixeira e Ubaldo Dantas (dois ex-prefeitos), veio acrescentar seu nome ao diminuto grupo que governaria o município de Itabuna nos últimos 40 anos. A partir daí, estabeleceu-se o pingue-pongue Geraldo-Fernando, somente quebrado em 2008 com José Nilton Azevedo, mesmo assim candidato de Fernando (…). Itabuna sofreu com a invenção desta estranha alternância de poder”.

Deixando de lado o aspecto jurídico – se fulano, sicrano e beltrano serão ou não atingidos pela Lei da Ficha Limpa –, o fernandismo e o geraldismo apostam que a sucessão de 2016 será decidida pelos seus líderes.

Essas duas correntes não acreditam em mais de uma candidatura dentro do mesmo campo político. São unânimes na afirmação de que as duas maiores lideranças do petismo e do demismo, governador Rui Costa e o prefeito soteropolitano ACM Neto, vão fazer de tudo para evitar um racha na base aliada.

Nesse específico ponto, democratas e petistas estão cobertos de razão. A sucessão municipal, principalmente nos grandes redutos eleitorais, vai ser estadualizada. O escopo maior é a eleição de 2018, a disputa pelo cobiçado Palácio de Ondina.

Surge agora uma informal coligação de sete agremiações partidárias para contrapor a esse pingue-pongue: PDT-PV-SD-PSOL-PPS-PPL-PSB com seus respectivos pré-candidatos: Dr. Mangabeira, Alfredo Melo, Maruse Xavier, Zem Costa, Leninha Duarte, Otoniel Silva e Carlos Leahy.

O bloco acredita que o desejo de mudança tende a crescer ainda mais. Recentes pesquisas de intenções de voto apontam que 65% do eleitorado itabunense não pretende votar em candidatos que já foram prefeitos.

A torcida é para que o processo sucessório transcorra dentro da civilidade, da democracia e do respeito pelos adversários, que não descambe para o lado raivoso.

PS – Algumas figuras importantes do PMDB de Itabuna têm simpatia pela pré-candidatura de Antônio Mangabeira. Nos bastidores, comenta-se até que Geddel Vieira Lima, comandante-mor do peemedebismo, não vai criar nenhum obstáculo para um eventual apoio ao prefeiturável do PDT. É bom lembrar que Geddel tem um bom relacionamento com o deputado Félix Júnior, presidente estadual do brizolismo. E que o PDT faz oposição ao governo Rui Costa (PT).

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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(4) Luiz      ConceiçãoLuiz Conceição | jornalistaluizconceicao@gmail.com

A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna consegue superar-se ao falar de personagens, histórias e fatos com riqueza de detalhes, ancorado em pesquisas a arquivos de jornais da época, universidades e conversas com antigos companheiros de infortúnio ou de heroísmo

 

Com capítulos bem fechados, narrativa leve e uma tessitura a apontar um nascente escritor, A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna, editado pela Via Litterarum, marca o segundo livro do radialista e jornalista Waldeny Andrade. A obra é recheada de contos curtos. Há um bem-sucedido “thriller” que mistura política com polícia num enredo bastante original, sem esquecer o amor, as paixões humanas e as desilusões amorosas.

O recado do autor, logo nas primeiras das 300 páginas, busca situar o leitor mais jovem e aqueles de mais idade e desavisados que a ficção e a realidade se justapõem ao longo de toda a sua narrativa com estórias bem contadas e pitorescas recheadas, com dados históricos da sucessão municipal, desde a eleição do ex-prefeito José Oduque (1973 e 1976) até a de José Nilton Azevedo (2009 a 2012).

Desnecessário dizer que “o livro alterna ficção inspirado num fato ocorrido em Itabuna na segunda metade do século passado, e realidade enfocando 40 anos de eleições neste município”. A curiosidade instigante do leitor em descobrir o que guarda a memória desse homem que dedicou parte de sua vida à mídia regional se satisfaz com sua narrativa concisa sobre o que pensa deva ser a política, a administração pública, o rádio e jornal em cidade de porte médio como Itabuna ou qualquer outra cidade.

A ilha de AramysDirigente por 29 anos de uma emissora, onde a programação era copiada de outra que fez história no Rio de Janeiro, Waldeny ousou, acertou a mão e elevou a audiência da emissora que dirigiu, a partir da década de 1970, dois anos e meio depois de sua chegada. Moldou moderna e dinâmica programação em contraponto ao fazer rádio ancorado no binômio música-hora certa.  A partir de sua ousadia provocou as duas outras emissoras AM existentes.

O rádio itabunense – que era bom – viveu um clima de euforia e disputa jamais vista, com a qualidade, o profissionalismo e a ética sempre a serviço do ouvinte. O mesmo se pode aplicar ao jornal elaborado a quente em linotipos que, substituídas pelos atuais microcomputadores, viraram peças de museu. Ninguém delas mais se lembra ou sabe para que servem.

Pena que a cidade não tenha um local adequado a exibir às novas gerações o quanto heroico era se fazer imprensa no interior, com gigantes dificuldades tecnológicas e incompreensões de todo o gênero.  Bons tempos aqueles, que jamais serão igualados, principalmente pelas dificuldades crescentes de se fazer imprensa como no passado pela chegada da Internet, um lugar onde os cidadãos satisfazem suas necessidades comunicacionais diárias a qualquer hora nem sempre em fonte limpa e séria.

Neste seu segundo livro, o escritor supera a ansiedade e o medo de Vidas Cruzadas – Confissões de um enfermo, que marcou sua estreia na literatura há dois anos. Se naquele Waldeny faz um constante ziguezague em sua prodigiosa memória para recordar o passado, em A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna consegue superar-se ao falar de personagens, histórias e fatos com riqueza de detalhes, ancorado em pesquisas a arquivos de jornais da época, universidades e conversas com antigos companheiros de infortúnio ou de heroísmo.

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Waldeny lançará obra em Itabuna.
Waldeny lançará obra em Itabuna.

O jornalista, radialista e escritor Waldeny Andrade lança no próximo dia 30, às 18 h, no foyer da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), na Praça Laura Conceição, o livro A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna. A obra, editada pela Via Litterarum, contém 300 páginas e alterna ficção, inspirado num fato ocorrido em Itabuna na segunda metade do século passado, e realidade ao enfocar 40 anos de eleições neste município.

O escritor aborda a política sucessória e narra um caso real daquela época. No primeiro aspecto, ele utiliza nomes e situações fictícias para preservar descendentes de uma família tradicional da época. No segundo, ele enfoca 40 anos de eleições neste município, desprezando a ordem cronológica dos fatos da política e se aprofundando no tema eleitoral e partidário, com suas injunções, interesses, intrigas e disputas aéticas.

Waldeny questiona o fato de Itabuna ser uma cidade pujante, mas de representação política frágil, resultando numa gigantesca dicotomia entre a iniciativa privada e as gestões públicas. Clama pelo Rio Cachoeira, que vem agonizando por ser o canal de quase todo esgotamento sanitário da cidade. Por fim, “A Ilha de Aramys – 40 anos de eleições em Itabuna” deixa uma mensagem de advertência para as gerações de hoje e as futuras.

Por 29 anos Waldeny Andrade viveu no caldeirão da política itabunense, atuando no jornalismo, dirigindo jornal e emissora de rádio. Ao aposentar-se, foi morar em Ilhéus sem se desligar de Itabuna, onde continuou, como eleitor e atento para o que acontecia, na área que mais lhe fascina, acompanhando mais três eleições municipais.

VIDAS CRUZADAS

No seu primeiro livro, Vidas cruzadas – Confissões de um enfermo, ambientado em Ilhéus e com edição já esgotada, o escritor fala de aspectos do cotidiano do radiojornalismo policial, lances ousados no empreendedorismo e amores na São Jorge dos Ilheos.

