Tempo de leitura: 2 minutos

José Augusto Ferreira Filho |  
 

É preciso focar o debate nas propostas e esquecer as questiúnculas de bastidores, que não raro alimentam desejos pessoais mesquinhos.

 
Nesses tempos “pré” (digo de pré-candidatos, pré-campanhas, pré-alianças, pré-eleição), todos acompanhamos – com curiosidade cidadã – as declarações externadas por figuras públicas que, mesmo hoje afastadas da disputa por cargos eletivos ou do poder, ainda ou sempre circulam com desenvoltura pelos grupos políticos dos principais atores desse cenário.
Em artigo anterior, externei breves considerações sobre a Greve da Polícia Militar, quando ressaltei, ou ao menos pretendi fazê-lo, a importância do debate sobre soluções efetivas para a melhoria na Segurança Pública, que deveria ter maior ênfase do que a mera repercussão dada à conduta dos agentes envolvidos na paralisação que, por força do destino ou da vontade popular, figuraram em lados opostos do conflito.
Em Itabuna, cidade que me acolheu e me honrou com o Título de Cidadão, julgo ser preciso reconhecer, em sua história, o papel importante de suas lideranças políticas, ainda que na opinião de alguns a elas não se deva valor algum atribuir, pelo simples fato de figurarem hoje ou terem feito parte no passado a um grupo político de cujas ideias não se comunga. E aqui vale o pensamento para aqueles que atuam ou atuaram nas três esferas públicas, seja municipal, estadual ou federal.
Assim é a dinâmica da vida pública. As alianças entre os diversos atores, desde que tenham por objetivo precípuo e final o desenvolvimento da cidade ou região, nada se pode, desmotivadamente, opor, tanto mais sob argumentos político-ideológicos ultrapassados, vez que a maioria da população não mais os identifica e os partidos, todos sem exceção, já os reservaram apenas para as suas cartilhas e estatutos.
Há que se observar o movimento das peças desse xadrez sob a ótica das transformações, dos compromissos ou das propostas que cada agente ou grupo pretenda implantar e sua consequência na melhoria real das condições de vida da população.
Na vida pública, não raro, os agentes, que tenham atuado ou ainda atuem, em todas as esferas do poder, cultivam mais a prática de defenestrar os adversários do que infirmarem claramente seu pensamento e seus objetivos.
Assim é a natureza humana. Mas a sabedoria popular, que pode não gozar do mesmo status dos demais saberes, adquiridos através da cátedra, do estudo sistemático ou científico, parece sempre dizer algo decisivo acerca do comportamento político ou social.
O ditado “macaco não olha pro próprio rabo” define de modo bastante preciso a inclinação das pessoas para esquecer-se de seu comportamento, de suas posturas ao criticar e analisar a situação das outras pessoas.
É preciso focar o debate nas propostas, no compromisso com o ideal público daqueles que almejam um cargo, sobretudo os eletivos. Esquecer as questiúnculas de bastidores, que não raro alimentam desejos pessoais mesquinhos, mantidas vivas apenas pela repetição de piadas e caricaturas já surradas de seus personagens.
José Augusto Ferreira Filho é advogado.

0 resposta

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *