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Quais são os reflexos causados pelo confinamento imposto pela pandemia da covid-19 para o ser humano? A neuropsicóloga Carolina Loureiro diz que o confinamento em si traz a perda da sensação de liberdade, o senso temporal e a própria rotina, que é alterada. “O nosso cotidiano entra em uma quebra”, afirma Carolina.

A neuropsicóloga comentou os prejuízos decorrentes do isolamento ao notar repique no número de casos da Covid-19. Somente neste final de semana, a Bahia registrou 7,2 mil novos casos da doença e mais de 40 mortes foram confirmadas.

Carolina descreve, inicialmente, os efeitos do confinamento. “Muitas vezes a solidão pode ser angustiante para muitas pessoas, algumas dessas podem apresentar transtornos de ansiedade ou outras síndromes que requerem uma atenção especial.

Ela observa que, além da perda da sensação de liberdade, o confinamento também gera incertezas e inseguranças com relação ao tempo de duração, frustração financeira pela ausência do trabalho, tédio por dificuldade de gerir esse momento e, em alguns casos, existe também o aumento de violência doméstica, principalmente entre casais.

Para Carolina loureiro, “quanto mais longo o tempo de isolamento maior poderá ser a repercussão desses fatores na saúde mental”. Ela acrescenta que a ausência de contato social acaba elevando no organismo os índices de cortisol, o hormônio do estresse. “Isso pode interferir em sentimentos depressivos, abuso de substâncias alcoólicas e obesidade, entre outros fatores”.

A profissional também faz outro alerta: o número de pessoas com medo de serem contaminadas tende a aumentar e esse medo causa ainda mais estresse. “Isso gera uma série de fatores que influenciam significativamente na qualidade de vida das pessoas”.

CONECTADOS

Carolina também alerta para a necessidade de estar atento ao tempo dedicado à tecnologia. Com o isolamento social, a tendência de ficar mais tempo conectado à internet aumenta. “Estar conectado a todo momento pode nem sempre ser a solução, pois isso pode também proporcionar um excesso de informações desnecessárias e falsas sobre a pandemia. Algumas dessas informações podem provocar, inclusive, uma paranoia coletiva”.

A profissional propõe uma abordagem baseada no afeto. “Tomemos como base o amor: assumir o amor que temos pelos próximos e por nós mesmos. O amor é uma fonte de energia que nos proporciona extrema sensação afetiva, de pertencimento, união e solidariedade. E a busca por um amor próprio é encarar nossos estigmas, encarar “falhas” e comportamentos que nos fazem repetir conteúdos que não nos evoluem espiritualmente”.

Carolina ensina que, com a distância, devemos buscar conexões para sorrir, dançar, cantar, conversar. “O cuidado com o próprio corpo também é prova de amor, com exercícios físicos, ioga, ginásticas aeróbicas. Assim diminuímos a concentração de cortisol no corpo, o hormônio de estresse”.

COMO LIDAR COM O ISOLAMENTO

Algumas técnicas, afirma, liberam ocitocina e endorfina no corpo, como abraços nas pessoas que estão com você no confinamento, o contato corpo a corpo. Isso diminui a frequência cardíaca em crises de ansiedade. “Caso você esteja atravessando essa pandemia sozinho, entre em contato com pessoas que ama e troque mensagens, estimulando o hábito do companheirismo e a sensação de possuir uma conexão profunda com alguém”.

“Nessa pandemia permita que a psicologia possa entrar em ação. Essa crise, essa pandemia, não é apenas viral, mas também psicológica, pois causa sofrimento psíquico. Assim, o confinamento gera desequilíbrio mental, que por sua vez gera problemas na saúde mental”.

TERAPIAS A DISTÂNCIA

As terapias a distância, sugere Carolina, podem gerar um acolhimento positivo durante o isolamento. “Elas facilitam o enfrentamento de alguns conflitos psíquicos e aumentam seu bem-estar geral, porque o processo terapêutico visa a busca da saúde mental”, explica. “É importante se conectar com os próximos, mas se conectar com especialistas é fundamental para lidar com sofrimentos e problemas mais profundos”, complementa.

Especialista em avaliação psicológica e em hipnose clínica, Carolina ainda reforça o papel da psicologia na pandemia, oferecendo o auxílio que muitas pessoas precisam para lidar com a “montanha russa de sentimentos e emoções”.

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