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CACAU PROTÁSIO EM ILHÉUS - INSTAGRAM

Karoline Vital

Enquanto Cacau Protásio publicava um vídeo dos presentes que recebeu dos fãs de Ilhéus em seu perfil do Instagram, eu procurava me situar na realidade para iniciar minha missão. Sob o olhar fulminante da produtora, que controlava a duração da conversa a fim de não atrasar o início do espetáculo. Tentei, ao máximo, manter a objetividade em pouco mais de 10 minutos.

Em seu primeiro monólogo, Deu a louca na Branca, Cacau Protásio desconstrói a figura clássica dos contos de fada dos Irmãos Grimm e transformada em pop-star por Walt Disney, sendo a primeira princesa a ter o nome estampado na Calçada da Fama de Hollywood.

Deu a louca na Branca apresenta o lado humano da personagem, revelando como é possível se divertir mesmo fora dos padrões impostos pela mídia ou convenções sociais. Negra, acima do peso, periférica, a Sebastiana assume o arquétipo da Branca de Neve, dando o seu tom particular.

A ideia para a peça surgiu após Cacau Protásio desfilar na comissão de frente da escola de samba União da Ilha, caracterizada de Branca de Neve, no carnaval de 2015. Uma semana antes do episódio, o autor Cacau Hygino havia começado a escrever a peça e convidou a atriz para dar vida à personagem irreverente. E, através da WB Produções, do Espírito Santo, o espetáculo virou realidade, conseguindo captar recursos por meio de lei de incentivo no tempo recorde de seis meses.

Com muito bom humor, o texto de Cacau Hygino demonstra a liberdade de poder ser quem você deseja, independente da imagem construída pelos outros. A atuação de Cacau Protásio, dirigida por Regiana Antonini, pontua os contrastes entre a ludicidade e a carnalidade, por meio de uma performance dinâmica, seguindo arte clownesca, em que o humor físico se sobressai, possibilitando um riso universal.

Ilhéus foi a terceira cidade da primeira turnê de Deu a louca na Branca. A estreia nacional, em julho deste ano, ocorreu em Vitória (ES). A peça também passou por Curitiba (PR) e segue para Teresina (PI). Nas terras sul-baianas, a produção local ficou a cargo da Fase Produtora. As três sessões no Teatro Municipal de Ilhéus tiveram casa cheia e, ao final de cada apresentação, a atriz fez questão de atender os fãs, retribuindo todos os carinhos – apesar da produtora…

Cacau Protásio fala de carreira e comédia || Foto Janderson Pires
Cacau Protásio fala de carreira e comédia || Foto Janderson Pires

Eis a entrevista feita para o PIMENTA.

Como está sendo a experiência do primeiro monólogo?

Está sendo maravilhoso, graças a Deus. É muito bom você fazer um espetáculo de uma hora e ver que as pessoas conseguem se divertir, interagir, conseguem rir com você. É um presente de Deus, eu só tenho a agradecer. Eu só tenho recebido mensagens positivas e muitas gargalhadas, que é isso que a gente gosta de receber do público.

E o desafio de ressignificar personagens do universo infantil para o público adulto?

Apesar de sempre frisarmos que não se trata de um espetáculo infantil, tem mães que trazem crianças. Eu faço coisas que só adultos entendem. As crianças não veem malícia, elas veem o colorido, uma Branca de Neve diferente. Pois sempre é apresentada uma Branca de Neve magra e branca e agora as crianças estão vendo uma Branca de Neve negra e gorda e estão aceitando.

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A minha cena mais conhecida da novela, que foi eu fazendo a Dança do Amendoim, foi numa época em que Avenida Brasil estava num período tenso e a diretora falou para mim “Cacau, você é a única que pode fazer graça nessa casa”.

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Sua formação não é de uma atriz de humor. De que maneira chegou a esse universo?

O humor me encontrou. Não fui eu que encontrei o humor. Quando eu fui chamada para fazer a novela Avenida Brasil, eu já tinha feito uma outra que não tinha tanta graça. Em Avenida Brasil, eu fui um gatinho jogado no meio de leões e fui recebida muito bem. E eu entrei por um caminho de humor que nem eu sabia que fazia graça. A minha cena mais conhecida da novela, que foi eu fazendo a Dança do Amendoim, foi numa época em que a novela estava num período tenso e a diretora falou para mim “Cacau, você é a única que pode fazer graça nessa casa”. Então, (a empregada Zezé da vilã Carminha) era a personagem mais leve, mais brincalhona. E foi aí que o humor me descobriu, tanto que a direção do Vai que Cola (Multishow) me chamou depois da Zezé. E é maravilhoso eu ser mulher, estar com 40 anos e poder fazer o meu primeiro monólogo, fazendo com que as pessoas se divirtam. Eu sou muito grata a Deus por me dar esse dom, por ouvir de várias pessoas “você me tirou da depressão”. Mas foi mais um que Deus salvou, pois não sou eu que salvo, eu sou um instrumento.

No Vai que Cola, por ser num canal fechado, você consegue manter a liberdade do humor que tem no teatro?

Lá no Vai que Cola a gente faz o que a gente quiser, é a nossa casa. Óbvio que tem um diretor que está lá para amarrar, tem um roteiro, mas a gente é muito livre para brincar. No Vai que Cola nós temos uma plateia, é uma peça de teatro diária. Em televisão, a gente só tem o retorno do público depois de um mês que a novela vai ao ar. E, no teatro, é ali, no momento, é o agora.

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Eu falo que, se eu morrer amanhã, eu fui feliz até hoje, pois realizei todos os meus sonhos.

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Quais são os projetos atuais e futuros?

Eu gravo o Vai que Cola durante a semana, no Rio de Janeiro, e viajo com a peça Deu a louca na Branca nos finais de semana. Eu quero que a “Branca” tenha vida longa, que todos se divirtam com ela, e levá-la ao mundo inteiro. Em janeiro de 2018, eu estreio o filme Os farofeiros com Maurício Manfrini, o Paulinho Gogó, e estou divulgando o livro de crônicas Gordelícias, que escrevi com a Fabiana Carla, Mariana Xavier e Simone Gutierrez.

Com esses projetos no teatro, na televisão e no cinema, está conseguindo se realizar?

Eu falo que, se eu morrer amanhã, eu fui feliz até hoje, pois realizei todos os meus sonhos.