A obra tem como personagem-narrador Altamirando Gouveia da Silva, que ficou internado por 64 dias em um hospital da capital baiana, quando rememora fatos ocorridos no eixo Ilhéus-Itabuna nas décadas de 50 e 60. “Vidas Cruzadas… é uma mistura de realidade e ficção. E as décadas escolhidas representam o que o homem de comunicação considera o fim da ‘Era dos Coronéis do Cacau’, uma época de ouro”, define o escritor.

A obra, também editada pela Editora Via Litterarum, foi lançada, em 2013, na 2ª Bienal do Livro de Salvador. Atualmente, o jornalista Waldeny Andrade já trabalha seu terceiro livro, que é ambientado na zona rural do sul da Bahia, precisamente na Serra do Padeiro, na confluência dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, abordando aspectos sociais e humanos dos índios Tupinambás.

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Jornalista estreia na literatura com mistura de realidade e ficção (Foto Portal Sul da BA).
Jornalista estreia na literatura com mistura de realidade e ficção (Foto Portal Sul da BA).
Livro marca estreia de Waldeny na literatura.
Livro marca estreia de Waldeny na literatura.

O jornalista Waldeny Andrade marca sua estreia na literatura com o lançamento, dia 8, às 18h, de Vidas cruzadas – confissões de um enfermo. O evento será realizado na Bienal da Bahia, em Salvador, no estande E 07, ao lado do Café Literário.

A obra tem como personagem-narrador Altamirando Gouveia da Silva. Internado por 64 dias em um hospital da capital baiana, Altamirando rememora fatos ocorridos no eixo Ilhéus-Itabuna nas décadas de 50 e 60. Vidas cruzadas…, observa o autor, é uma mistura de realidade e ficção. E as décadas escolhidas representam o que o escritor considera o fim da “Era dos Coronéis do Cacau”.

Waldeny Andrade foi, durante quase três décadas, diretor da Rádio Jornal de Itabuna e do Diário de Itabuna, no período em que os dois veículos eram presididos pelo empresário José Oduque Teixeira. Ao final da década de 60, assumiu mandato de vereador em Ilhéus. Acabou cassado por ser considerado “subversivo e comunista”.

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literaturaO jornalista Waldeny Andrade prepara o lançamento do seu primeiro livro, Vidas Cruzadas, ambientado na Ilhéus dos anos 50 e 60 e passagens em Itabuna. A obra relata uma trama narrada na terceira pessoa com “dramas humanos e absolutamente verdadeiros”. A ficção é recurso utilizado, afirma, para apenas preservar a identificação de descendentes de algumas famílias.
Vidas Cruzadas também enfoca aspectos considerados positivos e negativos do Golpe de 1964, a exemplo do surgimento do Ensino Superior na região, construção da ponte Ilhéus-Pontal e reformas infraestruturais.
Do período, o autor também assinala “a criação de um clima de medo e de apreensão nos meios políticos e culturais da cidade”. A obra está em fase de revisão final e retrata período de turbulências na economia cacaueira e revela dramas humanos e narra uma época de truculência e romantismo.
Amores frustrados, suicídios, traições conjugais, estupros, sequestros e humor são os ingredientes da obra. O jornalista diz que tudo converge “para um final surpreendente”. Waldeny, que trabalhava na Rádio Jornal de Itabuna e no Diário de Itabuna, tinha entre 21 e 36 anos no período histórico ambientado em Vidas Cruzadas.
O personagem principal da obra, Altamirando Gouveia da Silva, é quem “traz” toda a história, narrada em terceira pessoa. Altamirando fica 64 dias internado em um hospital de Salvador devido a problemas cardíacos. No período, o protagonista de Vidas Cruzadas revive ou revela fatos verdadeiros em flashback. O jornalista diz que muitos destes fatos não foram registrados na memória da cidade.