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Norman Mailer

Dilma, Lula, produtor, Wagner… Cadê GV?

De branco, rosto limpo, sem óculos escuros, apenas a irreparável barba grisalha, o governador Jaques Wagner chegou cedo nesta sexta-feira (5) ao Aeroporto de Petrolina para recepcionar o presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Concedeu uma entrevista para uma emissora de rádio local e fez comentários sobre a aliança com o senador César Borges e o clima de aproximação provocado pelo presidente Lula com o PMDB baiano.

De azul claro, rosto queimado e óculos, o ministro da Integração também chegou cedo, na segunda-feira (1), a fim de organizar os preparativos da visita do presidente Lula. Por um desses despautérios da vida, Geddel só perdeu o horário desta sexta-feira. O vacilo custou caro, porque a assessoria de imprensa do governador baiano divulgava para os quatro cantos a entrevista de Wagner, que logo seria intercalada por outra do presidente Lula.

Na descida do avião, Wagner é puxado pelo companheiro de partido e acompanhado de perto pelo recém-aliado da pré-candidatura de Dilma no âmbito nacional, César Borges, do PR. Já na entrevista, Lula teceu comentário sobre os dois palanques na Bahia, e deixou claro que o desejo dele é a continuidade da aliança vitoriosa que elegeu Wagner e reelegeu o presidente em 2006.

Ainda no pátio do aeroporto, Wagner estende a mão ao ministro, que ergue a mão direta, enquanto o governador olha para o alto, como quem pede paciência aos céus e já ouviu do presidente novas recomendações para aceitar o peemedebista novamente na chapa para senador.

Conversa vai, conversa vem, ao longe, o ministro Geddel assiste atônito o presidente convidar o governador da Bahia para entrar no carro da presidência. Só Lula e Wagner. Nem Dilma acompanhou Geddel em outro veículo. O isolamento é evidente.

Sempre ao lado do presidente, Wagner visita as instalações da Codevasf. O sorriso largo não esconde a satisfação de quem arquiteta de maneira minuciosa a aproximação do PR e do senador César Borges, a corrosão do nicho do principal adversário, o ex-governador Paulo Souto, que a cada dia lamenta a saída de um corregilionário, e o isolamento de um ex-aliado refém de uma decisão precipitada e audaciosa, o ministro da integração, que não encontra sustentação nem musculatura política capazes de alavancarem uma candidatura que nasceu órfão.

A inclemência do tempo, apesar de ter tido a oportunidade de preparar o terreno da visita do presidente in loco, sorrateiramente tapeou o ministro Geddel. Os minutos e as horas desta sexta-feira (5), aparentemente correram a favor de um enredo cronologicamente definido pela equipe do governador Jaques Wagner, que transformou uma obra tocada pelo Ministério da Integração Nacional, numa iniciativa da mãe do PAC, a ministra Dilma Rousseff, a partir de uma proximidade que o governador baiano possui com o presidente Lula. Xeque.